O itinerante Grande Prêmio da França mudava de local mais uma vez, após passar por vários circuitos diferentes desde o começo da F1, agora aportando no pequeno circuito de Dijon-Prenois. O problema é que ao contrário dos tempos atuais, Dijon não tinha infra-estrutura o suficiente para abrigar o circo da F1 e até mesmo o diminuto circuito teve que ser improvisado para aumentar o tempo de volta, mas ainda assim, Dijon entrou para a história como o primeiro e único circuito em que um F1 completou uma volta em menos de um minuto. A FOCA, liderada por Ecclestone, Mosley e Chapman convenceram os organizadores a limitarem o grid para 22 carros, deixando oito carros de fora no domingo.
Após o domínio da Ferrari em Zandvoort, era esperado que as equipes concorrentes (McLaren, Tyrrell e Lotus) dessem a volta por cima, mas confirmando a ótima fase dos italianos, Niki Lauda ficou com a pole, a quinta dele na temporada. Correndo com o já antiquado Lotus 72, mas se adaptando perfeitamente à Dijon, Ronnie Peterson completou a primeira fila, com Tom Pryce sendo a grande surpresa do dia ao colocar seu Shadow na terceira posição no terceiro Grande Prêmio do galês. March, Williams e Surtees viram seus pilotos fora dos 22 que largariam no domingo e tentaram um recurso para estarem no grid à fórceps, mas desistiram após uma forte pressão da FOCA, que mesmo sendo uma entidade nova, já se mostrava muito forte.
Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 58.79
2) Peterson (Lotus) - 59.08
3) Pryce (Shadow) - 59.11
4) Regazzoni (Ferrari) - 59.13
5) E.Fittipaldi (McLaren) - 59.20
6) Hailwood (McLaren) - 59.22
7) Scheckter (Tyrrell) - 59.32
8) Reutemann (Brabham) - 59.36
9) Depailler (Tyrrell) - 59.43
10) Hunt (Hesketh) - 59.51
O dia 7 de julho de 1974 estava ensolarado e era um dia perfeito para uma corrida de F1, com a torcida francesa lotando o acanhado circuito de Dijon. Porém, o dia não começou muito bem para um piloto francês. Enquanto testava o novo Tyrrell 007, Patrick Depailler acabou saindo da pista e como não tinha carro reserva, teria que largar com o antigo 006. Apesar de todo o talento de Pryce, era a primeira vez que o jovem piloto galês largaria numa boa posição na F1 e havia desconfiança do que o piloto da Shadow pudesse fazer na largada. A primeira fila largou normalmente, com Lauda permanecendo na ponta e Peterson logo atrás. Porém, Pryce tem problemas em seu carro e fica praticamente parado. Reutemann largou muito bem, mas deu de cara com o carro parado de Pryce e bateu no galês, que foi empurrado para cima do carro de Hunt, que passava naquele momento, arrancando a suspensão dianteira de James. Apesar de toda essa confusão, nenhum outro piloto foi atingido e a corrida continuou sem problemas, com os três pilotos envolvidos abandonando.
A confusão na largada causou algumas modificações, como a queda de Emerson Fittipaldi para a nona posição, enquanto Jacky Ickx, numa temporada decepcionante na Lotus, pulava de 13º para 6º. Lá na frente, Lauda se mantinha na frente de Peterson, Regazzoni, Hailwood e Scheckter. Brigando pelo título, Emerson inicia uma série de ultrapassagens nas primeiras voltas e rapidamente encosta no primeiro pelotão quando ultrapassa Ickx, assumindo o sexto lugar. Peterson começa os ataques à Lauda, mas o austríaco tem pouco mais de 1s de vantagem sobre o antigo companheiro de equipe na F2. Regazzoni acompanhava tudo de perto, enquanto Scheckter já era pressionado por Fittipaldi, que acabara de ultrapassar o companheiro de equipe Hailwood. Na volta 15 Emerson ultrapassa Scheckter sem problemas, ao contrário do polêmico incidente entre eles um ano antes em Paul Ricard, e começa a tirar a vantagem sobre Regazzoni. Porém, mais importante, Peterson já pressionava Lauda pela ponta da corrida e numa bonita manobra, o sueco assumia a ponta da corrida na volta 17.
Mesmo ultrapassado, Lauda permanece próximo de Peterson, mas sem ameaçar a Lotus. Regazzoni ficava um pouco para trás, mas não era ameaçado por Fittipaldi, que não tinha mais Hailwood como escudeiro após o inglês perder rendimento e ser ultrapassado por Ickx e Hulme. Contudo, a corrida de Emerson acabaria na volta 28 com sua McLaren sofrendo um vazamento de óleo, ocasionando o primeiro abandono de Fittipaldi em 1974. Paulatinamente Peterson abria uma pequena vantagem sobre Lauda, estabilizando nos 5s na volta 32. Em troca, o austríaco abria 20s sobre Regazzoni, que começava a ser ameaçado por Scheckter pelo terceiro lugar. Porém, a corrida fica estável, com Regazzoni mantendo Scheckter sob controle e Peterson administrando sua vantagem, mas por volta da volta 65, Lauda diminui se ritmo quando começa a sofrer com problemas nos freios de sua Ferrari. A partir de então, Lauda pensa unicamente em terminar a corrida. Mais atrás, sabendo da folha corrida de Regazzoni e Scheckter, um incidente entre eles era esperado e segurava a atenção do público presente à Dijon e a todos que assistiam a corrida pela TV, mas o sul-africano sempre tentava a ultrapassagem no final da reta dos boxes e Regazzoni se defendia muito bem.
Scheckter tenta a manobra em outras curvas, mas Regazzoni mostrava maturidade e mesmo a diferença entre eles nunca sendo superior a 1s, o suíço seguraria sua posição e amealharia importante pontos no campeonato. Com pouco mais de 20s de vantagem sobre Lauda, Peterson fazia uma corrida tranquila e vence a sua sexta prova na F1, a segunda em 1974, para delírio de Colin Chapman, que repetia sua famosa comemoração à beira da pista. Ickx diminuía a inquietude de sua temporada medíocre na Lotus com um quinto lugar, com Dennis Hulme salvando a honra da McLaren marcando um pontinho. Se a corrida não foi das mais emocionantes, o campeonato ficava cada vez mais acirrado com a subida dos carros da Ferrari, particularmente de Niki Lauda, que assumia a primeira posição do campeonato, à frente de Emerson e Rega. Este seria um campeonato decidido nos destalhes e cheio de surpresas, como a vitória enfática de Ronnie Peterson.
Chegada:
1) Peterson
2) Lauda
3) Regazzoni
4) Scheckter
5) Ickx
6) Hulme
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