A passagem pela América do Norte não tinha trazido boas recordações para Ayrton Senna e a vitória de Alain Prost em Paul Ricard fez com que o francês conseguisse uma boa vantagem de onze pontos sobre Senna no campeonato de 1989. Contudo, naquela época havia a regra dos descartes e já contando com quatro abandonos, Senna teria a partir de então boa parte dos seus resultados computados, ao contrário de Prost, que em sete provas até então, só havia deixado de marcar pontos no abandono em Montreal. O campeonato iria esquentar a partir de Silverstone.
A única vez em que a McLaren não largou na pole em 1988, ano de seu massacre sobre as rivais, foi justamente em Silverstone e por isso a equipe de Ron Dennis fez algumas modificações no câmbio do MP4/5, causando alguns problemas para seus pilotos durante os treinos, mas o resultado foi o de sempre naquele final dos anos 80, com os carros brancos e vermelhos na primeira fila. E com Senna na frente. Como normalmente acontecia, a McLaren era perseguida pela Ferrari, com Mansell mais uma vez superando Berger, que ainda perseguia terminar sua primeira corrida em 1989, numa temporada de inúmeros azares para o austríaco.
Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:09.099
2) Prost (McLaren) - 1:09.266
3) Mansell (Ferrari) - 1:09.488
4) Berger (Ferrari) - 1:09.855
5) Patrese (Williams) - 1:09.865
6) Gugelmin (March) - 1:10.336
7) Boutsen (Williams) - 1:10.376
8) Capelli (March) - 1:10.650
9) Nannini (Benetton) - 1:10.798
10) Piquet (Lotus) - 1:10.925
O dia 16 de julho de 1989 estava parcialmente nublado em Silverstone, o que normalmente significaria uma corrida complicada debaixo de chuva, como ocorreu em 1988, mas a pista estava seca para a largada. Que não teria o sexto colocado alinhado no grid. Maurício Gugelmin fez toda a sua carreira de base na Inglaterra e por isso conhecia muito bem o velho aeródromo de Silverstone, classificando seu March na sexta posição, dando esperança ao brasileiro repetir o ótimo resultado em Jacarepaguá na primeira corrida da temporada, mas problemas no carro do brasileiro fez com que Gugelmin tivesse que largar no pit-lane. A largada teve uma disputa toda particular entre os dois carros da McLaren, que chegaram à Copse praticamente lado a lado, mas Senna permaneceu em vantagem sobre Prost. Era a senha para outro domínio da McLaren.
Sem Gugelmin, a corrida fica estática e com os seis primeiros andando em duplas, mostrando a hierarquia de forças da F1 em 1989. Na frente, as duas McLarens com Senna à frente de Prost. Logo atrás vinham as duas Ferraris, com Mansell tendo Berger como escudeiro. Mais atrás, vinha as duas Williams, com Boutsen superando Patrese na largada. Essa corrida em duplas teve vida curta quando Berger foi aos boxes da Ferrari continuar sua péssima temporada com o austríaco sofrendo com problemas de câmbio. E essa parte do carro acabaria afetando outro carro. Na décima segunda volta, Ayrton Senna vinha mantendo uma vantagem estável sobre Prost quando o brasileiro rodou sozinho. A McLaren deu um giro de 180º na curva Becketts e nesse momento, os dois carros da McLaren ficaram frente a frente, como se Prost pudesse olhar nos olhos de Senna e dissesse, 'Perdeu playboy'. A McLaren de Senna ficou atolada na caixa de brita e pela quarta corrida consecutiva, Ayrton teria que ver o resto da corrida do lado de fora, afetando decisivamente o campeonato. Mas como o atual campeão mundial poderia errar daquele forma? Investigações posteriores da McLaren constataram um problema no câmbio que fez uma marcha escapar bem no momento da aproximação da curva, deixando Senna sem ter o que fazer.
Prost tinha o sentimento misto de ver seu arqui-rival acenando para o público em cima de um muro no lado de fora do circuito, lhe dando uma ótima chance de disparar no campeonato, mas com o receio do mesmo problema acontecer em seu McLaren. Sabendo disso, Prost fez a corrida que mais gosta de fazer: administrando a vantagem para quem vinha atrás, no caso, Mansell. Mesmo empurrado de forma frenética pela torcida inglesa, Mansell sabia que pouco poderia fazer para alcançar Prost e sem seu companheiro de equipe Berger para lhe atazanar, o inglês se aquietou em segundo, para alegria de Prost. Mais atrás, a Williams via seus dois pilotos trocarem de posição com Patrese ultrapassando Boutsen na décima sétima volta, mas a terceira posição do italiano duraria pouco tempo. O motor Renault da Williams se mostrava forte, mas com problemas de refrigeração. Patrese vinha se aproximando da curva Stowe quando o radiador do seu carro estourou espetacularmente, mas para azar de Riccardo, a água resultante do vazamento molhou seus pneus traseiros e com isso o italiano perdeu o controle do seu carro. O Williams bateu forte de lado, mas sem maiores problemas para Patrese.
E o dia não era mesmo da Williams quando Boutsen foi aos boxes dez voltas depois com o pneu traseiro furado. O belga teve que andar uma volta praticamente inteira com o pneu furado e com isso caiu para as últimas posições. Com alguns dos carros favoritos tendo problemas, Nelson Piquet levou seu raquítico Lotus-Judd ao terceiro lugar. O Lotus amarelo já não tinha a potência da Honda e sofria com a falta de potência do Judd, mas Piquet mostrava sua genialidade em Silverstone, circuito onde sempre andou bem. Contudo, nem toda a genialidade de Piquet foi o suficiente para segurar Nannini, que poupou mais seus pneus com seu Benetton, e ultrapassou o veterano brasileiro já nas voltas finais. Sem carro, Piquet não fez muita oposição à Nannini, achando melhor garantir os importantes três pontos do quarto lugar. Porém, quem garantiu importantes três pontinhos foi a Minardi, com Pierluigi Martini em quinto e Luiz Perez-Sala em sexto. Esses pontos foram essenciais para que a simpática equipe italiana conseguisse melhorar sua posição no Mundial de Construtores, saindo do pesadelo que era a pré-classificação na sexta pela manhã. Quem vivia um tenso sonho de Prost. A tranquila vitória do francês lhe garantia uma confortável vantagem de vinte pontos sobre Senna no campeonato, mas Prost parecia preocupado. Alain sabia que uma hora teria que descartar resultados, algo que Senna não faria mais até o fim do campeonato, porém o que mais chateava Prost era o clima de guerra civil dentro da McLaren. Clima esse, provocado pelo próprio francês. Prost preparava sua saída da McLaren por não aguentar mais dividir a equipe com Senna e durante a entrevista pós-corrida, elogiou bastante a Ferrari. Era um aviso. O outro fora dado na pista, com mais uma vitória na premiada carreira de Prost.
Chegada:
1) Prost
2) Mansell
3) Nannini
4) Piquet
5) Martini
6) Perez-Sala
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