Ele foi mais um piloto que ficou abaixo das altas expectativas que tinham sobre ele antes de chegar à F1. Após uma carreira muito forte nas categorias de base, era esperado que David Coulthard seguisse a linhagem dos 'escoceses voadores' na F1, mas DC, como era conhecido, não cumpriu o que prometeu, contudo, não dá para afirmar que a carreira de Coulthard foi um fracasso, com várias vitórias e muitos anos em equipes top na F1, mesmo que na função de coadjuvante. Piloto de estilo suave e bastante simpático dentro dos paddocks, Coulthard também se caracterizou pela companhia de belas mulheres e um estilo bon-vivant, que segundo os críticos, tirou um pouco do foco de David em se tornar campeão do mundo. Completando 45 anos hoje, vamos ver um pouco da longa carreira desse escocês que foi uma das estrelas da F1 na virada do milênio.
David Marshall Coulthard nasceu no dia 27 de março de 1971 em Twynholm, na Escócia, vindo de uma família apaixonada por automobilismo. Seu avô participou do tradicional Rally de Monte Carlo, enquanto seu pai, Duncan, chegou a ser campeão escocês de kart. O pequeno David ganhou seu primeiro kart aos 11 anos, iniciando uma carreira prodigiosa nos micro-bólidos. Por ser alto e por isso 'pesado', Coulthard falaria mais tarde que sofreu de bulimia durante seus anos de kart, onde para ser competitivo, ser o mais leve possível era essencial. Porém, o esforço de Coulthard pareceu ter valido à pena, pois logo em seu segundo ano no kart, David conquistou o título escocês, emendando um tricampeonato nos anos seguintes na categoria Junior. Em 1986 Coulthard sobe para a categoria graduado, conquistando o tricampeonato escocês (totalizando seis títulos consecutivos!), além do bicampeonato britânico de kart em 1987 e 1988. Após uma temporada tão laureada no kart, Coulthard fez o caminho natural dos jovens pilotos e aos 18 anos, mudou-se para a F-Ford e DC não fez feio, conquistando o tradicional Campeonato Inglês logo em sua estreia nos monopostos, lhe garantindo o prêmio BRDC de Jovem Piloto da revista Motorsport. A premiação, em seu primeiro ano, tinha como parceira a McLaren, que ofereceu um teste para Coulthard em 1990, sendo esse não apenas o primeiro contato de David com a F1, como também o primeiro contato do escocês com a McLaren, iniciando um flerte que culminaria com um longo casamento mais tarde. Para 1990, Coulthard participa da F-Vauxhall e após muitos anos, o escocês não conquista um título, ficando com um quarto lugar no certame inglês. Contudo, Coulthard já tinha feito o suficiente para chamar a atenção das boas equipes inglesas de base e em 1991, o escocês pula para a tradicional e forte F3 inglesa, contratado pela equipe Paul Stewart, filho de Jackie. À essa altura, David Coulthard era a principal esperança escocesa de continuar a tradição iniciada por Jim Clark nos anos 1960 e se juntando ao time de Jackie Stewart, David teria o apoio necessário para conseguir tal feito.
A F3 Inglesa já era conhecida por ser um campeonato altamente competitivo e em 1991, teve um dos seus melhores anos. Mesmo sendo um novato, Coulthard era um dos favoritos, mas teria uma concorrência da pesada naquele ano, onde conheceu dois brasileiros que seriam seus principais rivais, como também seus amigos: Rubens Barrichello e Gil de Ferran. Coulthard conseguiu cinco vitórias durante a temporada e era o líder do certame ao final da antepenúltima etapa do ano, mas dois abandonos fizeram com que Coulthard perdesse o título para Barrichello. Porém, esse não seria o primeiro encontro dos então dois promissores pilotos. O terceiro colocado daquele ano Gil de Ferran se tornaria um dos melhores amigos de Coulthard no automobilismo. Após um ótimo ano na F3, onde no final do ano venceu o tradicional GP de Macau, Coulthard sobe para a F3000 pela Paul Stewart, mas a equipe, que foi criada em torno de Paul, não tinha a mesma força do que nas categorias de base inglesas e David tem um ano discreto. Contudo, o reconhecimento do talento de Coulthard o faz se mudar para a forte equipe Pacific em 1993, onde Coulthard consegue uma vitória em Enna-Pergusa e após uma luta encarniçada com Olivier Panis e Pedro Lamy, o escocês tem que se conformar com o terceiro lugar no campeonato. Porém, as atenções de Coulthard já não estavam totalmente na F3000. Enquanto fazia uma boa temporada na F3000, David estreava na F1 como piloto de testes da Williams, simplesmente a melhor equipe da F1 na época. Coulthard pôde testar um dos carros mais avançados tecnologicamente de todos os tempos, inclusive o proibido câmbio CVT, além da suspensão ativa. Coulthard continuaria como piloto de testes da Williams em 1994, além de um terceiro ano na F3000 pela equipe Vortex. Foi quando a vida de Coulthard deu uma guinada dramática.
Durante o Grande Prêmio de San Marino, ainda terceira etapa do campeonato, a F1 entrou em choque com a morte de Ayrton Senna em Ímola. Mesmo ainda se recuperando da morte da maior estrela da época, a Williams precisava de um substituto de Senna para as próximas corridas. Vários pilotos foram contactados, incluindo Riccardo Patrese e Nelson Piquet, já aposentados e no caso do brasileiro, ainda se recuperando do acidente que quase amputou seus pés em Indianapolis. Frentzen e Barrichello também foram convidados, mas não conseguiram se livrar dos seus contratos na F1. Sem muita escolha, a Williams optou por fazer estrear David Coulthard no Grande Prêmio da Espanha e assim, o promissor escocês estrearia na pior das circunstancias na F1. Após um abandono em sua estreia, Coulthard consegue seus primeiros pontos com um quinto lugar no Canadá, resultado que seria repetido em Silverstone, pista que David conhecia muito bem. O trabalho de Coulthard não era ruim, mas a F1 necessitava de uma estrela. Schumacher ainda era novo demais para assumir esse cargo, mesmo liderando o campeonato e mostrando muita personalidade e velocidade. Com Prost e Piquet aposentados, a Williams, com ajuda de Bernie Ecclestone, trouxe Nigel Mansell de volta para algumas corridas de 1994 e Coulthard ficou de fora de algumas provas daquele ano. A Williams estreou um modelo revisado para o Grande Prêmio da Inglaterra e Coulthard, que desenvolveu o carro, conseguiu alguns frutos da novidade e foi segundo colocado em Portugal, seu primeiro pódio na F1. Williams e McLaren passaram a brigar pelo passe de Coulthard para 1995, com a Williams ficando com o escocês para a temporada seguinte. Não era a primeira vez que a Williams teria um ex-piloto de testes em seu cockpit. O companheiro de equipe de Coulthard na época, Damon Hill, também estreou num carro da Williams com pouca experiência prévia na F1 e mesmo Hill não sendo nenhum virtuose, a Williams apostava que Coulthard poderia fazer um trabalho tão bom ou melhor do que Hill. O ano de 1995 começou polêmico para Coulthard, quando seu segundo lugar em Interlagos foi cassado após inspeções técnicas no seu combustível apontou irregularidades, mas posteriormente os pontos foram devolvidos ao escocês. Porém, David não teria um bom início de campeonato, fazendo com que Hill tomasse facilmente as rédeas da Williams em sua luta com Schumacher pelo título. Isso não era o esperado pela Williams, que via mais potencial em Coulthard do que em Hill. O escocês melhora no meio do campeonato e consegue uma sequencia de pódios e em Monza, conquista a sua primeira pole. Contudo, a alegria se transformou em vexame quando Coulthard conseguiu rodar na volta de apresentação... Após esse fracasso, Coulthard consegue sua primeira vitória logo na etapa seguinte, no Estoril, derrotando por muito pouco Hill. À essa altura, Coulthard andava no mesmo ritmo de Hill, mas a Williams esperava mais e os ridículos erros de Coulthard em Suzuka (rodando sozinho) e em Adelaide (bateu na entrada dos pits quando liderava) queimou ainda mais o filme do escocês, que foi dispensado no final de 1995, em favor do também promissor Jacques Villeneuve, vindo da F-Indy.
Durante a briga entre Williams e McLaren no final de 1994, Coulthard havia assinado com o time de Ron Dennis por três anos e por isso, David logo estava empregado quando saiu da Williams. Coulthard encontraria na McLaren um rápido finlandês que se tornaria amigo e parceiro por muitos anos: Mika Hakkinen. As primeiras corridas de Coulthard na McLaren não foram muito auspiciosas, mas em Nürburgring, David consegue um emocionante terceiro lugar, onde segurou por várias voltas seu antigo companheiro de equipe Hill, que tinha nitidamente um carro melhor do que o dele. Esse resultado fez muito bem à Coulthard, que começa a superar Hakkinen, que no final de 1995 tinha sofrido um seríssimo acidente em Adelaide. Em Mônaco, Coulthard tem problemas com seu capacete e como o patrocinador principal era o mesmo, David pegou emprestado o capacete do amigo Schumacher, que pareceu inspirar o escocês a conseguir um segundo lugar numa corrida confusa, onde o vencedor foi Olivier Panis, da Ligier. Coulthard ainda marcaria pontos quatro vezes em 1996, conseguindo o sétimo lugar no Mundial de Pilotos, mas superado por Hakkinen. Aquela temporada foi o último do famoso lay-out vermelho e branco da Marlboro na McLaren, que agora agora se 'vestiria' de prata, graças à maior afinidade com a Mercedes, além do novo patrocínio da West. O carro ficou bonito, mas a melhor aquisição da McLaren para 1997 era Adrian Newey, que havia projetado os carros campeões da Williams nos anos anteriores. Mesmo sem poder trabalhar na McLaren, Newey já mostrava soluções e com o motor Mercedes mais maduro e já o mais potente da F1, o ano da McLaren tenderia ser melhor do que os anteriores. E Coulthard mostrou isso logo na abertura do campeonato, quando venceu uma disputa com Schumacher e Frentzen para dar a primeira vitória da McLaren desde Senna em 1993.
O ano começara promissor para Coulthard, mas as corridas seguintes mostraram que a vitória em Melbourne, pelo menos naquele começo de campeonato, foi um ponto fora da curva, com David sofrendo vários abandonos mecânicos, mas não brigava pela vitória até quebrar. Em Montreal, Coulthard voltou a brilhar e liderava a corrida na frente de Schumacher quando foi para a sua última parada na corrida. Quando engatou a primeira marcha, a embreagem da McLaren quebrou e Coulthard ficou na mão. O desenvolvimento da McLaren-Mercedes renderia frutos no final da temporada e Coulthard voltaria a vencer em Monza, numa corrida bastante equilibrada e onde o motor Mercedes acabou fazendo a diferença. Em Zeltweg, Coulthard terminou em segundo e na etapa seguinte, Nürburgring, casa da Mercedes, os alemães já comemoravam uma dobradinha quando os dois carros tiveram problemas no motor em voltas consecutivas e bem na frente dos boxes. Porém, essa dobradinha viria ainda em 1997. E de forma polêmica. Schumacher e Villeneuve disputavam ponto a ponto o campeonato daquele ano e na última etapa do ano, em Jerez, Williams e McLaren fizeram um acordo de cavalheiros para que houvesse um ajuda dos pilotos da McLaren à causa de Villeneuve. Se a corrida estivesse ganha, a Williams cederia a vitória para um piloto da McLaren. Após o polêmico toque de Schumacher em Villeneuve, dando o título para o canadense, o segundo colocado era Coulthard, com Hakkinen logo atrás. O finlandês tinha tido uma temporada frustrante, onde duas vezes abandonou por quebra mecânica nas voltas finais quando liderava. Além do que, Hakkinen ainda não tinha vencido na F1 até o momento. Nas voltas finais, Hakkinen pulou de terceiro para primeiro e pôde comemorar seu primeiro e merecido triunfo na F1. Contudo, a Ferrari divulgou conversas das equipes com pilotos, denunciando o acordo entre Williams e McLaren, além da tensa conversa entre Ron Dennis e David Coulthard naquelas voltas finais. Dennis queria que a vitória ficasse com Hakkinen, mas Coulthard se fez de desentendido e não queria ceder sua posição ao companheiro de equipe. Após uma ameaça de demissão via rádio, Coulthard aceitou, a contragosto, a troca de posições. E entendeu o seu lugar dentro da McLaren.
Villeneuve deve ter se arrependido de ter cedido a vitória para Hakkinen naquela corrida em Jerez. As várias mudanças de regras para 1998 fez com que o favoritismo da F1 mudasse de box, indo da Williams para a McLaren, muito pelo gênio de Newey, além da saída da Renault, deixando a Williams, que esperava a BMW, praticamente na mão. O domínio da McLaren na primeira corrida em Melbourne foi tamanho, que Ron Dennis apostava que melhoraria 1988, vencendo o campeonato de 1998 invicto. Porém, mais uma vez Coulthard se meteu em polêmica. O escocês vinha em segundo lugar em Melbourne, quando Hakkinen entrou nos boxes sem motivo algum. O finlandês liderava confortavelmente, mas sua parada fantasma o jogou para o segundo lugar. Antes da corrida, Hakkinen e Coulthard, que se davam muito bem, fizeram um acordo de quem estivesse na ponta na primeira curva, venceria a corrida. Por causa disso, pela segunda corrida consecutiva David teve que deixar Mika passar e vencer uma corrida. Isso pareceu ter mexido na cabeça de Coulthard, que se viu cada vez mais na posição de segundo piloto dentro da McLaren. E o escocês acabou se acomodando com isso. Em Ímola, Hakkinen teve problemas e Coulthard, que largara na pole, teve que lidar com um ameaçador Schumacher nas voltas finais, algo que David controlou muito bem e venceu pela primeira vez em 1998. Ao contrário de todos os prognósticos, a temporada de 1998 não estava tão nas mãos da McLaren assim e Schumacher seria sempre uma ameaça séria. Com isso, a McLaren aglutinou cada vez mais esforços em cima de Hakkinen, principalmente na escolha da melhor estratégia. Em Spa, Coulthard teve uma corrida complicada debaixo de muita chuva, onde teve o carro tocado na largada, iniciando uma famosa carambola que destruiu mais da metade do grid. Largando com um carro reserva e mal acertado, Coulthard estava a ponto de levar uma volta do líder Schumacher, quando o alemão acertou a traseira do escocês, destruindo a corrida do alemão. Mesmo com Coulthard sem a asa traseira e Schumacher com três pneus, ambos chegaram aos boxes e um irritado Schumacher foi aos boxes tirar satisfação com Coulthard no box da McLaren. E lá se foi uma boa amizade...
Até o final do ano, Coulthard atuaria como ajudante de Hakkinen, o ajudando a conquistar o título. A parceria com um ainda mais motivado Hakkinen continuou em 1999, com Coulthard iniciando a temporada de forma terrível, abandonando as duas primeiras corridas. Numa temporada bastante irregular, Coulthard venceu em Silverstone, corrida marcada pelo acidente em que Schumacher quebrou a perna, e se lançava como candidato ao título. Na corrida seguinte na Áustria, Coulthard largava em segundo, atrás de Hakkinen e na freada para a terceira curva, David tentou uma manobra otimista em cima do companheiro de equipe, fazendo Mika rodar e cair para último. Restava Coulthard vencer a corrida em Zeltweg e manter a McLaren na ponta, mas com uma corrida opaca, David acabou superado pela Ferrari de Irvine devido à estratégia de Ross Brawn. Isso fez com que Irvine assumisse a liderança do campeonato e deixasse Coulthard numa situação difícil dentro da McLaren. Três corridas mais tarde, Coulthard venceu em Spa, tendo Hakkinen logo atrás e o mundo inteiro esperando mais um jogo de equipe da McLaren. David tem seu campeonato relançado, no que era uma disputa apertada entre ele, Hakkinen, Irvine e o surpreendente Frentzen, da Jordan. Porém, nas corridas finais, Hakkinen se sobressaiu e a disputa ficou novamente entre ele e um piloto da Ferrari, no caso, Irvine. Schumacher havia retornado na penúltima etapa em Sepang, novidade do calendário, e o campeonato seria decidido em Suzuka, última etapa do ano. Coulthard teria um papel essencial durante a corrida. Hakkinen largou melhor do que Schumacher e liderava a corrida, enquanto um apagado Irvine sonhava com um milagre, que era Schumacher tentar outra manobra como a de 1994 e 1997 em cima de Hakkinen, para conquistar o título. Porém, o que se viu foi o contrário. De forma estranha, o terceiro colocado Coulthard rodou sozinho e vai aos boxes lentamente. David volta à pista bem no momento em que Schumacher tentava uma volta rápida para sair à frente de Hakkinen após a segunda parada de ambos. David ficou algumas curvas na frente de Schumacher, estragando a tática da Ferrari e assim, Hakkinen era campeão pela segunda vez.
A motivação do finlandês era o grande mote para Coulthard tentar dar a volta por cima no ano 2000. Falava-se que Hakkinen se aposentaria no final daquele ano, principalmente se fosse campeão. A esposa de Mika estava grávida e teoricamente Hakkinen teria outras preocupações além de conquistar o tricampeonato. Contudo, a Ferrari viria ainda mais forte em 2000, contando com a contratação do antigo rival de Coulthard na F3 Inglesa, Rubens Barrichello. A McLaren começou a temporada igual à 1999, com vários problemas de confiabilidade e Coulthard acabaria desclassificado em Interlagos, após conseguir um segundo lugar. Correndo em casa, David conseguiria uma boa vitória em Silverstone, garantindo o ressurgimento da McLaren, além de estar na frente de Hakkinen no campeonato. Quando viajava para a etapa seguinte, em Barcelona, David tem o maior susto de sua vida quado o avião particular em que estava tem problemas técnicos e tem que fazer um pouso forçado na França. Coulthard tem algumas costelas quebradas, mas o piloto e o co-piloto do avião acabaram morrendo. Mesmo com dores, David é segundo na Espanha e conquista um terceiro lugar numa chuvosa Nürburgring. Em Mônaco, Coulthard largava em terceiro, atrás de Schumacher e um surpreendente Trulli, sempre muito forte nos treinos. Como era de se esperar, o alemão disparou na ponta, enquanto Coulthard não conseguia ultrapassar a Jordan de Trulli, só o fazendo após as paradas. Porém, a diferença para Schumacher parecia inacessível, quando o alemão tem uma quebra e Coulthard vencia pela segunda vez no ano. Hakkinen fazia um campeonato discreto e parecia que Coulthard seria o piloto da vez da McLaren em 2000. Faltava uma disputa mais direta com Schumacher para provar isso. Em Magny-Cours, Coulthard partiu decisivo para cima de Schumacher e numa disputa direta, conseguiu ultrapassar o alemão, após sofrer várias fechadas do piloto da Ferrari. Numa dessas manobras, Coulthard mostrou o dedo do meio para Schumacher, fazendo com que essa vitória ficasse conhecida como o 'Dedo de David'. Porém, já na corrida seguinte em Zeltweg, Hakkinen superou Coulthard como havia feito nos anos seguintes e o finlandês iniciava uma recuperação que quase destruiu o sonho do primeiro título de Schumacher pela Ferrari. Pior para Coulthard, que parecia ser o rival de Schumacher naquele ano, mas acabou superado mais uma vez dentro da McLaren.
Em 2001 os boatos sobre a aposentadoria de Hakkinen eram grandes e Coulthard aproveita para conseguir duas vitórias nas primeiras sete corridas do ano, se tornando o maior rival de Schumacher. Em Monte Carlo, quando largaria na pole, David ficou parado no grid e tem que largar em último. Após algumas ultrapassagens no apertado circuito, Coulthard fica empacado atrás da Arrows de Enrique Bernoldi, praticamente estragando a corrida do piloto da McLaren, fazendo com que Ron Dennis tivesse um piti depois da prova. Com um carro mais equilibrado e com a chegada de um terceiro player na briga pelas vitórias (Williams-BMW), Schumacher nadou de braçada e venceu o título com muita antecipação, garantindo o campeonato na Hungria. Coulthard foi ao pódio naquele dia e após uma conversa com Schumacher, ambos fizeram as pazes. No final do ano, finalmente Coulthard poderia contar que superara Hakkinen dentro da McLaren, mesmo o finlandês bastante desmotivado e realmente se aposentando no final da temporada. David conseguia o vice-campeonato, seu melhor resultado na F1, mas ao mesmo tempo, o escocês era cada vez mais contestado pelos críticos na F1, dizendo que o tempo de Coulthard já havia passado.
Com a saída de Hakkinen, Coulthard teria um novo companheiro de equipe, indicado pelo próprio finlandês: Kimi Raikkonen. Agora o piloto mais experiente da equipe, Coulthard seria, em tese, o primeiro piloto da equipe, mas 2002 seria o primeiro ano de massacre da Ferrari, que venceu praticamente todas as corridas daquele ano, marcando mais pontos do que todas as demais equipes somadas no Mundial de Construtores. Numa das raras vezes em que a Ferrari não venceu, Coulthard aproveitou a oportunidade e venceu em Monte Carlo. Assustada com tamanho domínio, a FIA mudou algumas regras e para 2003, a classificação mudaria, com os pilotos tendo que fazer apenas uma volta rápida. Isso desagradou bastante Coulthard, conhecido pela pilotagem suave e ritmo de corrida melhor do que de classificação. Contudo, David venceu a primeira prova do campeonato, dando a sensação que poderia finalmente brigar efetivamente pelo campeonato. O que ninguém sabia na altura, era que essa seria a última vitória de Coulthard na F1. Raikkonen tomou as rédeas da equipe e foi ele quem brigou pelo título com Schumacher e Montoya, deixando novamente Coulthard com as migalhas. Foi um ano decepcionante para o escocês e muitos se perguntavam o motivo de Coulthard ainda permanecer na McLaren. Se 2003 foi um campeonato apertado, 2004 foi parecido com 2002, com Schumacher e a Ferrari dominando o campeonato de forma absurda. A McLaren teve um péssimo início de campeonato, com várias quebras mecânicas, principalmente no motor Mercedes, e quando a equipe diminuía o ritmo para evitar quebras, Coulthard e Raikkonen passava momentos vexatórios, como em Barcelona, quando ficaram em 9º e 10º. Ao longo do ano, a McLaren desenvolveu o carro e Raikkonen ainda conseguiu uma vitória em Spa, enquanto o melhor resultado de Coulthard foi um quarto lugar. Em décimo lugar no campeonato e desde o final de 2003 sabendo que seria substituído por Juan Pablo Montoya, David Coulthard saiu da McLaren no final de 2004. Muitos pensaram que Coulthard se aposentaria, mas o escocês foi contratado pela Red Bull para iniciar o projeto da equipe nova, que comprava os espólios da antiga equipe Jaguar. O time tinha trazido Adryan Newey, mas a principal característica da Red Bull nos seus primeiros anos era simpatia com que a equipe era tocada, num ambiente despojado, com muitas modelos participando de festas promovidas pela equipe, além do impagável Red Bulletin, onde a equipe tirava sarro da própria F1.
Dentro da pista, Coulthard começa o ano com um promissor quarto lugar na abertura do campeonato de 2005, mas o noviciado da equipe fez com que os bons resultados rareassem, Por muitos anos, Coulthard foi lincado à Ferrari e no final de 2004, os italianos ofereceram um papel de piloto de testes à David, porém, somente em 2006 o escocês correria com um motor Ferrari. Porém, a Red Bull não constrói um bom carro e Coulthard sofre com resultados medianos, mas a midiática Red Bull teria uma recompensa. Numa prova conturbada em Monte Carlo, pista em que David sempre andou bem, Coulthard terminou em terceiro lugar e num final de semana em que a Red Bull promovia um filme do Superman, Coulthard subiu ao aristocrático pódio monegasco com uma capa do herói. Após ver um revesamento de companheiros de equipe (Klien, Luizzi e Doornbos), finalmente Coulthard teria um colega de boxe fixo em 2007, com a chegada de Mark Webber. O australiano havia corrido pela equipe quando ainda se chamava Jaguar e com temperamento difícil, nem mesmo o boa-praça Coulthard consegue ter um bom relacionamento com o australiano, que começa a superar com constância o escocês, que se envolveu em vários acidentes evitáveis naquela temporada, insinuando uma aposentadoria iminente. Mas não aconteceria em 2007, com David Coulthard renovando com a Red Bull para um último contrato em 2008. Foi uma temporada ruim, mesmo a Red Bull tendo construído um bom carro, a ponto de Webber conseguir bons resultados e Vettel, com um carro gêmeo na Toro Rosso, vencer em Monza. Porém, Coulthard ainda consegue um brilhareco e em Montreal, em outra corrida confusa no circuito Gilles Villeneuve, Coulthard consegue seu último pódio com um terceiro lugar. Ainda durante a temporada, David anuncia sua aposentadoria no final da temporada e com um acidente ainda na primeira curva da fantástica final de 2008, David Coulthard saiu de cena da F1. Foram 246 Grandes Prêmios, 13 vitórias, 12 poles, 18 melhores voltas, 62 pódios, 535 pontos (até 2008, o britânico com mais pontos na F1) e o vice campeonato de 2001 como melhor resultado.
David Coulthard se tornou consultor e representante da Red Bull pelo mundo, participando de apresentações pela equipe, algo que faz até hoje. Em 2010 o escocês fez uma pequena volta ao automobilismo através do DTM, correndo sempre pela Mercedes. Porém, Coulthard nunca fez uma temporada decente e no final de 2012 ele se afastou novamente das corridas, passando a se dedicar ainda mais aos comentários das corridas de F1 pela imprensa inglesa. Dono de vários hotéis de luxo, Coulthard tem um primo chamado Fabian que disputa o V8 Supercar australiana e em 2010, se tornou Membro do Império Britânico. David Coulthard teve uma carreira longa e de certo ponto vitoriosa na F1 no final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, mas ficou a sensação do escocês ter feito menos do que poderia e de ter ficado acomodado demais na McLaren, sempre à sombra de algum finlandês (Hakkinen e Raikkonen). Namorado de vários beldades do paddock, correndo sempre por equipes grandes e curtindo a vida ao longo dos anos, não dá para dizer que David Coulthard se divertiu bastante, enquanto fazia uma carreira decente na F1.
Parabéns!
David Coulthard