Ele era considerado um dos pilotos mais agressivos e corajosos de sua época, mas ainda assim, sofria poucos acidentes e entregava ótimos resultados. O mexicano Pedro Rodríguez teve uma infância feliz ao lado do irmão mais novo Ricardo, mas teve que superar a precoce morte de Ricardo para prosseguir em seu sonho de se tornar piloto profissional, conseguindo seu objetivo, mas ficou a sensação de que o auge de Pedro Rodríguez ainda estava por vir, não acontecendo pela morte dele, que completou cinquenta anos hoje e por isso, iremos ver um pouco de sua carreira.
Pedro Rodríguez de la Vega nasceu na Cidade do México em 18 de janeiro de 1940, primeiro filho do rico empresário Pedro Rodríguez Quijada. Pedro sempre foi ligado aos esportes e rapidamente ficou muito próximo ao irmão Ricardo, apenas dois anos mais jovem. Em casa, todos conheciam Pedro como 'Coco', apelido que ficou. A primeira experiência de Pedro com rodas foi no ciclismo, onde chegou a ser campeão mexicano de ciclismo com apenas dez anos, mas ainda em 1952 ele ganhou uma moto e rapidamente se mudou para esse tipo de competição, se tornando bicampeão mexicano de 125cc em 1953 e 1954. Apaixonado por velocidade, Pedro sonhava em partir para os carros, mas lhe faltava um. Quando sua irmã mais velha ganhou um carro do pai rico, Pedro suplicou para que lhe emprestasse o carro. Rodríguez conseguiu o carro para destruí-lo num racha nas ruas da Cidade do México. Com uma personalidade muito forte e com problemas de autoridade, Pedro Rodríguez foi mandado aos 15 anos para uma escola militar nos Estados Unidos, onde ficou dois anos e começou a se preparar fisicamente, além de aprender a falar fluentemente inglês, o que acabaria o ajudando mais tarde.
Mesmo sendo um adolescente indisciplinado, Pedro Rodríguez e seu irmão Ricardo usufruíam da riqueza dos pais e antes de completar 18 anos, já participavam de corridas no México, algumas vezes com documentos adulterados, escondendo a idade. Em 1957 Pedro participou de uma corrida em Nassau com uma Ferrari, iniciando um relacionamento com a montadora italiana através de Luigi Chinetti, que o levaria aos 18 anos a participar das 24 Horas de Le Mans. Na primeira corrida do novo Circuito Magdalena Mixhuca na Cidade do México no final de 1959, Pedro Rodríguez se tornaria o primeiro vencedor. Mostrando bem sua personalidade polêmica, Pedro se casou em 1961 com uma amiga de sua mãe, que era vinte anos mais velha do que ele (anos depois ele namoraria uma inglesa com quem morou nos seu últimos anos), na mesma época em que os irmãos Rodríguez começavam a chamar a atenção dos dirigentes europeus. Particularmente Ricardo. Pedro era mais corajoso, mas Ricardo era considerado mais talentoso. Em 1961 os irmãos Rodríguez se mudaram para a Europa, levando a tiracolo o amigo Jo Ramírez, que ficaria décadas na F1. Na edição desse ano de Le Mans, os irmãos Rodríguez correram pela equipe NART de Chinetti e quase venceram a corrida, levando Enzo Ferrari a convida-los a correrem para ele. Pedro recusou a proposta, mas Ricardo faria suas primeiras corridas de F1 ainda em 1961, surpreendendo a todos com ótimos resultados para alguém tão jovem. Porém, a tragédia estava à espreita.
Em 1962 os irmãos Rodríguez, que já tinham vários empreendimentos no México, resolveram promover o primeiro Grande Prêmio do México no Circuito Magdalena Mixhuca. A Ferrari não viajou à América Latina, mas os anfitriões eram as maiores estrelas do evento e mesmo Ricardo ligado à montadora, correu com um Lotus de Rob Walker. Na entrada da Peraltada, a suspensão da Lotus quebrou e Ricardo não teve nenhuma chance, se espatifando no guard-rail e morrendo na hora. Foi uma grande comoção no México e a F1 perdia um dos seus mais promissores pilotos. Aos 20 anos de idade, até hoje Ricardo Rodríguez é o piloto mais jovem a morrer num carro de F1. Profundamente abalado, Pedro pensou em abandonar às pistas, mas após procurar conselhos com ninguém menos do que Juan Manuel Fangio, Pedro resolveu continuar correndo. Na primeira corrida em que participou após a morte do irmão, Pedro venceu as 3h de Daytona. Por sinal, foi em 1963 que Pedro Rodríguez teve seus primeiros contatos com a F1, convidado pela Lotus a participar das corridas americanas naquele ano, abandonando ambas as provas. Naquele momento Pedro Rodríguez estava mais focado nas corridas de Endurance, conhecido na época como o Mundial de Marcas. Foi com esse tipo de carro que o mexicano conquistou sua reputação de grande piloto nos anos 1960. Ele venceu várias provas de longa duração, ficando conhecido também como 'Olhos de gato' por causa de sua velocidade em condições noturnas e na chuva. Ele se tornaria o primeiro mexicano a vencer as 24h Le Mans em 1968, correndo ao lado de Lucien Bianchi com um mítico Ford GT40 da equipe de John Wyer. Graças aos contatos com Wyer, Rodríguez foi contratado pelo Porsche em 1970, onde faria dupla com Jo Siffert numa disputa feroz com o suíço pela primazia da equipe, que na época competia o selvagem modelo 917. Foram oito vitórias em dois anos, incluindo duas 24h de Daytona, fazendo de Pedro Rodríguez um dos pilotos aclamados da época.
Até 1966 as participações de Pedro Rodríguez na F1 eram bastante pontuais, correndo por Lotus e Ferrari. Porém, um piloto da grandeza de Rodríguez não poderia ficar restrito às provas longas e sua pilotagem agressiva e destemida poderia casar bem com a F1. A primeira temporada completa de Rodríguez na F1 foi em 1967 com a equipe Cooper. E a estreia foi a melhor possível! Aproveitando os vários abandonos daquela prova, Rodríguez venceu em Kyalami. O detalhe foi que os organizadores não tinha o hino mexicano, colocando no pódio uma música popular do México. Depois desse dia, Pedro sempre levava em sua mala um disco com o hino do México e uma bandeira do seu país para evitar novos constrangimentos. Numa temporada dominada pela Brabham e posteriormente pela Lotus-Ford, Pedro marcaria poucos pontos até o final daquela temporada, mas o recado havia sido dado e em 1968 ele se transferiria para a forte equipe BRM, onde mesmo sem ter conseguido nenhuma vitória, foi ao pódio três vezes. Rodríguez teria como companheiro de equipe Mike Spence, mas o inglês acabou falecendo nos treinos para as 500 Milhas de Indianápolis, correndo num carro da Lotus. Rodríguez permanecia correndo em vários tipos de prova, como a F2 e a CanAm, fazendo com que não lhe sobrasse tempo para desenvolver o carro, cargo que deveria ser de Spence. Decepcionado com um carro que não evoluía, Rodríguez saiu do time no final de 1968, indo primeiramente para a equipe de Louis Stanley, que também usava carros da BRM, e depois se mudaria para a Ferrari, mas a marca italiana vivia mais um momento de instabilidade, fazendo com que Pedro marcasse apenas três pontos em sete corridas.
A BRM convidou Pedro Rodríguez para a temporada de 1970, após a desistência repentina de John Surtees. De forma surpreendente Pedro aceitou e começou a mostrar seu talento no palco da F1. Na perigosa antiga pista de Spa, Pedro derrotou Chris Amon por apenas 1.1s no que era até o momento a média mais alta de velocidade numa corrida de F1. Rodríguez aproveitava os momentos de piso molhado para mostrar seu talento, além de usar a potência do motor V12 e poderia ter vencido novamente em Watkins Glen, se o motor V12 não tivesse que ser reabastecido no finalzinho da prova. Para 1971 Pedro Rodríguez começava o ano como uma das estrelas da F1, se tornando indubitavelmente o piloto número um da BRM, mesmo tendo companheiro de equipe Siffert, de quem também era companheiro de equipe na Porsche e não se dava muito bem. Em Zandvoort, Rodríguez chegou em segundo lugar numa prova debaixo de muita chuva, no que seria a última vez que veria uma bandeirada na F1. Na prova seguinte na França, ele abandonou. Foram 54 corridas na F1, duas vitórias, uma melhor volta e 71 pontos marcados.
Pedro Rodríguez não precisava estar em Norisring naquele 11 de julho de 1971. O mexicano havia corrido ao lado do suíço Herbert Müller na Targa Florio de 1971 e como Müller tinha uma equipe na obscura Interseries, um campeonato menor de carros protótipo, e Pedro estava com o final de semana livre, ele aceitou o convite de Müller para participar da Norisring 200, realizado em Nuremberg. Correndo com uma Ferrari 512M, Rodríguez liderava a corrida quando se aproximou para colocar uma volta no piloto amador Kurt Hild. O alemão mudou de direção repentinamente, bateu na Ferrari de Pedro, que se espatifou no muro e explodiu em chamas. O mexicano foi imediatamente levado ao Hospital Municipal de Nuremberg com fraturas na base do crânio, na pelve e nas pernas, além de queimaduras em 25% do corpo. Pedro foi declarado morto às 15h30, horário local, no Hospital Municipal de Nuremberg, quando não sobreviveu ao quarto infarto. Ele tinha apenas 31 anos de idade.
O mundo do automobilismo ficou em choque com a morte de Pedro Rodríguez, assim como o povo mexicano. Quando o corpo dele chegou à Cidade do México no dia 15 de julho, milhares de pessoas esperavam no aeroporto para homenageá-lo. Pedro foi enterrado ao lado irmão Ricardo e em 1973 o Circuito Magdalena Mixhuca seria renomeado Circuito Hermanos Rodríguez, como é conhecido até hoje. De caráter polêmico, não foram poucas as vezes em que a personalidade de Pedro Rodríguez lhe trouxe problemas. Porém, como piloto ninguém poderia colocar em dúvida a velocidade e a coragem de Pedro Rodríguez. Mesmo com os bons resultados recentes de Sergio Pérez, muitos ainda apontam Pedro Rodríguez como o melhor piloto mexicano de todos os tempos.