segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Figura(BEL): Max Verstappen

 Não poderia ser outro! Correndo praticamente em casa, Verstappen teve um final de semana digno de nota, onde este intocável num ritmo avassalador e que não foi igualado por ninguém. Punido por uma troca de motor, Max saiu de 15º (que viraria 13º) no apagar das luzes vermelhas e rapidamente estava entre os oito primeiros. A facilidade com que Verstappen deixava os pilotos para trás era de certa forma surpreendente e ao mesmo tempo humilhante. Max parecia estar numa categoria à parte. Logo após a primeira rodada de paradas, Verstappen assumiu a ponta para desaparecer na frente e garantir sua nona vitória na temporada, tornando o bicampeonato numa questão de 'quando' e não mais de 'se'. 

Figurão(BEL): Daniel Ricciardo

 Para a Ferrari não ficar eternamente nessa parte da coluna em 2022, iremos variar um pouco no tema e procuramos outro merecido de estar por aqui. E o escolhido foi Daniel Ricciardo. O final de semana do australiano começou da pior forma possível, quando foi confirmado que mesmo tendo contrato até o final de 2023, Daniel será dispensado da McLaren no final da atual temporada. Como sempre ocorre nessas situações, tanto piloto como equipe assumiram a culpa de uma parceria que não deu certo, porém, Daniel Ricciardo deu mais alguns motivos para a McLaren tomar essa decisão nesse domingo. Lando Norris foi um dos pilotos a trocar de motor e por isso largaria no final do grid. Ricciardo aproveitou a penca de punidos para largar em sétimo, mesmo tendo ficado ainda no Q2, enquanto Norris largou onze posições atrás. Na corrida Ricciardo foi um anônimo, mas no final da prova ele apareceu na transmissão na rabeira de uma fila de carros entre a décima e a décima quinta posição, porém, o segundo colocado nesse trem era... Norris! Mesmo largando bem à frente de Lando, Ricciardo ainda terminou três posições atrás do companheiro de equipe, em outra corrida abaixo da crítica. Apesar das expectativas e da marcante vitória em Monza, a passagem de Ricciardo na tradicional McLaren foi uma grande desilusão e a corrida em Spa, marcada pela sua dispensa, foi um espelho nesses dezoito meses em que Daniel defendeu a McLaren. 

domingo, 28 de agosto de 2022

Escalada sem graça

 


Ainda no começo do final de semana, a Red Bull anunciou que Max Verstappen trocaria seu motor e por isso largaria no final do grid. Em todos os treinos, o neerlandês mostrou um ritmo um patamar acima de todos os outros dezenove pilotos e mesmo saindo em 15º no grid (que viraria 13º com os problemas da Alpha Tauri momentos antes da largada), era esperado uma corrida de recuperação de tirar o fôlego, relembrando a mítica remontada de Michael Schumacher em 1995. Ok, a vitória de Max veio, mas não teve um décimo do brilhantismo de Schumacher 27 anos atrás. Pode-se afirmar sem meias palavras que Verstappen conseguiu uma vitória tranquila, mesmo saindo do meio do pelotão, mas a Red Bull tem hoje um carro superior aos demais, uma equipe entrosada ao extremo e um piloto que está numa fase esplendorosa. Enquanto isso, os rivais da Red Bull ora falta, carro, estratégia ou piloto. 


Havia uma expectativa de chuva no dia da corrida em Spa, o que antigamente era motivo de alegria para os fãs da F1, hoje causa calafrios, lembrando o papelão que aconteceu ano passado. Porém, a chuva ficou restrita praticamente na sexta e se no sábado estava nublado, nesse domingo abriu-se um sol brilhante que praticamente afastava uma corrida caótica. No entanto, com o grid embaralhado pelas punições ao atacado, era esperado uma corrida ótima e cheia de disputas, certo? Errado! Há uma frase não escrita na F1 que diz que uma pista boa é sinônima de corrida boa, o mesmo acontecendo ao contrário. Porém, nem sempre essa equação é tão simples assim. Spa é a pista favorita entre dez de dez pilotos na F1 que por lá correram e felizmente teve seu contrato renovado, contudo, 2022 não ficará marcado por uma corrida legal, como já ocorreu tantas vezes na pista cercada pela floresta de Ardenas. Sainz largou bem, o mesmo não acontecendo com Pérez, que ao tentar fechar Alonso, abriu as porteiras para a dupla da Mercedes. Foi então que ocorreu o momento mais polêmico do final de semana. Hamilton estava mais rápido e ultrapassaria Alonso a qualquer momento, porém Lewis preferiu acabar com a disputa o mais rápido possível, na forte freada da reta Kemmel. O que Hamilton calculou muito mal foi ter tentado a manobra por fora em cima de alguém como Alonso. O contato foi inevitável, jogando a Mercedes de Hamilton para o alto, forçando o primeiro abandono do inglês em 2022. Contudo, o que aconteceu depois foi mais interessante. Pelo rádio, Alonso chamou Lewis de idiota e fuzilou: esse cara só sabe andar quando está em primeiro. Ouch! Porém, Fernando estava de cabeça quente, o que não era o caso de Hamilton, que foi cutucado por Mariana Becker quando foi confrontado pelas palavras de Alonso via rádio. Hamilton obviamente se acusou pela manobra desastrada da Les Combes, mas não deixou de soltar uma farpa para Alonso: nossas carreiras tiveram diferentes números de conquistas. E todos sabem que Alonso odeia quando tocam no assunto número de títulos. Ouch!


Mais atrás, Verstappen já escalava o pelotão como faca quente na manteiga. O ritmo do piloto da Red Bull era tal, que rapidamente estava em quinto e antes das primeiras paradas, era terceiro e muito próximo dos líderes. Logicamente Max não teve trabalho para ultrapassar Pérez e após a primeira rodada de paradas, ultrapassou o pole Sainz com uma facilidade desconcertante. E abriu. E como abriu! Antes da metade da corrida Verstappen já liderava de forma inconteste a corrida da casa de sua mãe (e dele também, pois Max na realidade nasceu na Bélgica...). Pérez não se fez de rogado e poucas voltas depois ultrapassou Sainz de forma dominante, não dando qualquer chance ao piloto da Ferrari, que teve outro dia daqueles. Não com Sainz, que fez uma corrida dentro das possibilidades que seu carro lhe apresentou e chegou em terceiro. Mas com o para-raio de problemas do Leclerc... O monegasco também foi um dos punidos por troca de motor, mas durante o Safety-Car provocado por Bottas e Hamilton, Leclerc conseguiu a proeza de uma sobre-viseira entrar em um duto de freio do seu carro, causando um superaquecimento e provocando uma parada não-programada para Charles. Como se dizia antigamente, Leclerc foi à luta e de forma até mesmo convencional, foi ganhando vantagem sobre os demais carros até alcançar a quinta posição possível e razoável pelo seu problema. Só que o estrategista da Ferrari teve a brilhante ideia de ganhar um pontinho no campeonato pela melhor volta. Ele usou seu ábaco e trouxe Leclerc para os boxes e lhe colocar pneus macios para garantir um pontinho. Mais um pontinho no bolso certo? Errado! Leclerc voltou à pista logo atrás de Alonso na abertura da penúltima volta, só conseguindo a ultrapassagem na última passagem, tendo perdido toda a área em que a Ferrari tinha clara vantagem na pista de Spa e com isso, Leclerc não conseguiu marcar a melhor volta. Para tornar a vida de Leclerc e da Ferrari ainda mais plena, foi mostrado uma punição por excesso de velocidade dentro dos pits, causando uma punição para Charles e ao invés de ganhar um ponto... perdeu dois! Se não fosse a Red Bull um carro tão dominante nesse meio de temporada, 2022 seria marcado como uma equipe pode entregar um campeonato de bandeja, por oferecimento da Ferrari.


Com tanta gente punida, a Mercedes tinha sérias esperanças de conseguir sua primeira vitória no ano, mas com dificuldades de aquecer os pneus na janela correta, ainda mais em ritmo de classificação, os alemães amargaram uma corrida bem aquém das expectativas, mesmo com a pista mais quente no domingo, ajudando a Russell a ensaiar uma pressão em cima de Sainz pela última vaga no pódio nas voltas finais, mas o espanhol segurou o rojão e diminuiu a chance de outro vexame para a Ferrari. Com a diarreia mental da trupe de Maranello, Alonso conseguiu um inesperado quinto lugar, aumentando a vantagem da Alpine em cima da McLaren, sua nova arqui-rival, no Mundial de Construtores. Ocon fez uma ultrapassagem belíssima sobre Gasly e Vettel, mostrando que os franceses tem hoje o quarto melhor carro do ano, enquanto a McLaren saiu da Bélgica com as mãos abanando e Piastri talvez comece e pensar em rever seu twitt e ficar pela Alpine mesmo. Por sinal, hoje Ricciardo deu outra demonstração do motivo de ter sido dispensado pela McLaren, pois o australiano largou em sétimo, onze posições à frente de Norris, e ainda chegou atrás do companheiro de equipe. Ricciardo não se adaptou bem aos novos carros e já contando com 33 anos de idade, talvez uma mudança de categoria poderia trazer seu sorriso de volta. Vettel ficou no Q1 por meros dois milésimos, mas a enxurrada de punições o fez largar em décimo e ainda na primeira volta deu um chega pra lá em Stroll (Seb deve ter sorrido nesse momento) e se manteve a corrida inteira na zona de pontos, terminando em oitavo. Gasly largou dos boxes por causa de um problema de última hora em seu carro, mas ainda conseguiu um bom nono lugar, ficando á frente de Albon. Nos treinos, ficava claro que a Williams tinha acertado seu carro para ser muito veloz nas retas e isso se mostrou decisivo na corrida. Nas voltas finais Albon tinha uma fila de carros atrás de si, mas com uma boa velocidade em reta, o anglo-tailandês conseguiu segurar o precioso pontinho para ele e a Williams, que viu Latifi provocar o Safety-Car ao se tocar com Ocon na primeira volta e ainda envolver o aniversariante Bottas, deixando o nórdico da Alfa Romeo atolado na brita.


Mesmo com o vencedor da corrida tendo largado apenas em 14º, não houve disputas de levantar as sobrancelhas envolvendo Max Verstappen. Seu ritmo era tão avassalador, que os demais pilotos preferiam nem perder tempo se defendendo. Junto a isso, a linha do DRS sendo ainda no início da reta Kemmel fez com que o artificio da Asa Móvel ainda mais relevante, tornando as ultrapassagens uma questão de sair próximo da Radillon. Além disso, a Red Bull se beneficiou de uma junção de rivais tendo problemas de estratégia (Ferrari), falta de ritmo (as demais) e erros com pilotos (Mercedes) e hoje Pérez assumiu a segunda posição no campeonato. Claro que nem o time de Christian Horner e muito menos Max Verstappen tem culpa de transformar o sempre animado GP da Bélgica numa corrida sonífera em boa parte do tempo, além de reduzir uma corrida de recuperação em mera formalidade. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Deu match. Finalmente!

 


Os flertes entre F1 e Audi acontecem, no mínimo, há mais de vinte anos. Na época a F1 vivia a incontestável dominação da Ferrari com Schumacher, Todt, Brawn e companhia, enquanto que a Audi matava a tapa suas rivais nas corridas de Endurance. Parecia que somente uma montadora com a força da Audi poderia fazer frente à Ferrari, mas a cada vitória dos alemães em Le Mans, se repetia a mesma pergunta: vocês vão para a F1? E a resposta era a mesma: Não!

Porém, alguns fatores novos entraram na equação desse relacionamento que finalmente fez que ocorresse um match entre F1 e Audi. Quando venceu em Le Mans (e não faltaram vitórias...), a Audi apresentou várias novas tecnologias como motor a gasolina, diesel e híbrido. No começo do século 21 a F1 corria com seus possantes motores V10 que fazia a alegria dos torcedores, mas que não deixava nada animada a turma da ecologia, que via nesses motores uma mistura de barulho, desperdício e CO² no ambiente. Usando uma tecnologia até mesmo superior à F1 para triunfar em Le Mans, a Audi não se sentia atraída a entrar na categoria mais popular do mundo. No entanto, a F1 percebeu que para crescer e continuar cativando as montadoras, a categoria precisava entrar de cabeça nas novos tecnologias de motores e foi assim que surgiu os motores híbridos, para desgosto dos torcedores mais hardcore, mas que segurou Renault e Mercedes, além de atrair a Honda, mesmo que por um pequeno período de tempo.

A Audi já havia saído do Endurance, após um longo período de sucesso e estava na insípida F-E. A categoria elétrica é o sonho teórico de dos arautos da sustentabilidade, porém, nem sempre a teoria se comprova na prática, pois a realidade é que o ecologista do século 21 não está nem aí para carros. E muito menos para corridas. A F-E permanece estancada na sua plataforma de 'categoria do futuro' que parece nunca chegar. Porém, os novos motores da F1 além de não serem muito populares, se mostraram muito caros e a saída da Honda mostrava que outra mudança seria necessária, ainda que mantendo a mentalidade de sustentabilidade. Foi então que a VW, dona da Audi e da Porsche, começou a vislumbrar sua entrada na F1 usando suas marcas mais esportivas. Na realidade, um escândalo com resultados adulterados de motores a diesel postergou um pouco esse interesse, mas o fato da F1 usar motores com tecnologia de ponta pensando na sustentabilidade e com a proposta do carbono zero era bom demais para uma montadora querendo sair de um escândalo e se mostrar no pináculo das corridas. Outro detalhe é que a F1 está atingindo níveis até mesmo inéditos de popularidade em lugares até pouco tempo tabu, como os Estados Unidos e seu interessante mercado.

Quando a Audi saiu da F-E e oficialmente do DTM, o destino parecia claro: a F1. Mas como entrar numa categoria inflacionada? Montar uma equipe do zero parecia arriscado demais. Então a Audi (para não dizer a VW) procurou as chamadas equipes independentes. Primeiro bateu na porta da McLaren, que durante a pandemia perigou fechar as portas, mas com uma ótima engenharia, a tradicional equipe conseguiu se segurar muito bem e para não perder a pose, disse não aos alemães. Pensou-se na Williams, mas a equipe inglesa recém comprada preferiu se manter independente. Por enquanto. Então surgiu a Alfa Romeo. Sim, a Alfa Romeo by Sauber. Todos sabem que a velha equipe Sauber constrói seus carros e o nome Alfa Romeo é apenas uma parceria, que é boa para ambos os lados. A Alfa ganhava uma plataforma incrível de marketing, enquanto a Sauber era financiada para fazer o que sempre fez na F1: construir carros competitivos, ali na meiuca do pelotão. Mesmo assim a situação financeira da Sauber não era um mar de rosas, tanto que quase foi vendida à Andretti. Então chegou a Audi com toda a sua força e tradição. Era demais para o velho Peter Sauber e o chefe Fred Vasseur.

Após se livrar da Alfa Romeo, que hoje mesmo anunciou que só fica na Sauber até 2023, o caminho estava livre para a Audi. Numa apresentação histórica nesta manhã, a Audi anunciou que finalmente entrará na F1, mesmo que apenas em 2026, quando os novos motores estrearão. O que a Sauber fará entre 2024 e 25 ainda é um detalhe a ser discutido, principalmente com a Ferrari talvez não tão animada em entregar seus belos motores à Audi. Ainda não há maiores detalhes de como será o negócio, mas fala-se que a Audi adquiriu 75% das ações da Sauber, que continuará construindo seus carros e a parte aerodinâmica, enquanto os alemães se encarregarão da parte mecânica e do novo motor. Já de cara, a Audi deu uma cutucada na rival Mercedes, dizendo que construirá o primeiro motor de F1 na Alemanha em muitos anos. Ouch Toto!

O importante disso tudo é a chegada de uma montadora de comprovada qualidade técnica e de tradição gigantesca no automobilismo, com vitórias no Mundial de Rali, DTM, Trans-Am e ter dominado Le Mans de forma poucas vezes vistas. Ainda é cedo para especular qual será o tamanho do investimento e de quem liderará dentro e fora das pistas a Audi. Contudo, o esperado namoro entre F1 e Audi finalmente deu certo e todos esperam belos filhos pela no final dessa década. 

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

História: 25 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1997

 


Vinte e cinco anos atrás, a F1 via uma disputa entre o homem contra a máquina. Michael Schumacher liderava o campeonato com a sua Ferrari, mesmo com um carro bem inferior à Williams do seu rival Jacques Villeneuve, porém o canadense vinha numa montanha-russa, com cinco vitórias e cinco abandonos em onze corridas, num ambiente conturbado dentro da Williams. Para completar, Spa era a pista favorita de Schumacher, onde o alemão estreara e conquistara a primeira vitória na F1. A boa novidade daquele final de semana foi a visita de Olivier Panis à sua equipe, a Prost, mesmo que ainda mancando muito por causa do seu acidente em Montreal. A McLaren anunciou a sua dupla para 1998, Hakkinen e Coulthard, mesmo tendo negociado com Damon Hill, cuja quase-vitória na Hungria melhorou seu poder de barganha. 

O final de semana belga foi marcado por muitas chuvas nos treinos, mas na classificação no domingo teve pista seca e sol, com Villeneuve e a Williams dominando como esperado. A Benetton havia andado bem em todo o final de semana e Alesi ficou com a segunda marca, contudo, Berger teve um acidente na Bus Stop e conseguiu apenas o 15º tempo. Forçado a usar o carro reserva, Schumacher lutou bastante para conseguir a terceira posição, mas quase 1s atrás de Villeneuve. Na McLaren haviam problemas. Hakkinen sofreu um sério acidente no sábado pela manhã, quando a sua suspensão traseira quebrou e ele bateu forte na Les Combes. Mika ainda conseguiu um quinto lugar no grid, mas a FIA desclassificou o nórdico por irregularidades no combustível. A McLaren apelou e Mika manteve seu lugar no grid, mas ainda haveria um julgamento depois da corrida.

Grid:

1) Villeneuve (Williams) - 1:49.500

2) Alesi (Benetton) - 1:49.759

3) M.Schumacher (Ferrari) - 1:50.293

4) Fisichella (Jordan) - 1:50.470

5) Hakkinen (McLaren) - 1:50.503

6) R.Schumacher (Jordan) - 1:50.520

7) Frentzen (Williams) - 1:50.658

8) Diniz (Arrows) - 1:50.853

9) Hill (Arrows) - 1:50.970

10) Coulthard (McLaren) - 1:51.410


O dia 23 de agosto de 1997 amanheceu com céu azul e um belo sol em Spa, mas como é comum naquela região, a chuva apareceu de forma repentina e caiu com força faltando quinze minutos para a largada. Foi um caos! Ralf Schumacher e Trulli bateram seus carros indo para o grid e tiveram que largar do final do pelotão com seus carros reservas. Então o sol apareceu e as equipes tiveram que trocar o acerto de chuva forte para um acerto para pista seca, enquanto Michael Schumacher colocou pneus intermediários e os demais pilotos permaneciam com pneus de chuva forte. Isso acabaria sendo decisivo. Para quem pensa que a história de largar atrás do Safety-Car é uma coisa nova na F1, está muito enganado. Vinte e cinco anos atrás, a direção de prova resolveu largar com os carros em movimento atrás do SC. Quando os carros cruzaram a reta dos boxes abrindo a quarta volta, a bandeira verde foi dada com Villeneuve imediatamente abrindo uma diferença, enquanto Alesi claramente segurava o pelotão.


Schumacher só esperou uma volta para deixar Alesi para trás na entrada da La Source. Parecia que Michael ainda remaria bastante para alcançar Villeneuve, mas numa incrível pilotagem, Schumacher chegou na Williams de Jacques ainda na reta oposta e Michael assumiu a ponta na freada da Les Combes. E sumiu! Em apenas quatro voltas Schumacher abriu incríveis 28s para Villeneuve, que corria com pneus para chuva forte e na sexta volta foi aos boxes colocar os mesmos pneus de Schumacher. Seria um erro gigantesco. Com o sol brilhando, um trilho seco se formava rapidamente e na passagem seguinte, os pilotos já procuravam os pneus slicks. Apenas cinco voltas depois, Villeneuve colocou pneus slicks, perdendo ainda mais tempo para o pelotão dianteiro. Chegando a colocar 10s por volta por causa de sua escolha acertada de pneus, Schumacher só fez sua primeira parada para colocar os slicks na volta 15 e mesmo a Ferrari não tendo um pit-stop brilhante, Michael retornou à pista com 40s de frente para o segundo colocado Alesi. Quando a corrida começava a se assentar e todos os pilotos corriam com pneus slicks, uma chuva fina começou a molhar a longa pista de Spa em alguns lugares, causando o abandono de Coulthard e uma ligeira saída de pista de Villeneuve, que nesse momento nem estava entre os seis primeiros que pontuavam. Porém, a chuva não seria mais decisiva naquele dia.


Quando a corrida se aproximou do seu último terço, os pilotos fizeram suas paradas, possibilitando à Fisichella subir para o segundo lugar, com Hakkinen indo para terceiro. Alesi estava tendo problemas de semi-eixo, que o deixou bem lento, tirando o francês da zona de pontos. Em sua corrida de recuperação, Villeneuve marcou a melhor volta em sua perseguição ao quinto colocado Johnny Herbert. Depois da corrida Jacques lamentaria muito a chuva, pois com piso seco seu Williams era o carro mais rápido da pista. Mais uma vez Schumacher usou sua incrível habilidade no molhado e a eficiência da Ferrari na estratégia para vencer novamente em 1997 e colocar dez pontos de vantagem sobre Villeneuve. Isso porque após a corrida, o terceiro colocado Mika Hakkinen seria desclassificado por causa dos problemas de combustível do sábado. Fisichella conseguia seu melhor resultado até então na F1 com um segundo lugar, seguido por Frentzen. Um frustrado Villeneuve não conseguiu ultrapassar Herbert, mas com a desclassificação de Mika, ainda salvou dois pontos pelo quinto lugar. Se hoje a Ferrari é conhecida por se atrapalhar na estratégia de seus pilotos, nos bons tempos de Schumacher, Ross Brawn e companhia, esse era um ponto forte dos italianos e garantiu outra vitória à Schumacher.

Chegada:

1) M.Schumacher

2) Fisichella

3) Frentzen

4) Herbert

5) Villeneuve

6) Berger

domingo, 21 de agosto de 2022

Homem x Máquina

 


A MotoGP está vendo em 2022 a fascinante disputa do homem versus a máquina. Sim, a Ducati tem a melhor moto do pelotão, sem sombras de dúvidas, mas como o principal campeonato, o mais lembrado, é o Mundial de Pilotos, os italianos não tem, sem sombras de dúvidas, o melhor piloto. A vitória na Áustria nesse domingo ficou com Pecco Bagnaia, a terceira seguida do italiano, a primeira vez que o piloto da Ducati consegue esse feito, mas o nome da prova foi Fabio Quartararo, que mesmo numa pista com longas retas e correndo com uma moto nitidamente mais lenta, chegou em segundo lugar a meio segundo de Bagnaia, tendo que ultrapassar motos mais rápidas que a dele. Enquanto Bagnaia ainda luta para ser segundo no campeonato, Quartararo vai abrindo de Espargaró, que fez uma prova de sobrevivência e foi apenas sexto.

O modificado circuito de Red Bull Ring recebeu a MotoGP com a chuva sempre à espreita, a ponto da entrevista coletiva de Marc Márquez na quinta ter sido interrompida por causa de uma forte tempestade. Felizmente a chuva ficou restrita à sexta-feira na pista e de resto, mesmo com o tempo carrancudo, o final de semana austríaco foi com pista seca, mas nem por isso nuvens negras deixaram de assombrar a categoria. Numa decisão autoritária e no mínimo discutível, a Dorna outorgou a entrada das Sprint Races a partir de 2023 em todas as corridas. Apesar da inspiração na F1 (onde até o momento as Sprint Races simplesmente não pegaram), o Mundial de Superbike já usa o expediente a algum tempo e foi ali que a MotoGP se inspirou para a polêmica decisão. As equipes gostaram e apoiaram, por causa do maior tempo de exposição de patrocinadores, mas boa parte dos pilotos simplesmente detestaram a ideia, pois os colocam mais expostos a acidentes. A decisão repentina e sem maiores avisos da Dorna foi o estopim de outros problemas que vem incomodando os pilotos e isso pode ser o início de outros capítulos polêmicos nos próximos dias.

Voltando a 2022 e a pista propriamente dita, o esquadrão Ducati largou muito bem após dominar as primeiras posições no grid no sábado. O pole Bastianini não resistiu muito tempo ao compatriota Bagnaia e ainda na primeira volta Pecco tomou a ponta para não mais perdê-la, numa corrida de certa forma tranquila do principal piloto da Ducati. Com Bastianini sofrendo de problemas que o fizeram abandonar a prova cedo, Bagnaia contou com Miller a protegê-lo a maior parte do tempo e de certa forma, Jorge Martin, com esperanças de ficar com a vaga de Miller em 2023, não iria se arriscar muito lutando com as motos de fábrica. O que a Ducati não contava era que Quartararo estava num dia inspirado. Mesmo não largando muito bem, Fabio se aproveitou de um erro de Maverick Viñales para começar sua caçada às Ducatis, uma missão para lá de ingrata para um piloto que tem uma moto muito lenta em velocidade de ponta, cuja pista austríaca, mesmo com a chicane após a curva um, ainda é uma das mais rápidas do calendário.

Quartararo usou e abusou do seu talento. Extraindo os pontos fortes da sua Yamaha, o francês se aproveitou de um erro de Martin e fez uma ultrapassagem belíssima sobre Miller nas voltas finais, assumindo a segunda posição. A sensação que tinha era que se houvessem mais algumas voltas, Quartararo partiria para a briga pela vitória, mas o segundo lugar logo atrás de Bagnaia foi um prêmio para o francês, que mesmo com a perigosa aproximação de Bagnaia no campeonato, viu seu mais próximo perseguidor tendo problemas. Aleix Espargaró teve dificuldades na moto na largada e saiu mal. O espanhol ainda ficou em quinto nas primeiras voltas, mas a Aprilia não estava num bom dia. Viñales já vinha despencando no pelotão e Aleix contou com alguns problemas de rivais para salvar um sexto lugar. Na abertura da última volta, Martin forçou muito na briga com Miller e acabou no chão, dando mais alguns pontinhos a Bastianini na luta particular entre os dois para ficar com a vaga da Ducati oficial em 2023.

A vitória de Bagnaia o coloca cada vez mais próximo de Espargaró, que parece estar com o gás acabando, contudo, Quartararo vai fazendo um excelente trabalho de mitigar os danos de uma moto que só funciona com ele. Os demais pilotos da Yamaha simplesmente lutam para entrar na zona de pontuação. Com a aposentadoria de Rossi e o ano praticamente sabático de Márquez, Fabio Quartararo é o melhor piloto da MotoGP, mas ele tem que enfrentar um esquadrão de motos superiores a sua para tentar o bicampeonato. E até o momento, o homem vai vencendo a máquina na MotoGP.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Pole histórica

 


Will Power surgiu na Indy em meados dos anos 2000 vindo da Europa e apadrinhado pelo compatriota Mark Webber. Muito rápido, não demorou muito para Power chamar a atenção de grandes equipes e quando houve a fusão em 2008, ele rapidamente mostrou serviço e foi contratado pela Penske em parte da temporada, enquanto Helio Castroneves se revolvia com o fisco americano.

Power mostrou tanta força (perdão do trocadilho), que rapidamente foi contratado em definitivo pela Penske, mas Will tinha um sério problema: sua dificuldade nos ovais. Enquanto o piloto da Penske doutrinava nos circuitos mistos, Power derrapava nos ovais, algo que foi consertando aos poucos, lhe garantindo um título em 2014, após bater na trave várias vezes justamente pelas dificuldades nos ovais, contudo, pode-se dizer que hoje Will Power é um piloto completo de Indy, vencendo até mesmo as 500 Milhas de Indianápolis em 2018.

Já contando com 41 anos, Power manteve sua fama de rápido e as poles foram se acumulando. Provando o quão forte está em qualquer pista na Indy, Will conseguiu mais uma pole no oval de Gateway, mas não foi uma pole ordinária. Power simplesmente igualou a marca de 67 poles de Mario Andretti, se tornando o maior pole-man da história da Indy. Líder do campeonato e ainda muito rápido, essa marca deverá ser quebrada rapidamente. Como Power na Indy.

domingo, 7 de agosto de 2022

Ele sempre chega


 Scott Dixon não vinha tendo um começo de ano dos melhores, inclusive com muita gente já indicando uma possível decadência do neozelandês. A dolorida derrota em Indianápolis também aumentou essa sensação, mas nunca é bom duvidar dessa raposa felpuda chamada Scott Dixon. Após sua vitória em Toronto, a temporada de Dixon 'pegou no tranco' e o piloto da Ganassi foi se recuperando com resultados sólidos, bem ao seu estilo, mesmo que devendo um pouco em ritmo de classificação.

Na varzeana pista de Nashville, Dixon usou sua experiência para sair de uma incômoda 14º posição no grid para ir evoluindo numa corrida cheia de acidentes e que foi atrasada em quase duas horas por raios ao redor de Nashville. Nos últimos anos, os eventos ao ar livre nos Estados Unidos estão com o procedimento de serem interrompidos em caso de raios próximos ao lugar do evento. Porém, isso não acalmou o ânimo dos pilotos, que se envolveram em inúmeros incidentes, fazendo com que a corrida desse ano lembrasse um pouco 2021, quando parecia que nunca terminaria, incluindo aí uma bandeira vermelha marota, para não finalizar a prova em bandeira vermelha.

O renegado Alex Palou liderou boa parte da prova, mas no fim Josef Newgarden tentou dar o pulo do gato numa estratégia diferente, utilizando ao máximo as bandeiras amarelas, contudo no fim o piloto da Penske teve que fazer uma parada no fim e entregar a vitória na pista de sua casa. E quem estava em segundo quando Newgarden foi aos pits? Isso mesmo, Scott Dixon. Correndo na maciota, o piloto da Ganassi se colocou entre os primeiros em meio ao caos de bandeiras amarelas e interrupções. No final, Dixon aguentou bem as constantes relargadas nas voltas finais para vencer pela segunda vez e se isolar como o segundo maior vencedor da história da Indy. 

A Penske vinha se mostrando forte nos treinos, mas acabou sem a vitória. McLaughin largou na pole e liderou algumas voltas, mas com tantas oportunidades de estratégia, o neozelandês acabou perdendo terreno, para se recuperar e chegar em segundo, embutido no seu xará compatriota. Newgarden foi para uma recuperação banzai após ir para o final da fila em seu último pit-stop e mesmo batendo em Grosjean numa das relargadas, Josef ainda salvou um sexto lugar. Para sorte de Newgarden, Power teve uma corrida horrorosa, onde em nenhum momento teve um bom ritmo, principalmente no fim. Will permaneceu na ponta do campeonato muito pelos problemas de Marcus Ericsson, com o sueco ficando parado duas vezes no fim da prova e terminando atrás até mesmo de Power, que ficou fora do top-10. Com o sexto lugar, Newgarden encostou de vez na luta pelo título, mas esses três devem olhar com mais preocupação com Scott Dixon cada vez mais próximo deles no campeonato. Dixon sempre chega...

A trágica escolha de Pironi

 


A temporada 1982 da F1 foi recheada de momentos marcantes e trágicos. Hoje completa-se quarenta anos de um desses momentos.

Na manhã do dia 7 de agosto, Hockenheim amanheceu chovendo, praticamente garantindo a pole conquistada na sexta de Didier Pironi, líder do campeonato e favorito destacado para o título daquele ano. Porém, havia previsão de chuva para o domingo da corrida e muitos pilotos encararam a pista molhada de Hockenheim para acertar seus carros para aquele tipo de piso e no caso de Pironi, ele iria testar vários compostos de chuva para a Goodyear.

Por volta das 10h30, Pironi entrou na reta antes do setor do Estádio e encontrou a Williams Racing de Derek Daly. O piloto da Ferrari pensou que apenas o irlandês estava no local, mas infelizmente havia um terceiro piloto no local. Alain Prost estava ainda mais lento e Daly se move para a direita para ultrapassar a Renault de Prost. Pironi vai para a esquerda ultrapassar a Williams e não vê o carro de Prost, escondido no spray. O choque a 280 km/h foi violentíssimo, com Pironi voando e batendo duas vezes no chão de frente antes do carro parar na entrada do Estádio.

Prost, Cheever e Mansell imediatamente pararam seus carros para socorrer Pironi. Porém, numa cena pouco lembrada, foi Nelson Piquet quem parou seu Brabham e tirou o cinto de segurança de Pironi, que permanecia consciente e sentindo todas as terríveis dores. Piquet percebe que a perna direita de Pironi estava destruída e escutava os gritos desesperados do francês. A situação era tão séria, que pensou-se seriamente em amputar a perna de Pironi ainda na pista, mas o francês estava acordado e não queria essa solução. O professor Syd Watkins em pessoa prometeu que evitaria a todo custo amputar a perna de Pironi, que foi retirado do seu carro depois de trinta minutos e levado ao Hospital Universitário de Heidelberg.

Felizmente Pironi não corria risco de vida, muito pelos reforços que a Ferrari havia feito na dianteira do carro por causa do acidente de Villeneuve meses antes. Pironi passou quatro horas na mesa de cirurgia e sua perna direita foi salva, mas havia uma longa recuperação pela frente para Didier, que terminava ali sua carreira na F1, além do sonho da Ferrari de ser campeã naquele ano.

Prost era considerado um dos melhores pilotos na chuva daquele tempo, mas sua descrição do que viu do acidente foi impressionante. "Senti um choque enorme na traseira do meu carro, então vi a Ferrari em voo planado, dez metros acima de mim. Ele caiu debaixo do meu nariz para então saltar novamente. Eu então freei, mas, com o choque, ele arrancou minha roda traseira direita. Continuei sem controle. A Ferrari passou por cima da minha cabeça pela segunda vez e finalmente caiu no chão. Realmente terrível..." Prost nunca mais seria o mesmo piloto com piso molhado pelo trauma do terrível acidente com Pironi.

E 1982 teve mais uma tragédia para contar no esporte a motor...

A quadra


 A volta das férias da MotoGP viu um ligeiro resumo dessa temporada. Com as motos japonesas em crise, apenas com o talento absurdo de Fabio Quartararo conseguindo um diferencial, a corrida de hoje em Silverstone foi dominada pelas máquinas europeias, mais especificamente pela Ducati, porém, não faltou erro de um dos seus pilotos, com o pole Zarco errando sozinho ainda no começo da prova, abrindo caminho para que Bagnaia dominasse a segunda metade da prova e vencesse pela quarta vez no ano, mas ficando ainda em terceiro no campeonato.

Ainda sem vitórias na MotoGP e com um já longo jejum de seis anos, Johann Zarco largava na pole e com seu compatriota Quartararo tendo que pagar uma penalização de volta longa de antemão, o francês da Ducati era um dos favoritos à vitória, contudo, Zarco demonstrou hoje não apenas sua inconstância, como também dos pilotos da Ducati, que tem em mãos a melhor moto do pelotão, mas lhe faltam consistência. Já com Quartararo tendo cumprido sua penalização, Zarco tinha a prova controlada quando errou sozinho, entregando pontos importantes, ele que vinha em terceiro no campeonato. Menos mal para a montadora de Bologna foi que logo atrás de Zarco vinha a dupla de fábrica da Ducati, com Miller à frente, mas logo ultrapassado por Bagnaia. O italiano é o piloto com mais vitórias no campeonato de 2022, porém o problema de Pecco que o número de quedas é igual ao de vitórias, o deixando longe do primeiro colocado Quartararo, que sofria com a falta de velocidade de sua Yamaha, ainda mais no meio do pelotão.

Para complicar as coisas para Bagnaia, um ascendente Maverick Viñales vinha muito forte com a Aprilia e nas voltas finais ultrapassou Miller para ir em busca de brigar com Pecco pela vitória. Maverick chegou a efetuar a ultrapassagem para logo em seguida levar o xis. Bagnaia se segurou na última volta para terminar em primeiro e comemorar sua quarta vitória em 2022, o elevando ao terceiro lugar no campeonato com a queda de Zarco, mas ainda longe de Quartararo. O francês até voltou bem de sua penalização, mas sem velocidade de reta, a Yamaha de Fabio era alvo fácil para a turma da Ducati e Aprilia, sendo seguidamente ultrapassado. Nas voltas finais, Quartararo se viu logo à frente de Aleix Espargaró. O espanhol da Aprilia havia sofrido um grande acidente no último treino livre e quase não correu. Reforçando a imagem de valentia dos pilotos de moto, Aleix foi para a corrida e mesmo baleado, quase chegou à frente de Quartararo. Sabendo que teria uma punição a cumprir, Quartararo tinha como principal objetivo chegar à frente de Espargaró, cumprindo a sua meta pessoal, porém, não deixa de ser preocupando ter terminado apenas em oitavo e quase ultrapassado por um piloto machucado.

Com o crescimento de Viñales nesse momento, talvez a Aprilia encontre seu piloto para 2023, mesmo com o ótimo trabalho de Espargaró, que é um ótimo acertador de moto, mas sem o talento dos seus compatriotas. Na briga particular para ver quem fica com a segunda vaga da Ducati de fábrica em 2023, pontos para Bastianini, que largou mal, perdeu uma aleta e numa bela corrida de recuperação, terminou em quarto, ultrapassando na última volta justamente seu rival, Jorge Martin. Enquanto isso para 2022, Bagnaia precisará de mais consistência para entrar de vez na briga pelo título, usando a força de sua Ducati, enquanto Quartararo já terá um desafio e tanto na próxima prova, no rápido circuito de Red Bull Ring, tradicional reduto da Ducati.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Figura(HUN): Max Verstappen

 Que o segundo título virá, não será mais questão de 'se', mas de 'quando'. Max Verstappen vai fazendo um campeonato belíssimo em 2022, contando ainda com as ajudas da Ferrari. Na Hungria, Max não esteve perfeito, mas usou sua bagagem de sete temporadas para sair de décimo lugar numa pista historicamente difícil de se ultrapassar rumo a vitória num ritmo imponente, auxiliado por sua equipe que sempre o colocou numa boa posição para ter os melhores pneus no instável clima magiar desse domingo. Verstappen largou nessa posição por causa de um problema pontual de motor no sábado, mas o neerlandês não se livrou de todos os problemas, pois uma pane na embreagem do seu carro deixou tudo ainda mais complicado para Max, fazendo-o até rodar em certo momento. Nem esse raro erro impediu Verstappen de escalar o pelotão e vencer a corrida, colocando gigantescos oitenta pontos no lombo de Leclerc. Com a Ferrari fazendo papelão em cima de papelão, somado à eficiência da Red Bull, Max Verstappen vai fazendo sua parte, e muito bem, dentro da pista.

Figurão(HUN): Ferrari

 O campeonato de 2022 deverá ser lembrado pela confirmação do incrível talento de Max Verstappen e o seu amadurecimento, principalmente após a luta fratricida que teve com Hamilton ano passado. Porém, quando se colocar uma lupa no ano de 2022 da F1, poderemos ver também o quanto a Ferrari facilitou a vida de Max por vários motivos. Se semana passada podem-se apontar o dedo para Charles Leclerc, no último domingo o monegasco foi vítima de um erro bisonho dos táticos da Ferrari. Ao contrário do que normalmente ocorre, Budapeste amanheceu com frio e muito vento nesse domingo, tornando o asfalto gelado e clamando por uma borracha aderente. Pois bem, a Ferrari largou atrás do poleman George Russell usando pneus médios, enquanto o inglês tinha os macios. Mais importante, Sainz estava claramente segurando Leclerc e em nenhum momento se solicitou uma necessária troca de posições entre os ferraristas. O problema que esse foi o menor dos erros. Quando começaram as paradas, a Ferrari se estabanou completamente, sempre reagindo aos carros mais próximos de forma atabalhoada. Após o primeiro stint, Leclerc conseguiu ultrapassar Russell e partia para uma vitória que amenizaria o pesadelo do seu erro na França. Porém, mais atrás, Max Verstappen tinha um ritmo fortíssimo com pneus médios e quando esse fez sua segunda parada, a Ferrari se desesperou. Como reagir ao ritmo de Max? Vamos trazer Charles o mais rápido possível, pensou o tático de Maranello. Contudo, havia um sério porém. Leclerc teria que colocar, por obrigatoriedade do regulamento, ou o pneu macio ou o duro para sua teórica última parada. Com metade da corrida para o fim, os macios não aguentariam. A Alpine colocou pneus duros em seus carros para fazer apenas uma parada. Foi um caos, com Alonso e Ocon lutando com a falta de aderência. Era claro que aquele pneu não funcionaria. Mas a Ferrari insistiu e montou pneus duros no carro de Leclerc. Foi constrangedor a forma como Leclerc estava lento, necessitando uma terceira parada que o relegou ao sexto lugar na bandeirada. Na ante-sala do pódio, Hamilton via na TV o sofrimento de Leclerc e perguntou assustado à Russell e Verstappen: ele estava com os duros? A resposta, com risos nos rostos dos jovens pilotos, foi um 'yeah' com um pouco de vergonha alheia. Uma ótima palavra para o que foi a corrida da Ferrari na Hungria e as decisões vindas do pit-wall. Uma vergonha!

Será que ele aguenta?

 


A manhã dessa segunda-feira foi de surpresa para o mundo da F1. Poucos dias após ver Sebastian Vettel anunciar sua aposentadoria, a Aston Martin rapidamente anunciou o substituto do alemão. Com características parecidas: campeão e experiente. Mesmo Fernando Alonso ainda querendo ficar na Alpine, a renovação com os franceses não estava fácil e por isso foi bem cômodo para Alonso aceitar a proposta da Aston Martin para se mudar para o feudo Stroll a partir de 2023, num contrato multi-anual.

Apesar de muitos terem colocado Alonso como uma das possibilidades para substituir Vettel na Aston Martin, ninguém esperava que o espanhol saísse da Alpine à essa altura da carreira. Fernando ainda mostra muitos resultados com os franceses, mas quando chegou à equipe no começo do ano, o novo chefe da Otmar Szafnauer não fez muita questão de mostrar preferência em ascender Oscar Piastri na equipe em 2023, correndo ao lado de Esteban Ocon. O que Szafnauer não contava era que Alonso continuasse mostrando sua força e que tem condições de sobras para permanecer na F1. Porém, Piastri é considerado um dos maiores talentos surgidos nas categorias de base e a Alpine não poderia perder o australiano sem sequer o colocar em seu carro. Junto a tudo isso, Alonso é uma marca importante no automobilismo e boa parte dessa história foi escrita dentro da equipe, quando ela se chamava Renault. O impasse estava na mesa. A Alpine queria Alonso e Piastri, mas só havia uma vaga, com o chefão preferindo o novato, mas não se podia simplesmente dispensar uma lenda da equipe. Uma lenda bastante útil, por sinal. Szafnauer teria oferecido uma renovação de um ano, algo que não interessava à Alonso, pois o espanhol sabe que não será em um ano que a Alpine dará um passo grande o suficiente para voltar a lutar por vitórias.

Então surgiu a Aston Martin. Não se sabe ainda se as negociações começaram antes ou depois do anúncio de Vettel, mas Alonso falou nesse final de semana que, se as duas partes quisessem, toda a negociação não dura mais do que dez minutos. Lógico que a negociação de um contrato de F1 não dura isso, mas rapidamente se chegou um acordo para Alonso entrar no lugar de Vettel, exatamente onde o alemão estava. E isso poderá ser um ponto nevrálgico na relação entre Alonso e sua equipe. A Aston Martin nada mais é do que um projeto de Lawrence Stroll para tornar seu filho Lance campeão do mundo. Não falta dinheiro e vontade para Stroll para fazer seu rebento conseguir realizar o sonho da família. O problema é que Lance não tem talento e velocidade o suficiente para tal, mesmo com todo o dinheiro do mundo. Porém, como pai, Lawrence acredita que seu filho pode ser campeão e está fazendo de tudo para isso, colocando a equipe em torno de Lance. E provavelmente por isso a Aston Martin não desabroche, mesmo com todo o investimento de Stroll. Além de tudo isso, sabemos que o comportamento de Alonso dentro de equipes em dificuldades não é das mais amistosas, como provou a McLaren. E a Aston Martin não está na melhor de suas fases.

Dentro da Alpine, o anúncio de Oscar Piastri deve ser iminente e Szafnauer acabou ganhando uma queda de braço difícil, mas os franceses terão um desafio e tanto, pois terão dois pilotos promissores, contudo, ainda com muita coisa a mostrar. E pela primeira vez na F1, Ocon liderará uma equipe. Veremos como ele se comportará. A surpreendente mudança de Alonso deixará muitas dúvidas de como o espanhol lidará com uma equipe que não orbita em torno dele e, pior, focado num piloto vários níveis abaixo dele. Alonso aguentará isso?