Não poderia ser outro! Correndo praticamente em casa, Verstappen teve um final de semana digno de nota, onde este intocável num ritmo avassalador e que não foi igualado por ninguém. Punido por uma troca de motor, Max saiu de 15º (que viraria 13º) no apagar das luzes vermelhas e rapidamente estava entre os oito primeiros. A facilidade com que Verstappen deixava os pilotos para trás era de certa forma surpreendente e ao mesmo tempo humilhante. Max parecia estar numa categoria à parte. Logo após a primeira rodada de paradas, Verstappen assumiu a ponta para desaparecer na frente e garantir sua nona vitória na temporada, tornando o bicampeonato numa questão de 'quando' e não mais de 'se'.
segunda-feira, 29 de agosto de 2022
Figurão(BEL): Daniel Ricciardo
Para a Ferrari não ficar eternamente nessa parte da coluna em 2022, iremos variar um pouco no tema e procuramos outro merecido de estar por aqui. E o escolhido foi Daniel Ricciardo. O final de semana do australiano começou da pior forma possível, quando foi confirmado que mesmo tendo contrato até o final de 2023, Daniel será dispensado da McLaren no final da atual temporada. Como sempre ocorre nessas situações, tanto piloto como equipe assumiram a culpa de uma parceria que não deu certo, porém, Daniel Ricciardo deu mais alguns motivos para a McLaren tomar essa decisão nesse domingo. Lando Norris foi um dos pilotos a trocar de motor e por isso largaria no final do grid. Ricciardo aproveitou a penca de punidos para largar em sétimo, mesmo tendo ficado ainda no Q2, enquanto Norris largou onze posições atrás. Na corrida Ricciardo foi um anônimo, mas no final da prova ele apareceu na transmissão na rabeira de uma fila de carros entre a décima e a décima quinta posição, porém, o segundo colocado nesse trem era... Norris! Mesmo largando bem à frente de Lando, Ricciardo ainda terminou três posições atrás do companheiro de equipe, em outra corrida abaixo da crítica. Apesar das expectativas e da marcante vitória em Monza, a passagem de Ricciardo na tradicional McLaren foi uma grande desilusão e a corrida em Spa, marcada pela sua dispensa, foi um espelho nesses dezoito meses em que Daniel defendeu a McLaren.
domingo, 28 de agosto de 2022
Escalada sem graça
sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Deu match. Finalmente!
Porém, alguns fatores novos entraram na equação desse relacionamento que finalmente fez que ocorresse um match entre F1 e Audi. Quando venceu em Le Mans (e não faltaram vitórias...), a Audi apresentou várias novas tecnologias como motor a gasolina, diesel e híbrido. No começo do século 21 a F1 corria com seus possantes motores V10 que fazia a alegria dos torcedores, mas que não deixava nada animada a turma da ecologia, que via nesses motores uma mistura de barulho, desperdício e CO² no ambiente. Usando uma tecnologia até mesmo superior à F1 para triunfar em Le Mans, a Audi não se sentia atraída a entrar na categoria mais popular do mundo. No entanto, a F1 percebeu que para crescer e continuar cativando as montadoras, a categoria precisava entrar de cabeça nas novos tecnologias de motores e foi assim que surgiu os motores híbridos, para desgosto dos torcedores mais hardcore, mas que segurou Renault e Mercedes, além de atrair a Honda, mesmo que por um pequeno período de tempo.
A Audi já havia saído do Endurance, após um longo período de sucesso e estava na insípida F-E. A categoria elétrica é o sonho teórico de dos arautos da sustentabilidade, porém, nem sempre a teoria se comprova na prática, pois a realidade é que o ecologista do século 21 não está nem aí para carros. E muito menos para corridas. A F-E permanece estancada na sua plataforma de 'categoria do futuro' que parece nunca chegar. Porém, os novos motores da F1 além de não serem muito populares, se mostraram muito caros e a saída da Honda mostrava que outra mudança seria necessária, ainda que mantendo a mentalidade de sustentabilidade. Foi então que a VW, dona da Audi e da Porsche, começou a vislumbrar sua entrada na F1 usando suas marcas mais esportivas. Na realidade, um escândalo com resultados adulterados de motores a diesel postergou um pouco esse interesse, mas o fato da F1 usar motores com tecnologia de ponta pensando na sustentabilidade e com a proposta do carbono zero era bom demais para uma montadora querendo sair de um escândalo e se mostrar no pináculo das corridas. Outro detalhe é que a F1 está atingindo níveis até mesmo inéditos de popularidade em lugares até pouco tempo tabu, como os Estados Unidos e seu interessante mercado.
Quando a Audi saiu da F-E e oficialmente do DTM, o destino parecia claro: a F1. Mas como entrar numa categoria inflacionada? Montar uma equipe do zero parecia arriscado demais. Então a Audi (para não dizer a VW) procurou as chamadas equipes independentes. Primeiro bateu na porta da McLaren, que durante a pandemia perigou fechar as portas, mas com uma ótima engenharia, a tradicional equipe conseguiu se segurar muito bem e para não perder a pose, disse não aos alemães. Pensou-se na Williams, mas a equipe inglesa recém comprada preferiu se manter independente. Por enquanto. Então surgiu a Alfa Romeo. Sim, a Alfa Romeo by Sauber. Todos sabem que a velha equipe Sauber constrói seus carros e o nome Alfa Romeo é apenas uma parceria, que é boa para ambos os lados. A Alfa ganhava uma plataforma incrível de marketing, enquanto a Sauber era financiada para fazer o que sempre fez na F1: construir carros competitivos, ali na meiuca do pelotão. Mesmo assim a situação financeira da Sauber não era um mar de rosas, tanto que quase foi vendida à Andretti. Então chegou a Audi com toda a sua força e tradição. Era demais para o velho Peter Sauber e o chefe Fred Vasseur.
Após se livrar da Alfa Romeo, que hoje mesmo anunciou que só fica na Sauber até 2023, o caminho estava livre para a Audi. Numa apresentação histórica nesta manhã, a Audi anunciou que finalmente entrará na F1, mesmo que apenas em 2026, quando os novos motores estrearão. O que a Sauber fará entre 2024 e 25 ainda é um detalhe a ser discutido, principalmente com a Ferrari talvez não tão animada em entregar seus belos motores à Audi. Ainda não há maiores detalhes de como será o negócio, mas fala-se que a Audi adquiriu 75% das ações da Sauber, que continuará construindo seus carros e a parte aerodinâmica, enquanto os alemães se encarregarão da parte mecânica e do novo motor. Já de cara, a Audi deu uma cutucada na rival Mercedes, dizendo que construirá o primeiro motor de F1 na Alemanha em muitos anos. Ouch Toto!
O importante disso tudo é a chegada de uma montadora de comprovada qualidade técnica e de tradição gigantesca no automobilismo, com vitórias no Mundial de Rali, DTM, Trans-Am e ter dominado Le Mans de forma poucas vezes vistas. Ainda é cedo para especular qual será o tamanho do investimento e de quem liderará dentro e fora das pistas a Audi. Contudo, o esperado namoro entre F1 e Audi finalmente deu certo e todos esperam belos filhos pela no final dessa década.
quarta-feira, 24 de agosto de 2022
História: 25 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1997
O final de semana belga foi marcado por muitas chuvas nos treinos, mas na classificação no domingo teve pista seca e sol, com Villeneuve e a Williams dominando como esperado. A Benetton havia andado bem em todo o final de semana e Alesi ficou com a segunda marca, contudo, Berger teve um acidente na Bus Stop e conseguiu apenas o 15º tempo. Forçado a usar o carro reserva, Schumacher lutou bastante para conseguir a terceira posição, mas quase 1s atrás de Villeneuve. Na McLaren haviam problemas. Hakkinen sofreu um sério acidente no sábado pela manhã, quando a sua suspensão traseira quebrou e ele bateu forte na Les Combes. Mika ainda conseguiu um quinto lugar no grid, mas a FIA desclassificou o nórdico por irregularidades no combustível. A McLaren apelou e Mika manteve seu lugar no grid, mas ainda haveria um julgamento depois da corrida.
Grid:
1) Villeneuve (Williams) - 1:49.500
2) Alesi (Benetton) - 1:49.759
3) M.Schumacher (Ferrari) - 1:50.293
4) Fisichella (Jordan) - 1:50.470
5) Hakkinen (McLaren) - 1:50.503
6) R.Schumacher (Jordan) - 1:50.520
7) Frentzen (Williams) - 1:50.658
8) Diniz (Arrows) - 1:50.853
9) Hill (Arrows) - 1:50.970
10) Coulthard (McLaren) - 1:51.410
Chegada:
1) M.Schumacher
2) Fisichella
3) Frentzen
4) Herbert
5) Villeneuve
6) Berger
domingo, 21 de agosto de 2022
Homem x Máquina
A MotoGP está vendo em 2022 a fascinante disputa do homem versus a máquina. Sim, a Ducati tem a melhor moto do pelotão, sem sombras de dúvidas, mas como o principal campeonato, o mais lembrado, é o Mundial de Pilotos, os italianos não tem, sem sombras de dúvidas, o melhor piloto. A vitória na Áustria nesse domingo ficou com Pecco Bagnaia, a terceira seguida do italiano, a primeira vez que o piloto da Ducati consegue esse feito, mas o nome da prova foi Fabio Quartararo, que mesmo numa pista com longas retas e correndo com uma moto nitidamente mais lenta, chegou em segundo lugar a meio segundo de Bagnaia, tendo que ultrapassar motos mais rápidas que a dele. Enquanto Bagnaia ainda luta para ser segundo no campeonato, Quartararo vai abrindo de Espargaró, que fez uma prova de sobrevivência e foi apenas sexto.
O modificado circuito de Red Bull Ring recebeu a MotoGP com a chuva sempre à espreita, a ponto da entrevista coletiva de Marc Márquez na quinta ter sido interrompida por causa de uma forte tempestade. Felizmente a chuva ficou restrita à sexta-feira na pista e de resto, mesmo com o tempo carrancudo, o final de semana austríaco foi com pista seca, mas nem por isso nuvens negras deixaram de assombrar a categoria. Numa decisão autoritária e no mínimo discutível, a Dorna outorgou a entrada das Sprint Races a partir de 2023 em todas as corridas. Apesar da inspiração na F1 (onde até o momento as Sprint Races simplesmente não pegaram), o Mundial de Superbike já usa o expediente a algum tempo e foi ali que a MotoGP se inspirou para a polêmica decisão. As equipes gostaram e apoiaram, por causa do maior tempo de exposição de patrocinadores, mas boa parte dos pilotos simplesmente detestaram a ideia, pois os colocam mais expostos a acidentes. A decisão repentina e sem maiores avisos da Dorna foi o estopim de outros problemas que vem incomodando os pilotos e isso pode ser o início de outros capítulos polêmicos nos próximos dias.
Voltando a 2022 e a pista propriamente dita, o esquadrão Ducati largou muito bem após dominar as primeiras posições no grid no sábado. O pole Bastianini não resistiu muito tempo ao compatriota Bagnaia e ainda na primeira volta Pecco tomou a ponta para não mais perdê-la, numa corrida de certa forma tranquila do principal piloto da Ducati. Com Bastianini sofrendo de problemas que o fizeram abandonar a prova cedo, Bagnaia contou com Miller a protegê-lo a maior parte do tempo e de certa forma, Jorge Martin, com esperanças de ficar com a vaga de Miller em 2023, não iria se arriscar muito lutando com as motos de fábrica. O que a Ducati não contava era que Quartararo estava num dia inspirado. Mesmo não largando muito bem, Fabio se aproveitou de um erro de Maverick Viñales para começar sua caçada às Ducatis, uma missão para lá de ingrata para um piloto que tem uma moto muito lenta em velocidade de ponta, cuja pista austríaca, mesmo com a chicane após a curva um, ainda é uma das mais rápidas do calendário.
Quartararo usou e abusou do seu talento. Extraindo os pontos fortes da sua Yamaha, o francês se aproveitou de um erro de Martin e fez uma ultrapassagem belíssima sobre Miller nas voltas finais, assumindo a segunda posição. A sensação que tinha era que se houvessem mais algumas voltas, Quartararo partiria para a briga pela vitória, mas o segundo lugar logo atrás de Bagnaia foi um prêmio para o francês, que mesmo com a perigosa aproximação de Bagnaia no campeonato, viu seu mais próximo perseguidor tendo problemas. Aleix Espargaró teve dificuldades na moto na largada e saiu mal. O espanhol ainda ficou em quinto nas primeiras voltas, mas a Aprilia não estava num bom dia. Viñales já vinha despencando no pelotão e Aleix contou com alguns problemas de rivais para salvar um sexto lugar. Na abertura da última volta, Martin forçou muito na briga com Miller e acabou no chão, dando mais alguns pontinhos a Bastianini na luta particular entre os dois para ficar com a vaga da Ducati oficial em 2023.
A vitória de Bagnaia o coloca cada vez mais próximo de Espargaró, que parece estar com o gás acabando, contudo, Quartararo vai fazendo um excelente trabalho de mitigar os danos de uma moto que só funciona com ele. Os demais pilotos da Yamaha simplesmente lutam para entrar na zona de pontuação. Com a aposentadoria de Rossi e o ano praticamente sabático de Márquez, Fabio Quartararo é o melhor piloto da MotoGP, mas ele tem que enfrentar um esquadrão de motos superiores a sua para tentar o bicampeonato. E até o momento, o homem vai vencendo a máquina na MotoGP.
sexta-feira, 19 de agosto de 2022
Pole histórica
Power mostrou tanta força (perdão do trocadilho), que rapidamente foi contratado em definitivo pela Penske, mas Will tinha um sério problema: sua dificuldade nos ovais. Enquanto o piloto da Penske doutrinava nos circuitos mistos, Power derrapava nos ovais, algo que foi consertando aos poucos, lhe garantindo um título em 2014, após bater na trave várias vezes justamente pelas dificuldades nos ovais, contudo, pode-se dizer que hoje Will Power é um piloto completo de Indy, vencendo até mesmo as 500 Milhas de Indianápolis em 2018.
Já contando com 41 anos, Power manteve sua fama de rápido e as poles foram se acumulando. Provando o quão forte está em qualquer pista na Indy, Will conseguiu mais uma pole no oval de Gateway, mas não foi uma pole ordinária. Power simplesmente igualou a marca de 67 poles de Mario Andretti, se tornando o maior pole-man da história da Indy. Líder do campeonato e ainda muito rápido, essa marca deverá ser quebrada rapidamente. Como Power na Indy.
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
domingo, 7 de agosto de 2022
Ele sempre chega
Na varzeana pista de Nashville, Dixon usou sua experiência para sair de uma incômoda 14º posição no grid para ir evoluindo numa corrida cheia de acidentes e que foi atrasada em quase duas horas por raios ao redor de Nashville. Nos últimos anos, os eventos ao ar livre nos Estados Unidos estão com o procedimento de serem interrompidos em caso de raios próximos ao lugar do evento. Porém, isso não acalmou o ânimo dos pilotos, que se envolveram em inúmeros incidentes, fazendo com que a corrida desse ano lembrasse um pouco 2021, quando parecia que nunca terminaria, incluindo aí uma bandeira vermelha marota, para não finalizar a prova em bandeira vermelha.
O renegado Alex Palou liderou boa parte da prova, mas no fim Josef Newgarden tentou dar o pulo do gato numa estratégia diferente, utilizando ao máximo as bandeiras amarelas, contudo no fim o piloto da Penske teve que fazer uma parada no fim e entregar a vitória na pista de sua casa. E quem estava em segundo quando Newgarden foi aos pits? Isso mesmo, Scott Dixon. Correndo na maciota, o piloto da Ganassi se colocou entre os primeiros em meio ao caos de bandeiras amarelas e interrupções. No final, Dixon aguentou bem as constantes relargadas nas voltas finais para vencer pela segunda vez e se isolar como o segundo maior vencedor da história da Indy.
A Penske vinha se mostrando forte nos treinos, mas acabou sem a vitória. McLaughin largou na pole e liderou algumas voltas, mas com tantas oportunidades de estratégia, o neozelandês acabou perdendo terreno, para se recuperar e chegar em segundo, embutido no seu xará compatriota. Newgarden foi para uma recuperação banzai após ir para o final da fila em seu último pit-stop e mesmo batendo em Grosjean numa das relargadas, Josef ainda salvou um sexto lugar. Para sorte de Newgarden, Power teve uma corrida horrorosa, onde em nenhum momento teve um bom ritmo, principalmente no fim. Will permaneceu na ponta do campeonato muito pelos problemas de Marcus Ericsson, com o sueco ficando parado duas vezes no fim da prova e terminando atrás até mesmo de Power, que ficou fora do top-10. Com o sexto lugar, Newgarden encostou de vez na luta pelo título, mas esses três devem olhar com mais preocupação com Scott Dixon cada vez mais próximo deles no campeonato. Dixon sempre chega...
A trágica escolha de Pironi
A temporada 1982 da F1 foi recheada de momentos marcantes e trágicos. Hoje completa-se quarenta anos de um desses momentos.
Na manhã do dia 7 de agosto, Hockenheim amanheceu chovendo, praticamente garantindo a pole conquistada na sexta de Didier Pironi, líder do campeonato e favorito destacado para o título daquele ano. Porém, havia previsão de chuva para o domingo da corrida e muitos pilotos encararam a pista molhada de Hockenheim para acertar seus carros para aquele tipo de piso e no caso de Pironi, ele iria testar vários compostos de chuva para a Goodyear.
Por volta das 10h30, Pironi entrou na reta antes do setor do Estádio e encontrou a Williams Racing de Derek Daly. O piloto da Ferrari pensou que apenas o irlandês estava no local, mas infelizmente havia um terceiro piloto no local. Alain Prost estava ainda mais lento e Daly se move para a direita para ultrapassar a Renault de Prost. Pironi vai para a esquerda ultrapassar a Williams e não vê o carro de Prost, escondido no spray. O choque a 280 km/h foi violentíssimo, com Pironi voando e batendo duas vezes no chão de frente antes do carro parar na entrada do Estádio.
Prost, Cheever e Mansell imediatamente pararam seus carros para socorrer Pironi. Porém, numa cena pouco lembrada, foi Nelson Piquet quem parou seu Brabham e tirou o cinto de segurança de Pironi, que permanecia consciente e sentindo todas as terríveis dores. Piquet percebe que a perna direita de Pironi estava destruída e escutava os gritos desesperados do francês. A situação era tão séria, que pensou-se seriamente em amputar a perna de Pironi ainda na pista, mas o francês estava acordado e não queria essa solução. O professor Syd Watkins em pessoa prometeu que evitaria a todo custo amputar a perna de Pironi, que foi retirado do seu carro depois de trinta minutos e levado ao Hospital Universitário de Heidelberg.
Felizmente Pironi não corria risco de vida, muito pelos reforços que a Ferrari havia feito na dianteira do carro por causa do acidente de Villeneuve meses antes. Pironi passou quatro horas na mesa de cirurgia e sua perna direita foi salva, mas havia uma longa recuperação pela frente para Didier, que terminava ali sua carreira na F1, além do sonho da Ferrari de ser campeã naquele ano.
Prost era considerado um dos melhores pilotos na chuva daquele tempo, mas sua descrição do que viu do acidente foi impressionante. "Senti um choque enorme na traseira do meu carro, então vi a Ferrari em voo planado, dez metros acima de mim. Ele caiu debaixo do meu nariz para então saltar novamente. Eu então freei, mas, com o choque, ele arrancou minha roda traseira direita. Continuei sem controle. A Ferrari passou por cima da minha cabeça pela segunda vez e finalmente caiu no chão. Realmente terrível..." Prost nunca mais seria o mesmo piloto com piso molhado pelo trauma do terrível acidente com Pironi.
E 1982 teve mais uma tragédia para contar no esporte a motor...
A quadra
Ainda sem vitórias na MotoGP e com um já longo jejum de seis anos, Johann Zarco largava na pole e com seu compatriota Quartararo tendo que pagar uma penalização de volta longa de antemão, o francês da Ducati era um dos favoritos à vitória, contudo, Zarco demonstrou hoje não apenas sua inconstância, como também dos pilotos da Ducati, que tem em mãos a melhor moto do pelotão, mas lhe faltam consistência. Já com Quartararo tendo cumprido sua penalização, Zarco tinha a prova controlada quando errou sozinho, entregando pontos importantes, ele que vinha em terceiro no campeonato. Menos mal para a montadora de Bologna foi que logo atrás de Zarco vinha a dupla de fábrica da Ducati, com Miller à frente, mas logo ultrapassado por Bagnaia. O italiano é o piloto com mais vitórias no campeonato de 2022, porém o problema de Pecco que o número de quedas é igual ao de vitórias, o deixando longe do primeiro colocado Quartararo, que sofria com a falta de velocidade de sua Yamaha, ainda mais no meio do pelotão.
Para complicar as coisas para Bagnaia, um ascendente Maverick Viñales vinha muito forte com a Aprilia e nas voltas finais ultrapassou Miller para ir em busca de brigar com Pecco pela vitória. Maverick chegou a efetuar a ultrapassagem para logo em seguida levar o xis. Bagnaia se segurou na última volta para terminar em primeiro e comemorar sua quarta vitória em 2022, o elevando ao terceiro lugar no campeonato com a queda de Zarco, mas ainda longe de Quartararo. O francês até voltou bem de sua penalização, mas sem velocidade de reta, a Yamaha de Fabio era alvo fácil para a turma da Ducati e Aprilia, sendo seguidamente ultrapassado. Nas voltas finais, Quartararo se viu logo à frente de Aleix Espargaró. O espanhol da Aprilia havia sofrido um grande acidente no último treino livre e quase não correu. Reforçando a imagem de valentia dos pilotos de moto, Aleix foi para a corrida e mesmo baleado, quase chegou à frente de Quartararo. Sabendo que teria uma punição a cumprir, Quartararo tinha como principal objetivo chegar à frente de Espargaró, cumprindo a sua meta pessoal, porém, não deixa de ser preocupando ter terminado apenas em oitavo e quase ultrapassado por um piloto machucado.
Com o crescimento de Viñales nesse momento, talvez a Aprilia encontre seu piloto para 2023, mesmo com o ótimo trabalho de Espargaró, que é um ótimo acertador de moto, mas sem o talento dos seus compatriotas. Na briga particular para ver quem fica com a segunda vaga da Ducati de fábrica em 2023, pontos para Bastianini, que largou mal, perdeu uma aleta e numa bela corrida de recuperação, terminou em quarto, ultrapassando na última volta justamente seu rival, Jorge Martin. Enquanto isso para 2022, Bagnaia precisará de mais consistência para entrar de vez na briga pelo título, usando a força de sua Ducati, enquanto Quartararo já terá um desafio e tanto na próxima prova, no rápido circuito de Red Bull Ring, tradicional reduto da Ducati.
segunda-feira, 1 de agosto de 2022
Figura(HUN): Max Verstappen
Que o segundo título virá, não será mais questão de 'se', mas de 'quando'. Max Verstappen vai fazendo um campeonato belíssimo em 2022, contando ainda com as ajudas da Ferrari. Na Hungria, Max não esteve perfeito, mas usou sua bagagem de sete temporadas para sair de décimo lugar numa pista historicamente difícil de se ultrapassar rumo a vitória num ritmo imponente, auxiliado por sua equipe que sempre o colocou numa boa posição para ter os melhores pneus no instável clima magiar desse domingo. Verstappen largou nessa posição por causa de um problema pontual de motor no sábado, mas o neerlandês não se livrou de todos os problemas, pois uma pane na embreagem do seu carro deixou tudo ainda mais complicado para Max, fazendo-o até rodar em certo momento. Nem esse raro erro impediu Verstappen de escalar o pelotão e vencer a corrida, colocando gigantescos oitenta pontos no lombo de Leclerc. Com a Ferrari fazendo papelão em cima de papelão, somado à eficiência da Red Bull, Max Verstappen vai fazendo sua parte, e muito bem, dentro da pista.
Figurão(HUN): Ferrari
O campeonato de 2022 deverá ser lembrado pela confirmação do incrível talento de Max Verstappen e o seu amadurecimento, principalmente após a luta fratricida que teve com Hamilton ano passado. Porém, quando se colocar uma lupa no ano de 2022 da F1, poderemos ver também o quanto a Ferrari facilitou a vida de Max por vários motivos. Se semana passada podem-se apontar o dedo para Charles Leclerc, no último domingo o monegasco foi vítima de um erro bisonho dos táticos da Ferrari. Ao contrário do que normalmente ocorre, Budapeste amanheceu com frio e muito vento nesse domingo, tornando o asfalto gelado e clamando por uma borracha aderente. Pois bem, a Ferrari largou atrás do poleman George Russell usando pneus médios, enquanto o inglês tinha os macios. Mais importante, Sainz estava claramente segurando Leclerc e em nenhum momento se solicitou uma necessária troca de posições entre os ferraristas. O problema que esse foi o menor dos erros. Quando começaram as paradas, a Ferrari se estabanou completamente, sempre reagindo aos carros mais próximos de forma atabalhoada. Após o primeiro stint, Leclerc conseguiu ultrapassar Russell e partia para uma vitória que amenizaria o pesadelo do seu erro na França. Porém, mais atrás, Max Verstappen tinha um ritmo fortíssimo com pneus médios e quando esse fez sua segunda parada, a Ferrari se desesperou. Como reagir ao ritmo de Max? Vamos trazer Charles o mais rápido possível, pensou o tático de Maranello. Contudo, havia um sério porém. Leclerc teria que colocar, por obrigatoriedade do regulamento, ou o pneu macio ou o duro para sua teórica última parada. Com metade da corrida para o fim, os macios não aguentariam. A Alpine colocou pneus duros em seus carros para fazer apenas uma parada. Foi um caos, com Alonso e Ocon lutando com a falta de aderência. Era claro que aquele pneu não funcionaria. Mas a Ferrari insistiu e montou pneus duros no carro de Leclerc. Foi constrangedor a forma como Leclerc estava lento, necessitando uma terceira parada que o relegou ao sexto lugar na bandeirada. Na ante-sala do pódio, Hamilton via na TV o sofrimento de Leclerc e perguntou assustado à Russell e Verstappen: ele estava com os duros? A resposta, com risos nos rostos dos jovens pilotos, foi um 'yeah' com um pouco de vergonha alheia. Uma ótima palavra para o que foi a corrida da Ferrari na Hungria e as decisões vindas do pit-wall. Uma vergonha!
Será que ele aguenta?
Apesar de muitos terem colocado Alonso como uma das possibilidades para substituir Vettel na Aston Martin, ninguém esperava que o espanhol saísse da Alpine à essa altura da carreira. Fernando ainda mostra muitos resultados com os franceses, mas quando chegou à equipe no começo do ano, o novo chefe da Otmar Szafnauer não fez muita questão de mostrar preferência em ascender Oscar Piastri na equipe em 2023, correndo ao lado de Esteban Ocon. O que Szafnauer não contava era que Alonso continuasse mostrando sua força e que tem condições de sobras para permanecer na F1. Porém, Piastri é considerado um dos maiores talentos surgidos nas categorias de base e a Alpine não poderia perder o australiano sem sequer o colocar em seu carro. Junto a tudo isso, Alonso é uma marca importante no automobilismo e boa parte dessa história foi escrita dentro da equipe, quando ela se chamava Renault. O impasse estava na mesa. A Alpine queria Alonso e Piastri, mas só havia uma vaga, com o chefão preferindo o novato, mas não se podia simplesmente dispensar uma lenda da equipe. Uma lenda bastante útil, por sinal. Szafnauer teria oferecido uma renovação de um ano, algo que não interessava à Alonso, pois o espanhol sabe que não será em um ano que a Alpine dará um passo grande o suficiente para voltar a lutar por vitórias.
Então surgiu a Aston Martin. Não se sabe ainda se as negociações começaram antes ou depois do anúncio de Vettel, mas Alonso falou nesse final de semana que, se as duas partes quisessem, toda a negociação não dura mais do que dez minutos. Lógico que a negociação de um contrato de F1 não dura isso, mas rapidamente se chegou um acordo para Alonso entrar no lugar de Vettel, exatamente onde o alemão estava. E isso poderá ser um ponto nevrálgico na relação entre Alonso e sua equipe. A Aston Martin nada mais é do que um projeto de Lawrence Stroll para tornar seu filho Lance campeão do mundo. Não falta dinheiro e vontade para Stroll para fazer seu rebento conseguir realizar o sonho da família. O problema é que Lance não tem talento e velocidade o suficiente para tal, mesmo com todo o dinheiro do mundo. Porém, como pai, Lawrence acredita que seu filho pode ser campeão e está fazendo de tudo para isso, colocando a equipe em torno de Lance. E provavelmente por isso a Aston Martin não desabroche, mesmo com todo o investimento de Stroll. Além de tudo isso, sabemos que o comportamento de Alonso dentro de equipes em dificuldades não é das mais amistosas, como provou a McLaren. E a Aston Martin não está na melhor de suas fases.
Dentro da Alpine, o anúncio de Oscar Piastri deve ser iminente e Szafnauer acabou ganhando uma queda de braço difícil, mas os franceses terão um desafio e tanto, pois terão dois pilotos promissores, contudo, ainda com muita coisa a mostrar. E pela primeira vez na F1, Ocon liderará uma equipe. Veremos como ele se comportará. A surpreendente mudança de Alonso deixará muitas dúvidas de como o espanhol lidará com uma equipe que não orbita em torno dele e, pior, focado num piloto vários níveis abaixo dele. Alonso aguentará isso?