quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

A523


Mais de quarenta anos atrás, a Renault manteve sob seu guarda-chuva uma dupla francesa do barulho, que após tantas brigas e intrigas, fez René Arnoux sair do time, deixando Alain Prost com Eddie Cheever, que além de não-francês, era um piloto bem mais dócil do que o espevitado René. Mesmo com outro nome, a Alpine novamente arrisca uma dupla totalmente francesa e que da mesma forma promete ser do barulho. Não se sabe, porém, se Esteban Ocon e Pierre Gasly repetirão as poles e vitórias de Prost e Arnoux no começo dos anos 1980.

A Alpine manteve boa parte de sua pintura de gosto duvidoso para esse ano, mas com adição do negro, que nada mais é do que a falta de pintura na corrida dos engenheiros em diminuir o peso dos carros de qualquer forma, nem que seja economizando gramas de tinta. A Alpine vem evoluindo pelo menos uma posição no Mundial de Construtores desde 2020, porém, ninguém aposta que os franceses irão subir para o terceiro lugar em 2023, mesmo com todo o potencial do time tendo o apoio de uma montadora e contar com dois pilotos reconhecidamente bons. O quarto lugar em 2022 poderia vir de forma mais fácil, mas as quebras tornaram a vida da Alpine complicada, particularmente de Alonso, que não media palavras em criticar as quebras que normalmente ocorriam em seu carro, o deixando atrás de Ocon, com quem brigou no final da temporada. Para 2023, a Alpine tem um carro mais esguio, mas a grande expectativa ficará na sua nova dupla de pilotos.

Com a saída de Alonso para a Aston Martin, a Alpine pensava que poderia contar com seu piloto de academia, Oscar Piastri, apoiado pela Alpine/Renault fazia alguns anos com bastante sucesso. Porém, Piastri ficou sem assento em 2022 e corria sério risco de ficar novamente um ano parado. Considerado um prodígio, Piastri procurou oportunidades em outras glebas, conseguindo apoio na McLaren, rival da Alpine pelo quarto lugar em 2022, ou o 'melhor do resto'. A saída repentina de Alonso pegou a todos de surpresa, talvez incluindo Piastri e seu staff. Quando foi anunciado para 2023, Piastri simplesmente desmentiu a equipe que o apoiou por boa parte da carreira e entrou num imbróglio que fez o australiano ir para a McLaren, enquanto o novo chefe da Alpine Otmar Szafnauer ficou com cara de tacho, pois perdera dois pilotos de uma só vez. Precisando dar uma resposta à humilhação sofrida, Otmar procurou um piloto forte para o lugar de Alonso. Pierre Gasly vivia uma situação complicada na carreira. Ele sentia-se à vontade na Alpha Tauri, mas quando esteve na Red Bull, sucumbiu ao apoio maciço que a equipe tinha com Max Verstappen. Pierre não escondia que não concordava com os métodos pouco ortodoxos de Helmut Marko e sabia que sua carreira estava estagnada. Se subisse para a Red Bull, sabia que seu destino era ser segundão do Max. Ficar na Alpha Tauri significava brigar eternamente no pelotão intermediário. Então surgiu a Alpine, que numa rápida negociação, trouxe Gasly para a equipe. Isso só confirma a falta de tato com os pilotos de Szafnauer, pois é de conhecimento de todos que Ocon e Gasly não se entendem desde o kart e sempre foram rivais ferozes. Ocon já provou não ser um piloto muito fácil de conviver, bastando perguntar o que Sergio Pérez e Alonso acham da sensação de dividir os boxes com Esteban...

Ao chegar na Alpine, Gasly falou que os problemas de relacionamento com Ocon ficaram no passado, mas o futuro dos dois poderá ser quente, pois além de ótimos pilotos, ambos são ambiciosos e ser melhor do que o companheiro de equipe é o primeiro requisito para ser bem visto dentro da F1. Podemos ver uma disputa muito interessante dentro da Alpine entre seus dois pilotos, pena que dificilmente será uma briga por poles e vitórias, como ocorreu com Prost e Arnoux na Renault. 

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