segunda-feira, 31 de julho de 2023

Figura(BEL): Max Verstappen

 Correndo no país onde nasceu, Max Verstappen chegou a Spa sabendo que teria que pagar uma punição por troca de câmbio e por isso ele confessou que nunca havia vencido uma corrida largando da sexta posição. O tabu foi quebrado no domingo, ainda colocando 22s em cima do companheiro de equipe após ultrapassar Pérez na volta 17 de 44. Ou seja, Max imprimiu um ritmo quase 1s mais rápido que o mexicano, que não tem nada de bobo e usa o mesmo carro do neerlandês. Max Verstappen é simplesmente inevitável. 

Figurão(BEL): Alpine

 O final de semana belga começou com a notícia que a Alpine executou uma demissão em massa na cúpula da sua equipe, culminando com as saídas do chefe de equipe Otmar Szafnauer, o diretor esportivo Alan Pérmane e o executivo técnico Pat Fry, esse já tendo a Williams como destino. Esse é mais um exemplo do quão a Renault cuida com certa descaso sua equipe na F1. Já são várias as mudanças no corpo diretivo na equipe gaulesa ao longo dos anos e os resultados simplesmente não aparecem, dando a sensação que a Renault tem receio de fazer um real investimento no time que já lhe garantiu um bom retorno com vitórias e títulos no passado. Atualmente quem sofre com esse impasse são seus dois bons pilotos. Esteban Ocon e Pierre Gasly fizeram um bom papel no final de semana em Spa, mas tudo que eles podem almejar são alguns poucos pontos. Muito pouco para um time que tem por trás uma montadora tão tradicional como a Renault.

domingo, 30 de julho de 2023

Brincando de vencer

 


No meio da corrida, Max Verstappen teve algumas discussões com seu engenheiro de pista. Nada demais, mas a temperatura subiu algumas vezes. Largando em sexto devido a uma punição por troca de câmbio, Max assumiu a ponta ainda antes da metade da corrida e imprimia um ritmo muito mais forte do seu companheiro de equipe Sergio Pérez. Meio que para acalmar os ânimos com seu engenheiro Gianpiero Lambiase, Max sugeriu uma terceira parada unicamente para 'treinar pit-stops'. Em 2023, Max Verstappen brinca de massacrar seus adversários com uma facilidade desconcertante. A F1 já viu inúmeros domínios, principalmente nos últimos vinte anos, mas o que Max vem executando em 2023 já pode ser considerado o maior já vivido, se mantiver esse ritmo até a última corrida do ano.


A corrida da F3 tinha sido afetada pela chuva em Spa, mas na F2 ocorreu tudo normalmente e o céu não estava muito carrancudo na hora da largada, mesmo havendo uma expectativa de chuva. Sabedor do seu potencial, Max Verstappen só tinha um receio nesse domingo, que era a sempre apertada primeira curva de Spa. E realmente houveram problemas. Oscar Piastri, grande sensação de sábado, colocou seu carro por dentro da Ferrari de Carlos Sainz, mas provavelmente o espanhol não viu a McLaren no apertado hairpin da Surcis e houve o toque que acabou com a corrida de ambos. Piastri quase que imediatamente e Sainz, com a lateral bastante afetada, apenas mais tarde. Verstappen se afastou ao máximo do entrevero da primeira curva, mas já havia ganho duas posições de graça. Com Hamilton e Leclerc, Verstappen usou a força do seu Red Bull e uma zona de DRS longa e cedo demais para ultrapassar a Mercedes e a Ferrari com uma facilidade de cair o queixo. A diferença entre as velocidades máximas de Max e Lewis na reta Kemmel superou os 30 km/h. Com Pérez a situação foi menos tranquila, mas nem de longe fez com que Max suasse seu macacão. Após a primeira parada de ambos, Max encostou no mexicano, usou o DRS na reta Kemmel e assumiu a liderança na volta 17 de 44 do Grande Prêmio da Bélgica. Ponto final? Ainda não, pois a chuva caiu muito de leve em Spa, a ponto dos pilotos que estavam entrando nos pits nem no momento da chuva nem colocarem pneus intermediários, mas Verstappen levou um baita susto quando pegou a zebra úmida na Eau Rouge e chegou a ficar ligeiramente de lado. Talvez esse momento tenha feito Max suar mais do que ultrapassar Pérez e abrir 22s sobre o mexicano. Quase 1s por volta. Tanta diferença que motivou Verstappen a brincar a fácil situação onde se encontra. Max só não levou os 100% de pontos porque Hamilton colocou pneus novos no fim para marcar a volta mais rápida e encostar de vez em Alonso na luta pelo terceiro lugar do campeonato, pois Sergio Pérez começa a desgarrar novamente na vice-liderança. Checo parece ter colocado na cabeça que lutar pelo título contra um Max Verstappen iluminado não passou de um devaneio de verão e tudo o que o mexicano precisa fazer é garantir o vice-campeonato e uma inédita dobradinha para a Red Bull.


Se perdeu Carlos Sainz praticamente na primeira curva, a Ferrari fez um bom serviço com Leclerc, lhe proporcionando uma corrida tranquila rumo ao possível terceiro lugar. O monegasco largou bem, mas ainda na reta Kemmel foi superado por Pérez com incomplexidade. Charles sabia que sua corrida não era contra a Red Bull, mas a Mercedes de Hamilton, que se manteve sempre perto de Leclerc durante toda a corrida, mas sem ameaçar. Nos dois pit-stops de Lewis, a Ferrari não inventou a roda e trouxe Leclerc imediatamente aos pits e tudo ocorreu de forma tranquila para outro pódio para Leclerc no ano. Hamilton perdeu na sua luta direta com Leclerc e da mesma forma do que o ferrarista, teve uma corrida extremamente solitária, sem atacar muito e tendo Alonso bem atrás para se preocupar. Porém, Hamilton já enxerga o terceiro lugar no Mundial como um fato bastante possível, ficando apenas a um ponto de Alonso, que vê a Aston Martin engolida por Ferrari e Mercedes nesse momento. Os pódios consecutivos de Fernando no começo do ano só duraram um terço do campeonato, mostrando à Aston Martin a diferença entre construir um bom carro e desenvolver um carro vencedor. Alonso segurou um quinto lugar muito pela escolha da McLaren em apostar na chuva que nunca veio nesse domingo. Piastri saiu na primeira volta e Norris sofreu com um carro com muito arrasto na reta, sendo alvo fácil durante as primeiras voltas, fazendo com que o inglês da McLaren chegasse a ocupar a última posição. Quando a corrida se assentou, Norris recuperou bastante posições e ainda garantiu um sétimo lugar, logo atrás do seu compatriota George Russell. O inglês da Mercedes foi atrapalhado por Piastri, que se arrastava com problemas em sua McLaren após o toque com Sainz, fazendo Russell cair para 11º. Com um bom ritmo, Russell galgou muitas posições, terminando a prova num bom sexto lugar, ajudando a Mercedes se garantir cada vez mais na segunda posição do Mundial de Construtores.


Pressionado pela presença de Daniel Ricciardo, Yuki Tsunoda fez sua melhor corrida no ano, acabando a corrida em décimo e marcando um pontinho importante. Stroll fez uma prova dentro das suas limitações e tomando 23s de Alonso, ainda terminou em nono, superado nas voltas finais por Esteban Ocon. A Alpine viveu um final de semana conturbado com a demissão em massa de toda a cúpula da equipe, mas na corrida se provou que pelo menos de pilotos, a equipe gaulesa vai bem, obrigado. Ocon e Gasly fizeram boas ultrapassagens, com Pierre prejudicado por ter sido o último a parar, esperando pela chuva que não veio. Ocon terminou em oitavo e já se aproximava de Norris, mas falta a Alpine dar um bom carro aos seus pilotos, só que antes, falta fazer o dever de casa, melhorando a gestão do time. O pelotão intermediário teve muitas trocas de posição pelas várias táticas e acertos escolhidos, muito pela previsão incerta do clima, mas também, como citada acima, pela longa zona de DRS, com os carros usando o artefato por um longo tempo na reta Kemmel, deixando o piloto da frente ainda mais indefeso do que o normal. Algo a melhorar no futuro.


As vitórias de Verstappen estão acontecendo tão ao natural, que até mesmo suas corridas de recuperação não tem nada de emocionante. Algumas pessoas se incomodaram com as falas de Toto Wollf, quando disse que 'Verstappen parece correr com um F1, enquanto os demais guiam carros de F2', mas o dirigente austríaco não está tão longe da realidade. Com performances de tirar o fôlego, Verstappen vai se colocando como um dos grandes da história da F1 a ponto de fazer brincadeiras durante a prova.  

sábado, 29 de julho de 2023

Não chove, chuva

 


Mais uma vez a chuva foi protagonista em Spa. Para quem acompanha as corridas na mítica pista belga, deve estar falando agora: e qual a novidade nisso? O problema é que a F1 se tornou refém das suas invencionices e isso acaba por atrapalhar a própria categoria. Pediu-se pneus mais largos para aumentar a aderência mecânica. Check! Pediram mais ultrapassagens e reviveram o efeito-solo para os pilotos poderem se aproximar dos carros à frente. Done! Porém, isso em circuito seco não tem maiores problemas, mas quando a pista molha... 

É um Deus nos acuda para a F1, pois os pneus maiores e o assoalho sendo responsável pelo aumento de downforce aumenta também a quantidade de spray jogado pelos carros quando a pista está molhada, fazendo com que a visibilidade tornar-se um problema bastante sério para os pilotos, ainda mais com a recente morte de Dilano Van't Hoff na mesma pista de Spa. Outro vilão disso tudo são as dimensões dos carros atuais, que aumenta a chance de aquaplanagem, fazendo com os pneus de chuva forte, que todos pediram para aumentar de tamanho, se tornarem tão inúteis quando um cinzeiro em cima de uma moto.

Tudo isso faz com que a F1 passe vexames quando a pista molha um pouquinho a mais, como aconteceu em Spa várias vezes nesse final de semana. Antes da largada da Sprint uma tormenta passageira encharcou a pista de tal maneira que houve um atraso na largada. Por sinal, algo que já ocorreu até mesmo nos 'bons tempos'. No entanto, fica chato as várias voltas atrás do Safety-Car, tirando quatro voltas da corrida que já é bem curta, o mesmo acontecendo com a paciência de todos, que já esperavam um bom tempo pela largada. Menos mal que ao contrário de 2021, a corrida aconteceu até mesmo com sol, rapidamente inviabilizando os pneus de chuva extrema e por isso exatamente a metade do grid foi aos pits logo na primeira volta valendo para colocar intermediários, ganhando bastante tempo com isso. Oscar Piastri, que já tinha surpreendido ao ficar em segundo no grid da Sprint por meros onze milésimos, foi um dos que procuraram os pits na primeira volta e emergiu na frente de Max Verstappen.

Contudo, estamos em 2023. Nada parece parar Max. Pode chover, relampear, raio cair. Verstappen sempre achará um jeito de alcançar a vitória. Nesse caso, Max ainda foi ajudado por uma saída de pista do aniversariante do dia Fernando Alonso, que completou seus 42 anos na brita. Na relargada, Max pegou o vácuo da McLaren de Piastri para assumir a primeira posição e sumir do horizonte do australiano. Mais uma vitória na conta de Max, enquanto Pérez fazia outra corrida vergonhosa, tomando uma série de ultrapassagens até abandonar para poupar o seu carro. Para sorte do mexicano, Alonso está sofrendo com a decadência da Aston Martin e Hamilton foi penalizado em 5s por um toque com o próprio Checo. A vice-liderança permanece tranquila, mas no feudo da Alpha Tauri, Ricciardo já faz o que dele é esperado: superar, com folgas, Tsunoda. Piastri mostrou mais uma vez a força da McLaren após os updates, enquanto Gasly subiu ao pódio da Sprint num final de semana turbulento da Alpine, com uma demissão em massa da cúpula da equipe, deixando o futuro do time bastante nebuloso com a troca de comando em série e a falta de um certo empenho da Renault com sua equipe na F1.

No domingo é esperado um clima tão instável quanto hoje e mesmo largando em sexto devido à uma punição por troca de câmbio, ninguém espera nada menos do que uma vitória para Max Verstappen. A não ser que chova um pouquinho a mais em Spa... 

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Figura(HUN): Red Bull

 Ao construir um carro histórico, os recordes são quebrados na medida em que a temporada vai passando. Invicta no ano de 2023, a Red Bull chegou à Hungaroring pronta para quebrar um recorde histórico: doze vitórias consecutivas. E a Red Bull nem teve o maior dos trabalhos para conseguir isso com o inexpugnável Max Verstappen. O neerlandês faz tudo tão ao natural, que mesmo perdendo a pole por meros três milésimos, Max rapidamente resolveu essa questão com uma boa largada e ultrapassando Hamilton para seguir seu passeio dominical. Foi a sétima vitória consecutiva de Max e a confirmação de que a Red Bull superou a mítica McLaren de 1988. E com reais possibilidades de aumentar ainda mais essa sequência. Uma temporada para ser lembrada nos livros da história.

Figurão(HUN): Aston Martin

 Semanas atrás, Fernando Alonso falou não apenas que a primeira vitória da Aston Martin estava próxima e era cobrada pelo dono Lawrence Stroll, como escolheu os possíveis locais onde o triunfo viria. Um deles seria Hungaroring. Fernando não poderia estar mais incorreto. Após um início de campeonato de sonho, o time britânico começa a sentir que um time de F1 precisa não apenas construir um bom carro, como desenvolve-lo para seguir as equipes de elite e vencedoras, algo que a Aston Martin nunca chagou a tal patamar em sua história de vários nomes desde a Jordan em 1991. Alonso dizia que a Hungria seria um local que poderia lhe dar a sua vitória de número 33 por causa das características da pista magiar, porém, não é de hoje que a Aston Martin vai se afastando dos bons resultados e pódios consecutivos (todos conquistados por Alonso) amealhados no começo da temporada, enquanto Mercedes, Ferrari e McLaren deram passos adiante com seus pacotes. Na Hungria a Aston Martin esteve longe de ocupar as primeiras filas, com apenas Alonso indo ao Q3, com Lance Stroll sofrendo ainda mais com o declínio do seu carro, ficando pelo Q2. Na corrida a falta de ritmo da Aston Martin ficou clara com a facilidade com o qual Pérez ultrapassou Alonso e o espanhol esteve longe de andar próximo de Mercedes e Ferrari. Com quatro equipes hoje mais desenvolvidas que a Aston Martin levando seus pilotos à bandeirada, Alonso fez o que era possível: nono lugar. Stroll se aproveitou de alguns infortúnios e fechou a zona de pontuação. Apenas três pontos no Mundial de Construtores e a Aston Martin não apenas vê a vice-liderança cada vez mais distante, como enxerga mais perto a titubeante Ferrari. Enquanto isso, Alonso vê sua sonhada 33º vitória mais longe... 

domingo, 23 de julho de 2023

Esmagador

 


Se havia algum risco para Max Verstappen nesse domingo, era a largada. Após perder a pole por três milésimos de segundo para Lewis Hamilton, Max sabia que teria ao seu lado um arquirrival do qual tem um relacionamento difícil e com um histórico de acidentes, além de que Lewis não tem nada a perder no campeonato 2023 da F1. Com um novo pacote aerodinâmico, Max sabia que se sobrevivesse às agruras da primeira curva, tudo estava favorável a ele. E ficou ainda melhor quando Verstappen largou melhor do que Hamilton, colocou seu carro no mísero espaço que Lewis lhe deu, forçou na freada da primeira curva e mesmo com Oscar Piastri conseguindo uma ótima largada, se aproveitando da briga entre os protagonistas da primeira fila e Lando Norris, Verstappen emergiu na frente do Grande Prêmio da Hungria e esmagar seus adversário, com outra vitória acachapante, onde teve ao seu lado no pódio Norris e um recuperado Checo Pérez, que sonhou com uma dobradinha da Red Bull, mas no final teve que se defender de Hamilton.


A corrida de hoje em Hungaroring lembrou aquelas provas do começo dos anos 2000, quando se dizia que a pista magiar era palco das piores corridas do calendário da F1. Com uma sequência interminável de curvas e bastante estreita para os padrões atuais, Hungaroring sempre foi um local de ultrapassagens difíceis, mas que com o tempo, os fãs da F1 passaram a olhar para o circuito próximo à Budapeste com outros olhos, pois Hungaroring ainda tem um pouco das pistas 'old school'. No entanto, pelas características da pista, a corrida húngara nem sempre é das mais emocionantes e hoje foi o caso. Passado a tensa primeira curva, onde havia uma expectativa forte de um entrevero entre Hamilton e Verstappen, a corrida se tornou um passeio dominical para Max, que conseguiu mais uma vitória de ponta a ponta, só não conseguindo mais um Grand Chelem por três milésimos no sábado. Foi uma vitória esmagadora, onde numa prova sem maiores ocorrências ou interferências do Safety-Car, Verstappen meteu meio minuto goela abaixo de Norris ou de qualquer piloto que estivesse na posição de número dois. Com tudo isso, os recordes começam a cair e a Red Bull comemorou sua décima segunda vitória consecutiva, superando a mítica McLaren da temporada 1988, sendo que Verstappen está fazendo praticamente todo o trabalho que Senna e Prost construíram 35 anos atrás. Max já tem mais de cem pontos de vantagem sobre Pérez, cada vez mais sólido na vice-liderança, muito pelo efeito gangorra que sofrem as equipes que tentam chegar perto da Red Bull.


Aston Martin, Mercedes e Ferrari já ficaram com a segunda força por algum momento em 2023, mas oscilaram e a primeira citada já pode ser considerada a quinta força do ano. No último mês, meio que do nada, a McLaren saiu do fundo do pelotão para ultrapassar o feudo da família Stroll, a turma de Toto Wolff e a bagunça de Maranello para se estabelecer como segunda força da F1, pelo menos nesse momento. A própria McLaren tinha certa dúvidas se conseguiria repetir o ótimo desempenho na fluída pista de Silverstone na travada pista de Hungaroring, mas o time laranja emulou a performance da quinzena anterior com seus dois carros ocupando a segunda fila e rapidamente superando Lewis Hamilton, que se preocupou demais com Verstappen e se esqueceu da dupla de sua ex-equipe. Porém, foi Piastri que ficou em segundo no primeiro stint. O australiano foi bastante esperto ao ver Max, Lewis e Lando se espremendo na freada da primeira curva e Oscar se meteu por dentro, enquanto os três espalhavam na curva. Piastri subiu para segundo e chegou a emparelhar com Verstappen, mas Max rapidamente se impôs na curva e em ritmo de corrida, desaparecendo no horizonte de Piastri, que mantinha uma boa vantagem para Norris, Hamilton, Leclerc e Sainz, que se aproveitou muito bem da terrível largada da dupla da Alfa Romeo e pulou de décimo primeiro para sexto. A corrida ficou um pouco estática na frente, enquanto Pérez avançava com pneus duros e ultrapassava a decadente Aston Martin de Fernando Alonso, agora longe dos pódios.


Numa corrida de duas paradas e com pneus se desgastando bastante, a hora correta de parar poderia fazer bastante diferença. No seio da McLaren, para evitar uma escandalosa troca de posições, tudo se resolveu na primeira parada da sua dupla, com Norris saindo na frente de Piastri e se estabelecendo na segunda posição. Hamilton não conseguia se aproximar da McLaren, enquanto a Ferrari fazia sua usual confusão, quando se atrapalhou na parada de Leclerc, jogando o monegasco para trás de Sainz. Quando as posições voltaram ao normal, foi a vez de Leclerc exagerar na entrada do pit-lane e receber 5s de pênalti. Enquanto isso, Pérez já alcançava as primeiras posições ao esticar ao máximo sua primeira parada e quando o fez, já aparecia sexto, que viraria quinto quando ultrapassou Sainz. O mexicano se aproximava de Hamilton, que se aproximava de Piastri, que não conseguiu imprimir o mesmo ritmo do primeiro stint. Quando Pérez tinha Hamilton na alça de mira, ele antecipou sua parada, mas não contava com Piastri, tentando melhorar seu ritmo, fazer a mesma coisa. A briga entre o veterano piloto da Red Bull e o novato da McLaren foi o melhor momento da corrida, com Pérez executando uma bela ultrapassagem sobre Piastri na curva 2. Hamilton ficou mais tempo na pista, porém, mesmo sabendo que perderia posições para Pérez e Piastri, teria pneus em melhores condições nas voltas finais. Usando a força do seu Red Bull, Pérez esboçou uma pressão em cima de Norris. A briga pelo segundo lugar prometia, mas os pneus de Pérez não seguraram a barra e o mexicano parou de avançar quando estava 3s atrás de Lando. Já Hamilton ultrapassou facilmente Piastri e engoliu a desvantagem que tinha para Pérez, chegando na última volta próximo de Checo, mas sem chances de ultrapassar. No fim, Norris e Pérez subiram ao pódio, com Hamilton logo atrás. Russell, largando apenas em 18º, fez uma baita corrida de recuperação, somando boa estratégia com um ritmo forte, atacando a dupla da Ferrari no final e terminando em sexto, beneficiado pela punição de Leclerc. Enquanto isso, lá na frente, Verstappen só soube de tudo isso enquanto via os melhores momentos da prova na antessala do pódio.


Com as cinco melhores equipes terminando com seus dez carros, simplesmente nenhuma outra equipe teve chance de pontuar. A Alfa Romeo chegou a sonhar com um resultado melhor após um sábado de sonho, mas tudo virou pesadelo quando Zhou pareceu largar com o freio de mão puxado e isso acabou por atrapalhar Bottas, que largava logo atrás. Para completar, Zhou acabou provocando o acidente que destruiu a corrida da Alpine na primeira curva, com os dois pilotos gauleses abandonando ao final da primeira volta. Zhou caiu para as últimas posições com a péssima largada, o incidente provocado por ele e o pênalti leve que levou, após provocar um acidente que resultou em dois abandonos. Albon fez outra corrida acima da média ao ficar na P11, segurando os ataques de Bottas nas voltas finais. enquanto Sargeant rodava sozinho na penúltima volta e mostrava mais uma vez que a passagem do americano pela F1 será bastante efêmera. O destaque do final do pelotão intermediário foi mesmo Ricciardo. Envolvido no melê provocado por Zhou, o australiano caiu para último, mudou sua estratégia e mesmo seis meses fora das corridas, Ricciardo ainda achou uma décima terceira posição, bem à frente de Tsunoda, que passa a ser o piloto ameaçado dentro da Alpha Tauri se continuar assim.


Foi outra corrida onde Max Verstappen esmagou a concorrência e o tricampeonato virou apenas uma questão matemática de quando será a festa. Com as equipes do patamar abaixo da Red Bull trocando de guarda a todo momento, Pérez ficará tranquilo para conseguir uma inédita dobradinha para a Red Bull, mesmo Checo estando longe de fazer uma temporada brilhante. Para parar Verstappen? Só se algo anormal acontecer com ele, como Norris fez no pódio, que sem querer quebrou o belo troféu do neerlandês, no único incidente registrado com Max Verstappen no domingo. 

sábado, 22 de julho de 2023

Primeira fila animada


 Quando a polêmica e por isso histórica corrida em Abu Dhabi teve seu final em 2021, era esperado que a batalha entre Max Verstappen e Lewis Hamilton continuasse por um tempo, com outras cenas fortes sendo vistas para deleite de todo fã da F1. No entanto, a Mercedes errou na mão do seu carro, enquanto a Red Bull retornou aos bons tempos do começo da década de 2010, iniciando um domínio com Max Verstappen que poderá fazer do neerlandês um novo recordista, inclusive batendo os recordes do próprio Hamilton. Afora uma disputa em Interlagos ano passado, Hamilton e Verstappen mal se encontraram nas pistas desde a decisão de 2021, porém, amanhã poderemos ver um novo round dessa disputa com os dois largando lado a lado em Hungaroring e com Hamilton quebrando um jejum de um ano e meio, conquistando sua pole de número 104.

A classificação magiar teve como novidade um novo formato, onde os pilotos saem com pneus duros no Q1, médios no Q2 e macios no Q3. Uma nova forma de tentar embaralhar o grid e de certa forma conseguiu, além de desagradar praticamente a todos. Com menos pneus disponíveis, os pilotos andaram muito pouco nos treinos livres para poder acertar o carro, deixando todos descontentes com a novidade, inclusive o público, que viu pouca ação na sexta-feira e no sábado pela manhã. No entanto, como toda novidade, muitas equipes e pilotos quebraram a cabeça e como consequência houveram algumas surpresas na classificação, como a eliminação de George Russell, pole ano passado, durante o Q1. Leclerc, Sainz, Hamilton e Alonso passaram perto de ficar pelo caminho. Outra novidade foi o ressurgimento de Daniel Ricciardo e o australiano fez um trabalho decente, indo ao Q2, enquanto Tsunoda ficou pelo Q1. Um resultado bem desencorajador para o nipônico.

Calçados com pneus médios, os pilotos não tardaram a ir para a pista, principalmente Sergio Pérez. Com sua vaga bastante visada e cinco corridas sem ir ao Q3, o mexicano foi o primeiro a ir à pista e finalmente passou do Q2, algo que Carlos Sainz não conseguiu, ficando a dois milésimos do décimo colocado Alonso, que falou em vitória em Budapeste. Continuando em fatos negativos, os famigerados 'track limits' retornaram com força e vários pilotos tiveram seus tempos deletados, mas felizmente sem mexer muito no grid. Uma surpresa positiva foi a Alfa Romeo colocando seus dois carros no Q3 e Zhou colocou seu carro à frente de Leclerc. A McLaren manteve o bom momento e não apenas foi com os dois carros ao Q3, como Lando Norris participou ativamente da briga pela pole. Com poucos treinos e um novo pacote aerodinâmica, Verstappen pareceu sofrer um pouco mais do que o normal com o acerto do carro, o mesmo acontecendo com Pérez, que não apenas não brigou pela pole, como ficou com uma pálida nona posição.

Após sofrer no Q1, Hamilton melhorou bastante no Q2 e na última tentativa do Q3, se aproveitou que Max não melhorou seu tempo e tirou a pole do piloto da Red Bull por ínfimos três milésimos de segundo. Lewis comemorou bastante e até se mostrou emocionado. Toto Wolff, que será tema de novos memes com o soco que deu na mesa com a eliminação de Russell, sorriu amarelo com a pole de Lewis, enquanto Verstappen parecia não muito feliz, enquanto a McLaren terá a segunda fila para si amanhã. Hungaroring, em seus 37 anos de corridas de F1, sempre se caracterizou por seu um circuito de ultrapassagem dificílima e muitas provas são decididas na largada. Com Hamilton e Verstappen largando na primeira fila, amanhã podemos ver uma primeira curva explosiva.

domingo, 16 de julho de 2023

História: 45 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1978

 


Ao contrário dos anos anteriores, quando chegou-se a fazer uma pré-classificação devido ao elevado número de inscritos, o Grande Prêmio da Inglaterra não teria tantas adições em comparações às demais corridas de 1978. A Lotus era a grande favorita para a corrida em Brands Hatch e a Goodyear trouxe pneus radiais, parecidos com os da Michelin, mas apenas a McLaren usaria a novidade. Para enfrentar a novidade da rival, a Michelin trouxe um novo tipo de pneu, mais largo, que somente Carlos Reutemann da Ferrari usaria. Naqueles dias a F1 recebeu a visita de Gunnar Nilsson, que lutava contra um câncer e afirmava que a sua doença estava em remissão.

Os treinos confirmaram todo o favoritismo da Lotus, porém foi Ronnie Peterson quem ficou com o melhor tempo do final de semana e seria o pole, superando Mario Andretti, que teve vários problemas de câmbio durante os treinos. No primeiro final de semana em que a Williams teria os melhores motores Ford-Cosworth, Jones marcava o sexto tempo, indicando a gradual melhoria do time do tio Frank naquela final de década. Da turma que usavam os novos pneus Goodyear e Michelin, Reutemann conquistara apenas o oitavo posto, com a dupla da McLaren fora do top-10, incluído o terceiro piloto da equipe, o jovem Bruno Giacomelli. Ele faria a diferença na corrida.

Grid:

1) Peterson (Lotus) - 1:16.80

2) Andretti (Lotus) - 1:17.06

3) Scheckter (Wolf) - 1:17.37

4) Lauda (Brabham) - 1:17.48

5) Patrese (Arrows) - 1:18.28

6) Jones (Williams) - 1:18.36

7) Laffite (Ligier) - 1:18.44

8) Reutemann (Ferrari) - 1:18.45

9) Watson (Brabham) - 1:18.57

10) Depailler (Tyrrell) - 1:18.73


O dia 16 de julho de 1978 amanheceu ensolarado na região de Kent, proporcionando um público recorde de 80.000 pessoas em Brands Hatch, que viu uma acidentada corrida de F3 como preliminar, enquanto que nos boxes da Lotus, Peterson negociava abertamente com Colin Chapman qual lugar largaria. Isso mesmo! O sueco foi chamado pela Lotus para negociar em qual lugar largaria no domingo. Mesmo tendo a primazia de ser o pole, Peterson deixou Andretti escolher largar por dentro, deixando o americano com a primazia na primeira curva, a temida Paddock Bend, lugar de inúmeros acidentes. Um belo trabalho em equipe, mas muitos questionavam o motivo de Peterson ser tão subserviente dentro da Lotus. Como esperado, Andretti conseguiu emergir na frente na largada, com Peterson defendendo o americano dos ataques de Scheckter, que largara muito bem, enquanto Jones pulava para quarto e o queridinho local, James Hunt, efetua uma largada relâmpago, pulando de 14º para nono.


Como já estava se tornando habitual 45 anos atrás, a dupla da Lotus ia desaparecendo na frente, imprimindo um ritmo 1s mais rápido que o resto do pelotão, que era liderado por Scheckter, Jones, Lauda, Patrese e Reutemann. Na sétima volta, Peterson abandona com vazamento de combustível, enquanto a torcida local se frustrava quando Hunt rodou na curva Surtees e teve que abandonar. Quando a vantagem de Andretti para o grupo liderado por Scheckter chegou aos 10s, o americano começou a administrar a sua vantagem, enquanto Jones tentava se livrar do sul-africano. Contudo, Andretti vai aos pits na volta 25 para trocar o pneu traseiro direito, que estava furado, fazendo o americano cair para 11º e dar esperanças aos demais pilotos de vencerem a Lotus. Scheckter passa a ter problemas de câmbio, só que Jones teve que abandonar com problemas de transmissão, literalmente desperdiçando a chance da primeira vitória da Williams na F1. De volta à pista, Andretti rapidamente volta ao seu ritmo dominador e já estava em oitavo, quando o motor Cosworth o traiu quatro voltas depois de fazer seu pit-stop não programado. Seria a primeira vez que nenhuma Lotus veria a bandeirada em 1978.


Os seis primeiros estavam separados por apenas 6s, com Emerson Fittipaldi, em seu Copersucar melhorado, fechando a zona de pontuação, mas infelizmente o brasileiro abandonou com problema de pressão de óleo. Scheckter fazia de tudo para se manter na ponta, ferozmente atacado por Lauda, só conseguindo a ultrapassagem na volta 34, após uma manobra arriscada da curva Westfield. Patrese tentou ir no embalo de Lauda, mas foi fechado por Jody. Duas voltas depois, finalmente o câmbio de Scheckter quebrou de vez, mas Lauda já tinha aberto uma boa diferença para Patrese e Reutemann, que assumira o terceiro lugar. A bela corrida de Patrese não duraria muito, com o pneu traseiro esquerdo do seu Arrows explodindo e o italiano teve que retornar aos boxes lentamente, elevando Reutemann, numa corrida de espera, para segundo. 


Utilizando muito bem os novos pneus Michelin, Reutemann ia tirando a desvantagem que tinha para Lauda. Em poucas voltas o argentino da Ferrari chegava em Lauda e faltando quinze voltas para o final, os dois líderes encostaram em Giacomelli para lhe colocar uma volta. Desacostumado à vida de retardatário, Giacomelli se atrapalha todo na frente de Lauda e Reutemann não desperdiçou a oportunidade para assumir a ponta da corrida. Lauda criticou abertamente Giacomelli pela manobra. No entanto, as voltas finais ficaram marcadas pela tensão entre dois pilotos que não se gostavam e queriam a vitória. Mesmo a Ferrari estando mais equilibrada, Lauda não desistiu e chegou a marcar a volta mais rápida da prova na antepenúltima volta. Apesar de pressionado, Reutemann não errou e recebeu a bandeirada em primeiro, conquistando sua oitava vitória na F1, com Lauda logo atrás e John Watson completando o pódio, colocando duas Brabham no pódio pela primeira vez em quatro anos. Como era de se esperar, Reutemann e Lauda mal se olharam no pódio, ainda resquícios do ano tumultuado que tiveram na Ferrari em 1977. Ambos estavam empatados em terceiro lugar no campeonato, mas Reutemann e Lauda sabiam que não podiam se iludir, pois naquele momento a Lotus tinha o melhor carro disparado de 1978.

Chegada:

1) Reutemann

2) Lauda

3) Watson

4) Depailler

5) Stuck

6) Tambay

terça-feira, 11 de julho de 2023

A volta de Ricciardo

 


A paciência da Red Bull e do dr. Helmut Marko em particular, não durou muito com os parcos resultados de Nyck de Vries em 2023. O neerlandês fez uma corrida soberba com a Williams ano passado, sendo chamado de supetão e marcando pontos de cara. Referendado pelo compatriota Verstappen, tendo conquistado títulos na F2 e na F-E, De Vries chegou à F1 pela Alpha Tauri com uma bagagem interessante e parecia pronto para fazer um bom trabalho, ainda mais tendo como companheiro de equipe Yuki Tsunoda, um piloto que ainda não disse a que veio. Porém, De Vries decepcionou deveras e mesmo já tendo muita experiência, o neerlandês se meteu em vários incidentes e ficou bem para trás de Tsunoda.

Nessa manhã surgiu a notícia de que De Vries tinha sido demitido e não demorou muito para que não apenas a notícia se confirmasse, como surgisse o substituto: Daniel Ricciardo. O australiano parecia fora da F1 após passagens menos felizes por Renault e McLaren, mas Ricciardo ressurgiu como piloto de testes da Red Bull, fazendo um bom trabalho no simulador. O retorno de Ricciardo à F1 pela Alpha Tauri pode significar outra coisa. Com Pérez cada vez mais na berlinda, Ricciardo pode estar sendo preparado para substituir o mexicano em 2024 e passar meia temporada competindo, já é uma baita treino para voos maiores. Lembrando que Ricciardo andou no mesmo ritmo de Max quando estiveram juntos, contudo, Verstappen é hoje um piloto muito diferente do imberbe garoto quando dividiu boxe com o sempre animado Daniel.

E não devemos esquecer que Ricciardo não estava em boa fase na F1 e perder para Tsunoda pode ser a pá de cal de sua carreira na F1, algo que aconteceu com Nyck de Vries, que entrou para a história como mais uma vítima da máquina de moer carreiras da Red Bull capitaneada por Marko.

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Figura(ING): McLaren

 Numa época sem testes e com o teto orçamentário restringindo mais e mais os projetistas e engenheiros, é raro ver uma equipe subir tanto no pelotão, mas a McLaren conseguiu essa proeza nesse final de semana. Após um início de temporada desalentador, a McLaren prometeu que lançaria alguns pacotes de melhorias que tiraria o tradicional time inglês das últimas posições do pelotão intermediário. Aos poucos, a McLaren foi melhorando de desempenho e na Áustria, quando parte do grande pacote prometido para o início do verão europeu surgiu, a McLaren já obteve resultados bem mais encorajadores e Norris pôde brigar até mesmo com o trio de equipes que persegue a Red Bull. O pacote completo estaria pronto para Silverstone e o segundo piloto Oscar Piastri também usaria as novidades. Foi a senha para o grande salto da McLaren e dos maiores desde a surpreendente pole da Force India em Spa/2009. Desde os treinos livres a dupla da McLaren se manteve firme entre os primeiros colocados e na classificação, Norris e Piastri se colocaram como o melhor do resto, ficando atrás apenas do intocável Max Verstappen. Se a McLaren estava forte em ritmo de classificação, como se sairiam na corrida? A resposta foi dada com uma corrida estupenda. Já na largada a dupla da McLaren mostrou sua força com Norris ultrapassando Max e Piastri pressionando o piloto da Red Bull. Quando Max deu o troco em Lando, a dupla da McLaren perseguiu de perto a Red Bull, não deixando Mercedes, Ferrari ou Aston Martin se aproximar. Talvez desacostumada em brigar tão na frente, a McLaren cometeu o único deslize do final de semana ao colocar o composto de pneu errado no carro de Norris, mas a McLaren estava tão forte que Lando pôde segurar Hamilton com pneus mais macios do que os dele para assegurar o segundo lugar. Piastri, prejudicado pelo Safety-Car no último terço de prova, ficou com um desafio parecido ao ter que segurar uma Mercedes com pneus mais macios que os dele, mas o australiano emulou seu companheiro de equipe, mesmo que Piastri merecesse o pódio nesse domingo. Que a subida de uma equipe forte e tradicional como a McLaren se mantenha. 

Figurão(ING): Lance Stroll

 Muitos falam da enorme diferença entre o líder inconteste e futuro tricampeão mundial de F1 Max Verstappen e seu sofrido companheiro de equipe Sergio Pérez, mas muitos esquecem que o mexicano, aos trancos e barrancos, ainda segura o vice-campeonato e tem duas vitórias em 2023. Olhando outras equipes, podemos encontrar grandes diferenças entre companheiros de equipe, que causam uma grande desigualdade que afeta bastante o Mundial de Construtores. Enquanto Fernando Alonso se coloca numa ótima terceira colocação no Mundial de Pilotos, Lance Stroll ocupa uma pálida oitava posição, com quase um terço dos pontos conquistados pelo espanhol. Em Silverstone, casa da equipe Aston Martin, Lance esteve nos seus piores dias, onde não apenas esteve longe de andar no mesmo nível de Alonso, o que já se tornou corriqueiro, como com a decadência da Aston Martin ao longo da temporada, o canadense vai ladeira abaixo e na corrida, Lance não esteve próximo da zona de pontos e ainda arruinou a corrida de Pierre Gasly, num toque evitável com o piloto da Alpine, que acabou abandonando pelo incidente. Porém, Lance Stroll nem se preocupa em perder sua vaga. Afinal, enquanto papai Lawrence acreditar que o filhão pode fazer bonito na F1, Lance vai ocupando o lugar que seria melhor aproveitado por um bom piloto. 

domingo, 9 de julho de 2023

Mais um desfile

 


Empurrado pela torcida inglesa que lotou a velha base aérea de Silverstone, Lando Norris chegou a liderar algumas voltas após a largada, mas nada, absolutamente nada parece impedir uma vitória de Max Verstappen em 2023. Por mais que o piloto da Red Bull reclame dos pneus ou do vento, o neerlandês vai lá e crava toda a concorrência, chegando a quase cem pontos de vantagem em cima do seu companheiro de equipe Sergio Pérez, que fez outra corrida sorumbática, mas pelo menos aumentou sua vantagem para Alonso e sua decadente Aston Martin. Se há piloto sorumbáticos e equipes decadentes, os pilotos britânicos foram super bem em casa e a McLaren particular, com Lando Norris conseguindo segurar um Lewis Hamilton, altamente ajudado pelo Safety-Car, com pneus melhores para ser um impressionante segundo lugar, com Lewis completando o pódio, para a alegria da torcida.


A chuva espreitava Silverstone e os rádios nas primeiras voltas falavam de chuva leve a qualquer momento, mas a precipitação acabou passando ao largo da pista britânica, significando uma corrida normal na frente de uma torcida que lotou Silverstone, mas se haviam 480.000 pessoas em três dias do final de semana, é uma conta bastante discutível. O que não deu para discutir foi a forma como a dupla da McLaren largou, principalmente Oscar Piastri, pela primeira vez largando tão na frente na F1. Lando saiu feito um foguete e quando Verstappen tentou ir para cima, a McLaren já estava totalmente ao lado e não havia nada para que Max pudesse fazer, a não ser se defender de Piastri, que não se importou com a fama de bicampeão (quase tri) de Verstappen e partiu para cima da Red Bull, porém Max segurou o ímpeto do novato. A torcida inglesa urrou como nos bons tempos de Nigel Mansell, mas até as placas de identificação de Silverstone sabiam que aquela festa seria tão curta quanto um coice de porco. Verstappen segurou até o momento em que o DRS esteve à sua disposição e com facilidade ultrapassou Norris. No entanto, a surpreendente McLaren seguiu relativamente próxima Max, com o neerlandês não abrindo muito, principalmente nas primeiras voltas. Muito se falou numa estratégia de duas paradas, mas com o clima ameno, logo se percebeu que a melhor estratégia seria parar apenas uma vez, tirando como exemplo George Russell, que largou com pneus macios e aguentou com um ritmo forte a primeira metade de prova.


A corrida ficou estática nesse momento, apenas com a Ferrari fazendo sua usual tática de alto-sabotagem. Os italianos chamaram Leclerc para colocar pneus duros ainda no primeiro terço de prova, o que se provou um tiro no pé. Não satisfeitos, não demorou para trazer Sainz para emular a mesma melada de vara. A forma como Russell, com pneus médios, ultrapassou Leclerc com pneus duros apenas demonstrava de forma cristalina o tamanho do erro (mais um) da Ferrari. O carro italiano simplesmente não funcionava com a borracha mais dura. No entanto, o momento decisivo da corrida veio quando restavam aproximadamente vinte voltas para o fim e o carro de Kevin Magnussen apareceu parado na pista, com um princípio de incêndio. Safety-Car claro. Max parou e colocou pneus macios, que já estava nítido que segurariam o tranco para as voltas finais. Hamilton, Alonso e Albon fizeram a mesma coisa, dando um pulo na classificação. Porém, a McLaren deu uma de Ferrari e resolveu seguir com o plano de colocar pneus duros. Quando soube pelo rádio que relargaria com pneus duros contra Hamilton, que estava calçado com macios usados, Lando ficou desconsolado. Parecia impossível para Lando segurar Hamilton, que se deu muito bem com o SC e ganhou a posição de Piastri, que parara um pouco antes do SC. O que se seguiu foi uma luta de gerações de piloto britânicos e de forma surpreendente, um adjetivo que foi o que mais a McLaren ganhou nesses três dias em Silverstone, Norris segurou com Hamilton, após uma enorme pressão inicial do multi-campeão. Por sinal, foi nítido o quanto Hamilton estava em outra vibe quando foi para cima de Norris em comparação ao que aconteceu em 2021. Enquanto isso, Max Verstappen desfilava na frente, não se importando com a briga caseira dos pilotos da casa. Foi a oitava vitória de Max em 2023, enquanto a Red Bull enfileirou a décima primeira vitória consecutiva.


Pérez fez uma corrida burocrática vindo das últimas posições após outra classificação horrorosa e com os pneus certos após o SC, ainda salvou um sexto lugar, ultrapassando Alonso nas voltas finais e aumentando sua vantagem sobre o espanhol, que amargou o pior final de semana até agora da Aston Martin. Stroll fez uma corrida atrapalhada, onde ficou o tempo inteiro fora da zona de pontos e no final foi justamente punido por um toque em Gasly que valeu o abandono do francês. Se Alonso já enxergava Pérez mais de perto na luta pelo vice-campeonato, o espanhol nesse momento vê Hamilton mais próximo e embalado. Piastri tinha o mesmo problema de Norris após a relargada, onde com pneus duros, teria que segurar uma Mercedes com pneus mais macios que o dele. E o australiano mostrou que a McLaren acertou em brigar com a Alpine pelo australiano. Oscar não teve muito trabalho para segurar um Russell com pneus médios, garantindo sua melhor posição na F1 até o momento com esse quarto lugar. Ainda falando em destaques, Alexander Albon fez outra corrida assombrosa com sua Williams e na relargada não apenas segurou Leclerc, como ultrapassou Sainz e partiu para cima de Alonso nas últimas voltas. Com corridas assim, Albon começa a ser observado com mais carinho pelos chefes de equipes maiores.


A Ferrari teve que lamber suas feridas com outra corrida ruim devido a estratégia, com seus dois pilotos fechando a zona de pontuação, sendo que Leclerc ainda tentou consertar o erro da equipe, mas em sua segunda parada, colocou pneus médios, enquanto os demais estavam com macios. Provavelmente a Ferrari ficou com receio do seu alto desgaste de pneus, mas com tanto gente com borracha mais macia, Leclerc pouco pôde fazer. A fase da Williams está tão boa que Sargeant conquistou sua melhor posição na F1 graças à punição de Stroll, enquanto Alfa Romeo, Haas e Alpha Tauri sofreram com um ritmo bem ruim. Já a Alpine viu seus dois pilotos abandonarem e pior do que isso, foi ultrapassada pela McLaren no Mundial de Construtores, com os franceses claramente ficando cada vez mais para trás. Otmar Szafnauer já estaria colocando seu currículo no Catho...


Mesmo com outro desfile de Verstappen em Silverstone, a corrida ganhou vida com a entrada do SC e as últimas voltas, que só não foram mais pela lentidão de se retirar o carro de Magnussen da pista, transformaram o Grande Prêmio da Inglaterra numa das melhores corridas de 2023, com várias lutas por posições ao longo do pelotão, além de manobras bonitas, como a de Russell em cima de Leclerc e Gasly em cima de Stroll. Essa deve ser a tendência para as corridas em 2023. Uma bela prova... do segundo para trás.

sábado, 8 de julho de 2023

Quem poderá nos defender?

 


A F1 finalizou mais uma classificação onde a chuva se fez presente e nos trouxe surpresas. Contudo, será que uma vexaminosa desclassificação de Sérgio Pérez ainda pode ser considerada uma surpresa? O mexicano da Red Bull vem colecionando classificações abaixo da crítica para quem tem o mesmo carro do pole e um dos maiores carros da história nas mãos. A grande realidade é que a confiança de Checo foi embora com a velocidade estonteante de Max Verstappen, que foi pole mais uma vez, numa sequência que parece não ter fim, mesmo com adversários diferentes.

A chuva apareceu ainda durante o terceiro treino livre 3 em Silverstone, deixou a pista bem molhada na corrida da F2, mas na classificação da F1 todo mundo já estava calçado com pneus slicks, mesmo alguns pingos dificultando a vida dos pilotos. Como relatado acima, a confiança de Pérez está claramente abalada e o chicano sequer chega perto de Verstappen nas mesmas condições. Numa situação difícil então... Pérez estava perto da eliminação do Q1 quando o carro de Magnussen quebrou e uma bandeira vermelha se fez presente. Desesperado pelo perigo iminente de outra desclassificação, Pérez se precipitou ao colocar seu Red Bull na porta do pit-lane, esperando a luz verde. Os pneus congelaram naquela situação e por mais que tenha feito o melhor tempo, a pista estava claramente boa e Pérez foi despencando na classificação até sair do top-15, significando outra corrida de recuperação para Pérez, além da paciência da cúpula da Red Bull estar terminando.

Desde os treinos livres ficara claro que haveria surpresas. A McLaren já tinha mostrado bastante potencial com o novo pacote na Áustria, enquanto a Williams surpreendeu ao ver Albon constantemente entre os primeiros colocados nos treinos livres. No Q2, já com sol, Stroll saiu de cena, mostrando que o sonho da primeira vitória da Aston Martin vai se esvaindo, já que Alonso quase ficou de fora do Q1 e em nenhum momento emulou seus bons momentos no começo da temporada. A Mercedes sofreu, mas colocou seus dois carros no Q3, enquanto a McLaren mostrava uma força que ninguém esperava. Tanto que Norris chegou a tomar a ponta do Q3 nos últimos instantes, mas foi superado no final por Verstappen. O neerlandês não apareceu tanto, mas foi decisivo quando era necessário, superando a dupla da McLaren, no que foi a melhor classificação de Piastri, terceiro. Já na Red Bull, mais uma vez haverá alegria pela pole de Max e a tentativa de achar respostas para outro sábado horroroso de Pérez. Está cada dia mais difícil defender Checo... 

terça-feira, 4 de julho de 2023

Jan

 


Poucos pilotos tiveram tanta expectativa em cima de si e entregaram tão pouco como ele. Bem no ano da morte de Ayrton Senna, Jan Magnussen quebrava o histórico recorde de vitórias do brasileiro na F3 Inglesa, merecendo grandes elogios de ninguém menos do que Jackie Stewart, porém, a passagem do dinamarquês pela F1 foi efêmera e nem de longe Jan entregou dele o que se esperava. Completando 50 anos no dia de hoje, vamos ver um pouco da carreira do danes.

 Jan Ellegaard Magnussen nasceu no dia 4 de julho de 1973 em Roskilde, na Dinamarca. O jovem começou no kart aos 11 anos de idade, após uma rápida passagem pelo motocross, iniciando uma trajetória de vários títulos nacionais e internacionais, incluindo dois campeonatos mundiais júnior em 1987 e 1989 e o mundial sênior em 1990. Ao completar 18 anos, Magnussen estreou nos carros com um F-Ford na sua Dinamarca natal para se mudar para a Inglaterra em 1992, onde disputou o certame inglês da F-Ford 1600, terminando num ótimo terceiro lugar, mas Jan chamou atenção ao vencer o famoso Festival Mundial de Brands Hatch. Magnussen subiu para a F-Vauxhall em 1993, onde conquistou quatro vitórias, mas o danes novamente não foi campeão. Jackie Stewart já tinha a melhor equipe de base da Inglaterra e rapidamente identificou em Magnussen um grande talento, o chamando para a F3 ainda em 1993, onde Jan foi ao pódio na estreia, visando sua passagem uma temporada completa no ano seguinte. Foi o início da lenda!


A temporada de 1994 da F3 Inglesa tinha como destaque a dupla de pilotos da equipe Paul Stewart, Jan Magnussen e o promissor escocês Dario Franchitti. Outros pilotos que obteriam destaque no futuro eram os espanhóis Pedro de la Rosa e Marc Gene, que fizeram uma temporada bem discreta. Mesmo com pouca experiência na F3, a dupla da Stewart era a grande favorita ao título, mas enquanto Franchitti oscilou bastante, Magnussen foi bem regular. Na melhor das maneiras. Em dezoito corridas, Magnussen venceu nada menos do que catorze, batendo o recorde de Senna que durava onze anos. O dinamarquês ganhou um enorme destaque pelo feito e Jackie Stewart não se furtou em dizer que Jan Magnussen seria um futuro campeão mundial e que tinha um talento comparável ao de Senna. Porém, esse foi basicamente o melhor momento de Magnussen...


Com o título de forma categórica da F3 Inglesa debaixo do braço, todos esperavam qual seria o destino de Magnussen em 1995. Logicamente que a F1 abriu os olhos para Jan, mas nenhuma vaga interessante se abriu para o jovem e Magnussen teve que se contentar com o lugar de piloto de testes da McLaren. O time inglês havia acabado de assinar uma parceria com a Mercedes, que tinha uma forte equipe no DTM. Assim como seu companheiro de equipe Franchitti, Magnussen foi contratado pela montadora para participar do DTM, mas Jan sofreu um pequeno acidente de moto que o fez perder as últimas corridas. Mesmo especializado em monoposto e focado em seguir nesse tipo de carro, Magnussen fez um bom trabalho nas corridas em que fez pelo DTM. Enquanto isso, Jan participava de testes na McLaren e quando Mika Hakkinen teve que fazer uma cirurgia de apendicite, Magnussen fez sua estreia na F1 no Grande Prêmio do Pacífico, terminando a corrida em décimo, que lhe renderia um ponto pelo sistema atual. Porém, Magnussen teve que fazer mais um ano no DTM pela Mercedes, onde conquistaria uma vitória em Hockenheim, mas ficou longe da briga pelo título.


Cansado de esperar um lugar na McLaren, Magnussen aceitou um convite do seu velho chefe Jackie Stewart, quando este montou sua equipe na F1 em 1997. Finalmente todos poderiam ver o fenômeno da F3 correndo contra os melhores pilotos do mundo. Seu companheiro seria Rubens Barrichello, um piloto jovem, mas já com alguma experiência. Muita gente apostava que Magnussen atropelaria o brasileiro, mas ocorreu justamente o contrário. A equipe Stewart sofria com sérios problemas de confiabilidade, mas em nenhum momento Magnussen foi superior à Barrichello. A única vez que Jan veria a bandeirada em sua temporada de estreia seria em Mônaco, corrida na qual Barrichello conseguiu um ótimo segundo lugar. Uma boa exibição na Áustria, quando ficou várias voltas em quarto não convenceu os críticos e se havia empolgação com o nome de Magnussen, naquele momento havia uma grande desconfiança. Stewart resolve manter a aposta e mantém Magnussen para um segundo ano, mas o time escocês sofreu com a mudança de regulamento e os resultados pioraram em comparação ao ano de estreia. Magnussen afundou mais ainda e muitas vezes ele largou nas últimas filas, ficando bem atrás de Barrichello. À essa altura, Magnussen já era o claro exemplo de um fenômeno nas categorias de base, mas seu limite foi batido na F3. Por essas ironias, Magnussen faz uma corrida forte em Montreal, marca o seu único ponto na F1 e é demitido logo depois. Foram apenas 25 corridas e um pontinho marcado.


Era o fim da passagem de Magnussen na F1, mas ele continuaria nos monopostos, se mudando para os Estados Unidos em 1999. Jan tinha feito algumas corridas pela Penske e substituíra Emerson Fittipaldi na Hogan/Penske, obtendo resultados razoáveis. Vendo o sucesso que seu antigo companheiro de equipe Franchitti havia obtido ao cruzar o Atlântico, Magnussen pensou fazer o mesmo. Ledo engano. Mesmo correndo numa equipe boa (Patrick), Magnussen esteve longe de se destacar e rapidamente saiu da Indy. Seria a última tentativa dele nos monopostos. Magnussen ficou nos Estados Unidos e passou a se dedicar as corridas de Endurance, participando ativamente da ALMS e depois do WEC, além de corridas no campeonato dinamarquês de turismo. Inicialmente Magnussen correu nos protótipos, mas quando se mudou para o GT, mais especificamente de Corvette, Jan se reencontrou com as vitórias e os títulos, vencendo em Le Mans na classe GTS em 2004 e  na classe GT1 em 2005 , 2006 e 2009, sempre em um Chevrolet Corvette com Oliver Gavin e Olivier Beretta como companheiros de equipe em 2005 e 2006, e Johnny O'Connell e Antonio García em 2009.


O filho mais velho de Jan, Kevin Magnussen seguiu os passos do pai e se não foi um furacão nas categorias de base, pode-se afirmar que Kevin tem uma carreira muito mais sólida na F1, onde recentemente completou 150 corridas, subiu ao pódio e conquistou uma fortuita pole. Desde a passagem pobre de Jan Magnussen na F1, o dinamarquês se tornou referência de talento desperdiçado, mas o que teria acontecido com ele? Magnussen era um talento nato, mas faltou-lhe mais disciplina e apuro no preparo físico. Talvez para a F3 tão somente o talento bastasse, mas nas categorias maiores, Magnussen sentiu falta do resto e ele acabou engolido. Felizmente Jan Magnussen reencontrou o sucesso nas corridas de GT e ainda viu seu filho fazer um trabalho decente na F1.

Parabéns!

Jan Magnussen 

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Figura(AUT): Lando Norris

 O início de 2023 da McLaren foi assustadoramente ruim e os sinais na pré-temporada eram de um ano difícil para os pilotos comandados por Zak Brown. Mesmo que os áureos tempos da McLaren já tenham passado faz muitos anos, ninguém pode subestimar uma equipe com a tradição e força como a McLaren possui. Com um contrato de longo prazo com a McLaren, não faltou quem sugerisse à Lando Norris que ele procurasse outro carro e assim mostrar seu talento. Norris aguentou firme e esperou para ver. E podemos dizer que Lando não fez uma escolha errada. Na Áustria a McLaren trouxe um segundo grande pacote de mudanças, continuando o que fez em Baku meses atrás, onde Norris e Piastri pelo menos saíram das últimas posições. O novo pacote se mostrou ainda mais promissor e sendo o escolhido para testar as novidades, Lando Norris executou um final de semana muito acima do que a McLaren tinha mostrado até então. Largando em boas posições no grid, Norris imprimiu um bom ritmo tanto na Sprint como na corrida de domingo, onde passou boa parte da prova duelando com seu compatriota e multi-campeão Lewis Hamilton, derrotando-o de forma clara e genuína na pista. Depois, Lando ainda ganhou uma posição pela enxurrada de punições e terminou numa ótima quarta colocação, em sua melhor corrida em 2023. Norris ainda espera um terceiro grande pacote de novidades da McLaren, o que pode melhorar ainda mais a situação do inglês. 

Figurão(AUT): FIA

 Os track limits vem sendo uma dor de cabeça para a F1 já faz algum tempo, principalmente quando tiraram grama e/ou brita ao lado da pista para instalarem asfalto, por motivos de segurança, mas terminando com um limite claro e visual. Os pilotos sempre procurarão cada milímetro de pista possível para conseguir ganhar aquele centésimo decisivo e se há asfalto ali, é claro que eles irão por lá. A FIA tenta cortar essa situação de todas as maneiras, mas como não há um limite claro, temos situações como a desse final de semana, onde milhares (isso mesmo, milhares) de anotações foram feitas de pilotos saindo do limite imposto pela FIA, modificando completamente a classificação da corrida quando todos tinha saído do autódromo ou desligado a TV, fazendo todos de bobos, com uma regra bizarra e longe de estar clara. Como corrigir isso? Trazendo a velha e boa grama ao lado da pista. Com certeza, ninguém vai ganhar vantagem indo por lá!

domingo, 2 de julho de 2023

Rumo à F1?

 


Claro que não é a mesma coisa, mesmo que colocando na balança, os domínios sejam equivalentes. Alex Palou estaria dominando a Indy como Max Verstappen faz na F1? Em números, não, contudo, levando-se em conta que a Indy corre com carros iguais, o que Palou vem fazendo em 2023 encontra paralelo com o desempenho de Max. São quatro vitórias nessa temporada, sendo três de forma consecutiva. E não são vitórias quaisquer. Palou simplesmente ignora a concorrência para receber a bandeirada em primeiro e já dispara no campeonato da Indy. Se na F1 já podemos afirmar que o título de 2023 já tem dono pela diferença da Red Bull para as demais, na Indy isso ainda não é possível, mas a forma de Palou é impressionante.

Em Mid-Ohio, um dos palcos tradicionais da Indy, Palou usou todas as armas à sua disposição para vencer. Largando na segunda fila, Palou foi agressivo ao ultrapassar Kyle Kirkwood (que rodou na disputa e desapareceu da corrida), usou a estratégia ao fazer um primeiro stint com pneus duros, enquanto os demais usavam macios e ao ficar mais tempo na pista, emergir à frente dos líderes Colton Herta e Graham Rahal. Tendo pista livre à frente, Palou imprimiu um ritmo destruidor, só não colocando mais tempo em cima do Scott Dixon, que também conseguiu subir na primeira rodada de paradas, pois encontrou um teimoso retardatário em Benjamin Pedersen, que o segurou por várias voltas e dificultou a ultrapassagem de forma inacreditável. Tudo bem que na Indy a regra da bandeira azul seja bem diferente do que é normalmente visto na Europa, mas disputar freada com o líder foi forçar demais a barra. Palou desfilou no resto da corrida e no último stint segurou o ritmo para uma terceira vitória consecutiva que o coloca como favorito destacado ao título.

Para melhorar a vida de Palou, seu companheiro de equipe Marcus Ericsson errou feio na largada numa disputa sueca com Felix Rosenqvist e abandonou ali mesmo. Por sinal, mais uma vez devemos a proteção de cabeça da Indy por não termos um acidente grave, pois o pneu dianteiro de Ericsson ficou marcado no Aeroscreen de Rosenqvist. Se não fosse o aparato, poderíamos ter um acidente potencialmente perigoso e com resultados imprevisíveis. Outro piloto que luta pelo título e que tinha ritmo em Lexington era Pato O'Ward, porém o mexicano já tinha errado no sábado e largando da última fila, Pato arriscou numa estratégia de três paradas que o fez andar muito forte o tempo todo. A falta de bandeiras amarelas não ajudou muito a causa de O'Ward, mas que ainda garantiu ao piloto da McLaren um lugar entre os dez primeiros. Marcada por um forte acidente no treino livre, a Meyer Shank teve que trocar Simon Pagenaud e de última hora trouxe Conor Daly, que fechou o grid. Mesmo sem conhecer a equipe, Daly chegou à frente de Castroneves. Falcão tem uma frase famosa onde diz que o esportista morre duas vezes. Além da morte natural, existe a 'morte' da vida como atleta. Infelizmente esse é um momento delicado, mas está claro que Helio agoniza à nossa frente.

Deixando o passado para trás, Palou olha para o futuro e talvez pense que a Indy não seja mais o bastante para ele. O espanhol, cuja carreira foi toda na Europa, não esconde que ainda quer um lugar na F1 e olhando o desempenho da turma da Red Bull (tirando Max, é claro), Palou olha a situação da equipe Alpha Tauri, mesmo ele tendo contrato com a McLaren e já ter testado por lá. Palou ainda tem 2024 indefinido, mesmo com um desempenho arrasador na Indy. Ganassi? McLaren? Ou até mesmo uma ida à F1? Tudo está na mesa para Palou, que vai performando como um verdadeiro bicampeão. 

E tivemos corrida

 


Não choveu. Não houve entradas em profusão de Safety-Cars. Porém, o Grande Prêmio da Áustria foi uma das poucas corridas boas nessa temporada 2023 árida em emoção, seja no campeonato, seja nas provas em si. Ok, Max Verstappen venceu com um pé nas costas, mesmo vendo sua sequência de voltas lideradas quebrado por Charles Leclerc devido a estratégia de boxes, mas o neerlandês tratou de colocar tudo no lugar rapidamente para vencer novamente, contudo, da segunda posição para baixo houve disputas bem legais a dupla da Ferrari, Pérez, Norris e Hamilton.


Após uma Sprint Race realizada pela primeira vez com pista úmida e trazendo uma leva confusão entre os dois pilotos da Red Bull, o domingo foi de sol e clima ameno em Spielberg, já prevendo uma corrida bem normal pela frente. Porém, a natureza da pista austríaca não nos trouxe uma corrida sem graça, como vem sendo a maioria as provas em 2023. A corrida foi animada, mesmo que Max Verstappen teimosamente não dê a mínima brecha para os seus adversários. Na largada Verstappen saiu melhor do que na Sprint, mas Leclerc colocou de lado algumas vezes na primeira volta, algo que Max rechaçou sem maiores dramas. O Safety-Car real e depois virtual ainda nas primeiras voltas não mudou muito a corrida de Verstappen, tamanha a confiança que ele e a sua equipe conquistaram nesse momento. A Ferrari acertou na estratégia e colocou Leclerc na ponta por dez voltas, mas Max acabou com a brincadeira ao ultrapassar seu velho rival do kart e partir impávido na liderança. A mais de 300 quilômetros por hora, ultrapassando retardatários e cuidando para não colocar seu Red Bull dentro das duas linhas brancas, Verstappen lembrou que não tinha a melhor volta no bolso. Com tranquilos 24s de frente para Leclerc, Max pediu e a Red Bull lhe deu a chance de conquistar o ponto ao parar Verstappen uma terceira vez, montando em seu carro pneus macios na abertura da penúltima volta. A diferença do conjunto Verstappen-Red Bull ficou clara nesse momento. Saindo à frente de Leclerc, Max cuidou dos pneus para conseguir seu objetivo e a transmissão se animou: Leclerc está chegando em Verstappen. Na abertura da última volta, a diferença entre eles era de 2,1s. Na bandeirada, subiu para 4,8s. E melhor volta de Max Verstappen, que brinca na F1.


A Ferrari teve que lidar com Sainz reclamando de que era mais rápido do que Leclerc nas primeiras voltas e realmente a impressão era essa. Quando o SC virtual deu as caras, a Ferrari resolveu trazer seus dois pilotos, como fez a maioria do pelotão, mas com Sainz tendo que esperar a operação de Leclerc, o espanhol perdeu um tempo precioso e acabou atrás da briga britânica entre Hamilton e Norris, que haviam parado uma volta antes. Sainz ultrapassou ambos, mas tudo isso o deixou mais de 4s atrás de Leclerc, o tirando da briga pela segunda posição e tranquilizando a Ferrari de qualquer entrevero interno entre seus dois pilotos. Leclerc fez uma corrida sólida, mostrando evolução da Ferrari, mesmo que o monegasco tenha decepcionando deveras na Sprint, onde ficou fora dos oito pilotos que pontuam. Porém, a festa da Ferrari não foi completa. Sainz foi uma das vítimas da sanha dos comissários e seus famigerados 'track fucking limits'. O espanhol acabou sendo um dos vários punidos, o deixando na mira de Checo Pérez. O mexicano já se vê ameaçado por tantos desempenhos medíocres e na Áustria, Pérez ficou de fora do Q3 pela quarta vez consecutiva, algo inacreditável para quem tem nas mãos um dos melhores carros da história da F1. Novamente forçado a fazer uma corrida de recuperação, Pérez dessa vez foi melhor do que nas oportunidades anteriores e beliscou um pódio após uma disputa forte e tensa com Sainz, com reclamações de lado a lado, porém, Sainz reclamar que foi 'intimidado' por Pérez soou bastante mal para um piloto que pensa em ser campeão, mas com atitudes assim, deverá no máximo fazer o que Sainz fez até agora, que é conquistar uma ou outra vitória aqui e ali. 


Já no reino de Toto Wolff, a corrida não foi tão simples assim. Após um promissor pacote ter elevado a Mercedes de patamar a partir de Mônaco, na Áustria as coisas não foram muito bem para Hamilton e Russell, que largaram lá atrás na Sprint e apenas Lewis foi ao Q3 da classificação referente à corrida. Novamente. Hamilton largou bem, mas foi surpreendido pela ascensão da McLaren, que deu suas inovações à Norris e o jovem inglês fez sua melhor corrida do ano, andando muito próximo de Hamilton, acabando por supera-lo após disputa forte entre ambos. Porém, chamou a atenção a forma como Toto Wolff entrou no rádio de Hamilton, o cortando várias vezes, revelando uma certa tensão dentro do castelo mercediano. Russell fez uma corrida apagada, mas ainda assim terminou logo atrás de Hamilton, que mais reclamou de punições à terceiros do que fez seu carro andar. Outro que fez uma corrida anônima foi Alonso. Após seu pódio em Montreal, consequência do novo pacote da Aston Martin, Alonso esperava muito mais na Áustria, mas nem de longe o espanhol esteve perto do pódio, terminando apenas em sexto, superando a Mercedes, mas sendo amplamente superado pela Ferrari. Muitos fazem questão de apontar a diferença entre Max e Checo dentro da Red Bull, mas na Aston Martin, Stroll, que largou na frente de Alonso, tomou mais de 30s do companheiro de equipe. Uma diferença abissal, mas Lance tá nem aí. Afinal, quem terá peito dentro da equipe do papai para questiona-lo?


Gasly marcou pontos para a Alpine, mas os franceses, recentemente tendo vendido parte da equipe, estão em queda e se antes sonhavam em chegar na Mercedes, agora se preocupam com a chegada da McLaren, mesmo o time inglês só dando as novidades para Norris, enquanto Piastri sofreu durante o final de semana e na corrida, destruiu sua prova ao quebrar a asa dianteira numa disputa com Magnussen. A Haas mais uma vez colocou um carro (Hulkenberg) no top10 no grid, mas o ritmo de corrida da equipe americana é simplesmente horroroso, com Magnussen terminando em último e Hulk abandonando no começo, quando já iniciava seu declínio. Albon fez outra corrida para chamar a atenção, quase marcando pontos novamente, sendo ultrapassado por Stroll nas últimas voltas. A Alpha Tauri tem um sério problema de pilotos, com Tsunoda e De Vries saindo demais da pista.


Se não houve luta pela vitória, mérito para Verstappen. O neerlandês pode não admitir, mas já faz contas de quando comemorará o tricampeonato e se hoje se isolou como o quinto maior vencedor de corridas na história da F1. E não nos espantemos se Max alcançar Prost ainda em 2023. No entanto, tivemos corrida na Áustria, com boas disputas por posição. Pena que do segundo lugar para trás.