terça-feira, 4 de julho de 2023

Jan

 


Poucos pilotos tiveram tanta expectativa em cima de si e entregaram tão pouco como ele. Bem no ano da morte de Ayrton Senna, Jan Magnussen quebrava o histórico recorde de vitórias do brasileiro na F3 Inglesa, merecendo grandes elogios de ninguém menos do que Jackie Stewart, porém, a passagem do dinamarquês pela F1 foi efêmera e nem de longe Jan entregou dele o que se esperava. Completando 50 anos no dia de hoje, vamos ver um pouco da carreira do danes.

 Jan Ellegaard Magnussen nasceu no dia 4 de julho de 1973 em Roskilde, na Dinamarca. O jovem começou no kart aos 11 anos de idade, após uma rápida passagem pelo motocross, iniciando uma trajetória de vários títulos nacionais e internacionais, incluindo dois campeonatos mundiais júnior em 1987 e 1989 e o mundial sênior em 1990. Ao completar 18 anos, Magnussen estreou nos carros com um F-Ford na sua Dinamarca natal para se mudar para a Inglaterra em 1992, onde disputou o certame inglês da F-Ford 1600, terminando num ótimo terceiro lugar, mas Jan chamou atenção ao vencer o famoso Festival Mundial de Brands Hatch. Magnussen subiu para a F-Vauxhall em 1993, onde conquistou quatro vitórias, mas o danes novamente não foi campeão. Jackie Stewart já tinha a melhor equipe de base da Inglaterra e rapidamente identificou em Magnussen um grande talento, o chamando para a F3 ainda em 1993, onde Jan foi ao pódio na estreia, visando sua passagem uma temporada completa no ano seguinte. Foi o início da lenda!


A temporada de 1994 da F3 Inglesa tinha como destaque a dupla de pilotos da equipe Paul Stewart, Jan Magnussen e o promissor escocês Dario Franchitti. Outros pilotos que obteriam destaque no futuro eram os espanhóis Pedro de la Rosa e Marc Gene, que fizeram uma temporada bem discreta. Mesmo com pouca experiência na F3, a dupla da Stewart era a grande favorita ao título, mas enquanto Franchitti oscilou bastante, Magnussen foi bem regular. Na melhor das maneiras. Em dezoito corridas, Magnussen venceu nada menos do que catorze, batendo o recorde de Senna que durava onze anos. O dinamarquês ganhou um enorme destaque pelo feito e Jackie Stewart não se furtou em dizer que Jan Magnussen seria um futuro campeão mundial e que tinha um talento comparável ao de Senna. Porém, esse foi basicamente o melhor momento de Magnussen...


Com o título de forma categórica da F3 Inglesa debaixo do braço, todos esperavam qual seria o destino de Magnussen em 1995. Logicamente que a F1 abriu os olhos para Jan, mas nenhuma vaga interessante se abriu para o jovem e Magnussen teve que se contentar com o lugar de piloto de testes da McLaren. O time inglês havia acabado de assinar uma parceria com a Mercedes, que tinha uma forte equipe no DTM. Assim como seu companheiro de equipe Franchitti, Magnussen foi contratado pela montadora para participar do DTM, mas Jan sofreu um pequeno acidente de moto que o fez perder as últimas corridas. Mesmo especializado em monoposto e focado em seguir nesse tipo de carro, Magnussen fez um bom trabalho nas corridas em que fez pelo DTM. Enquanto isso, Jan participava de testes na McLaren e quando Mika Hakkinen teve que fazer uma cirurgia de apendicite, Magnussen fez sua estreia na F1 no Grande Prêmio do Pacífico, terminando a corrida em décimo, que lhe renderia um ponto pelo sistema atual. Porém, Magnussen teve que fazer mais um ano no DTM pela Mercedes, onde conquistaria uma vitória em Hockenheim, mas ficou longe da briga pelo título.


Cansado de esperar um lugar na McLaren, Magnussen aceitou um convite do seu velho chefe Jackie Stewart, quando este montou sua equipe na F1 em 1997. Finalmente todos poderiam ver o fenômeno da F3 correndo contra os melhores pilotos do mundo. Seu companheiro seria Rubens Barrichello, um piloto jovem, mas já com alguma experiência. Muita gente apostava que Magnussen atropelaria o brasileiro, mas ocorreu justamente o contrário. A equipe Stewart sofria com sérios problemas de confiabilidade, mas em nenhum momento Magnussen foi superior à Barrichello. A única vez que Jan veria a bandeirada em sua temporada de estreia seria em Mônaco, corrida na qual Barrichello conseguiu um ótimo segundo lugar. Uma boa exibição na Áustria, quando ficou várias voltas em quarto não convenceu os críticos e se havia empolgação com o nome de Magnussen, naquele momento havia uma grande desconfiança. Stewart resolve manter a aposta e mantém Magnussen para um segundo ano, mas o time escocês sofreu com a mudança de regulamento e os resultados pioraram em comparação ao ano de estreia. Magnussen afundou mais ainda e muitas vezes ele largou nas últimas filas, ficando bem atrás de Barrichello. À essa altura, Magnussen já era o claro exemplo de um fenômeno nas categorias de base, mas seu limite foi batido na F3. Por essas ironias, Magnussen faz uma corrida forte em Montreal, marca o seu único ponto na F1 e é demitido logo depois. Foram apenas 25 corridas e um pontinho marcado.


Era o fim da passagem de Magnussen na F1, mas ele continuaria nos monopostos, se mudando para os Estados Unidos em 1999. Jan tinha feito algumas corridas pela Penske e substituíra Emerson Fittipaldi na Hogan/Penske, obtendo resultados razoáveis. Vendo o sucesso que seu antigo companheiro de equipe Franchitti havia obtido ao cruzar o Atlântico, Magnussen pensou fazer o mesmo. Ledo engano. Mesmo correndo numa equipe boa (Patrick), Magnussen esteve longe de se destacar e rapidamente saiu da Indy. Seria a última tentativa dele nos monopostos. Magnussen ficou nos Estados Unidos e passou a se dedicar as corridas de Endurance, participando ativamente da ALMS e depois do WEC, além de corridas no campeonato dinamarquês de turismo. Inicialmente Magnussen correu nos protótipos, mas quando se mudou para o GT, mais especificamente de Corvette, Jan se reencontrou com as vitórias e os títulos, vencendo em Le Mans na classe GTS em 2004 e  na classe GT1 em 2005 , 2006 e 2009, sempre em um Chevrolet Corvette com Oliver Gavin e Olivier Beretta como companheiros de equipe em 2005 e 2006, e Johnny O'Connell e Antonio García em 2009.


O filho mais velho de Jan, Kevin Magnussen seguiu os passos do pai e se não foi um furacão nas categorias de base, pode-se afirmar que Kevin tem uma carreira muito mais sólida na F1, onde recentemente completou 150 corridas, subiu ao pódio e conquistou uma fortuita pole. Desde a passagem pobre de Jan Magnussen na F1, o dinamarquês se tornou referência de talento desperdiçado, mas o que teria acontecido com ele? Magnussen era um talento nato, mas faltou-lhe mais disciplina e apuro no preparo físico. Talvez para a F3 tão somente o talento bastasse, mas nas categorias maiores, Magnussen sentiu falta do resto e ele acabou engolido. Felizmente Jan Magnussen reencontrou o sucesso nas corridas de GT e ainda viu seu filho fazer um trabalho decente na F1.

Parabéns!

Jan Magnussen 

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