A F1 estava traumatizada com a morte de Ronnie Peterson quando chegou à Watkins Glen, para o que seria a penúltima etapa de 1978. James Hunt não teve pudor em acusar Ricardo Patrese de ser o responsável pela morte do sueco e com um histórico de vários acidentes naquela temporada, infelizmente o italiano acabou ficando como um bode expiatório. Niki Lauda, Emerson Fittipaldi, Jody Scheckter, James Hunt e John Watson, os pilotos mais experientes da F1 naquele momento, se reuniram e 'julgaram' Patrese como culpado pela morte de Peterson, ameaçando um boicote a corrida norte-americana se Patrese corresse. Patrese ficou indignado com a situação, foi a justiça americana e inclusive, andava com fotos surgidas dias após a corrida em Monza, onde se mostrava que o toque alegado por Hunt não teria acontecido. Após muita discussão nos bastidores, Jackie Oliver, chefe da Arrows, anunciou que o carro número 35 não participaria da corrida. Aquilo marcou por anos a carreira de Patrese, que três anos depois seria considerado inocente pela corte italiana.
Mesmo ainda chocado com mais uma morte na sua equipe, Colin Chapman precisou procurar um novo piloto e o nome de Jean Pierre Jarier surgiu, fazendo com que o francês, numa fase nebulosa da carreira, tivesse uma grande chance no melhor carro da F1 da época. Bernie Ecclestone anuncia que contratara o jovem promissor Nelson Piquet para o lugar de John Watson, mas o brasileiro não estrearia pela Brabham em Glen. Pela primeira vez a Wolf inscreve um segundo carro e ele foi entregue ao jovem americano Bobby Rahal, de 25 anos, que foi vice-campeão na Fórmula Atlantic em 1977, atrás de Villeneuve. Jarier se sentia muito desconfortável no Lotus 79 porque ele usava o assento de Peterson, que era estreito demais para ele. Jarier quebrou uma costela durante os treinos e mesmo com muita dor ele decide continuar seu fim de semana. Querendo comemorar seu título de forma adequada, Mario Andretti consegue uma pole dominante, à frente da Ferrari de Reutemann e da Williams de Jones, que sofreu um sério acidente nos treinos e quase não teve carro para participar do resto do final de semana.
Grid:
1) Andretti (Lotus) - 1:38.114
2) Reutemann (Ferrari) - 1:39.179
3) Jones (Williams) - 1:39.742
4) Villeneuve (Ferrari) - 1:39.820
5) Lauda (Brabham) - 1:39.892
6) Hunt (McLaren) - 1:39.991
7) Watson (Brabham) - 1:40.000
8) Jarier (Lotus) - 1:40.034
9) Jabouille (Renault) - 1:40.136
10) Laffite (Ligier) - 1:40.228
O dia primeiro de outubro de 1978 amanheceu nublado e com a temperatura baixa em Watkins Glen. Durante o warm-up, Andretti sofreu um grande acidente e precisou trocar de carro, tendo que utilizar o carro de Jarier, enquanto o francês usaria o carro reserva. Mesmo com o carro de Jarier, Andretti larga muito bem e permanece na ponta, seguido por Reutemann, Villeneuve, Jones e Jarier.
Andretti, Reutemann e Villeneuve escapam na frente, mas ao contrário do imaginado, o americano da Lotus não consegue abrir uma boa diferença, devido à problemas de freios. A dupla da Ferrari ataca Andretti e o ultrapassa ainda no início da prova, enquanto Andretti ainda se segurava na terceira posição, com Jones 5s atrás. Por sua vez, Jarier tinha problemas em seu Lotus e perdia posição seguidamente, até entrar nos boxes com o pneu dianteiro esquerdo vazio, retornando à pista apenas na 21º posição. Enquanto isso, Mario perdia cada vez mais rendimento e era ultrapassado por Jones, bem no momento que o motor de Villeneuve explodiu, fazendo com que Jones assumisse a segunda posição, enquanto Andretti já era ameaçado por Lauda, que toma o terceiro lugar do americano na metade da corrida, pouco antes do motor de Mario quebrar.
Quem fazia uma bela corrida era Jabouille e seu Renault turbo, que com todos os abandonos, subia para quarto, mesmo que bastante longe do pódio. Reutemann tinha meio minuto de vantagem sobre Jones e seu maior trabalho naquele dia era se livrar dos retardatários. Lauda encosta com o motor quebrado, fazendo com que o boxe da Renault vibre com um possível pódio, porém, o francês era ameaçado por Scheckter. Após sua parada no começo da corrida, Jarier iniciou uma bela corrida de recuperação e já se encontrava nos pontos, após ultrapassar Fittipaldi na reta final da corrida, enquanto se aproximava rapidamente da McLaren de Tambay, ultrapassando o compatriota quando restavam dez voltas para o fim. Num ritmo alucinante, Jarier parte para cima de Jabouille e Scheckter, que brigavam pela terceira posição. Faltando cinco voltas para o fim, os três carros andavam próximos, com Jabouille sofrendo com problemas de alimentação em seu Renault. Numa manobra ousada, Scheckter ultrapassa Jabouille e traz consigo Jarier, que não demora a ultrapassar o sul-africano, assumindo o terceiro lugar... para logo tirar o pé.
O ritmo de Jarier era muito forte e somando a falta de conhecimento do francês com o novo carro, ele consumiu combustível demais e acabou sofrendo uma pane seca na penúltima volta. Carlos Reutemann conquistava a sua quarta vitória da temporada, com Jones em segundo, coroando os esforços da Williams em coloca-lo na pista naquele dia. Scheckter completou o pódio, Jabouille deu os primeiros pontos à Renault na F1, com Fittipaldi e Tambay completando a zona de pontuação. Mesmo saindo da zona de pontuação, Jarier foi bastante festejado por Chapman, que gostou da pilotagem do francês. Reutemann comemorou bastante a vitória, principalmente pela Goodyear ter vencido em casa e pela Ferrari ter encostado de vez na Brabham na luta pelo Mundial de Construtores.
Chegada:
1) Reutemann
2) Jones
3) Scheckter
4) Jabouille
5) Fittipaldi
6) Tambay
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