domingo, 29 de outubro de 2023

O que eu vou dizer lá em casa, Pérez?

 


A esperança da Ferrari de segurar Verstappen ao colocar seus dois carros na primeira fila e 'fechar' a pista na longa reta até a primeira curva foi para o espaço com a ótima largada de Max, mas tudo foi literalmente para os ares com a presepada de Sérgio Pérez na frente de sua torcida. Checo tinha feito uma das melhores largadas do ano, quando estava pulando de quinto para terceiro, lado a lado com os dois primeiros, mas um erro de cálculo frustrou a si e as milhares de pessoas que foram ao circuito Hermanos Rodríguez para torcer para Checo, mas acabaram vendo mais uma vitória tranquila de Verstappen.

É inegável que a pressão em cima de Pérez cresce na medida em que os resultados esperados não estão sendo apresentados pelo mexicano. A situação ficou ainda mais crítica com o seu pretenso substituto Daniel Ricciardo está fazendo o seu melhor final de semana em anos no México e ter colocado a Alpha Tauri na frente de Pérez. Hoje, Checo Pérez é dos pilotos mais pressionados no grid. A largada no México é bem atípica, com a primeira curva bem distante da linha de largada, proporcionando muito vácuo para quem vem atrás da primeira fila. Era isso que a Ferrari apostava para tentar, pelo menos por alguns instantes, segurar Max Verstappen atrás deles. Contudo, Max efetuou uma largada de almanaque, imediatamente ultrapassando o segundo colocado Sainz e numa manobra dura, colocou por dentro de Leclerc usando um pequeno espaço. Com os pilotos indo mais para dentro, Pérez foi por fora e 'puxado' pelo vácuo dos carros à frente, deu um enorme pulo, se aproximando da primeira curva ao lado de Max e Leclerc. Eram três pilotos chegando juntos na primeira curva. Isso não poderia dar muito bom...


Talvez pressionado pela a sua atual situação, Pérez freou mais tarde vindo por fora e fechou para cima de Leclerc, que simplesmente não tinha para onde ir. O toque de rodas dos carros da Red Bull e da Ferrari fez com que Pérez alçasse voo e saísse reto, destruindo claramente seu assoalho, além de ter feito um enorme rombo na lateral do seu carro. Leclerc passou reto pela grama, emergiu da primeira chicane na frente, mas cedeu a primeira posição para Verstappen para não ser punido, além de ter sua asa dianteira avariada. Enquanto isso, Pérez retornava à pista em último antes de entrar nos boxes. O mexicano estava claramente perturbado pela situação, enquanto se ouvia os lamentos da torcida mexicana, que não se cansava de cantar 'Checo, Checo' em todo o final de semana. Aparentemente chorando, Pérez teve que sair do seu carro como o grande derrotado de um dia que parecia ser seu e acabou sendo de Verstappen. Se o neerlandês ainda é alcançado em ritmo de classificação, em ritmo de corrida Max é simplesmente imparável, num mistura de rapidez e conservação de pneus, fazendo com que Verstappen não fosse praticamente ameaçado nesse domingo, mesmo com uma bandeira vermelha bem na metade da corrida.

Kevin Magnussen tinha acabado de sair da pista na saída da última curva e logo depois o dinamarquês da Haas viu a suspensão esquerda do seu carro quebrar bem na sequência de curvas rápidas, fazendo com que Kevin batesse com bastante violência no muro. Magnussen saiu grogue do carro e a bandeira vermelha apareceu para consertar o soft-wall que tanto ajudara Kevin a só sair apenas atordoado após tamanha pancada. Verstappen tinha aproveitado que à princípio apenas o Safety-Car tinha aparecido e foi aos pits pela segunda vez, colocando pneus duros, que iria levar até o final. Max saiu na frente de Leclerc, quando a bandeira vermelha apareceu, fazendo com que os pilotos tivessem que largar parado alguns minutos depois. Uma relargada assim sempre é estressante, principalmente quem largava na frente e com alguns pilotos largando com pneus médios, mas Verstappen neutralizou qualquer chance de algo dar errado com outra ótima largada, abrindo imediatamente 2s sobre Leclerc e no final receberia a bandeirada com 16s de vantagem sobre o segundo colocado. Enquanto Pérez quase que se desculpava com a sua equipe, Verstappen batia mais alguns recordes em sua carreira. Foi a vitória de número dezesseis em 2023, fazendo com que esse ano seja a mais vitoriosa de um piloto na história da F1, mas Max ainda igualou-se à Alan Prost como o quarto maior vencedor de corridas da história, algo que será desempatado muito em breve.


Mesmo com uma avaria na asa dianteira, Leclerc se manteve firme na pista e abriu uma boa diferença para Sainz na primeira metade da corrida. Mesmo com a Ferrari abrindo seu alfabeto de estratégias, os italianos não cometeram nenhuma asneira, mesmo Charles tendo perdido a segunda posição para Hamilton. A Mercedes vem sendo o exato oposto da Ferrari, com um ritmo de corrida bem melhor do que de classificação. Hamilton ultrapassou Ricciardo no primeiro stint, antes de efetuar um undercut em cima de Sainz. No momento de bandeira vermelha, a Mercedes arriscou com pneus médios, talvez pensando que Hamilton, largando no mesmo posto de Verstappen uma hora antes, poderia repetir o feito do piloto da Red Bull e efetuar uma largada relâmpago, mas o plano não funcionou a pleno. Hamilton sequer ultrapassou Leclerc, que estava com pneus duros, mas rapidamente Lewis partiu para cima do ferrarista e numa manobra no limite, ultrapassou Leclerc, mas nem de longe Hamilton sequer se aproximou de Verstappen, mas com o erro de Pérez, se aproximou de forma decisiva no campeonato, podendo deixar a situação de Checo ainda mais desconfortável. Leclerc, que junto de Hamilton fora desclassificado semana passada, completou o pódio e mesmo vaiado pela torcida chicana pelo toque com Pérez, se desculpou e foi perdoado pela multidão, conseguindo bons pontos no campeonato. Numa corrida onde praticamente se defendeu o tempo todo, Sainz terminou em quarto e com a queda abrupta da Aston Martin, empatou com Alonso no campeonato, mas ficou com o quarto lugar no certame pelos critérios de desempate.


Um dos destaques da corrida, principalmente após a segunda bandeira vermelha, foi Lando Norris. O piloto da McLaren tivera problemas na classificação e fizera uma primeira metade de corrida discreta, mas em viés de alta. Uma má segunda largada, quando chegou a tirar o pé no meio da reta viu Norris ter que escalar da 17º posição. Relargando com pneus médios, Norris foi ultrapassando quem via pela frente e mesmo quando os demais pilotos que relargaram com os mesmo médios de Lando foram perdendo rendimento, o representante da McLaren seguiu sua corrida de recuperação. A McLaren pediu para Piastri abrir caminho e rapidamente Norris chegou em Russell. Nesse duelo entre os jovens pilotos britânicos, Norris obteve vantagem com sobras, numa bela manobra sobre o piloto da Mercedes, que sofria com os mesmo pneus médios de Norris. Ainda teve tempo para Lando atacar e despachar de forma ainda mais bonita Ricciardo, fazendo com que Norris subisse para um ótimo quinto lugar. Os pontos conquistados pelo inglês já o colocam na briga pelo quarto lugar no Mundial de pilotos, próximo da dupla da Ferrari, já que Alonso, infelizmente, hoje é carta fora do baralho. A Aston Martin, com muita boa vontade, foi sétima força do pelotão desse final de semana, mas mesmo assim nenhum dos seus dois carros completaram a corrida mexicana, completando um ano que termina de forma vexatória para um time que falou em vitórias até o final do ano.


Para completar o péssimo final de semana de Pérez, Ricciardo continuou seu final de semana com uma pilotagem sólida na corrida, fazendo com que o australiano marcasse seus primeiros pontos no ano com um excelente sexto lugar. Tsunoda, que largou no fim do pelotão por ter trocado de motor, fazia uma ótima corrida, quando se envolveu num acidente com Piastri onde se houve um culpado, seria o japonês, que se comportou de forma infantil com sua equipe via rádio. Tsunoda é outro piloto pressionado que vem fazendo besteiras. Albon fez outra corrida muito boa ao levar a Williams aos pontos, enquanto Hulkenberg, em sua corrida de número 200, segurou o quanto pôde as duas Alpines, mas acabou cedendo o último ponto para Ocon, seguido pelo seu companheiro de equipe Gasly. A Alfa Romeo conseguiu colocar seus dois carros no Q3, mas depois acabou vendo Bottas e Zhou perdendo muito rendimento em ritmo de corrida, terminando longe dos pontos.


Mesmo numa corrida dividida em duas, Max Verstappen se manteve impávido em sua temporada próxima da perfeição. Recordes são quebrados a todo momento, enquanto seu companheiro de equipe sofre com uma má fase que não parece ter mais fim. Pérez foi destruído mentalmente por Verstappen, onde não apenas é incapaz de andar no mesmo ritmo de Max, como Checo vai cometendo erros que não usuais a ele. Pelo jeito, não será impossível se os mexicanos não tenham para quem torcer em 2024.

Nenhum comentário:

Postar um comentário