domingo, 27 de maio de 2007

Passeio no principado


A previsão era de chuva para Mônaco e isso deveria acabar um pouco com o domínio exercido pela McLaren no final de semana e também dar uma sacudida na chatice que virou as corridas nesse ano de 2007. Porém, um sol bonito às margens do mediterrâneo fez com que a corrida transcorresse sem surpresas e numa chatice só. Como era esperado, a McLaren passeou aos olhos do príncipe Albert II e a definição do vencedor foi mesmo na largada, por sinal, repetindo as quatro corridas anteriores. A única preocupação da McLaren foi estabelecer a dobradinha ainda na largada e por isso Hamilton deu uma guinada para a direita no intuito de fechar Massa, enquanto Alonso largava tranquilamente e passou a primeira curva na frente seguido por Hamilton e Massa numa fila. Daí em diante, foi só fazer os dois pit-stops planejados com calma e eficiência e não errar. A McLaren foi perfeita nos boxes e Alonso nunca erra. Resultado? Alonso em primeiro, seguido de perto por Hamilton. Por sinal, os quatro primeiros colocados no grid chegaram nas mesmíssimas posições no final da corrida. Ou seja, a previsão de chuva era mais torcida do que uma constatação.

Hoje o domínio da equipe de Ron Dennis foi tamanha que somente Massa completou as 78 voltas e mesmo assim mais de um minuto atrás! Nem na época áurea da Ferrari foi conseguido um massacre parecido e mesmo assim. Alonso pôs menos combustível na Classificação para conseguir a pole e na corrida logo despachou Hamilton e Massa. Hamilton estava mais pesado e por isso Massa pôde acompanhar o inglês no começo da corrida. Quando os retardatários apareceram, o nível de amadurecimento de Hamilton ficou evidente quando ele encostou em Alonso e despachou Massa. Porém, Ron Dennis não queria que um dos seus carros estivesse envolvido numa briga (e provavelmente num acidente) e tudo estava sobre controle. Após duas corridas apagadas, Alonso voltou a sorrir e a vencer, assumindo a co-liderança do Mundial ao lado de Hamilton, que mais uma vez ficou em segundo, porém, Alonso está em primeiro isolado por ter duas vitórias contra nenhuma de Lewis. Durante o pódio, ficou mais evidente que Hamilton começa a ficar incomodado em não conseguir sua primeira vitória, tanto que ele forçou demais em algumas partes da corrida, mas Hamilton é um piloto especial e a esperada primeira vitória virá logo.

Massa ficou em terceiro e era o máximo que ele poderia fazer. Cinco pontos atrás dos pilotos da McLaren, Felipe sabe que Monte Carlo é um corrida atípica e que normalmente não favorece a Ferrari, tanto que a última vitória vermelha no principado foi em 2001. Como a passagem pela América do Norte será mais favorável à Ferrari, Massa andou com o campeonato em mente e marcou pontos importantes numa pista em que levou 1s por volta de Alonso e Hamilton. Raikkonen largou bem, ultrapassou Speed e... ficou atrás de Button por várias e várias voltas, sem muita vontade e gana de pelo menos colocar de lado do inglês. No final, o oitavo lugar e o pontinho serviram para amenizar os danos, que podem ser irreparáveis, em sua passagem pela Ferrari. Os tifosi gostam de pilotos agressivos e com gana, e Raikkonen não vem demonstrando nem e nem outra coisa desde que chegou à Ferrari e é por essas e outras que a decisão da Ferrari a favor de Massa não deve demorar.

Ao contrário das expectativas, Fisichella levou sua Renault ao quarto lugar. Quem esperava uma manobra de Briatore para colocar seu carro mais à frente unicamente para aparecer, se enganou redondamente e Fisichella mostrou porque é um especialista em Mônaco. Mesmo levando uma volta, o italiano não foi ameaçado em nenhum momento pelo quinto colocado, seja ele quem fosse, e sem carro para atacar Massa, correu sozinho durante toda a tarde para conquistar o melhor resultado do ano da Renault. Enquanto isso, Kovalainen não pode fazer muita coisa largando lá de trás e se serve de alívio, pelo menos ficou à frente de Coulthard. A BMW encheu o tanque dos seus carros na Classificação para fazer apenas uma parada, mas isso acabou sendo um tiro n’água, pois largando mais atrás, Kubica e Heidfeld não tiveram como atacar Fisichella e os dois ficaram em quinto e sexto. Essa estratégia acabou interferindo decisivamente na corrida de Kubica, pois o polonês estava entre os mais rápidos no final de semana e comprovou isso na corrida. Pela primeira vez no ano, Kubica superou Heidfeld na pista e isso pode ser uma motivação extra para ele.

A Williams pontuou novamente, mas talvez com um piloto que não esperava. Largando mais atrás, Wurz chegou em sétimo, acossado por Raikkonen no final, e marcou seus primeiros pontos no campeonato. Após levar tanta porrada de Rosberg, finamente Wurz fez uma corrida consistente e superou seu jovem companheiro de equipe. Rosberg estava leve na Classificação e ter perdido a quinta posição para Heidfeld na largada foi fundamental para a queda de rendimento durante a corrida. Seguro por um carro mais pesado, Rosberg terminou num distante décimo segundo lugar. As Hondas estavam com pinta novamente de marcar pontos pela primeira vez no ano, mas mais vez, só ficou na vontade mesmo. Graças a uma estratégia otimista demais de duas paradas, Barrichello e Button ficaram em décimo e décimo primeiro no final da corrida.

Speed foi a grata revelação da corrida ao ficar em nono e próximo a Raikkonen! Largando logo atrás do finlandês, Speed acompanhou a Ferrari em toda a corrida e com uma estratégia de parar só uma vez, por pouco não marcou pontos para a Toro Rosso. E como Liuzzi estampou o guard-rail logo no começo da corrida, isso pode ser fundamental para a continuidade do americano na F1 ano que vem, pois se eu fosse o Berger e tivesse que demitir apenas um dos seus pilotos, este seria Liuzzi. A Red Bull só apareceu quando Mark Webber abandonou ainda no começo da corrida com problemas de câmbio. E mais uma vez o australiano abandona quando estava nos pontos. Coulthard não pode fazer muito largando no pelotão de trás. A Toyota foi uma verdadeira tragédia, pois Trulli largou mal, perdendo muitas posições, e Ralf Schumacher completou a primeira volta em último! No final, Trulli superou Ralf Schumacher e conseguiu a “honrosa” décima quinta posição! A Super Aguri voltou a rotina do passado e fechou os que terminaram, pois ambas as Spyker abandonaram, mas novamente o destaque ficar para Adrian Sutil, que estava na frente de Davidson quando bateu no guard-rail. Será mais um alemão a dar trabalho?

Com mais uma vitória, Alonso colocou fim a sua má fase e deu uma pequena lição no seu companheiro de equipe: é preciso marcar pontos para brigar pelo título, mas é preciso ganhar corridas para vencer o campeonato. O abraço de Massa e Alonso, antes de subirem ao pódio, deve acabar com o princípio de inimizade entre os dois, mas os dois sabem que em Montreal e Indianápolis será diferente.

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