terça-feira, 31 de maio de 2011

História: 30 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1981

A F1 chegava à Monte Carlo para a sua mais glamorosa etapa com a Williams dominando o campeonato de 1981, mesmo com seus dois pilotos brigados pela primazia da escuderia. Quem se aproveitava disso era Nelson Piquet, que estava em segundo no campeonato, separando os dois representantes da Williams, com Reutemann liderando a tábua de pontuação. Até o momento, a Ferrari estava longe de estar competitiva e em Mônaco, as deficiências do chassi ficariam ainda mais claras.

Porém, Gilles Villeneuve conseguia um surpreendente segundo lugar na primeira sessão, muito à frente do seu companheiro de equipe Didier Pironi, que bateu três vezes na quinta-feira, tentando acompanhar o ritmo do canadense. O líder no primeiro dia era Nelson Piquet, mais de 1s à frente de Villeneuve. Conta a lenda que o brasileiro chegou atrasado aos treinos no primeiro dia, pois teria passado a noite com uma das famosas princesas de Mônaco, para desespero de Bernie Ecclestone. Mesmo não melhorando seu tempo, Piquet permaneceu na pole no sábado, com Villeneuve batendo por muito pouco Nigel Mansell na briga pelo 2º lugar na segunda classificação. Depois de um mal dia na quinta-feira, Reutemann se recuperou e pulou para o quarto lugar e, melhor na briga interna da Williams, o argentino superava seu companheiro de equipe.

Grid:
1) Piquet (Brabham) – 1:25.710
2) Villeneuve(Ferrari) – 1:25.788
3) Mansell(Lotus) – 1:25.815
4) Reutemann(Williams) – 1:26.010
5) Patrese(Arrows) – 1:26.040
6) De Angelis(Lotus) – 1:26.259
7) Jones(Williams) – 1:26.538
8) Laffite(Ligier) – 1:26.704
9) Prost(Renault) – 1:26.953
10) Watson(McLaren) – 1:27.058

O dia 31 de maio de 1981 estava quente e com clima seco no principado de Monte Carlo, mas um problema inédito atrasou a largada em uma hora. Um incêndio no Hotel Lowes causou um vazamento de água, criando uma verdadeira cachoeira na entrada do túnel, deixando o local bem molhado. Com supervisão pessoal de Ecclestone, as primeiras voltas no túnel teriam bandeira amarela no local, mas a corrida teria seu início normalmente. Assim como também ocorreu normalmente a largada, com Piquet, Villeneuve e Mansell passando pela St. Devote sem maiores problemas. Contudo, mais atrás, Andrea de Cesaris aumentava seu cartel de acidentes no ano quando ele foi tocado e acabou espremendo Mario Andretti no guard-rail, acabando com a corrida de ambos em apenas centenas de metros de corrida.

Após um suspense com a reação dos carros na parte molhada do túnel, ficava claro que Mansell estava segurando todo um pelotão atrás de si, enquanto Piquet e Villeneuve disparavam na frente. Reutemann atacava o piloto da Lotus com tudo, mas a notória dificuldade de se ultrapassar no circuito de rua de Monte Carlo sempre se fez presente e o argentino não conseguia se livrar de Mansell, mesmo sendo claramente mais rápido. Passar em Mônaco sempre foi um exercício perigoso e de audácia, mas com os líderes disparando na frente, Reutemann saiu de suas características mais cautelosas e tentou achar uma brecha na curva Loews, colocando sua Williams por dentro na curva mais lenta da F1. Como aconteceu neste domingo no caso de Hamilton, houve um toque, mas ninguém foi punido pela direção de prova, porém Reutemann e Mansell acabaram punidos de outra forma. A asa dianteira do argentino quebrou e ele teve que ir aos boxes trocá-lo, enquanto Mansell, com a suspensão quebrada, teve que abandonar. Com isso, Jones, que havia ultrapassado Patrese e De Angelis na largada, assumia o terceiro lugar e rapidamente se aproximava de Villeneuve.

Com problemas em seus freios e sua Ferrari cada vez mais desequilibrada, o canadense não deu muito trabalho a Jones e praticamente deixou o australiano subir para o segundo lugar. Villeneuve traía suas tradições tresloucadas e usava a cabeça para sobreviver no Grande Prêmio de Mônaco, algo que lhe ajudaria bastante mais tarde. E sobrevivência era um fator chave naquele dia, pois os abandonos começaram a aparecer pelas dificuldades inerentes do circuito monegasco, com a saída das duas Arrows por problemas mecânicos, do motor fundido de Elio de Angelis e das duas Renaults. Após despachar Villeneuve, Jones aumentou o seu ritmo e partiu para cima de Piquet, que após a corrida anterior em Zolder, quando foi jogado para fora da pista pelo piloto da Williams, ameaçou Jones de que o colocaria para fora da pista se fosse possível. Quando Jones encostou na traseira da Brabham de Piquet, todos pensavam se Jones seria tão agressivo com o brasileiro como tinha sido duas semanas antes na Bélgica, mas o piloto da Williams resolveu se acalmar e Piquet ainda liderava a prova, quando o inesperado aconteceu.

Na volta 54 Nelson Piquet tinha alguns retardatários a ultrapassar, entre eles, o Ensign de Patrick Tambay. Com Alan Jones próximo, Piquet tentou uma manobra otimista na curva Tabac e acabou por terminar sua corrida no guard-rail. Jones assumia a liderança da corrida com mais de 30s sobre Villeneuve, faltando apenas 22 voltas. O canadense dava um show à parte. Sua Ferrari tinha uma potência estúpida, mas o chassi era terrível e ninguém sabia ao certo como Villeneuve conseguia se manter na pista com um carro que saía de frente e de traseira em praticamente todas as curvas. No entanto, o canadense ia se mantendo em 2º lugar, mas a sua sorte mudou quando faltavam onze voltas para o fim. O motor Ford Cosworth do Williams de Alan Jones falhou e o australiano foi aos boxes para tentar resolver o problema. O carro tinha desenvolvido problemas de alimentação e bolhas de ar impediam a entrada de combustível na câmara de combustão. Sem ter mais o que fazer, Jones foi mandado de volta à pista, mas agora Villeneuve estava apenas 6s atrás. Na volta 72 de um total de 76, Villeneuve colocou sua Ferrari de número 27 por dentro da St. Devote e ultrapassou Jones de forma magnífica. A torcida da Ferrari, grande maioria em Mônaco, foi ao delírio. As últimas voltas daquele Grande Prêmio foram emocionantes, com os urros da torcida e Villeneuve segurando sua Ferrari como um peão de boiadeiro. Quando Villeneuve recebeu a bandeirada, parecia que a Itália tinha ganhado a Copa do Mundo. Mesmo com problemas, Jones ainda terminou em segundo, seguido por um obscuro Laffite, que completou o pódio. Villeneuve foi inteligente e paciente para levar sua inguiável Ferrari rumo a uma vitória que nem nos melhores sonhos de Enzo Ferrari poderia ser concebida. Após anos idolatrando as loucuras de Villeneuve, finalmente os tifosi puderam presenciar seu pequeno gênio fazer loucuras, mas com eficiência.

Chegada:
1) Villeneuve
2) Jones
3) Laffite
4) Pironi
5) Cheever
6) Surer

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Figura(MON): Sebastian Vettel

Com cinco vitórias em seis corridas, o jovem piloto da Red Bull está prestes a se tornar bicampeão e quebrar o recorde de precocidade também nesse item, mas a vitória de ontem com certeza será inesquecível para Vettel. Mesmo largando na pole como em outros triunfos, Vettel teve que superar adversidades para conquistar sua primeira vitória em Mônaco e teve uma atuação de gala neste domingo. Após um erro da Red Bull no pit-stop, Vettel caiu para segundo lugar na corrida e com a entrada do safety-car, surgiu a oportunidade arriscada de fazer o segundo stint da prova com o mesmo set de pneus macios. Seriam 62 voltas. Mesmo com uma liderança confortável no campeonato, Vettel aceitou a aposta de sua equipe e teve que suportar a grande pressão exercida por Fernando Alonso e Jenson Button no final da corrida, dois campeões mundias e vencedores em Monte Carlo, além de estar com pneus em melhores condições. Vettel não errou em circunstâncias dificeis e não teve medo de arriscar, quando a lógica previa cautela por causa do campeonato. Esse é o ímpeto de Sebastian Vettel e sua equipe. Superar a lógica!

Figurão(MON): Mercedes

Após um respiro nas últimas corridas, o time da estrela de três pontas foi um verdadeiro fiasco nas ruas do principado de Mônaco. Após um bom desempenho na quinta-feira com Nico Rosberg, as coisas começaram a degringolar para a equipe alemã justamente quando Nico sofreu um forte acidente no treino livre de sábado e o jovem tedesco ficou para trás nos treinos. A boa posição de Schumacher no grid foi circunstancial e o próprio heptacampeão estragou tudo ao largar muito mal, perdendo várias posições e o principal beneficiado foi Rosberg, mas totalmente sem ritmo, os dois alemães se transformaram em chicane móveis, segurando vários pilotos por algumas voltas, mas o nível de degradação dos pneus foi tão alto, que tanto Rosberg como Schumacher foram ultrapassados e tiveram que antecipar seus pit-stops. O detalhe foi que apenas a Mercedes sentiu problemas com a borracha. Caindo para as últimas posições, a Mercedes esteve longe até mesmo de pontuar, com Schumacher tendo seu sofrimento abreviado quando abandonou com problemas mecânicos. Dono de um dos maiores orçamentos da F1, o time Mercedes necessita urgentemente melhorar para sair de situações terríveis como a de ontem.

domingo, 29 de maio de 2011

O que eu vou dizer lá em casa, Hildebrand!

Imaginem-se você ter 23 anos e estar prestes a entrar para a história do automobilismo mundial ao vencer a edição de cem anos das 500 Milhas de Indianápolis. Você está em sua primeira temporada na Indy e numa equipe que já foi grande, mas que hoje é apenas intermediária no pelotão. Você está se aproximando da curva 3 e dá de cara com um retardatário, mas aquela é a última volta e seu combustível está acabando, com outros pilotos vindo detrás sem nenhuma preocupação em economizar. Isso era o cenário de J.R. Hildebrand quando faltavam quinhentos metros para uma bandeirada consagradora e, ao mesmo tempo, surpreendente. Porém...


Quando o jovem americano deixou Charlie Kimball para trás na última volta, pensei. ‘Ele está alto demais.’ Não roguei nenhuma praga e muito menos azarei o pobre rapaz, que foi para a sujeira e se estrepou todo na curva 4. Numa tentativa desesperada, acelerou o que restava do seu Panther rumo à bandeirada, mas Dan Wheldon estava próximo demais e conseguiu sua segunda vitória na pista de Indiana na última curva da última volta. Se a edição deste ano das 500 Milhas já entraria para a história por causa do centenário da corrida, a chegada de hoje aumentou essa sensação e Hildebrand, que teria dado uma guinada em sua carreira com essa vitória, como aconteceu com Trevor Bayne quando este ganhou as 500 Milhas de Daytona no início deste ano, poderá cair no ostracismo com uma das mais cruéis derrotas na longa história de Indianápolis.

A prova de hoje em Indianápolis tinha sido um domínio da Ganassi, com Franchitti e Dixon se revezando na liderança da corrida, enquanto Tony Kanaan fazia uma ótima corrida de recuperação e a carruagem do time de Sam Schmidt virava abobora na medida em que Alexandre Tagliani perdia rendimento. A Penske fazia uma corrida irreconhecível, com seus três pilotos tendo problemas em vários momentos da corrida e ficando longe da vitória. Numa das poucas bandeiras amarelas da corrida, já no final, a estratégia entrou em campo e a Ganassi dividiu a tática entre seus dois pilotos, com Scott Dixon permanecendo acelerando forte, enquanto Franchitti diminuía o ritmo e tentaria vencer economizando combustível. Porém, outros peões faziam parte deste complexo tabuleiro. Oriol Servia continuava andando forte, corroborando com o forte mês do espanhol no oval de Indiana. Tony Kanaan finalmente chegava ao pelotão da frente, trazendo consigo Graham Rahal, da segunda equipe Ganassi e estava muito forte no final. E Dan Wheldon. Após uma ótima fase na década passada com a Andretti, que lhe deu um título e uma vitória em Indianápolis em 2005, o inglês foi perdendo espaço na Indy e esse ano não conseguiu nenhum cockpit. Apenas um contrato com o time do seu ex-companheiro de equipe Bryan Herta para correr em Indianápolis. Wheldon surpreendeu com um bom treino e o inglês soube utilizar a sua experiência durante a corrida, sempre se mantendo entre os dez primeiros.

Na medida em que as últimas paradas iam acontecendo, a corrida ia se definindo. Danica Patrick liderou várias voltas até parar, cedendo seu lugar ao obscuro belga Bertrand Baguette. Quando o europeu parou, parecia que Franchitti, andando muito devagar, venceria, mas, praticamente do nada, apareceu Hildebrand na frente. O americano vinha mais forte do que o escocês e ultrapassou Franchitti, passando a liderança. Ele teria combustível? Quando recebeu a bandeira branca, parecia que o piloto da Panther ganharia, mas Hildebrand fez o maior erro de um piloto nos últimos tempos, entregando a vitória de bandeja para Wheldon, que estava no mesmo ritmo de parada de Dixon, Rahal e Kanaan, mas superou-os quando foi aos boxes uma volta antes e manteve um ótimo desempenho nas voltas derradeiras.

Foi uma corrida inesquecível e com um vencedor inesperado. Quem poderia imaginar Dan Wheldon vencendo uma prova após ter sido demitido da própria Panther ano passado? Licença poética ou não, o inglês se vingou de sua antiga equipe de uma maneira que ninguém irá esquecer. Principalmente Hildebrand.

Sem anticorpos

Todo mundo duvidava de uma corrida emocionante e cheia de ultrapassagens em Mônaco. A pista é estreita e os pilotos ainda estavam assustados pelos dois acidentes fortes no final da reta do túnel, que deixou Sergio Pérez fora de combate neste domingo. Porém, Monte Carlo viu uma de suas melhores corridas na história e se o final foi agridoce, não foi por causa dos pilotos. Se a F1 mudou até a acunha de que é impossível ultrapassar em Mônaco, o que não mudou foi o vencedor. Sebastian Vettel não tinha o melhor carro e deu até sorte em conseguir a pole no sábado, sorte essa que se repetiu no domingo, quando teve que superar um erro de sua equipe nos boxes e arriscou uma estratégia arriscadíssima para vencer, mesmo com os mesmos pneus por mais de 60 voltas e com dois campeões mundiais e vencedores no principado no seu cangote nas voltas finais.






Os pilotos foram bastante calmos na largada, mas houve quem saísse bem ou mal no apagar das cinco luzes vermelhas. Se Vettel e Button mantiveram suas posições, Alonso ultrapassou Webber ainda na primeira curva e Schumacher ficou praticamente parada na largada, dando chances a Rosberg dar um pulo lá na frente. Porém, o heptacampeão fez uma ultrapassagem antológica em Hamilton na primeira volta na curva Loews, mas a Mercedes tinha sérios problemas de desgaste de pneus e seus pilotos logo criaram uma fila de carros atrás de si. Em outros anos, isso significaria uma enorme procissão por 78 voltas no principado, mas 2011 está bem diferente com relação a isso. Hamilton passou Schumacher na St Devote. Massa e o surpreendente Maldonado passaram Rosberg na Tabac. A F1 estava vendo ultrapassagens até mesmo em Mônaco. Enquanto isso, Vettel disparava na frente, mas pela primeira vez no ano, a Red Bull deu uma mancada nos boxes. Um cobertor térmico pregou num pneu de Vettel e o alemão perdeu muito tempo e para piorar, Webber entrou logo depois e ficou ainda mais tempo parado. Quanto Button e Alonso pararam, Vettel estava em segundo, mas havia a estratégia e foi aí que a Red Bull venceu a corrida. De forma surpreendente, a McLaren colocou pneus supermacios no carro de Button, enquanto o time austríaco colocou pneus macios no carro de Vettel. Claramente a Red Bull pensava num terceiro setor com pneus supermacios, mas quando Button colocou novamente pneus macios em uma segunda parada, a Red Bull arriscou deixar Vettel até o final da corrida. O alemão teria que andar mais de 60 voltas com o mesmo pneu. Para aumentar a dramaticidade, um safety car fez com que Alonso parasse uma segunda vez sem perder tempo. O final da corrida foi eletrizante. Ao contrário das suas demais vitórias, Vettel teve que lutar pelo primeiro lugar em condições de nítida inferioridade. O alemão, com pneus no talo, teria que suportar a pressão de Alonso e Button, dois pilotos que já venceram em Monte Carlo, e com pneus melhores. A bandeira vermelha destruiu a grande emoção do final da corrida, mas não maculou a grande exibição de Vettel, que venceu pela quinta vez em seis provas deste ano e só uma conjunção cármica tirará o bicampeonato do jovem alemão, que está pilotando como nunca e, para desespero dos rivais, parece evoluir cada vez mais!


Depois de tomar uma volta em casa e ter participado de uma semana tumultuada, Fernando Alonso conseguiu um grande resultado em Mônaco e o segundo lugar não deixou de ser um suspiro para a crise ferrarista deste ano. Mesmo sendo o mais rápido na sexta-feira, Alonso sabia que não tinha muitas chances de vencer no domingo, mas a Ferrari não errou na estratégia e pressionava fortemente Vettel quando veio a bandeira vermelha. Bons pontos para o espanhol, que disse que não desistiria do título tão cedo, mas no íntimo, sabe que o máximo que irá fazer será brigar pelo vice. Felipe Massa fazia uma corrida razoável, ultrapassando Rosberg e postergando sua primeira parada, mas acabou perdendo um pouco de tempo nos boxes que o deixou atrás de Webber na volta à pista e, pior, na alça de mira de um Lewis Hamilton endiabrado. O inglês da McLaren estava num dia meio estabanado, mas não achei a tentativa de ultrapassagem de Hamilton tão absurda assim como disseram os homens globais hoje. O próprio Hamilton havia levado uma ultrapassagem na curva Loews mais cedo e a diferença foi que ele deu espaço, algo que Felipe não o fez, sendo que o piloto da Ferrari se deu pior e acabou se espatifando no muro do túnel e provocando a primeira entrada do safety-car. Apesar dos sorrisos no pódio, Jenson Button pode muito bem reclamar de sua equipe, que tirou uma vitória certa sua. Numa chance rara de vencer, o inglês da McLaren estava com a faca e o queijo na mão, quando sua equipe colocou pneus supermacios numa segunda parada, o deixando atrás de Vettel e Alonso, tendo que fazer mais uma parada por obrigação. Não tendo o mesmo ímpeto de Hamilton, estava na cara de Button não iria forçar uma situação de risco e o terceiro lugar no pódio acabou sendo um mero premio de consolação ao inglês. Hamilton teve uma corrida complicada e acidentada, sendo que em muitas situações, foi o próprio inglês que provocou as confusões em que se meteu. A briga com Schumacher foi belíssima, com os dois campeões trocando de posição duas vezes. Porém, o toque com Maldonado pode ocasionar uma punição a Hamilton e ainda foi uma pena pela bela corrida do venezuelano, que faria seus primeiros pontos na F1 numa corrida sólida e inteligente.


Mark Webber perdeu uma enormidade de tempo após a besteira de sua equipe nos boxes e o australiano parecia ser fadado a ter uma corrida medíocre, atrás de carros bem mais lentos, quando o piloto da Red Bull ressurgiu agressivo na última relargada e ultrapassou de forma bela Kobayashi, salvando um quarto lugar, mesmo posição que completou a primeira volta. E ainda fez a melhor volta da corrida. Num momento difícil da Sauber, Kobayashi conseguiu seu melhor resultado na carreira e também de sua equipe no ano com um quinto lugar, mostrando muita agressividade também na hora de defender posições, pois já era conhecido o quanto o japonês era bom em ultrapassar. Com apenas uma parada, Kobayashi está mostrando uma grande competência em fazer corridas de paciência, sabendo aproveitar todas as chances que lhe aparecem. Adrian Sutil estava com a mesma estratégia de Koba e passou boa parte da corrida em quarto, mas seus pneus não resistiram e quando foi ultrapassado pelo japonês, Sutil perdeu muito rendimento e ainda se envolveu no acidente que trouxe a bandeira vermelha para a prova, depois de muitos anos sem interrupções em uma corrida de F1. Petrov foi o maior prejudicado e acabou no hospital com dores na perna, apesar do acidente não ter sido muito espetacular visualmente. O russo estava marcando pontos, mas a Renault, num final de semana difícil, não saiu de mãos abanando e marcou pontos com Heidfeld, discretíssimo após sua boa corrida semana passada. Outro que foi discreto e eficiente foi Barrichello. Se seu companheiro de equipe fazia uma corrida espetacular, Barrichello preferiu uma estratégia de uma parada e com os acidentes no final da prova, o brasileiro marcou seus primeiros pontos no ano e também da Williams. Mesmo que Maldonado merecesse mais...


A Mercedes fez uma corrida terrível, com seus carros desgastando muito os pneus e não se recuperando mais durante a prova, tanto que Rosberg não marcou pontos mesmo com vários carros abandonando no final. Schumacher abandonou com problemas mecânicos no início, mas seu destino não seria muito diferente, já que estava próximo do companheiro de equipe quando saiu da corrida, mas Schummy não passou impune e praticamente inaugurou um novo ponto de ultrapassagem na Loews. Por algum motivo que ninguém sabe ao certo, deixaram a Hispania largar mesmo sem ter participado da Classificação e o carro espanhol era claramente mais lento que os demais, mesmo Lotus e Virgin. Buemi ainda salvou um pontinho, enquanto Alguersuari bateu no engodo no final da prova. Porém, na comparação entre os dois pilotos da Toro Rosso, no qual um dará seu lugar a Daniel Ricciardo, Buemi está bem melhor no momento.


Se ano passado teve um campeonato espetacular e corridas monótonas, 2011 tende a ser exatamente o contrário. Hoje Vettel teve que suar o macacão para ganhar pela quinta vez, mas o seu título em 2011 já pode ser considerado favas contadas. As novas regras trouxeram uma grande variedade de estratégia e esse era o real objetivo da Pirelli. Os três primeiros de hoje tiveram três estratégias diferentes, mostrando que um piloto pode usar os pneus de forma diferente e obter sucesso a sua maneira. E não faltaram ultrapassagens. Num futuro, podemos olhar 2011 e lembrar um campeonato chato, mas para quem viu as corrida deste ano, não podemos reclamar nada desta temporada.

sábado, 28 de maio de 2011

Susto e confusão

Quando ocorre um acidente onde os comissários de pista estendem enormes panos para que não vejamos o resgate do piloto, nosso coração fica bem mais apertado do que numa ultrapassagem bem feita ou uma bela batalha na pista. Desde 1994 a F1 não vê uma tragédia e essa geração não está acostumada com os temíveis anos pré-Ímola/94. Não vou mentir que não me exaltei muito enquanto Sergio Pérez era resgatado. Meio que sabia que ele não teria nada demais, como foi exatamente o que ocorreu. Tudo não passou apenas de um susto em Monte Carlo, mesmo que o local do acidente de Pérez nos faça relembrar do mesmo ano de 1994, quando Karl Wendlinger nunca mais foi o piloto promissor que era após bater no final da reta do túnel.


Fora os memomentos de tensão, os treinos ocorreram de forma normal e o resultado, idem. Sebastian Vettel ficou com a pole, a quinta em seis corridas, mas o alemão teve um sorte digna de campeão que provavelmente será no final do ano. O piloto da Red Bull não liderou nenhum treino e mesmo com um ótimo tempo, a pole estava indo para as mãos de Hamilton, Button ou, forçando um pouco mais a barra, Alonso. Depois da crise nesta semana que custou o emprego do diretor-técnico Aldo Costa, a Ferrari deu uma respirada com o bom desempenho de Alonso, diminuindo um pouco a tensão. Felipe Massa, mesmo em seus bons tempos nunca andou bem em Mônaco, foi mais do mesmo, ficando bem atrás de Alonso. A McLaren foi a grande derrotada pela bandeira vermelha causada pelo acidente de Pérez. Hamilton se preparava para abrir sua volta rápida e era favorito à pole, enquanto Button também tinha jeito que ficaria bem mais perto de Vettel. Se Button ainda ficou com a primeira fila, Hamilton foi ainda situação pior, com o inglês tendo seu tempo anulado por ter cortado uma chicane e largará apenas em 9º, péssima posição numa pista estreita como Monte Carlo.


Nico Rosberg teve seu desempenho atrapalhado por um acidente no treino livre pela manhã e foi superado por Schumacher, que também se beneficiou da confusão do Q3 e largará na melhor posição do ano. Por sinal, Rosberg bateu praticamente no mesmo local de Perez, que vinha bem, ao superar Kobayashi. Dono de quatro vitórias em Monte Carlo, Maldonado superou mais uma vez Barrichello, que se mostra cada dia mais abatido e desmotivado, apesar de dizer o contrário. Ano passado pelo menos superava seu companheiro de equipe. 2011 nem isso... Péssimo resultado para a Renault, que pode perder o motor Renault, e ótimo para a Lotus, que ficou com esse nome e quase foi para o Q2 por forças próprias.


A corrida amanhã tende ser igual ao dos anos anteriores, pois ultrapassar em Mônaco sempre será difícil mesmo com todos os subterfúrgios possíveis e imaginários. Largada e estratégia, que deverá ser de racionais duas paradas, serão mais esseciais do que nunca amanhã, com Vettel tendo uma boa vantagem. Só espero que não haja sustos como o de hoje.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Enquanto isso nos States...




Fora F1, os grandes destaques deste final de semana no automobilismo ficou mesmo nos Estados Unidos. Mesmo quando não tem corrida. É que o grid para as 500 Milhas de Indianápolis foram realizadas de forma dramática neste sábado e domingo e coroou a surpresa Alexandre Tagliani. O experiente canadense foi sempre um dos mais rápidos nas várias sessões de treinos em Indianápolis e para quem acompanhava de perto os testes, não chegou a se surpreender, porém, Tagliani não é um piloto vitorioso em sua já longa carreira e sua equipe, a Sam Schmidt, é estreante neste na pista de Indiana na F-Indy, apesar de um passado glorioso na Indy Lights. Schmidt, por sinal, tem uma história interessante, pois ficou paraplégico após um acidente na F-Indy em 1999 e ao invés de se livrar do automobilismo, o americano resolveu montar uma equipe e suas lágrimas no sábado demonstram bem todo o sacríficio do chefe de equipe.


A primeira fila terá ainda Oriol Servia, mostrando o ressurgimento da Newman-Hass, e de Scott Dixon, da tradicional Ganassi. Dos três que ocupam a fila da frente, Dixon é o mais experiente e já venceu uma vez as 500 Milhas. Ao contrário do que se esperava, Will Power foi o piloto mais rápido da Penske, ficando em sexto, enquanto Helio Castroneves ficou dez posições abaixo e Ryan Briscoe, por causa de um acidente no sábado pela manhã, só se classificou no domingo. Apesar de achar Castroneves um piloto fraco, particulamente neste ano, o brasileiro tem uma sorte absurda em Indianápolis e pode surpreender, assim como Franchitti, que passou o mico de ficar sem etanol durante os treinos e largará apenas em 9º. A decepção ficou por parte da Andretti, que colocou apenas três dos seus cinco carros no grid na pista, mas comprou outra vaga para Ryan Hunter-Reay, o primeiro piloto da equipe, tirando da corrida Bruno Junqueira, que se viu de fora da Indy 500 pelas mesmas cirscunstâncias pela segunda vez em três anos. Sem Tony Kanaan para acertar os carros da Andretti, o time sofre com um time de pilotos sofríveis em ovais, principalmente Hunter-Reay, que sempre andou bem apenas em mistos. Danica e Marco Andretti não andam em circuito nenhum...


Outro fato interessante foi a estréia de Kimi Raikkonen na Nascar correndo pela Truck Series no último sábado. Correndo no tradicional (e difícil) circuito oval de Charlotte, o finlandês não fez feio e chegou em 15º, à frente até mesmo de Nelsinho Piquet, que ficou no top-10 a prova inteira, até rodar nas voltas finais. O futuro de Raikkonen na Nascar é uma completa incógnita, mas Kimi já chamou bastante atenção para si.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Figura(ESP): Adryan Newey

Ontem, a F1 viu a sua décima vitória no Grande Prêmio da Espanha. Não, não errei as contas de Sebastian Vettel ou me lembrei dos vários recordes de Michael Schumacher. Desde que o circuito de Montmeló entrou no calendário da F1 em 1991, ficou claro que o traçado técnico e seletivo espanhol sempre valorizaria o melhor chassi do plantel da F1. Foi assim nos últimos vinte anos e dentro dessa conta, Vettel garantiu a décima vitória de um carro projetado pelo gênio Adryan Newey. Esse inglês introspectivo é um dos grandes responsáveis da subida vertiginosa da Red Bull de uma equipe mediana e dominadora da F1 nos últimos dois anos. A eficiência aerodinâmica do carro da Red Bull ficou claro na disputa entre Vettel e Hamilton no final da prova, quando o inglês, equipado com Kers e asa traseira móvel, não conseguia ultrapassar o piloto da Red Bull porque na curva anterior, de alta velocidade, Vettel conseguia abrir uma diferença que era suficiente para se defender com folgas. Enquanto permanecer na Red Bull, Newey irá garantir um toque de qualidade e - por que não? - genialidade nos carros azuis, dando títulos e mais títulos a equipe.

Figurão(ESP): Mark Webber

Do que adianta ter o carro do protagonista da coluna acima e chegar apenas em quarto lugar depois de largar na pole? Este foi o mico de Mark Webber neste domingo. O australiano vinha fazendo seu melhor final de semana em 2011 e o melhor tempo no sábado poderia lhe lançar novamente na luta pelo título deste ano ao quebrar a incrível sequencia de poles do seu companheiro de equipe Vettel. Sabendo que o alemão é seu mais ferronho rival, Webber se preocupou demais com ele na largada e se esqueceu de fechar o espaço para um excepcional Fernando Alonso, que o ultrapassou na primeira curva. Para piorar, Webber também foi ultrapassado por Vettel e não o viu mais durante a corrida. Sempre atrás de Alonso, Webber perdeu contato com a dupla Vettel-Hamilton e quando finalmente se viu livre do espanhol, o piloto da Red Bull se viu superado pela melhor estratégia de Jenson Button, perdendo o seu lugar no pódio. Com este decepcionante resultado tendo em mãos o melhor carro deixou claro o lugar de Mark Webber dentro da equipe Red Bull. Mais lento e menos talentoso do que Vettel, Webber tem que se conformar mesmo com o cargo de segundo piloto dentro da Red Bull ou então se aposentar no final do ano, pois seu desempenho deste ano não está animando nenhuma outra equipe de ponta.

domingo, 22 de maio de 2011

Rumo ao bi

Ele não largou na pole. Ele não liderou todas as voltas. Até ultrapassagem ele teve que fazer. Houve pressão no final a prova. Mas Sebastian Vettel não tomou conhecimento dos seus adversários para conseguir a quarta vitória em cinco corridas e quase que garantir que, se não houver algo de muito extraordinário nos próximos meses ou o mundo se acabar, como foi anunciado ontem, dificilmente ele perderá o bicampeonato. Lewis Hamilton provou que seu talento é capaz de levar sua McLaren a lugares até então pouco imaginados pela dominação da Red Bull esse ano e quase vencer hoje, pressionando Vettel até o final.

E a dominação da Red Bull em Barcelona, pista preferida de Adryan Newey começou a ser posta em xeque logo na largada, quando os dois pilotos da Red Bull preferiram fechar um ao outro e não viram a aproximação de Fernando Alonso, que fez uma largada esplendorosa, pulando do quarto para a primeira posição ainda na primeira curva, enquanto Webber caía da posição de honra para terceiro. As primeiras voltas viram os quatro primeiros andando muitos próximos uns aos outros, com Hamilton fechando a fila, enquanto Petrov e a dupla da Mercedes ficavam cada vez mais para trás, segurando Jenson Button, que fez uma péssima largada, caindo para décimo. Mesmo com a nova asa traseira móvel e os pneus que se desmancham em dez voltas, a corrida foi decidida mesmo nas estratégias de boxe, com os pilotos da frente perdendo ou ganhando posições na medida em que entravam na hora certa ou errada nos pits. Enquanto a torcida urrava com Alonso à frente, a Red Bull antecipava a parada dos seus dois pilotos, mas enquanto Vettel permanecia onde estava, Webber perdia a 3º posição para Hamilton, que iniciava a longa perseguição a Vettel. Logo depois a segunda rodada de paradas deixou Alonso para trás e a briga particular entre Vettel e Hamilton se iniciava, com ambos não andando menos de 3s entre eles. Quando os dois líderes do campeonato foram calçados com pneus duros, Hamilton se aproximou ainda mais de Vettel, ajudado pelos problemas crônicos com o Kers da Red Bull, porém as tentativas de ultrapassagem do inglês da McLaren barraram nas tradicionais dificuldades de se ultrapassar em Barcelona e o máximo que Hamilton chegou a fazer foi colocar de lado no final da reta dos boxes. Vettel se portou muito bem sob pressão cerrada de Hamilton e provando seu amadurecimento, não errou quando isso seria fatal na sua luta pela vitória. O alemão da Red Bull já enxerga seus adversários de binóculos no campeonato e com uma sequencia tão forte como esta, Vettel já é favorito destacado ao bicampeonato. Já Mark Webber não aproveitou a chance que teve como pole e sua corrida hoje, praticamente um ano depois de uma bela vitória na mesma pista de Barcelona, provou o quanto o australiano não está no mesmo nível do seu companheiro de equipe e sua motivação está em baixa. Webber passou várias voltas atrás da Ferrari de Alonso, que já apresentava várias dificuldades e não chegou a pressionar Button por um lugar no pódio, quando o inglês parou uma vez menos do que o resto do pelotão. Ficar fora do pódio com o carro que tem em mãos e largando na pole não deve fazer nada bem a já baixa moral de Webber.

Hamilton talvez seja o piloto mais admirável do grid da F1 atual, com uma pilotagem usando o coração e andando muitas vezes mais do que o seu carro permite O inglês fez o dever de casa na Classificação e mesmo sendo ultrapassado por um rápido Alonso, Hamilton não baixou os braços e lutou a prova toda, tentando brigar com as duas Red Bulls, em particular com Vettel. Estava claro que Lewis estava no limite do seu carro, mas ainda teve tempo de economizar seus pneus quando ele sempre parava uma ou mais voltas depois que os adversários. A pressão que Hamilton impôs a Vettel nas últimas voltas foram a mostra de que o inglês não desiste nunca e se a McLaren tiver meio segundo na manga, Hamilton pode tirar esse outro meio segundo que separam Red Bull e McLaren (principalmente nas Classificações) no braço. O time inglês, por sinal, tem uma variedade interessante entre seus pilotos. Se Hamilton é agressivo ao extremo, também é incrível a eficiência de Jenson Button numa corrida de F1. Longe de ser o mais rápido do pelotão, Button consegue conservar os pneus de uma forma que ninguém consegue imitar e sua recuperação foi a prova disso, pois Jenson teve que ultrapassar, forçar os pneus, mas teve condições de fazer uma parada a menos do que todo mundo. A péssima largada foi o ponto mais baixo de Button hoje, mas chegar à frente de Webber, que estava sete posições à sua frente na primeira volta já diz muito de como foi boa a corrida de Jenson Button. Fernando Alonso fez a torcida espanhola e da Ferrari sonharem com uma largada estupenda e primeiras voltas tiradas da cartola, onde segurou as duas Red Bulls e Lewis Hamilton nas primeiras voltas. Porém, quando mais precisou de sua equipe, o espanhol foi despencando, na mesma medida que seu próprio desempenho também foi caindo, particularmente quando colocou os pneus duros. Alonso merece um carro muito melhor que tem em mãos e, no mesmo caso de Hamilton, o espanhol é capaz de tirar a diferença entre carros no braço. O espanhol saiu da disputa quando uma aparente bolha o fez antecipar a parada e seu rendimento foi tão baixo que ele acabou levando uma volta de Vettel, deixando apenas os carros de Red Bull e McLaren totalizando as 66 voltas da corrida de hoje. Porém, Felipe Massa foi ainda pior do que os erros de pit-stops da Ferrari. O brasileiro fez uma corrida pífia, provavelmente a pior do ano. Ao contrário das outras corridas, Massa largou mal, mas rapidamente voltou à posição original quando ultrapassou Buemi ainda na primeira volta, mas o piloto da Ferrari ficou empacado atrás das duas Mercedes sem ameaçar seriamente os dois alemães que vinham à sua frente. Para piorar, acabou ultrapassado por Button. Caindo pelas tabelas, Massa passou o vexame de ser ultrapassado pelo estreante Sergio Perez e por Nick Heidfeld, que havia largado em último, antes de abandonar com o câmbio quebrado e estava fechando a zona de pontuação. Com a renovação de Alonso até 2016, Massa necessita urgentemente mostrar serviço para ser contratado por outra equipe de ponta e a partir daí se tornar novamente um piloto de ponta e tentar o título. Mas com essas corridas que vem fazendo, Massa não servirá nem como segundo piloto da Ferrari.

A Mercedes deu indícios de que poderia reagir e brigar mais na frente, mas num circuito onde os melhores carros se destacam, a marca de três pontas ficou mesmo como a quarta força do campeonato. A corrida dos carros prateados foi definida com outra bela largada de Schumcher, que ganhou quatro posições e, mais importante, ficou à frente de Nico Rosberg, seu companheiro de equipe. Os dois alemães ficaram a corrida inteira juntos, correndo em dupla e completaram, sem muitos sustos, com a 6º e 7º posições na corrida de hoje. Muito pouco para quem investe zilhões de euros, mas bem melhor do que as perspectivas sombrias do começo do ano. O único bom momento de Vitaly Petrov hoje foi sua boa largada, quando pulou para 5º, mas o russo a partir daí foi caindo de rendimento de forma assustadora, ficando fora até mesmo da zona de pontuação, mas assustador mesmo foi a excepcional performance de Nick Heidfeld. O alemão largou em último, mas numa estratégia inteligente, o alemão teve mais pneus moles para se utilizar na corrida e isso se mostrou decisivo a ponto de Heidfeld não apenas pontuar com um ótimo oitavo lugar, depois de fazer várias ultrapassagens durante a prova, como chegou a encostar nas duas Mercedes, graças aos seus pneus macios no momento. Uma ótima corrida de Heidfeld, mas é uma pena que o alemão não seja tão regular e não fazer outras corridas como a de hoje. A Sauber pontuou com seus dois pilotos pela primeira vez no ano e quem também debutou na zona de pontuação foi Sérgio Pérez, que foi o 9º colocado, sendo ultrapassado por Heidfeld nas voltas finais. Outro destaque positivo desta prova com certeza foi Kamui Kobayashi, que teve um pneu furado na primeira volta, caiu para último, mas ainda teve fôlego para chegar em 10º, menos de 5s atrás de Pérez. Não entendo o que as outras equipes ainda não se interessaram no japonês, pois Koba é rápido, agressivo, competente e, mais importante, pode trazer muito dinheiro dos patrocinadores do seu país. A Force Índia mal apareceu na prova e Di Resta superou novamente Sutil, que parece estar mais preocupado com seus problemas fora da pista. Seria Sutil um novo Bertrand Gachot? A Williams continua em sua péssima fase e nem o fato de Maldonado ter largado entre os dez primeiros fizeram com que a equipe se aproximasse dos pontos, com ambos os seus pilotos ficando longe do top-10, principalmente Barrichello. Pobre Williams. Quinze anos atrás, Barcelona era uma pista em que o time era favorito. Hoje, briga com a Lotus, que tenta apenas fugir das nanicas. A Toro Rosso correu? Bom, Buemi foi ultrapassado por Massa e Button no início da corrida e foi apenas aí que alguém viu seus carros em algo importante do que não seja brigar no pelotão intermediário. Virgin e Hispania fizeram seus papeis de fecha pelotão, mas se serve de consolo, pelo menos há confiabilidade em seus lentos carros.

Comparando com as outras corridas, Barcelona não foi tão emocionante, mas pelos padrões espanhóis, a prova de hoje foi ótima. Houve um estudo essa semana que a média de ultrapassagens na pista no circuito de Montmeló era de 2,5 por ano. Hoje houve muito mais, pena que apenas nas posições intermediárias. Mesmo hoje a reta de Barcelona ser uma das maiores da F1, a asa traseira não ajudou muito, provando que o aparato até ajuda nas ultrapassagens, mas não é essencial. Mas os pneus. A F1 estava mesmo precisando de corridas mais movimentadas, mas a Pirelli errou na mão em construir pneus macios que mal duram dez voltas e uma borracha dura que chega a ser 2s mais lentos que os macios e não ter uma resistência que valha a pena utilizar na estratégia. Mesmo com os quatro primeiros da primeira volta (Alonso-Vettel-Webber-Hamilton) ter sido bem diferente da bandeirada (Vettel-Hamilton-Button-Webber), as trocas de posições ocorreram mais pelas paradas, que novamente foram quatro em Barcelona. É muito. A corrida se torna confusa para o leigo, pois quem tiver a sorte de ter o pneu certo na hora certa, como foi o caso de Heidfeld, terá uma vantagem absurda sobre os demais. Está na hora da Pirelli se movimentar em conseguir um pneu mais durável e confiável para não fazer uma propaganda inversa da sua borracha. Podendo ainda melhorar o show nas corridas, não um show de pit-stops. Porém, quem não está nem aí para esses pormenores é Sebastian Vettel. O alemão mostrou que pode vencer corridas em situações adversas e vai colocando seu nome na história. O bicampeonato parece ser questão de tempo!

sábado, 21 de maio de 2011

Muito bom para um segundo piloto

Essa foi a frase dita por Mark Webber após a sua vitória no Grande Prêmio da Inglaterra do ano passado. Na época, a frase dita pelo australiano pelo rádio causou um enorme mal estar, pois a Red Bull se orgulhava no momento de não se utilizar das famigeradas ordens de equipes, além de que Webber estava na frente no campeonato. Hoje, com Vettel disparado na frente e numa fase iluminada, Webber pode muito bem dizer isso novamente, pois o australiano, mesmo sendo segundo piloto hoje, foi muito bem em todo o final de semana até o momento, sendo o mais rápido na sexta-feira e no Q3, que onde é importante.

O recado da dominação da Red Bull foi dado no terceiro treino livre. Com 1.3s de vantagem sobre os demais, o time comandado por Christian Horner era franco favorito para ficar com a pole e como não poderia deixar de ser, Webber e Vettel decidiram praticamente sozinhos quem largará amanhã na pole, com vantagem para o australiano por exatos dois décimos. O atual campeão ficou com cara de que comeu e não gostou e até esboçou uma segunda tentativa, que na F1 atual seria péssimo estrategicamente para a corrida de amanhã, mas Vettel teve que amargar a primeira derrota do ano nas Classificações. A McLaren novamente ficou como a segunda força, mas com Hamilton praticamente 1s atrás dos carros azuis, enquanto Fernando Alonso mostrou sua magia ao separar os carros ingleses e tirar um quarto lugar da cartola. O sempre frio espanhol vibrou bastante pelo rádio, comemorando uma volta perfeita. Mas se Button, o segundo piloto da McLaren, ficou a milésimos de Hamilton, o mesmo não pode ser dito por Massa. Praticamente 1s atrás do companheiro de equipe e com a notícia de que Alonso reinará no time italiano até 2016, Felipe tem a certeza que dificilmente será campeão pela Ferrari, tendo que procurar uma casa nova se quiser este objetivo. Mas com atuações como a de hoje, será difícil alguma equipe grande querer o brasileiro...

A Mercedes pintou bem nos treinos livres, mas o time ficou longe de brigar com a McLaren e apenas Nico Rosberg marcou tempo no Q3, com Schumacher preferindo poupar pneus macios para amanhã. O detalhe que, após tantas críticas depois do fiasco em Istambul, Schumacher estava mais rápido do que Rosberg hoje. Com o incêndio no carro de Heidfeld hoje pela manhã, Petrov tomou as rédeas da Renault e pôs o carro numa boa posição, mostrando a evolução do russo. Barrichello segue sua sina de sempre remar, remar e remar, mas na hora de colher os louros, ver o companheiro de equipe lhe superar. A Williams estava muito mal nas Classificações, mas depois de muito tempo colocou um carro no Q3, mas com Pastor Maldonado! Coitado de Rubinho, que ainda amargou ter sido o último das equipes estabelecidas, sendo que Kovalainen superou a opaca Force Índia no Q2, conseguindo a melhor colocação da história (recente) da Lotus. Tomara que no boxe da equipe hindu não tenha copos de vidro, pois Sutil, especialista em cortar pescoços com esse aparato, ficou muito atrás (novamente) de Paul di Resta.

A prova amanhã tende a ser um domínio da Red Bull, pois mesmo com todas as novas regras, dificilmente não veremos algo diferente dos dois carros azuis disparando na frente, com o segundo pelotão brigando pelo lugar mais baixo do pódio. Ano passado, Webber venceu em Barcelona, mas a gana demonstrada por Vettel em vencer, quando quase foi à pista novamente para tirar a pole do australiano, pode ser o prenúncio de uma nova briga entre o primeiro e o segundo pilotos da Red Bull.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

História: 15 anos d Grande Prêmio de Mônaco de 1996

A F1 via um domínio muito forte do duo Williams-Hill e em Mônaco, o inglês ainda tinha contas a acertar. Filho de Graham Hill, mais conhecido como Mr. Mônaco, Damon Hill ainda procurava sua primeira vitória no principado e com o melhor carro do plantel, o piloto da Williams tinha a sua grande chance em 1996. Porém, a Ferrari crescia a olhos vistos e a boa exibição de Michael Schumacher em Ímola poderia ser um sinal de que o alemão ainda não estava morto no campeonato.

Durante os treinos, havia perspectiva de chuva, mas tanto na quinta como no sábado, as atividades da F1 se realizaram com pista seca, mesmo com o tempo bastante nebuloso. Michael Schumacher aproveitou suas habilidades em Monte Carlo e conseguiu sua primeira pole com a Ferrari, colocando meio segundo em Hill, o piloto que vinha dominando as classificações até então. Ao contrário do imaginado, pois Jacques Villeneuve vinha de um campeonato com várias corridas em circuitos de rua, o canadense nunca se encontrou as apertadas ruas de Monte Carlo e mesmo tendo em mãos uma Williams, Villeneuve foi apenas 10º colocado no grid. Pressionados dentro da equipe Benetton, particularmente por Flavio Briatore, Berger e Alesi finalmente deram sinais de vida e ficaram com toda a segunda fila.

Grid:
1) Schumacher(Ferrari) – 1:20.356
2) Hill(Williams) – 1:20.866
3) Alesi(Benetton) – 1:20.918
4) Berger(Benetton) – 1:21.067
5) Coulthard(McLaren) – 1:21.460
6) Barrichello(Jordan) – 1:21.504
7) Irvine(Ferrari) – 1:21.542
8) Hakkinen(McLaren) – 1:21.688
9) Frentzen(Sauber) – 1:21.929
10) Villeneuve(Williams) – 1:21.963

O dia 19 de maio de 1996 amanheceu novamente nublado no belo cenário no principado de Mônaco, mas com uma pequena diferença para os dias anteriores. A chuva veio forte. Como ninguém tinha corrido com piso molhado, a FIA liberou a pista aos pilotos por 15 minutos, trazendo problemas a Mika Hakkinen e Andrea Montermini, que bateram seus carros. A McLaren ainda tinha um carro reserva para o finlandês, mas a Forti não tinha esse luxo e Montermini estava fora da corrida ainda antes de iniciá-la. Um fato curioso ocorreu com o outro piloto da McLaren. O capacete de David Coulthard estava embaçando muito e o escocês pediu um capacete emprestado a Schumacher, que na época era um dos seus melhores amigos e tinha os mesmos patrocinadores. Para desespero das equipes, a chuva cessou bem no momento do início da volta de apresentação, mas todos estavam com pneus para pista molhada.

Damon Hill fez uma excelente largada e ultrapassou Schumacher ainda na St. Devote, enquanto Verstappen, Fisichella e Pedro Lamy abandonavam ainda na primeira e escorregadia primeira curva. Ultrapassado pelo grande rival, Schumacher tentou partir para cima de Hill, superando os limites de sua Ferrari, que escorregava para todo lado. O resultado foi uma saída de frente na Portier e uma batida no guard-rail. Schumacher também estava fora da corrida na primeira volta, mesmo destino tendo Rubens Barrichello, só que na curva Rascasse. Com a saída de Schumacher, Hill já tinha 4s de vantagem sobre o 2º colocado Alesi, que era seguido por Berger, Irvine, Frentzen e Coulthard. Enquanto os três primeiros corriam sozinhos na frente, Irvine era pressionado fortemente por Frentzen, que não encontrava espaço para efetuar a ultrapassagem, enquanto uma fila de carros era formada atrás da desequilibrada Ferrari de Irvine. Na volta 9, Berger foi aos boxes e um mecânico rapidamente plugou um notebook na Benetton do austríaco, que diagnosticou um problema no câmbio. Em menos de dez voltas, a corrida em Mônaco tinha apenas doze carros na pista.

Impaciente em ter Irvine à sua frente, Frentzen tentou a ultrapassagem na St. Devote, mas o piloto da Ferrari fechou o alemão e Frentzen teve que voltar lentamente aos boxes para colocar um bico novo em seu carro. O piloto da Sauber voltou em último, mas era o mais rápido na pista. A pista secava a olhos vistos e na volta 28, o então intocável Damon Hill colocou pneus slicks e em apenas uma volta, o inglês descontou 7s para Alesi e o ultrapassou. Definitivamente, os pneus slicks eram os mais adequados no momento. Quando todos os pilotos fizeram suas trocas, um fato chamou a atenção de todos. Olivier Panis, que havia largado apenas em 14º, era o piloto mais rápido da pista e estava na 4º posição, pressionando Irvine. O piloto da Ligier teve um problema com o motor Mugen Honda no sábado, mas Panis esteve sempre entre os mais rápidos nos treinos livres e tinha sido o mais rápido no escasso treino de 15 minutos com pista molhada. Irvine tinha se provado um piloto dificílimo de se ultrapassar, mas Panis estava num dia iluminado e num local improvável, o hairpin Lowes, o francês colocou por dentro da Ferrari e assumiu o 3º posto. Irvine ficou tão surpreso em ser ultrapassado naquele local, que deixou sua Ferrari morrer. O irlandês já tinha desatado o cinto de segurança, quando seu carro pegou no tranco, como tinha acontecido com Riccardo Patrese quatorze anos antes. Irvine teve que ir aos boxes para que os mecânicos recolocassem o cinto e se perdeu muito tempo, mais exatamente uma volta, servia de consolo ao irlandês que Patrese tinha vencido a corrida de 1982...

Damon Hill liderava de forma imperiosa o Grande Prêmio de Mônaco e tudo levava a crer que ele conseguiria sua 4º vitória na temporada e ainda venceria na pista que fez a fama do seu pai. Então, de forma inesperada, o confiável motor Renault abriu o bico na 40º volta, quando rasgava pelo túnel de Mônaco. A corrida de Hill estava terminada, para desespero do inglês. Alesi agora tinha a corridas nas mãos, mesmo com Panis sendo o piloto mais rápido na pista, mas a vantagem do francês era superior a 30s sobre o compatriota. Alesi faz uma segunda parada de precaução, mas as coisas não estavam certas para o piloto da Benetton. Poucas voltas depois ele retornou aos pits, mas desta forma definitiva, com a suspensão quebrada. De uma forma inacreditável, Olivier Panis assumia a liderança da corrida, mas Coulthard estava menos de 5s atrás. O capacete de Schumacher estava dando sorte. Porém, as confusões ainda não tinham terminado. Villeneuve era um nome nulo na corrida e o canadense só apareceu quando bateu no retardatário Luca Badoer no hairpin Lowes e ambos abandonaram. Já no final da corrida, a chuva voltou a dar as caras, dando uma maior dramaticidade aos pilotos. Com a Ferrari nitidamente desequilibrada, Irvine bateu na Portier, mesmo local de Schumacher quase duas horas antes, mas o irlandês levou mais gente, quando os finlandeses Hakkinen e Salo não conseguiram frear e bateram na Ferrari. Com tudo isso, apenas quatro carros ainda permaneciam correndo no Grande Prêmio de Mônaco. A Ligier não liderava uma corrida desde 1986 e Panis tinha Coulthard próximo, ainda tendo que administrar a pista escorregadia. Porém, o francês se portou como um veterano e para delírio de toda a equipe Ligier, ele venceu o seu primeiro Grande Prêmio. Dando um toque a mais de pastelão nessa corrida maluca, Frentzen recebeu uma informação errada e entrou nos boxes uma volta antes da bandeirada. Sendo assim, apenas os três pilotos que foram ao pódio receberam realmente a bandeirada. Essa vitória foi bem significativa para Panis e para a França, tanto que o piloto desfilou com uma enorme bandeira tricolor pela pista. Era a primeira vitória gaulesa após a Era Prost, mas também seria a última de Panis, da França e da tradicional Ligier, que seria vendida justamente à Alain Prost no final do ano.

Chegada:
1) Panis
2) Coulthard
3) Herbert
4) Frentzen

terça-feira, 17 de maio de 2011

História: 30 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1981

O clima não era nada amistoso quando o circo da F1 chegou a Zolder para o Grande Prêmio da Bélgica de 1981. A briga entre FISA e FOCA não parecia ter fim e para piorar, a polêmica regra que deixava os carros 6cm acima do solo para acabar com o efeito-solo nos carros se revelou um fracasso total pela esperteza das equipes. Primeiramente a Brabham inventou através do genial Gordon Murray a suspensão hidropneumática, fazendo com que o carro ficasse na altura regulamentar em baixas velocidades, mas colado no chão quando a velocidade fosse alta. As demais equipes reclamaram bastante, mas na Bélgica, praticamente todas as escuderias já tinham sua suspensão hidropneumática e a Williams foi ainda mais cara de pau, ao colocar um dispositivo ao lado do câmbio para o piloto controlar a altura da suspensão, fazendo com que Jones e Reutemann liderassem na sexta-feira.

Contudo, esse não foi o principal elemento daquele dia. Os boxes naqueles tempos eram lotados de ‘aspones’ e como Zolder tinha um pit bastante estreito, a esperada tragédia ocorreu. Carlos Reutemann ia para a pista, quando o mecânico da Osella Giovanni Amadeo escorregou e acabou atropelado pelo argentino, morrendo mais tarde. Os mecânicos da F1 ficaram revoltados e prometeram um protesto. Dentro da pista, a Brabham copiou o polêmico sistema da Williams e imediatamente Nelson Piquet melhorou seu tempo em meio segundo, mas como choveu no sábado, o brasileiro teve que se contentar com o segundo lugar. Isto porque Alan Jones, que tinha sido o mais rápido na sexta, teve seu melhor tempo anulado por que seu Williams estava irregular, exatamente por defeito na nova suspensão hidropneumática. Na Renault, o péssimo rendimento do seu carro turbinado na travada pista de Zolder acabou afetando seus pilotos e René Arnoux, que não conseguiu tempo para se classificar na sexta, acabou se desentendendo com um fiscal de pista e acabou a noite na prisão!

Grid:
1) Reutemann(Williams) – 1:22.28
2) Piquet(Brabham) – 1:23.13
3) Pironi(Ferrari) – 1:23.47
4) Patrese(Arrows) – 1:23.67
5) Watson(McLaren) – 1:23.73
6) Jones(Williams) – 1:23.82
7) Villeneuve(Ferrari) – 1:23.94
8) Cheever(Tyrrell) – 1:24.38
9) Laffite(Ligier) – 1:24.41
10) Mansell(Lotus) – 1:24.44

O dia 17 de maio de 1981 tinha sol em Zolder, mas o clima nem sempre estável da Bélgica podia causar surpresa. Assim como foi surpreendente o que aconteceu quando os carros estavam alinhados no grid. Faltando cinco minutos para o início da volta de apresentação, todos os mecânicos se postaram em frente aos carros, impedindo a largada, em forma de protesto frente a falta de segurança nos boxes. Percebendo a confusão, Gilles Villeneuve e Didier Pironi saíram dos seus carros e se solidarizaram aos mecânicos. Juntos aos pilotos da Ferrari, seguiram para frente do grid Jacques Laffite, Jean-Pierre Jabouille, Eddie Cheever, Prost, Bruno Giacomelli, Andretti, Beppe Gabbiani, Piercarlo Ghinzani, Keke Rosberg, Siegfried Stohr, Marc Surer e Patrese. Jody Scheckter, presidente da GPDA, entregou um documento ao diretor da prova, Derek Ongaro, pedindo uma maior atenção da FISA e da FOCA às opiniões dos pilotos.

A confusão estava formada. A largada estava atrasada e no lugar de mostrar uma corrida de carros, as TVs de todo mundo mostrava uma pequena rebelião do baixo clero da F1, incomodando Bernie Ecclestone, que mandou Nelson Piquet dar partida em seu Brabham. Foi o início de outra confusão. Quando mecânicos e pilotos acharam que seus objetivos foram alcançados e resolveram voltar aos seus postos, foi dado o sinal para que a volta de apresentação se iniciasse. Quem não se solidarizou com os mecânicos, como Piquet, iniciaram a volta de apresentação, enquanto alguns pilotos ainda estavam sendo amarrados em seus carros. Piquet e Jones chegaram rapidamente aos seus lugares no grid, enquanto havia pilotos ainda no meio da pista. Temendo que sua embreagem queimasse, Piquet foi esperto e iniciou uma segunda volta de apresentação, para desespero dos organizadores, que estavam em meio a um verdadeiro caos. O pole Reutemann se desespera quando percebe que aquela demora estava queimando sua embreagem e Frank Williams corre em socorro ao seu piloto. Quando Piquet finalmente chega ao seu lugar, alguns pilotos estavam claramente com problemas em suas embreagens, como Prost e Patrese, que deixou seu Arrows morrer. O italiano acenou freneticamente que estava com o carro morto, mas isso não comoveu Derek Ongaro, que deu a ordem de largada. O mecânico-chefe da Arrows, David Luckett, saiu correndo em socorro ao seu piloto, tentando fazer o carro da Arrows retornar à vida. Quando o sinal verde apareceu, muitos pilotos conseguiram evitar o carro parado de Patrese. Largando seis filas atrás do companheiro de equipe, Siegfried Stohr pensou que poderia ganhar posições através daquele espaço vazio e acelerou forte para a esquerda. Numa infeliz coincidência, Stohr deu de cara com o carro de Patrese parado, com Luckett ainda trabalhando, e atingiu a traseira da Arrows em cheio.

Apesar deste nome, Stohr era italiano e sua reação latina deu ainda mais dramaticidade a cena, enquanto Lucktett jazia imóvel atrás do carro de Patrese. Inicialmente os mecânicos da Ligier deram os primeiros socorros e a corrida foi paralisada na segunda volta. Mais atraso, algo indesejável a Ecclestone, que inutilmente permitiu Piquet dar outra volta quando a bandeira vermelha já estava em ação. Apesar do impacto, Dave Luckett teve bastante sorte em ter apenas as pernas machucadas e a tragédia de sexta não se repetiu. Depois de 40 minutos, a segunda largada foi dada (sem a presença da Arrows) e Didier Pironi aproveitou a potência de sua Ferrari para assumir a primeira posição ainda antes da primeira curva. Reutemann e Piquet vinham logo em seguida. Assim como aconteceu em Ímola, Pironi liderava a corrida, mas dava claras indicações de que não tinha ritmo o suficiente para se manter na ponta e via um trenzinho se formar atrás dele. Pironi, Reutemann, Piquet e Jones ficaram dez voltas andando colados, até Piquet dar o bote em Reutemann, trazendo consigo Jones. E então ocorreu outro lance polêmico.

Na volta seguinte, Jones tocou claramente em Piquet para tirá-lo da corrida e o brasileiro abandonou ali mesmo, ficando preso nas telas. Piquet ficou furioso e deu essa declaração a Quatro Rodas. “O Alan Jones só foi campeão ano passado com muita sorte e por ter me tirado da pista na penúltima prova. Só que ele é uma besta e está desesperado porque está correndo atrás de Reutemann. (...) Prometi a ele depois da corrida que nunca irei estragar uma corrida minha, mas na próxima vez que ele estiver me dando uma volta de vantagem eu ponho ele para fora.” Uau! Já pensaram algum piloto atual dizendo isso? Porém, o castigo de Jones viria poucas voltas depois. Após ultrapassar Pironi e marcar a melhor volta da corrida, o australiano da Williams errou uma marcha e passou reto, batendo forte num guard-rail e queimando sua perna quando uma mangueira do radiador estourou. Após todos esses problemas, a corrida ficou monótona. Reutemann assumiu a liderança da corrida, seguido por Laffite e o surpreendente Nigel Mansell, cujo carro a Lotus teve que fazer as pressas após não correr em Ímola. O tempo foi fechando e a chuva deu as caras quando faltavam quinze voltas para o final e com medo de mais problemas, a direção de prova determinou o fim da corrida, com Reutemann vencendo e batendo o recorde que era do seu compatriota Juan Manuel Fangio, ao marcar pontos por quinze corridas consecutivas. Mansell também tinha o que comemorar, pois marcava seus primeiros pontos e logo com um pódio. Porém, Carlos Reutemann chorava enquanto o hino argentino tocava. Mesmo com a vitória, o recorde e a liderança do campeonato, aquele tinha sido um final de semana extremamente dolorido a Il Lole.

Chegada:
1) Reutemann
2) Laffite
3) Mansell
4) Villeneuve
5) De Angelis
6) Cheever

domingo, 15 de maio de 2011

Tudo perfeito

Se houve um grande vencedor neste Grande Prêmio da França, este foi Casey Stoner. Pode parecer redundância falar isso do vitorioso da corrida em La Mans, mas as circunstâncias por trás da vitória do australiano da Honda nos fazem crer que Stoner está agora mais tranqüilo rumo a conquista do bicampeonato.

Desde os treinos livres Stoner dominou em Le Mans, pista que não gosta e nunca havia vencido. A terceira pole do australiano era um bom indício, mas não era garantia de sucesso, pois só havia conquistado uma vitória e 2011 e a tensão do australiano era clara quando deu um soco em Randy de Puniet durante o warm-up e foi multado por isso. Após a tradicional largada relâmpago de Pedrosa, Stoner cuidou para se manter em 2º e atacar o companheiro de equipe no melhor momento. Pedrosa, que ainda se recupera do ombro esquerdo operado, perseguiu de perto Stoner por algumas voltas, mas o ombro convalescente cobrou sua conta e Pedrosa perdia rendimento, provocando a aproximação de Marco Simoncelli. Provocando também a outra vitória de Stoner deste domingo.

Enquanto o australiano disparava na frente, Simoncelli se aproximava a olhos vistos de Pedrosa, com o espanhol sendo uma vítima até fácil do italiano. Simoncelli, com seu jeito doidão, já havia causado polêmica em outras provas por causa do seu estilo agressivo e ultrapassagens temerosas. A ultrapassagem sobre Pedrosa era questão de tempo e mesmo com uma Honda satélite, Simoncelli conseguiu a manobra praticamente na primeira tentativa, mas Pedrosa, com a Honda oficial, utilizou a prodigiosa potência de sua moto e tentou retomar a posição na reta, mas eis que Simoncelli resolveu se segurar e numa audaciosa manobra por fora, se manteve em 2º, mesmo saindo da pista, porém, Pedrosa foi ao chão. As opiniões pipocaram sobre a manobra de Simoncelli. Agressivo? Sujo? Gênio? O fato foi que a direção de prova puniu o italiano com um Ride Trough e Simonceli estava fora do pódio. Mais uma vez. Contudo, a queda de Pedrosa não foi tão simples assim e as imagens mostravam uma batida seca no asfalto sagrado de Le Mans com força no lado direito do corpo. Pedrosa primeiramente se preocupou com o ombro machucado, o esquerdo, mas o pior aconteceu: fratura no ombro direito. E provavelmente algumas corridas de fora.

Mais atrás, uma animada briga acontecia pelo segundo lugar entre Lorenzo, Rossi e Doviziozo. O atual campeão não conseguiu acompanhar o ritmo dos ponteiros e era alcançado com relativa facilidade por Rossi, levando sua Ducati nas costas, e Doviziozo, pressionado por ter uma ótima moto nas mãos, mas não brigar pela corrida. Um pódio para Doviziozo era praticamente obrigação, principalmente com a queda de Pedrosa e o italiano ultrapassou Lorenzo e Rossi, sendo que teve que se segurar dos ataques do último, vindo muito forte nas voltas finais. Valentino provou hoje que ainda é melhor do pelotão e esse seu primeiro pódio com a Ducati pode significa um avanço rumo ao primeiro pelotão. Outro fato que chamou a atenção foi o mau desempenho da Yamaha e isso também tem a ver com Rossi. Com o italiano acertando a moto, a Yamaha venceu três títulos seguidos, mas com Rossi se mudando para a Ducati, os japoneses parecem ter perdido o fio da meada e nem o talento de Jorge Lorenzo pode fazer com que vençam todas as provas, mesmo com o espanhol ainda na liderança.

Com tudo isso acontecendo, Stoner entrou na última curva empinando e garantindo mais uma vitória na carreira. O australiano subiu para a vice-liderança do campeonato, mas o momento está todo a seu favor. O líder Lorenzo está tendo claras dificuldades em andar no mesmo ritmo da Honda com sua Yamaha e a tendência é mesmo que o espanhol caía ainda mais durante a temporada. Mesmo com a segunda colocação hoje, Andrea Doviziozo está longe de ser o preferido da Repsol Honda e com Pedrosa mais uma vez machucado, Stoner reina praticamente sozinho na melhor equipe e com a melhor moto da MotoGP. O título parece indo para as mãos de Stoner.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ensaio para a marmelada



No dia em que a F1 comemorava seu 51º aniversário, a categoria passava por um momento nada agradável. Dez anos atrás, era realizado o Grande Prêmio da Áustria de 2001 em Zeltweg e a briga pelo título era entre Michael Schumacher e David Coulthard. Schumacher havia largado mal e foi ultrapassado por Juan Pablo Montoya no apagar das cinco luzes vermelhas, mas o alemão partiu para cima do representante da Williams. Na 16º volta, Montoya não deu espaço e os dois acabaram saindo da pista, retornando logo depois. Barrichello assumiu a ponta, mas durante as paradas de box, o brasileiro perde a liderança para Coulthard, que havia largado apenas em 7º. Depois de muito remar, Schumacher assumia a 3º colocação, logo atrás de Barrichello. Enquanto Coulthard, apenas 2s à frente, recebia a bandeirada, Barrichello abria passagem para seu companheiro de equipe assumir o 2º posto. O brasileiro esperneou, mas seu contrato seria renovado na semana seguinte. O intrigante foi a declaração de Claudio Berro, na época assessor de imprensa da Ferrari. Perguntado se a ordem de equipe seria dada se Barrichello estivesse em 1º e Schumacher em 2º, o italiano negou veementemente. Um ano depois...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Figura(TUR): Sebastian Vettel

O alemão ainda não venceu uma corrida na F1 tendo alguma intempérie durante a uma hora e meia de prova, mas Sebastian Vettel mostrou todo seu talento num final de semana que começou pessimamente para ele. No primeiro treino livre, com pista encharcada, o piloto da Red Bull tentou a melhor volta e acabou errando na saída da temível curva 8, batendo muito forte no guard-rail. O RB7 ficou destruído a ponto de Vettel não poder participar do segundo treino livre, desta vez com pista seca, onde a metereologia previa para os próximos dois dias. Sem nenhum acerto com pista seca, utilizando apenas o set-up básico da equipe e as informações de Mark Webber, Vettel deu show no sábado, marcando o tempo mais rápido no terceiro treino livre e a pole com uma facilidade espantosa para um piloto que praticamente não andou no dia anterior, ao contrário dos seus rivais. No domingo, Vettel fez o que está acostumado a fazer. Largou bem, disparou no início, administrou a vantagem para o segundo colocado (quem quer que fosse...), a Red Bull fez quatro paradas perfeitas e Vettel apenas esperou a bandeirada para sua terceira vitória em quatro corridas. Não foi a vitória que eu espero para chamar Vettel de gênio. Ainda. Mas o alemão teve um pouco mais de dificuldade para conseguir esta vitória e ele só teve que se preocupar em não beber champanhe no pódio. Na Turquia só se bebe algo alcoolico acima dos 24 anos. O prodígio alemão só tem 23...

Figurão(TUR): Williams

Quatro corridas. Zero ponto. Tudo bem, a Williams está anos-luz dos tempos gloriosos das décadas de 80 e 90, mas nem em seus tempos de equipe mambembe, o time de Frank Williams teve um começo de ano tão ruim como agora. Rubens Barrichello nunca foi um gênio, mas o piloto mais experiente da F1 é capaz de levar um bom carro a resultados aceitáveis. Pastor Maldonado entrou na F1 através de dinheiro ditatorial-bolivariano, mas o venezuelano sempre mostrou rapidez nas categorias de base e é o atual campeão da GP2. Como o problema não é os pilotos, resto ao carro e é aí que a crise da Williams se justifica. Com um orçamento limitado, a outrora gigante da F1 não tem recursos para construir um bom carro e tem problemas em praticamente todas as corridas e treinos, como na Turquia. Se não bastasse o raquítico motor Cosworth (usado por falta de grana...), o Kers permanece o tendão de aquiles da Williams, com seus pilotos não conseguindo utilizar corretamente o equipamento, além de outros desacertos com a outra novidade da temporada, a asa traseira móvel. Com as atualizações demorando a chegar, o ano da Williams já parece péssimo com apenas um quinto da temporada e com erros estratégicos do já demitido Sam Michael, as coisas tendem a piorar.

Tom e Jerry

A Nascar está se caracterizando cada vez mais pela cabeça quente de seus pilotos e neste sábado, na tradicional pista de Darlington, a coisa virou até cômico. Kyle Busch é o que podemos chamar de Bad Boy, normalmente se envolvendo em toques e polêmicas, fazendo ser odiado pelos torcedores apesar do seu talento. Já Kevin Harvick cismou que seria o novo Intimidador, substituindo Dale Earnhardt no coração dos seus torcedores, por sinal, a maioria na Nascar. Harvick é aquele tipo de piloto da velha guarda, sempre com cara de mal e pronto para uma briga. Em Darlington, Busch (carro 18) e Harvick (carro 29) se tocaram nas últimas voltas, com desvantagem para o último. Lógico que ele queria tomar satisfações. O vídeo abaixo mostra uma das cenas mais engraçadas do automobilismo mundial dos últimos tempos.


domingo, 8 de maio de 2011

Mais uma do perfeitinho

E ele não deu chance! Sebastian Vettel largou bem, administrou nas primeiras voltas, viu brigas pelo segundo lugar, a Red Bull fez paradas perfeitas e não errou na estratégia. Tudo isso resultou na tranquilissima vitória de Vettel, elevando o alemão da Red Bull a favorito absoluto para conquistar o título deste ano. Porém, como o próprio Vettel profetizou no sábado, a corrida foi muito disputada do segundo lugar para trás, com muitas ultrapassagens (algumas até covardes...) e briga por posições. Enquanto muitos já colocam a pecha de gênio na testa de Sebastian Vettel, ainda falta, em minha opinião, uma vitória vinda de trás, de recuperação, pois o alemão só vence quando larga na pole e sai bem no apagar das cinco luzes vermelhas.

E quando isso acontece, vimos o que vimos hoje. Vettel largou bem, ainda foi ajudado pela boa largada de Rosberg, que atrasou um pouco Mark Webber e desapareceu no horizonte turco. Vettel foi tão perfeito, que pouco foi visto na transmissão de hoje, já que seu domínio foi avassalador. Com receio de perder uma vitória certa por causa da estratégia, como ocorrido na China, a Red Bull fez até uma quarta parada para Vettel apenas por segurança, para não ocorrer nenhum incidente ou queda de desempenho. Vettel venceu pela terceira vez em quatro corridas e com mais um segundo lugar, disparou no campeonato. Já Mark Webber largou mal pela quarta vez consecutiva e foi engolido por Rosberg e ainda teve que se defender de Hamilton. Porém, o australiano não demorou em ultrapassar o piloto da Mercedes, mas acabaria surpreendido por Alonso, que o ultrapassou e passou a maior parte da prova em segundo. Quando a Ferrari colocou os pneus duros, permitiu a Webber partir para cima de Alonso e numa bonita ultrapassagem, deixou o espanhol para trás e completou a dobradinha da Red Bull. Porém, a realidade para Webber é que a sua situação é bem diferente de um ano atrás, quando quase venceu na Turquia até se envolver num acidente até cômico com seu companheiro de equipe. Hoje, Webber vê Vettel numa situação bem confortável dentro da equipe e no campeonato e com o melhor carro, o alemão já começa a pensar no bicampeonato.

Fernando Alonso era todo sorriso no pódio, pois sabia que tinha feito muito mais do que o esperado. Após a Classificação no sábado, todos diziam que a Ferrari era a quarta força do campeonato e espanhol já começava a reclamar. Porém, Alonso mostrou sua magia e se aproveitou da escapada de Hamilton para subir ao quarto posto, e com duas ultrapassagens, se elevou à segunda posição, ficando num sanduíche da Red Bull, andando na mesma balada dos carros azuis. Mesmo perdendo a 2º posição quando colocou os pneus duros e o seu rendimento caiu, Alonso garantiu o primeiro pódio da Ferrari no ano e mostrou que ele ainda faz a diferença. Já Massa perdeu a chance de brigar por algo a mais quando errou ontem e teve que largar em 10º. Mesmo com uma boa largada e ótimas ultrapassagens, Felipe passou a ser prejudicado pela Ferrari nos pit-stops, chegando a perder 9s em uma de suas paradas. A comparação que o Galvão fazia era enganadora, pois o narrador emparelhava os tempos de parada de Massa com a Red Bull, que foi praticamente perfeita nas paradas hoje, e não com Button e Rosberg, que também perderam tempo nos boxes, mesmo que nem tanto quanto o brasileiro. Juntando tudo isso a uma saída de pista, Felipe Massa ficou fora dos pontos e sua posição dentro da equipe, que havia melhorado por ter ficado à frente de Alonso duas vezes seguidas, voltava a estaca zero, pois via Alonso sorrir para sua equipe do alto do pódio.

A McLaren não apareceu bem na Turquia e ficou longe da equipe que parecia ser a única a brigar com a Red Bull. Hamilton, outro que teve uma parada desastrosa, ficou mais de 40s atrás de Vettel, enquanto Button tentou uma tática para parar uma vez menos e acabou se arrependendo no final da prova, sendo ultrapassado como se estivesse parado pelo próprio Hamilton e por Rosberg. O único ponto positivo da McLaren foi a boa batalha entre seus pilotos no início da corrida, após Hamilton ter errado mais uma vez enquanto atacava Webber na primeira volta e ficou atrás de Button. Os dois pilotos ingleses trocaram de posições algumas vezes, numa emocionante batalha, mas que foi decidida a favor de Hamilton mais por causa da estratégia. A Mercedes tinha dado pinta que poderia lutar pelo menos pelo pódio, mas a boa largada de Rosberg foi apenas uma ilusão. O alemão foi ultrapassado facilmente por Webber e Alonso, ficando bem atrás de alguma tentativa de pódio. Porém, a maior decepção vem sendo Schumacher. O ótimo terceiro treino livre do alemão foi apenas um sonho de verão e o heptacampeão fez uma de suas piores corridas de sua volta, sendo ultrapassado várias vezes, ainda que defendendo sua posição com unhas e dentes, como o toque que deu em Petrov logo no início da prova que estragou sua corrida. Longe dos pontos e do companheiro de equipe, Schumacher deveria pensar sobre o que está fazendo verdadeiramente na F1. A Renault fez outra corrida discreta e eficiente, com Heidfeld e Petrov marcando pontos importantes, ficando logo atrás de McLaren e a Mercedes de Rosberg. O interessante é o equilíbrio entre os dois pilotos, com Petrov e Heidfeld chegando a se tocar na metade da prova, mas desta vez o alemão ficou à frente, mesmo Petrov tendo ficado um bom tempo liderando o time francês.

Se o boato de que Mark Webber irá mesmo se aposentar no final do ano se confirmar e a Red Bull querer alguém de sua ‘escolinha’ Toro Rosso, o piloto escolhido deverá ser Sebastien Buemi. O suíço fez uma prova sólida e marcou pontos novamente em 2011, enquanto Alguersuari, que parece falar mais do que correr, ficou nas posições intermediárias. Outro destaque entre os que marcaram pontos foi Kobayashi, pois o japonês largou em último, passou os pilotos das equipes nanicas rapidamente e com seu ritmo forte de corrida, Koba ficou apenas esperando os erros dos pilotos de ponta para subir a zona de pontuação, o que acabou acontecendo com Schumacher e Massa. Já começo a achar que há um certo preconceito com Kobayashi pelo fato de ser japonês, pois se ele fosse europeu, com certeza já haveria uma enorme gama de equipes boas querendo o serviço dele. Pérez só apareceu em momentos distintos da corrida, quando quebrou o bico no começo e quando lutava com Sutil no fim, enquanto levava uma volta de Vettel na última volta. O mexicano é rápido, mas ainda necessita de mais experiência para andar no nível de Kobayahi. A Force Índia teve o único abandono da corrida com Paul di Resta, mas para sorte de Sutil, ele estava à frente do escocês nesse momento, escapando de levar outro couro do novato. A Williams vive uma enorme crise técnica e nem mesmo a boa performance de Barrichello no Q2 foi suficiente para que o brasileiro ficasse próximo dos pontos. Maldonado é apenas café-com-leite e nem sua loucura mostrada na GP2 vem dando as caras para animar um pouco. A Lotus já começa a se aproximar das equipes estabelecidas nos treinos, mas em ritmo de corrida o buraco ainda é mais embaixo, mas está bem à frente das outras duas. Por sinal, vale destacar que a Hispania está mais próxima da Virgin do que poderia supor, principalmente no quesito confiabilidade, vide que Timo Glock nem largou hoje.

Ano passado muita gente reclamou que o campeonato foi espetacular, mas as corridas foram chatas. Em 2011, o inverso pode acontecer. As corridas estão muito boas, mas Vettel tende a dominar o campeonato por completo e hoje, pode até ter uma dor de barriga daqui a duas semanas que ainda ficará na liderança. Com uma reta grande, hoje deu para perceber que a asa traseira faz muita diferença nas ultrapassagens e talvez fosse interessante uma mudança nas regras. Na verdade, apenas um retoque. Ao invés de poder usar a asinha apenas numa reta pré-determinada, mas por toda corrida, seria interessante que o piloto pudesse usar a asa onde quisesse, mas com um número limitado de vezes. Seria uma forma do piloto administrar essa variável e dar uma chance de defesa ao pobre que está sendo atacado em certas oportunidades. Porém, parece que Vettel não irá utilizar isso muitas vezes, pois ele dificilmente terá que fazer ultrapassagens nesse ano se a Red Bull e ele próprio manter esse ritmo.