segunda-feira, 2 de maio de 2011

Potência de azar

A corrida da Indy em São Paulo começa a ter a sina do azar. Ano passado, a prova aconteceu na correria, com tudo sendo feito às pressas e problemas que pareciam até mesmo simples se tornando algo próximo a um vexame histórico. Porém, a corrida em 2010 se realizou e os erros foram corrigidos para este, como as várias ondulações, o piso no sambódromo e etc. Até mesmo a data anterior foi mudada para evitar as famosas águas de março. No primeiro domingo de maio, dificilmente haveria tantos problemas pluviométricos em São Paulo. Mas uma frente fria...



Após a terrível interpretação de Luan Santana do hino nacional, a chuva se fez presente e a largada aconteceu debaixo de muita chuva, provocando incidentes logo na primeira curva. Então a chuva se tornou um dilúvio e a bandeira vermelha apareceu. O tempo passou, a chuva diminuiu e Luciano do Valle ficava com uma narração de velório, vendo a grade da Bandeirantes indo pro brejo com relação as semifinais do Campeonato Paulista e Carioca. Dario Franchitti dava a péssima notícia que a pista ainda tinha muitas poças d'água. Os carros ainda foram para pista, com a visibilidade já bem prejudicada com o cair da tarde e o óbvio aconteceu, com a corrida ficando para segunda. Mesmo com previsão de chuva. E pelo segundo ano consecutivo, não tivemos uma corrida sem sobressaltos em São Paulo, sendo que desta vez, por causa de motivos em que os promotores nada ou pouco podiam fazer.


Mas quem não se importou muito com tudo isso foi Will Power. O australiano da Penske já tinha marcado uma pole impressionante, tinha segurado muito bem seu carro ontem, nas quatro voltas em bandeira verde e hoje não se afobou em nenhum momento, mesmo quando foi ultrapassado por Takuma Sato numa relargada. Assim como ontem, a chuva apareceu, mas não da forma assustadora de ontem. O problema foi que ela apareceu bem no momento em que os pilotos estava se alinhando para largar. Usando a cautela, ninguém tentou nada a mais numa pista molhada com pneus slicks e a prova começo de verdade. Era até esperado outros acidentes, mas a turma se comportou muito bem e afora algumas rodadas sem grandes consequencias, a corrida, encurtada, pois foram contadas as 14 voltas de ontem, teve uma boa sequencia. A primeira bandeira amarela provocou a bandeira amarela que definiu a corrida. Takuma Sato já aparecia em 2º, com a rodada de Dario Franchitti, e numa relargada arrojada (bem ao estilo do japonês), o piloto da KV assumiu a liderança, deixando Power falando sozinho. Sato vinha se mantendo bem na liderança, enquanto Ernesto Viso, outro piloto da KV, galgava posições e não destruía outro carro, já que este seria usado em Indianápolis e em caso de outro problema, a participação do venezuelano estaria comprometida.


Mesmo com um bom ritmo, Sato acabaria sendo traído pela falta de experiência de sua equipe. Em outra bandeira amarela, a grande maioria dos pilotos foram aos boxes reabastecer e assim terminar a corrida. A KV resolver deixar seus dois pilotos na pista, junto com Marco Andretti e Sebastian Saavedra. Isso acabaria sendo fatal. Mesmo com o asfalto secando e a aderência mudando rapidamente, nenhuma bandeira amarela foi mostrada e o pessoal que ficou na pista precisou de outra parada. Graças ao trabalho da equipe Penske, Power liderava os pilotos que pararam, mas havia um problema. Com a saída de pista, Franchitti antecipou sua parada e não pararia mais. Justo Franchitti, que brihava com Power pelo campeonato. Pois na relargada, Power saiu de sua cautela e partiu para cima do escocês, conseguindo a ultrapassagem ainda no S do Samba. Power ainda ultrapassou Saavedra e apenas esperou Sato, Viso (este ainda foi punido) e Marco Andretti (numa tática suicida de colocar pneus de chuva) para reassumir a liderança e vencer pela segunda vez no Anhembi.


Com essa vitória, Will Power, com certeza o melhor piloto em circuitos mistos na Indy, também reassumiu a liderança do campeonato, mas o problema para o australiano é que a Indy agora começa uma mini-temporada em ovais, começando pela principal corrida do ano, as 500 Milhas de Indianápolis, no final deste mês. E Power ainda não se senta tão a vontade só virando para a esquerda. Sorte de Franchitti, que foi 4º e se mantém próximo de Power e agora correrá num tipo de circuito que sua equipe adora. Já os brasileiros não se aproveitaram do fator casa e fizeram corridas terríveis. Kanaan e Castroneves se envolveram no acidente da primeira curva de ontem e ainda machucaram a mão esquerda. Com nove voltas de atraso, pouca coisa fizeram hoje. Vítor Meira sofreu um acidente perigoso na hora do dilúvio e foi outro que começou em desvantagem de voltas hoje. Quem sobrou foram justamente os pilotos tupiniquins com menos recursos. Raphael Mattos acabaria quebrando dois bicos e abandonando por falta da peça. Já Bia Figueiredo também foi tocada, mas o certo é que ela é bem fraquinha, só andando nas últimas posições, enquanto seu companheiro de equipe, Justin Wilson, constantemente está no top-10. Falando em mulher, se Simona de Silvestro não tivesse se envolvido no acidente com Helio e Danica Patrick, provavelmente ela teria brigado pela vitória, pois a suíça imprimiu um ritmo tão forte, que ficou com a volta mais rápida da corrida de hoje.


Entre mortos e feridos, a Indy precisa rever alguns procedimentos, pois ontem não se sabia que a corrida seria reiniciado e iniciada do zero, e a bandeira branca (aviso de última volta) foi anunciada várias vezes, pois a contagem de tempo não saiu exata. E tomara que a etapa brasileira da Indy seja menos traumática do que as duas primeiras.

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