quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Final tenso e esquisito

O Grande Prêmio da Austrália de 1995 marcou o fim daquela temporada em que Michael Schumacher se firmou como a grande estrela daquela geração, mas o final de semana em Adelaide teve de tudo um pouco, inclusive a tensão de uma quase morte. Nos treinos livres de sexta-feira, Mika Hakkinen teve um pneu traseiro esquerdo com um furo lento e o finlandês acabou perdendo o controle do seu McLaren, batendo com muita violência no muro de concreto. Hakkinen teve o nariz quebrado, mas o pior foi que Mika teve suas vias respiratórias obstruídas e o finlandês não respirava. Uma traqueostomia de emergência foi feita em Hakkinen, que foi levado em estado grave ao Hospital Real de Adelaide, por sorte, a menos de um quilometro do local do acidente. 

Sem o finlandês, a corrida teve domínio da Williams, com David Coulthard conseguindo tomar a liderança do pole-man Damon Hill. De saída para a McLaren, o escocês liderava a corrida quando foi para os boxes para a sua primeira parada. Era uma manobra até banal para Coulthard, mas eis que o piloto da Williams comete um dos erros mais bizarros e ridículos da história da F1, quando bate na entrada dos pits. Querendo mostrar que a Williams estava errada em dispensa-lo, Coulthard precisava de bons resultados naquele final de ano, mas esse erro tão besta fez com que os críticos tivessem ainda mais argumentos para a saída do promissor escocês da equipe dominadora da F1 vinte anos atrás. Se serve de atenuante para Coulthard, poucas voltas depois o experimentado Roberto Moreno escorregou no mesmo local e com a suspensão quebrada, o brasileiro da Forti Corsi abandonava sua última corrida da F1.

A corrida em Adelaide transcorria com liderança tranquila de Hill, enquanto os demais pilotos de ponta tinham problemas. Schumacher e Alesi bateram e abandonaram. Herbert, talvez o piloto mais sortudo de 1995, não tem a mesma sorte dessa vez e abandonou quando estava em segundo. Berger e Frentzen, que ocuparam o segundo posto também abandonaram, deixando o posto de segundo colocado para Olivier Panis, que vinha fazendo uma temporada discretíssima em 1995. O detalhe era que o francês estava absurdas duas voltas atrás de Damon Hill, soberano naquele dia, vinte anos atrás. E o pior era que Panis estava com o motor fumando e Gianni Morbidelli, da Arrows, se aproximava, mas a famosa bandeirada em Adelaide foi dada antes de um ataque de Morbidelli e Panis comemorou seu melhor resultado na F1 até então. E Morbidelli também comemorou o seu único pódio na F1. Era um pódio até mesmo estranho, onde apenas oito carros completaram a corrida em Adelaide, enquanto Hill se igualava à Jackie Stewart como o vencedor com a maior diferença sobre o segundo colocado.

Criticado ao extremo vinte anos atrás, Hill deu uma boa resposta ao saber aproveitar a chance que teve para ganhar com extrema tranquilidade e a tendência era que esse ritmo do inglês continuasse em 1996. Com Schumacher começando um árduo trabalho com a Ferrari e Jacques Villeneuve apenas fazendo sua estreia na F1 na Williams, Damon Hill tinha as portas abertas para conquistar o seu título. Aquela corrida em Adelaide foi de muitas despedidas, inclusive da própria pista de rua australiana, que após dez edições, sairia do calendário da F1 para ser substituído por Melbourne, que seria realizada poucos meses depois, pois a Austrália deixaria de ser a última corrida para ser a primeira a partir de 1996. Felizmente, mesmo tendo ficado alguns dias em coma, Mika Hakkinen largaria normalmente em Melbourne! 

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