domingo, 29 de novembro de 2015

Esperança

A corrida em Abu Dhabi foi dentro da média do histórico de corridas ruins na pista asiática. Basta destacar que os três primeiros no grid terminaram nas mesmas posição na bandeirada, com boa diferença entre eles. Porém, a corrida de hoje, a última dessa insossa temporada de 2015, deu esperanças de um 2016 melhor. Nico Rosberg venceu pela terceira vez consecutiva, após conquistar seis poles seguidas, ficando perto de igualar gente como Schumacher e Senna na história da F1. Hamilton chegou em segundo, mas tentou fazer algo diferente para sobressair frente ao companheiro de equipe, mesmo que no final o inglês acabasse errando na estratégia. Raikkonen fez uma corrida anônima em terceiro, mas a forma tranquila como Vettel saiu de 15º para quarto mostra que a Ferrari deverá vir forte no ano que vem e, quem sabe, ameaçar esse reinado absoluto da Mercedes.

As duas corridas latino americanas foram tão ruins, que mesmo uma corrida dentro da normalidade em Abu Dhabi foi bem mais animada do que nos circuitos míticos de Hermanos Rodríguez e Interlagos. Houve muitas disputas no pelotão intermediário, com direito a muitas ultrapassagens e alguns pequenos toques entre os envolvidos. Lá na frente, Nico Rosberg parece ter aprendido a lição e largou maravilhosamente bem, enquanto Hamilton só ficou em segundo devido à falta de ambição dos pilotos da segunda fila. Melhor com os pneus supermacios, Rosberg abriu mais de 6s antes de Hamilton, mais rápido com os pneus macios, recortar a desvantagem para 1s. Aí começou o momento mais interessante da corrida e que pode apimentar novamente o clima nos boxes da Mercedes. Hamilton reclamou bastante da estratégia engessada da Mercedes no México e em São Paulo e por isso, resolveu mudar sua estratégia, ficando mais tempo na pista. Aparentemente, a Mercedes não concordou muito com a ideia de Hamilton, enquanto o inglês ficou na pista até faltarem pouco mais de dez voltas e ter até mesmo flertado em não parar mais. Para alcançar Rosberg na voltas finais, o normal seria que a Mercedes colocasse os pneus supermacios no carro de Hamilton, mas eis que... Lewis saiu dos boxes com pneus macios, mais do que insuficientes para uma tentativa de tomar a primeira posição de Rosberg, que venceu até mesmo de forma tranquila. Esse fato pode representar duas coisas. Primeiro, finalmente Nico Rosberg acordou de sua letargia em 2015 e com uma pilotagem muito forte nas últimas corridas, lembrou o piloto que quase tirou o título de Hamilton em 2014. Outra coisa é que Hamilton não parece estar tão relaxado assim e tentará de tudo para vencer o seu companheiro de equipe quando estiver numa situação inferiorizada. Contudo, Lewis viu que nesses momentos terá que ir contra a sua própria equipe, que, na minha visão, protegeu Rosberg ao não colocar os pneus supermacios no rápido último stint nos Emirados Árabes Unidos. O campeonato de 2015 não deixará muitas saudades para quem não estava de Mercedes ou se chama Lewis Hamilton, mas se 2016 voltar a ver Rosberg forte e algumas das polêmicas vistas no ano passado, talvez possamos ver um campeonato forte e competitivo.

Principalmente se a Ferrari continuar sua curva ascendente e ameaçar mais vezes a Mercedes. Hoje a equipe italiana fez um feijão com arroz sem muito tempero na corrida de Raikkonen, que largou em terceiro e terminou em terceiro. Faltou um pouco de ambição para Kimi na primeira curva, mas o finlandês, ainda tentando a quarta posição no Mundial de Pilotos, meio que sabia que o terceiro lugar estava assegurado, pois Vettel estava muito atrás. O alemão se arriscou na largada num toque com Alonso e Ericsson na primeira curva, mas depois Seb fez uma corrida forte de recuperação, começando a corrida com os pneus macios e esticando sua primeira parada. O alemão rapidamente chegou ao pelotão intermediário e nas últimas voltas, colocou os pneus supermacios, algo que a Mercedes se negou à Hamilton. Vettel rapidamente ultrapassou Ricciardo e Pérez para terminar num ótimo quarto lugar e garantir a melhor posição possível, vide da onde Vettel largou. Sergio Pérez fez sua melhor corrida do ano e mesmo ficando duas posições aquém do seu melhor resultado de 2015, o mexicano andou forte o final de semana inteiro, largou em quarto e só perdeu a posição para Vettel por que o alemão tem um carro superior ao seu e por Seb estar melhor 'calçado'. Pérez terminou 2015 em alta, superando com facilidade o badalado Hulkenberg. O alemão já merece um melhor carro faz tempo, mas desde a sua vitória em Le Mans, Hulk passou a ser superado por Pérez com alguma constância, algo que nunca havia acontecido antes. O WEC é um ótimo campeonato, na minha opinião, a única categoria que pode bater no peito e dizer que está no seu auge, ao contrário da grande maioria das categorias no mundo de esporte a motor, mas a vitória de Hulkenberg em Le Mans, principal corrida do WEC, mostra que a F1 ainda tem os melhores pilotos. Hulkenberg, superado dentro de sua própria equipe na F1, foi lá em Sarthe e venceu. A Red Bull terminou seu ano de sofrimento com Ricciardo fazendo uma boa prova chegando próximo de Pérez, que tem um motor bem melhor do que o seu, enquanto Kvyat caiu para décimo na última volta, ao ser ultrapassado por Grosjean. Falando em motor, ainda resta saber com qual motor a Red Bull vai correr em 2016, já que se garantiu no grid ano que vem. Apesar da crise de gestão da F1, foi a própria Red Bull que se meteu no buraco onde está enfiada agora e sem nenhuma montadora em vista (talvez a VW), dificilmente a trupe de Christian Horner e cia volte aos bons tempos em curto prazo.

Outra equipe que finalizou em baixa 2015 foi a Williams. Se no ano passado a equipe colocou dois pilotos no pódio em Abu Dhabi e Massa teve uma ligeira chance de vencer, hoje a Williams teve que se conformar com a oitava posição de Massa, a mesma em que o brasileiro largou, enquanto Bottas teve uma corrida conturbada e ficou longe de pontuar. O que chama atenção é o péssimo trabalho de boxes da Williams, seja nos pit-stops, seja na estratégia. A Williams passa a sensação de sempre trazer seus pilotos na hora errada e os pit-stops estão longe de serem os mais rápidos, culminando com a desastrada saída de Bottas, que foi liberado de forma errada, bateu na McLaren de Button, o que poderia ocasionar um acidente grave dentro dos pits, e a consequente punição do finlandês. A Lotus deve ter feito sua última corrida na F1 com Grosjean terminando nos pontos após o francês fazer uma corrida de recuperação, onde o piloto da Lotus fez bonitas ultrapassagens nos final quando colocou pneus supermacios, por causa de sua estratégia diferente dos demais. Foi uma corrida de despedida, pois Grosjean irá para o novo projeto da Hass e a Lotus deverá se chamar Renault em 2016. Pena que o novo projeto terá como testa de ferro um piloto limitado, ao meu ver intelectualmente também, como Pastor Maldonado. O venezuelano chama tanto acidente, que até quando não tem culpa se envolve num acidente, atingido hoje por Fernando Alonso na primeira curva, e Pastor acabou sendo o único abandono do dia. A Toro Rosso viu Max Verstappen dar seu show habitual de sempre, mas dessa vez o holandês não foi tão eficaz e acabou atrás de Carlos Sainz. A McLaren-Honda, numa pista travada, fez uma prova decente, com Button chegando na frente da Sauber, até mesmo fazendo ultrapassagens no final da reta. Uma evolução, sem dúvida, mas o enfado de Fernando Alonso, que quase desistiu da corrida por estar muito atrás, mostra bem o quão mal está a McLaren. Sem dinheiro para desenvolvimento, a Sauber terminou como a penúltima força do pelotão, mas bem à frente da Manor.

E assim terminou a temporada 2015. Ao menos não teve uma corrida tão ruim como as duas últimas, mas o resultado foi praticamente o mesmo. Houve brigas no pelotão intermediário, enquanto a Mercedes tentava segurar o ímpeto dos seus pilotos, enquanto que nós, fãs, queríamos mesmo era que Lewis Hamilton e Nico Rosberg corressem sem rédeas, cada um tentando superar o outro. Assim como queremos que outras moças, como a de hoje, vá receber a taça para a Mercedes. Fica essa esperança para 2016.

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