domingo, 15 de novembro de 2015

Bocejo

Foram duas corridas seguidas com um público animado e com arquibancadas lotadas em países latino-americanos. E novamente as coisas fora da pista estavam mais quentes fora do que dentro dela. Foi outra corrida sem graça e morna, onde as posições foram definidas logo após a largada e Nico Rosberg mais uma vez dominou Lewis Hamilton, que tentou em algumas estocadas realizar o sonho de vencer em Interlagos, mas o alemão sequer fez manobras defensivas para manter a ponta. Pela nona vez em 2015, Sebastian Vettel completou o pódio após domínio da Mercedes, numa corrida previsível, onde o desgaste dos pneus foi dentro do esperado e a chuva só ficou na ameaça do céu carrancudo.

Nem a magia de Interlagos foi capaz de dar um molho para a penúltima etapa de 2015 da F1. Hoje a corrida foi tão sem graça quanto na Cidade do México. Nico Rosberg largou bem e na primeira curva, espalhou para cima de Hamilton, indicando ao inglês que não daria qualquer colher de chá. A partir de então, os carros da Mercedes desapareceram frente aos demais, tanto que apenas a Ferrari não tomou volta dos bólidos prateados. O quinto colocado Bottas chegou com uma volta de desvantagem. Restava ver se Hamilton teria forças para dar o bote em cima de Rosberg. E Lewis tentou. O inglês fez voltas agressivas quando os seu pneus permitiram, abrindo a asa móvel algumas vezes e ficando a meio segundo do companheiro de equipe, mas Rosberg esteve impecável hoje, não dando chance a Hamilton sequer colocar de lado na disputa pela primeira posição. Quando os pneus se desgastavam, Lewis perdia rendimento e foi assim que a corrida terminou, com Nico Rosberg tomando fôlego na reta final da temporada com duas vitórias seguidas em cima de Hamilton e garantindo o vice-campeonato. Para Hamilton, que idolatra de forma exagerada, na minha opinião, Senna, ficou o gostinho de outro ano sem vencer nos domínios do seu ídolo e também a certeza de que, se ir para muitas festas e dar uma vacilada em 2016, Rosberg pode muito bem assumir as rédeas da equipe Mercedes.

Vettel ainda tentou fazer um diferente ao colocar pneus macios no meio da corrida e marcar a volta mais rápida, mas o alemão nunca teve reais condições de partir para cima das Mercedes e, grande novidade, ficou mais uma vez em terceiro, posição em que Vettel já conhece de cor e salteado em 2015. Raikkonen fez uma corrida discreta, onde também tentou fazer diferente ao parar duas vezes, mas o finlandês manteve a quarta posição. Os quatro primeiros colocados do Grande Prêmio do Brasil de 2015 terminaram da mesma forma em que largaram e que fecharam a primeira volta. Dando a clara indicação do quão 'movimentada' foi a prova de hoje. Bottas conseguiu uma largada sensacional, pulando de sétimo para quinto e ficou a corrida inteira nessa posição, numa prova solitária, mas seu companheiro de equipe Felipe Massa saiu frustrado da corrida, pois o brasileiro não conseguiu se acertar numa pista onde sempre andou bem e na oitava posição em que largou, Felipe terminou. Seu xará Nasr tentou a estratégia de duas paradas e o brasiliense chegou a andar em nono, mas com pneus mais desgastados foi caindo pelotão abaixo nas voltas finais e acabou longe da sonhada zona de pontuação. Hulkenberg e Kvyat foram ultrapassados por Bottas na largada e mantiveram suas posições até a bandeirada, onde ambos andaram perto ou longe em determinados momentos da corrida, mas sem maiores ameaças de ultrapassagem. Correndo de luto pelos atentados terroristas de sexta-feira, Grosjean conseguiu marcar dois pontinhos e a Lotus perdeu a chance de ter dois pilotos nos pontos quando Maldonado foi ultrapassado no final da prova por Verstappen. O holandês fez outra corrida consistente, fez uma bela ultrapassagem sobre Pérez, muito abaixo do companheiro de equipe em Interlagos hoje, e Verstappen marcou um pontinho, enquanto Sainz foi o único abandono do dia ainda na primeira volta, quando o espanhol mal dar a volta de alinhamento. Saindo lá de trás, Ricciardo chegou próximo dos pontos e ultrapassou o duo da McLaren-Honda, em outro final de semana esquecível para a promissora parceira. Ericsson foi vítima de Maldonado e os dois carros da Manor deram passagem para os rivais, como sempre.

Não foi uma corrida animadora em Interlagos, palco de disputas fenomenais em outros tempos. Havia até uma esperança de chuva, mas o tempo nublado só ficou na ameaça. Era a única forma de travar a monotonia vista dentro da pista. Não podemos falar mal da Mercedes ou de Nico Rosberg. Ao contrário, temos que parabenizá-los. Ninguém tem culpa de ser mais competente do que os demais. Porém, a F1 parece terminar como em 2002, quando uma temporada enfadonha pelo domínio ferrarista terminou com verdadeiros passeios vermelhos nas últimas etapas e a última imagem que ficou naqueles dias é que a F1 estava chata demais. E isso está se repetindo treze anos depois. Se serve de consolo para 2016, é que 2003 foi uma das melhores temporadas desse milênio!

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