Americanos adoram ler e assistir histórias de grandes viradas, de uma grande volta por cima dado por um determinado personagem. Em 2015, a Nascar proporcionou uma dessas histórias com o inesperado título de Kyle Busch neste domingo. Considerado uma das grandes revelações desse século nas pistas americanas, mas também dono de uma personalidade controversa, Kyle Busch começou o ano da pior forma possível, ao quebrar uma perna e um pé após fortíssimo acidente numa corrida da Xfinity Series em Daytona. Já contando com 30 anos de idade e já sendo considerado uma eterna promessa, parecia que Kyle não calaria a boca dos seus muitos críticos em 2015. Parecia. Num retorno espetacular, Kyle Busch conseguiu seu primeiro título na Nascar Sprint Cup com a vitória de ontem em Homestead, lavando a alma dos seus muitos fãs, além de colocar um definitivo cala boca em seus muitos críticos.
Kyle Busch está longe de ser considerado um piloto popular na Nascar e sua ficha corrida em acidentes propositais, brigas após corridas e desafetos é enorme. Assim como também é enorme o talento desse piloto que começou muito jovem na Nascar, à sombra do seu irmão mais velho Kurt Busch, campeão da Nascar em 2004. Porém, o psicológico de Kyle sempre o atrapalhou nos momentos decisivos, principalmente com a aberração dos Play-Offs da Nascar. Em 2009, Kyle foi o melhor piloto da Sprint Cup, venceu oito provas, mas nas dez corridas finais, 'Buschinho', como é conhecido por aqui, acabou sucumbindo à pressão e foi derrotado por Jimmie Johnson. O tempo foi passando e a necessária maturidade parecia nunca vir para Kyle, enquanto outros pilotos de sua geração, como Brad Keselowski, já tinham um título para contar.
Piloto principal da Joe Gibbs, Kyle começou 2015 da pior forma possível. Busch sempre correu na Xfinity Series, a segunda divisão da Nascar, se tornando, inclusive, o piloto com maior número de vitórias da história do campeonato. Em Daytona, primeira etapa do ano, Kyle se envolveu num fortíssimo acidente nas últimas voltas, quando seu carro se espatifou num muro sem 'soft-wall'. O resultado foi uma perna quebrada e um pé fraturado. E vários meses longe da pista. O sonho do primeiro título parecia adiado, mas ainda em maio Kyle Busch voltou às pistas e sua recuperação foi relâmpago, vencendo quatro corridas em cinco, garantindo uma vaga no famigerado Play-Off da Nascar, a cada ano mais apapagaiado. Antigo fantasma de Busch, essa fase não o amedrontou e na base da regularidade, o piloto da Gibbs chegou à última etapa entre os quatro que correriam pelo título. Lenda viva da Nascar e se despedindo das pistas, Jeff Gordon não tinha muitas chances, o mesmo ocorrendo com Martin Truex Jr. O grande rival de Busch seria mesmo Kevin Harvick, atual campeão da Sprint Cup.
Logo na definição do grid, Kyle Busch deu seu recado ao ser o melhor colocado entre os quatro postulantes ao ser terceiro no grid. Durante a corrida, que foi atrasada pela chuva, Kyle Busch sempre andou no top-5, marcando Harvick em cima. Na última bandeira amarela (bem mandrake, por sinal...), Kyle Busch estava em segundo, com Harvick em quarto. Os dois relargaram muito bem e tomaram as duas primeiras posições, mas Harvick acabou cometendo um pequeno erro que deu a tranquilidade necessária para Kyle Busch vencer e se tornar campeão pela primeira vez da Sprint Cup, formando com seu irmão Kurt outra dupla de irmãos campeões da Nascar.
No dia em que Jeff Gordon se aposentou, Kyle Busch tem o talento suficiente para se tornar, quem sabe, um multi-campeão no futuro. Afinal, a maturidade, após uma temporada dura, finalmente pareceu ter chegado.
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