domingo, 1 de novembro de 2015

Quente por fora...

...morno, quase frio, por dentro. Assim pode ser resumido o Grande Prêmio do México de F1 realizado agora à pouco. As arquibancadas estavam lotadas de fanáticos torcedores que se reencontravam com a F1 após 23 anos, com o adicional de ter na pista um dos seus, Sérgio Pérez, dentro da pista. Porém, dentro da pista, o que se viu foi uma corrida com poucas emoções e outra dobradinha esmagadora da Mercedes, com a diferença de Nico Rosberg finalmente se sobressair sobre Hamilton, mesmo com o inglês quase desobedecendo sua equipe quando ambos os carros prateados fizeram a segunda parada. Para melhorar as coisas para Rosberg, Vettel teve um dia de Maldonado e abandonou, com Valtteri Bottas completando o pódio, superando os carros da Red Bull numa disputa apertada.

A corrida não das mais animadas e nem mesmo os quase mil metros de distância entre a largada e a primeira curva trouxe maiores sobressaltos, com Nico Rosberg finalmente conseguindo uma saída decente, com Hamilton permanecendo em segundo, enquanto Sebastian Vettel começava o seu calvário ainda na primeira curva num toque com Ricciardo que furou o pneu da Ferrari. A partir de então, a corrida se tornou bem estática, com a Mercedes abrindo um caminhão de vantagem sobre o melhor do resto, no caso, Daniil Kvyat. Rosberg e Hamilton trocavam melhores voltas, com o alemão se sobressaindo com os pneus macios, enquanto Lewis era ligeiramente melhor com os médios. Porém, a diferença entre eles nunca foi significativa a ponto de haver uma briga mais forte entre os dois pilotos da Mercedes. O domingo foi o primeiro dia de calor no final de semana mexicano e por isso o desgaste ficou mais alto do que o esperado, fazendo com que a Mercedes trouxesse seus dois pilotos para os pits para uma segunda rodada de paradas. Rosberg, em primeiro, foi aos boxes na frente, como de praxe. E então criou-se um suspense, pois Hamilton não parecia muito animado em repetir a estratégia do companheiro de equipe. Se o inglês vencesse numa tática diferente, o clima dentro da Mercedes ficaria ainda pior do que já está, mas Hamilton fez sua segunda parada como a Mercedes queria e mesmo o safety-car provocado por Vettel ter aproximado novamente os pilotos prateados, Rosberg e Hamilton chegaram nessa ordem para a décima dobradinha da Mercedes em 2015, se configurando num domínio tão grande, quiçá maior, do que em 2014. Porém, a tensão entre Rosberg e Hamilton ficou evidente antes do pódio, com os pilotos mal se olhando. Se Nico Rosberg se reinventar em 2016 e repetir corridas como a de hoje, a próxima temporada pode ser tão animada como foi ano passado.

Com o dia desastroso de Vettel, o título de melhor do resto ficou à cargo dos pilotos de Williams e Red Bull, com predomínio para a última, com Kvyat tomando o terceiro lugar ainda na primeira volta e ficando nessa posição a maior parte do tempo. Porém, o russo foi engolido por Bottas na relargada e com as claras deficiências do motor Renault, Kvyat não esboçou sequer um ataque ao finlandês, mesmo os pilotos da Red Bull estando com os pneus macios e a Williams ter equipado pneus médios em seus carros. Bottas teve um final de semana bem agitado. Sendo um dos primeiros a parar, Bottas teve um reencontro nada amistoso com Kimi Raikkonen, desta vez com o piloto da Williams tocando em Kimi e jogando o compatriota longe, acabando com a corrida de Raikkonen, que mais uma vez forçou a barra. Sem maiores problemas no seu carro, Bottas conseguiu o segundo pódio da temporada e colocou o sombreiro da Pirelli. Kvyat teve que se conformar com o quarto lugar, enquanto Ricciardo também participou de um momento polêmico quando tocou em Vettel na primeira curva e acabou furando o pneu do alemão, que reclamou um bocado pelo rádio, mas o australiano não foi punido. Massa repetiu a estratégia do companheiro de equipe, mas esteve longe de repetir o desempenho de Bottas, ficando bem atrás do colega da Williams, num final de semana completamente opaco do brasileiro. Pior foi Vettel, que teve a corrida mais errática na sua carreira da F1, onde errou várias vezes e no fim causou o safety-car ao bater no soft-wall. Um dia para esquecer para Vettel e a Ferrari, que saiu de mãos abanando e com dois carros para consertar.

Correndo em casa, Sérgio Pérez teve a emoção de contar com o apoio de mais de 100 mil pessoas nas arquibancadas e o mexicano fez uma corrida correta, completando uma arriscada estratégia de uma única parada e fazendo duas ultrapassagens na espécie de 'Coliseu' construído no lugar da famosa curva Peraltada. Isso levantou o público, mas Pérez acabou superado com facilidade por Hulkenberg, que fez uma corrida discreta e no final da corrida, estava bem próximo de Massa, na briga pelo sexto lugar. Uma corrida muito boa do alemão, que vinha numa fase menos boa. Max Verstappen pontuou mais uma vez, mesmo o holandês tendo perdido rendimento na metade final da corrida, após ter chegado a andar em terceiro enquanto os líderes paravam. O que chama atenção é que na briga dentro da Toro Rosso, Verstappen já tem uma boa vantagem sobre Sainz, que não pontuou hoje, mas é considerado um ótimo piloto, contudo, Verstappen está se sobressaindo nessa briga. Falando em briga, as duplas de Lotus e Sauber andaram coladas a maior parte do tempo durante a corrida, com Grosjean ficando à frente de Maldonado e Ericsson superando Nasr, que abandonou no final da corrida com problemas, novamente, nos freios. A McLaren teve outra corrida terrível, com Alonso abandonando na primeira volta com problemas no motor novo e Button parecendo parado na longa reta dos boxes. E o pior é que a Honda parece bem animada em ceder seus motores à desesperada Red Bull em 2016, para desgosto da McLaren. Com seus dirigentes pedindo as contas, a Manor vê um Alexander Rossi chegar chegando e superando Stevens em todas as corridas em que andaram juntos.

A corrida no remodelado circuito Hermanos Rodríguez mostrou um público mexicano sedento por F1, gritando 'Nico, Nico, Nico' quando os carros dos três primeiros estacionaram na frente do público que lotou o estádio. Porém, isso foi uma das poucas coisas boas que a corrida mostrou. Mais uma vez a Mercedes dominou e Rosberg conseguiu uma vitória que ele tanto perseguia, mas erros, como o de Austin, impediram. Porém, essa reação do alemão veio tarde demais para animar o campeonato.

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