sábado, 26 de março de 2022

O que eles estão fazendo lá?

 


País com fama nada boa. Pista perigosíssima. Mísseis caindo a poucos quilômetros do circuito. Pilotos querendo boicote. Um forte acidente na classificação. Afinal, o que a F1 ainda está fazendo em Jedá? 

Essa pergunta deve ser feita por várias pessoas nesse momento na Arábia Saudita. Desde o primeiro treino no circuito de Corniche, está claro que a pista é rápida demais para se correr praticamente sem nenhuma área de escape. Modificações foram feitas nos poucos meses entre a primeira corrida no final do ano passado e a segunda edição, a ser realizada nesse final de semana. Para piorar as coisas, um míssil vindo do Iêmen caiu numa refinaria de petróleo a meros dez quilômetros de distância da pista saudita na sexta-feira. Durante os treinos livres, podia-se sentir o cheiro de queimado e uma longa coluna de fumaça podia ser vista da pista. Imediatamente os organizadores da corrida disseram que era seguro se correr lá. Ok, deve ser bem seguro correr em Kiev nesse momento também, pela lógico Domenicaliana...

Numa situação em que os dirigentes já tinham se acertado, os pilotos se reuniram e por longas horas ficou o suspense se haveria ou não um boicote, que seria liderado pelos pilotos mais experientes (Alonso e Hamilton). Conversa dali, confabula daqui e levantou-se uma sinistra hipótese. Nunca é bom desagradar um tirano em sua casa. Como reagiria Mohammed bin Salman, o truculento príncipe saudita, se não houvesse corrida? Melhor não mexer com o homem, pensaram muitos e a corrida vai acontecer. Porém, Mick Schumacher deu uma nova amostra que a F1 está se queimando mais que a refinaria da Aramco ao correr na pista de Jedá. O alemão da Haas (por sinal, está batendo demais desde o ano passado) deu uma senhora pancada numa das várias curvas em sequência da pista de Jedá, assustando a todos, num acidente ainda mais forte que vitimou Grosjean no Bahrein em 2020. Felizmente, sem maiores consequências para Mick, mas a F1 está esperando ocorrer uma tragédia para tomar uma atitude?

Após uma hora de interrupção, o treino voltou, mas algo já chamava atenção antes do acidente de Schumacher. Que a Mercedes está longe dos bons dias, isso está claro, porém, Lewis Hamilton teve sua classificação mais apagada da sua carreira, onde o inglês não conseguia extrair velocidade do seu carro e ficou no Q1 pela primeira vez desde 2017, sendo que naquela oportunidade em Interlagos, Lewis havia batido. Para piorar, George Russell passou confortavelmente para o Q2 na quarta posição. Se Hamilton ficou afetado por toda a confusão que entrou madrugada adentro, não se sabe, mas o inglês foi completamente ofuscado pelo seu companheiro de equipe, que foi o único carro com motor Mercedes no Q3. Já pode-se afirmar que a Mercedes tem nesse momento o pior motor da F1, por incrível que pareça.

Desde os treinos livres Ferrari e Red Bull brigaram pela ponta, com os italianos liderando em todos os momentos. Muitos esperavam que Max Verstappen pudesse tirar uma volta da cartola e conseguir a pole, porém essa mágica quem fez foi Sergio Pérez, que conseguiu sua primeira pole e do México, se tornando o piloto que mais demorou para conseguir a primazia de larga na ponta no domingo. A Red Bull sorriu amarelo, principalmente com Max também irreconhecível no Q3, ficando apenas em quarto, com Leclerc e Sainz entre os dois carros austríacos. Sainz chegou a liderar o Q3, mas Leclerc mostrou que tem uma reserva de velocidade que o faz superar Sainz quando preciso. Ocon quase ficou de fora do Q3, mas acabou sendo o melhor do 'resto' da atualidade, ficando em quinto, na frente de Russell. Por sinal, atrás de Red Bull e Ferrari, a classificação esteve bem apertada, com Bottas, Alonso, Gasly e Magnussen bem próximos de Ocon. Um bom sinal para a F1, que precisa se livrar da pista de rua em Jedá ou até mesmo dessa indesejada visita à Arábia Saudita.

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