Após o SC, Max Verstappen bradava impotente no rádio. O neerlandês da Red Bull parecia incapaz de ultrapassar a Ferrari de Charles Leclerc, no que o engenheiro pediu apenas uma coisa à Max: paciência. Verstappen deve ter se tocado que ainda tinham muitas voltas pela frente e por isso poupou carros e, principalmente, pneus para um ataque final em cima de Leclerc. Após um SC Virtual, Max resolveu atacar e nas dez últimas voltas de corrida, foi para cima de Leclerc, que já mostrou outras vezes que não tem medo de cara feia. A disputa entre os antigos rivais do kart foi legal, mas com controvérsia para se obter vantagem do DRS na reta dos boxes. No fim, uma bandeira amarela no primeiro setor acabou ajudando quem estava na frente naquele momento e esse carro era o azul de Max Verstappen. O neerlandês se recuperou do zero no Bahrein para vencer novamente na F1, a primeira como campeão mundial, porém, Max já deve ter percebido que terá em Charles Leclerc um rival tão duro como Hamilton em 2021.
A corrida em Jedá não foi das mais empolgantes em todos os momentos, provavelmente com os pilotos apressados para saírem de um local a cerca de dez quilômetros de um alvo militar. Porém, não se pode acusar a prova na Arábia Saudita de falta de emoção. O pole Pérez largou bem e manteve a ponta sem maiores arroubos nas primeiras quinze voltas, enquanto Verstappen rapidamente ultrapassou Sainz e se estabeleceu na terceira posição, com os quatro primeiros correndo próximos, mas sem ataques uns aos outros. Se em 2021 havia um abismo entre Red Bull/Mercedes e o resto, esse ano Red Bull/Ferrari estão disputando praticamente uma categoria à parte das demais. No momento em que a janela de paradas se aproximava, a Ferrari soltou um rádio que decidiu a corrida de Pérez. Leclerc foi chamado pelo engenheiro com a seguinte frase: 'box para ultrapassar'. A Red Bull reagiu à Ferrari e chamou Checo para os pits, enquanto Leclerc cruzava a linha de chegada impávido. Um blefe perfeito e a Red Bull caiu bonitinho. Para piorar as coisas, uma cena bem familiar acabou de enterrar a corrida de Pérez: Latifi no muro.
O safety-car fez com que praticamente todo o pelotão fosse aos pits colocar pneus duros e não parar mais. Pérez ficou na frente de Sainz de forma irregular, mas na relargada, cedeu a terceira posição para o espanhol e o belo ritmo do mexicano nas primeiras voltas desapareceria, com Pérez ficando sozinho em quarto. Apesar de sempre falarem que a Ferrari tem uma dupla de pilotos forte e homogênea, Leclerc tem claramente uma reserva a mais de talento em comparação a Sainz. O espanhol ficou num solitário terceiro lugar a partir de então. Lá na frente, a diferença entre Leclerc e Verstappen nunca superou os 2s, mas quando o VSC apareceu com os carros de Ricciardo e Alonso parados na entrada dos boxes, Verstappen partiu para cima de Leclerc. Foi uma luta emocionante, mas que levantou questionamentos da ética do DRS. Sempre achei o DRS uma ótima ideia, mas extremamente mal gerida pela F1. Você poder usar o DRS em determinados pontos e apenas quando estiver 1s atrás do carro à sua frente dá um quê de artificialidade. Em determinados momentos, Charles e Max praticamente paravam seus carros para não chegar na frente na zona de detecção do DRS e não serem engolidos na reta seguinte. Algo a ser melhorado. E para ontem! Na minha opinião, basta olhar como a Indy administra isso com seus pilotos (cada um pode usar uma quantidade limitada de Push quando e aonde quiserem) para verificar que o DRS não é um caso perdido. Enquanto isso, os pilotos pensam estratégias de como usar melhor o DRS e no fim, Max Verstappen aproveitou-se de uma bandeira amarela no primeiro setor por causa de um entrevero entre Albon e Stroll para sempre chegar no final da reta dos boxes sem ser atacado e sem maiores planejamentos táticos, vencer a corrida.
Leclerc chegou em segundo e parabenizou Max, que após muito reclamar no rádio, também congratulou o rival. Porém, Verstappen já percebeu que não terá vida fácil para defender seu título. A briga com Leclerc foi decidida no detalhe e foi de alto nível. E o zero ponto no Bahrein pode fazer uma diferença no final do ano se a luta entre os dois permanecer tão próximo como vem ocorrendo até agora. E o rival de Verstappen no ano passado, onde esteve? Hamilton escalou o pelotão como esperado, foi beneficiado com o SC e deu um pulo grande no pelotão, contudo, Lewis ainda precisava fazer uma parada obrigatória. Vindo em sexto lugar, Hamilton rezava por um SC ou até mesmo Virtual SC. Foi então que a Mercedes vacilou. Como os carros de Ricciardo e Alonso ficaram parados na entrada dos pits, logo que o VSC foi anunciado, os pits também ficaram fechados. Uma volta antes, a Mercedes chamou Hamilton para entrar nos boxes quando era permitido bem no momento em que Lewis passava da entrada dos boxes. E Abu Dhabi voltou a assombrar Hamilton, que teve que parar em bandeira verde, caindo para as últimas posições, mas ainda mitigando o erro de sua equipe para marcar um pontinho com o décimo lugar. Já George Russell fez uma corrida segura e sem maiores brigas, ficou em quinto lugar, garantindo o lugar de melhor do resto.
O inglês foi ajudado no começo da corrida pela encardida luta entre os carros da Alpine, com Ocon e Alonso se digladiando como se fossem rivais. Não faltaram fechadas e quase colisões entre os dois, que fez Russell abrir muito e trazer Bottas e Magnussen para a briga. No fim Alonso estava destacado na frente quando o motor Renault lhe traiu. Com os abandonos simultâneos de Bottas e Ricciardo, que se beneficiou do VSC, Ocon começou uma briga forte com Norris pela sexta posição que foi vencida na bandeirada pela francês. Após uma corrida abaixo da crítica no Bahrein, o fato da McLaren pontuar em Jedá já é muita coisa para Norris e a turma de Zak Brown. Gasly completou a corrida em oitavo, o que é muita coisa num final de semana de pouca confiabilidade da Alpha Tauri. Tsunoda não marcou tempo no sábado e quando levava seu carro para o grid, ficou pelo caminho. Magnussen ficou muito tempo na sexta posição, lutou com Hamilton numa cena inacreditável se fosse ano passado, mas o danês acabou perdendo terreno com o VSC ao ter que fazer uma parada obrigatória, mas ainda marcou seus pontinhos. Zhou errou na largada, foi punido duas vezes e acabou fora da zona de pontuação dessa vez. Hulkenberg chegou a figurar na zona de pontuação na relargada do VSC, mas a falta de potência do motor Mercedes fez com que o alemão perdesse rendimento e acabasse nas últimas posições dos que chegaram, mas é bom que se diga que Hulk ficou boa parte da corrida na frente de Stroll. Porém, o canadense não teve culpa da tentativa atabalhoada de ultrapassagem de Albon, que prejudicou a corrida de ambos nas voltas finais. Apenas treze carros receberam a bandeirada, algo raro de acontecer nos últimos anos.
A Red Bull se recuperou rapidamente da desilusão que foi a corrida de abertura de 2022, mas Christian Horner e Max Verstappen terão que remar bastante para reduzir a diferença que Leclerc já tem na liderança do campeonato. E o monegasco provou mais uma vez que fará de tudo para se manter na luta pelo título até o fim, sendo que Max tem a vantagem de já ter passado por isso e vencido em 2021. Novamente podemos ver uma ótima luta bipolarizada em 2022.
Perez parece que na corrida anda muito melhor de cara pro vento, mas quando fica atrás sofre um pouco
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