quarta-feira, 9 de março de 2022

Fim da esperança brasileira

 


Quando começaram os ataques de Vladimir Putin à Ucrânia, iniciaram também ondas de sanções à Rússia em todo o mundo e como a F1 recebe dinheiro russo através da Haas, era claro que a equipe americana seria impactada com todo os acontecimentos no leste europeu. Isso acabou ligando um sinal de esperança para termos novamente um piloto brasileiro na F1, pois Pietro Fittipaldi é o reserva da Haas e o lugar de Nikita Mazepin queimava em fogo alto.

Ainda nos treinos de pré-temporada a Haas tirou a marca da Uralkali do carro e pintou o bólido de branco, tirando as cores russas que caracterizavam o patrocínio russo, que garantiu o lugar de Mazepin, já que o dono da empresa é o pai de Nikita, Dmitry. Não demorou mais do que alguns dias para que a Haas demitisse Mazepin, além de anunciar o fim do patrocínio. A conta de Gene Haas foi bem simples. Mesmo perdendo o aporte financeiro da Uralkali, estar associado à empresa russa, que tem estreita ligação com Putin, seria ainda mais danoso a imagem do time do que perder o dinheiro do patrocínio e hoje vivemos num mundo onde não importa o que você é, mas o que você parece ser. Demitido Mazepin, começou o lobby para Pietro ser efetivado como titular e as esperanças aumentaram quando o neto de Emerson Fittipaldi foi anunciado nos testes dessa semana no Bahrein. Mas será que Pietro Fittipaldi realmente esteve perto de ser titular?

Mesmo sendo bilionário, Gene Haas precisa de dinheiro para fechar o orçamento da equipe, contando com a saída da Uralkaki, que já anunciou que entrará na justiça contra a Haas. Apostando em Mick Schumacher, Haas e Günther Steiner tiveram que engolir um Nikita Mazepin que desde sempre mostrou-se muito abaixo do nível de um piloto decente de F1. Dois novatos dificilmente agregam muito à equipe e mesmo evoluindo, era claro como o mar de Maragogi que Mazepin não contribuiria em nada tecnicamente ao time nessa temporada. Ao se livrar do russo, a Haas começou a pensar também tecnicamente e rapidamente um piloto experiente se faria necessário. Menos pontos para Pietro. Com a temporada praticamente batendo na porta, conseguir um pay-driver não seria das tarefas mais fáceis e então Gene e Günther focaram mais na experiência. Logo surgiram os nomes de Antonio Giovinazzi, com a vantagem de ter a parceira Ferrari ao lado, e Nico Hulkenberg, ainda namorando qualquer vaguinha na F1. 

No entanto, ainda nessa quarta-feira surgiu o nome de Kevin Magnussen, que passou vários anos na equipe fazendo um trabalho ok na Haas. Mesmo contratado na IMSA e no WEC, além de já ter batido na velha tecla dos pilotos que passam na F1 sem sucesso (a F1 depende demais do carro, blá, blá, blá...), Magnussen rapidamente entrou no rol dos especulados e nessa tarde ele foi anunciado como novo-velho piloto da Haas. 

Ainda não se sabe se K-Mag trará dinheiro para a equipe, mas o danês trará na bagagem alguns anos de F1, além de conhecer muito bem a equipe. O que fica no ar é: o que Magnussen ainda poderá acrescentar na F1 e na Haas? 

O que importa para o Brasil foi o fim das esperanças de ter um piloto tupiniquim correndo como titular na F1. Pietro correrá no primeiro dia de testes no Bahrein e depois voltará ao simulador e dificilmente, em condições normais, terá uma chance clara na F1, podendo mudar seu foco para outra categoria. O mais importante, porém, é que fica claro que num futuro de curto/médio prazo, dificilmente um brasileiro chegará na porta da frente da F1. Caio Collet? Felipe Drugovich? Terão que fazer um 2022 muito superior à temporada passada se quiserem ser cotados na F1, além de ter uma academia por trás ou até mesmo um aporte financeiro gigantesco. A esperança brasileira na F1 demorou uma semana, acabou-se e deverá demorar muito tempo para ressurgir. 

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