Esse forte acidente é mais uma da série de situações ruins que perseguem o espanhol multi-campeão desde o fim de 2019, quando conquistou o oitavo título mundial e parecia que nada pararia Marc Márquez. Os números de Márquez na MotoGP projetavam um recordista em todos os quesitos e as comparações com lendas do Mundial de Motovelocidade já colocavam Marc num restrito olimpo. Nada parecia dar errado para Márquez. Eram simplesmente seis títulos em sete temporadas. Porém, tudo começou a desandar na primeira corrida de 2020 em Jerez, quando caiu da moto e Márquez foi atingido no braço direito pela sua Honda que tantas alegrias tinham lhe dado. Imediatamente operado, uma série de erros acabaram por transformar essa lesão num pesadelo e numa espiral negativa, onde Márquez parece não conseguir sair. Foram três cirurgias para consertar seu braço, uma lenta recuperação e quando tudo tendia a voltar ao normal, uma queda de bicicleta fez voltar a angústia da diplopia que atrapalhou o espanhol na Moto2. A pré-temporada de 2022 foi atravancada pela recuperação da diplopia e a primeira etapa de 2022 havia sido discreta para Márquez, com um quarto lugar. Márquez chegou a participar dos testes em Mandalika com resultados encorajadores, contudo, um reasfaltamento fez com que a Honda perdesse o fio da meada do acerto da moto, fazendo Márquez participar do Q1, onde caiu duas vezes e teria que largar no meio do pelotão. Teria. Esse acidente no warmup, onde foi ejetado da moto e lhe rendeu uma concussão cerebral será mais um desafio ao espanhol. Passados dois anos e meio do acidente em Jerez, nada parece dar certo para Márquez, que é impedido de mostrar o seu melhor, aumentando o receio de que se um dia veremos ainda o melhor do espanhol.
Enquanto esperamos se Márquez ainda se recuperará totalmente, outros pilotos aparecem na cena da MotoGP. Miguel Oliveira não teve um 2021 feliz e a primeira corrida dessa temporada resultou em abandono. O português da KTM ainda viu seu companheiro de equipe Brad Binder subir ao pódio no Catar, aumentando a pressão sobre ele. Porém, Oliveira aproveitou-se da pista molhada em Mandalika para efetuar uma ótima largada, ultrapassar Quartararo e Jack Miller para assumir a liderança e não ser ameaçado até o final com uma pilotagem segura, a mesma que lhe deu duas vitórias em 2020. Que o triunfo na Indonésia seja a recuperação de confiança para o lusitano!
Quartararo sofreu no Catar, mas numa pista de Mandalika com poucas retas o atual campeão teria uma boa chance, mas o francês vacilou um pouco nas primeiras voltas no molhado e chegou a cair para quinto, porém, nos dois terços finais Quartararo foi o destaque da corrida com uma recuperação que o levou ao segundo lugar, dando a sensação que se houvesse mais voltas, ele poderia ameaçar a KTM de Oliveira. Zarco ainda salvou um terceiro lugar, ficando à frente de Miller, que chegou a liderar a corrida, mas como normalmente acontece com o australiano, perdeu o fôlego com o passar do tempo. Mesmo no piso molhado, onde Miller sempre anda bem, o piloto da Ducati sofreu. Menos mal que na comparação com Bagnaia o australiano ficou bem à frente. Vice-campeão e tendo o momentum à seu favor, Bagnaia ainda não se encontrou na temporada 2022. Vencedor da primeira corrida do ano, Enea Bastianini foi discretíssimo na Indonésia, mas ainda marcou pontos o suficiente para ficar na liderança do campeonato.
Enquanto Oliveira e Quartararo deram show, a organização indonésia se safou de um vexame com a chuva, mesmo atrasando a largada em uma hora. O novo asfalto se soltava no forte calor, diminuindo o número de voltas na Moto2 e o temor era qual seria o desgaste do asfalto nas potentes motos da categoria maior. Com a chuva, esse receio foi embora. Assim como todos esperam que a má fase de Marc Márquez termine algum dia.
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