segunda-feira, 30 de maio de 2022

Figura(MON): Sérgio Pérez

 Mesmo completando a dobradinha da Red Bull em Barcelona, Sergio Pérez não compartilhava a felicidade dos seus pares. O mexicano tinha cedido duas vezes sua posição para Verstappen e na única vez em que estava em melhores condições do que o neerlandês, Max negou a dar sua posição para Checo. 'Iremos conversar depois da corrida', exclamou Pérez ainda dentro do carro após a bandeirada. Ninguém sabe ao certo o teor da conversa que Pérez teve com sua equipe, mas a realidade foi que o mexicano chegou em Mônaco mordido e fez algo raríssimo na F1 atual: colocou Max Verstappen no bolso. Nas apertadas ruas de Monte Carlo, Pérez andou constantemente na frente de Verstappen em todos os treinos, incluindo a classificação, o notório ponto fraco de Checo. Correndo com o capacete de Pedro Rodríguez, Sergio Pérez fez uma prova que seu falecido compatriota aplaudiria. Além de andar sempre na frente de Verstappen durante a corrida, Checo usou sua experiência para ir aos pits no momento certo, tanto para colocar os pneus intermediários, como para colocar os slicks, superando a ousada tática de Sainz, que valeu a vitória para o mexicano. Pérez colocou os pneus médios após a bandeira vermelha e soube segurar a pressão de Sainz quando, com pneus duros, estava melhor 'calçado' do que o mexicano e pressionou no final, mas Pérez foi perfeito, não colocou a roda fora do lugar em nenhum momento para conseguir sua terceira vitória na F1 e a primeira em 2022. Agora tendo apenas quinze pontos de desvantagem para Verstappen, a Red Bull não terá muitos argumentos para mandar Pérez ceder seu lugar nas próximas provas.

Figurão(MON): Ferrari

 A Ferrari aprendeu de forma dura que, para conquistar títulos, tudo tem que ser trabalhado nos mínimos detalhes, aparando arestas e por fim formar uma equipe sólida, capaz de cobrir qualquer problema que venha ocorrer num campeonato ou numa corrida. A chegada de Schumacher na scuderia não significou vitórias e títulos imediatos, com a Ferrari apanhando nas lutas protagonizadas por Schumacher e por fim, tornando-se a potência dominadora no começo dos anos 2000. O mesmo pode ser dito da Mercedes nos últimos oito anos. Antes de conquistar títulos, é preciso aprender e apanhar também. Em Monte Carlo, a Ferrari tinha a situação sob controle no sábado, com dobradinha no grid e Leclerc mostrando um ritmo superior aos demais. Porém, choveu no principado. E depois parou. A situação de ter que mudar a estratégia fez com que a Ferrari se embananasse totalmente e Leclerc perdeu uma vitória certa para ficar fora até mesmo do pódio. Sua raiva mostrada pelo rádio é altamente compreensível por Charles saber que mais pontos foram embora, ainda mais numa situação onde a Ferrari poderia ter vencido e Leclerc novamente liderasse o campeonato. O que se viu foi Leclerc mais uma vez perdendo pontos para Verstappen e o campeonato que parecia ir para as mãos da Ferrari, está indo para a direção de Milton Keynes, sede da Red Bull.

domingo, 29 de maio de 2022

Quem diria?

 


Marcus Ericsson saiu da F1 com a fama de piloto pagante do mesmo nível de um Lance Stroll ou Nicholas Latifi, que horas antes tinham aprontado poucas e boas no piso molhado de Mônaco. Ericsson ficou cinco temporadas na F1 usando mais a fortuna de sua família do que seu talento e trazendo muita antipatia por parte dos brasileiros por ter enterrado a carreira de Felipe Nasr na F1, nos tempos em que os dois dividiram a Sauber. Nasr sempre foi mais piloto, mas como Ericsson pagava as contas, ele era beneficiado dentro da equipe. Com a compra da Sauber pela Alfa Romeo, Ericsson foi defenestrado da F1 e ninguém parecia sentir falta do sueco, que foi tentar a sorte na Indy. Após um ano numa equipe média, Ericsson conseguiu um lugar na gigante Ganassi, mas se enganam que Ericsson tinha feito uma temporada extraordinária. Chip Ganassi se encantou muito mais com a grana do que com os belos olhos claros de Marcus.

E Ericsson foi ficando na Indy e na Ganassi, claramente na sombra da lenda Scott Dixon e da sensação Alex Palou. O sueco não era um zero à esquerda, conseguiu algumas vitórias eventuais, mas numa escala dentro da Ganassi, ele é o terceiro piloto da equipe de forma clara. Em Indianápolis nesse ano, a Ganassi se esmerou no preparo para a grande corrida americana para acabar não apenas com um jejum de dez anos na prova, como também dar uma merecida segunda vitória à Dixon, que venceu as 500 Milhas em 2008 e de lá para cá, bateu na trave várias vezes. Os cinco carros da Ganassi, completados por Tony Kanaan e Jimmie Johnson, sempre foram os mais rápidos em Indiana, com Dixon marcando a pole mais rápida da história centenária da corrida. Ericsson estava no bolo, andando na mesma balada dos líderes, mas alguém em sã consciência apostaria no sueco como favorito à corrida?

Pois as 500 Milhas de Indianápolis tem seus truques e armadilhas. A Ganassi confirmou seu favoritismo, mesmo com os ataques da equipe McLaren no fim, mas não foi com o piloto esperado. Dixon liderou o maior número de voltas, quebrou um recorde histórico de Al Unser Sr como o piloto que mais voltas liderou nas 500 Milhas, mas um erro no último pit-stop pôs tudo a perder. Dixon entrou forte demais no pit-lane, queimando o limite de velocidade. A punição veio rapidamente e não havia mais tempo para o neozelandês, que vai rivalizando com Mario Andretti no quesito 'sorte' em Indianápolis.

Tudo levava a crer que a vitória ficaria com Pato O'Ward, completando o que seria um dia inesquecível para o México, pois Sergio Pérez havia vencido em Mônaco horas antes. Contudo, após a última parada, Ericsson ligou o botão 'turbo' e disparou para cima da dupla da McLaren. Sempre entre os cinco primeiros na prova, Ericsson em nenhum outro momento da corrida parecia que daria um bote tão certeiro como fez nas últimas voltas. O sueco atacou O'Ward e o compatriota Rosenqvist para assumir a ponta da corrida, abrindo até mesmo raros 4s sobre o segundo colocado, algo que esse novo regulamento da Indy não proporciona. Porém, Jimmie Johnson fez um gol contra a sua equipe ao bater nas voltas finais para trazer uma bandeira amarela, que se transformou em vermelha com o fim da corrida tão próximo.

Ericsson parecia que seria um alvo fácil na última relargada, mas o sueco, que largou com um capacete em referência à Ronnie Peterson, foi muito agressivo, ziguezagueando de forma acintosa na frente de O'Ward e Kanaan. Na abertura da última volta O'Ward chegou a colocar de lado, mas arregou e Ericsson se garantiu com uma bandeira amarela no final do pelotão. 

Uma vitória das mais surpreendentes dos últimos anos. Não pela equipe. Dixon dominou boa parte da corrida e Palou poderia ter tido mais sorte, quando foi prejudicado por uma bandeira amarela fora de hora no começo da corrida. Kanaan andou junto de Ericsson, mas não teve força para brigar pela vitória, ficando com um bom terceiro lugar. Lembrando que Tony não tem nada acertado para 2023, podendo ser essa sua última corrida da Indy, mas em se tratando de TK, nunca se pode duvidar nada, o mesmo acontecendo com Helio Castroneves, que largou em 27º e finalizou em sétimo, mas ele nunca teve condição de lutar por muito mais do que isso. Pelo histórico de Helio, mesmo tendo todo um campeonato pela frente, dificilmente ele fará algo a mais do que a bela corrida em Indianápolis. A Penske decepcionou deveras, assim como a Andretti. 

Porém, Marcus Ericsson? Ninguém poderia prever que um piloto que saiu pelas portas dos fundos da F1 pudesse chegar na Indy e conquistar uma 500 Milhas. São essas vitórias um pouco difíceis de explicar no futuro, mas se Indianápolis escolhe seus vitoriosos, hoje foi a vez de Marcus Ericsson. 

A resposta de Checo

 


Após o Grande Prêmio da Espanha na semana passada, o clima da Red Bull não estava completamente feliz, mesmo com a dobradinha conquistada em Barcelona. Sergio Pérez não estava contente em ter que ceder sua posição à Max Verstappen e prometeu uma conversa com a equipe depois da prova. Não sabemos o teor desse colóquio, mas pode-se afirmar que Pérez respondeu da melhor forma possível ao que aconteceu em Barcelona e de forma rara, superou Verstappen em praticamente todos os treinos em Mônaco e venceu a prova no principado, em outra corrida em que a Ferrari estragou tudo para Charles Leclerc.


Havia previsão de chuva para a corrida, mas o dia até havia amanhecido com tempo firme no principado, indicando uma corrida tranquila para Leclerc, que largava na pole e tinha o ritmo mais forte nos treinos. Só que a chuva veio faltando cinco minutos para a largada e a previsão era que a precipitação ficasse ainda mais forte minutos depois. A corrida foi atrasada e quando os carros saíram, a esperada tempestade chegou e a bandeira vermelha veio. Como não poderia deixar de ser, logo apareceram os 'nostálgicos' com algumas comparações esdrúxulas, mas uma coisa não há como negar: os carros atuais de F1 tem uma incompatibilidade preocupante com o piso muito molhado. Pode ser devido aos pneus de chuva forte ruins ou aos carros muito compridos aumentando a chance de aquaplanagem, o correto é que não é de hoje que a F1 tem sérias dificuldades com piso encharcado e parece que nada é feito para consertar isso. Após quase uma hora de espera, a largada foi dada com os pilotos tendo muito cuidado e a pista bem menos molhada, mas não menos traiçoeira. O ritmo inicial era lento, mas com um tom bem claro com as duplas de Ferrari e Red Bull bem à frente das demais. Leclerc parecia confortável com o piso molhado e abria sobre Sainz, que mantinha Pérez e Verstappen a uma boa distância. A corrida era estática, como sempre aconteceu em Mônaco, mas com a pista secando, era claro que muita coisa ainda rolaria numa corrida que terminaria no limite de duas horas.


Gasly foi um dos primeiros a colocar pneus intermediários e o francês da Alpha Tauri estava muito mais rápido, ultrapassando quem via pela frente. Mesmo em Mônaco. O avanço de Gasly e outros pilotos que colocavam os intermediários parecia um sinal de que estava na hora dos líderes trocar de pneus, mas Sainz teve uma ideia melhor. Já que não havia mais previsão de chuva, o espanhol tentaria colocar diretamente os pneus slicks. Seria uma jogada arriscada, mas decisiva, assim como o momento certo de fazer a manobra envolvendo não apenas o espanhol, mas todos os quatro primeiros colocados. Pérez foi o primeiro a visitar os pits, mas colocou intermediários, porém, o mexicano exibia um ritmo muito superior aos demais, o que acabaria sendo determinante. Leclerc e Verstappen pararam junto, com a Ferrari se atrapalhando um pouco, fazendo o monegasco perder a posição para Pérez, que emergia à frente da Ferrari. Com a tática determinada de só parar para colocar os slicks, Sainz ficou mais tempo na pista. O espanhol parecia que daria o pulo do gato, mas a Red Bull não perdeu tempo e chamou seus pilotos para os boxes. Sainz entrou e Leclerc foi chamado ao mesmo tempo. Ou não. A Ferrari acabou se atrapalhando com o piloto da casa, que ficou possesso com a confusão no rádio. Sainz acabou atrapalhado por um retardatário na volta de entrada dos boxes, fazendo com que Pérez fosse para a ponta por muito pouco, com Sainz em segundo, seguido por Verstappen e um furibundo Leclerc.


Quando a corrida caminhava para um fim tranquilo, Mick Schumacher estampou sua Haas nos Esses da Piscina que dividiu seu carro e trouxe uma nova bandeira vermelha para consertos na barreira. Mick saiu ileso, mas desse jeito a Haas terá muito trabalho para ficar dentro do teto orçamentário com tantos carros destruídos pelo jovem alemão. A bandeira vermelha fez com que a Red Bull colocasse pneus médios nos carros dos seus pilotos, enquanto a Ferrari terminaria com os compostos duros. Isso faria diferença no fim, mas não mudou a ordem dos fatores. Pérez chegou a abrir 4s para Sainz, mas seus pneus foram embora no fim e o espanhol colou no mexicano, trazendo a fila Verstappen e Leclerc. Os quatro andaram várias voltas colados, num final de corrida apertado, mas sem mudanças. Numa bela resposta ao dissabor sofrido semana passada, Pérez teve um final de semana exemplar e venceu pela terceira vez na carreira, se isolando como o piloto mexicano com mais vitórias na F1. Checo se emocionou no pódio e não deixou de embolar o campeonato, pois ele está em terceiro, poucos pontos atrás de Verstappen, que terminou em terceiro numa corrida para chegar, onde pela primeira vez viu a bandeirada sem estar sem ser primeiro.


A Ferrari sai de Monte Carlo com o um gosto parecido de Barcelona, pois mais uma vez vacilou quando esteve com a corrida nas mãos e a principal vítima foi Leclerc, que vinha num tranquilo primeiro lugar e terminou fora do pódio, mas se serve de consolo, pelo menos Charles finalizou sua primeira corrida em casa, enquanto Sainz foi esperto na estratégia, mas acabou atrapalhado por um retardatário. Pontos importantes perdidos para a Ferrari em ambos os campeonatos num circuito que lhe era favorável e que poderão fazer muita falta. Na luta pelo melhor do resto, Norris e Russell brigaram o tempo todo e no fim o piloto da Mercedes se sobressaiu, mesmo Lando tendo parado nos boxes por uma terceira vez e ter chegado colado no compatriota. Hamilton esperava por chuva, ela veio, mas isso não mudou uma corrida sem sal do heptacampeão, que sempre ficou empacado atrás de uma Alpine. No meio da prova, atrás de Ocon, que com pneus ainda de chuva forte, chegou a dar um chega-pra-lá no inglês e acabou punido por isso. Depois, na última relargada, Hamilton ficou empacado atrás de Alonso e nada pôde fazer para atacar o espanhol. Com a punição de Ocon, quem se beneficiou foram Bottas e Vettel, que fecharam a zona de pontuação.


Claro que o primeiro piloto da Red Bull ainda é Max Verstappen e não seria nenhuma surpresa em ver o neerlandês sendo beneficiado num futuro próximo pela equipe austríaca, porém Sergio Pérez provou que pode se confiar nele quando for necessário e o mexicano se aproveitou de outra pisada de tomate da Ferrari para conseguir uma bela vitória, no dia em que usou o capacete de Pedro Rodríguez, de quem ultrapassou como o maior mexicano na F1. 

Festa italiana

 


Sem Valentino Rossi na pista, Mugello não foi a mesma coisa esse ano. O público estava menor no Grande Prêmio da Itália da MotoGP, enquanto Rossi apareceu apenas para ter seu número aposentado no Mundial de Motovelocidade, mas nem por isso pode-se dizer que não teve festa italiana na pista da Ferrari. Após uma primeira fila aleatória com Di Giannantonio, Bezzecchi e Marini no grid de largada, todos jovens italianos montados de Ducati, foi alvez o piloto italiano da Ducati mais forte quem triunfou no fim, com Pecco Bagnaia remando rapidamente para a ponta e vencer em casa, com Quartararo fazendo outra corrida incrível.

Com a chocante notícia de que Marc Márquez dará um tempo em sua carreira para fazer mais uma cirurgia em seu braço direito, a MotoGP começou a corrida em Mugello observando o comportamento dos dois novatos que lideravam o pelotão. Fabio di Giannantonio vinha fazendo uma temporada de estreia discreta, correndo ao lado da sensação Enea Bastianini na equipe Gresini, enquanto Marco Bezzecchi é claramente o segundo piloto da equipe de Rossi da MotoGP, com o meio-irmão da lenda do motociclismo, Luca Marini, como primeiro piloto e com a primazia de ter a moto Ducati do ano. Porém, uma classificação traiçoeira, com piso úmido, fez com que os dois novatos ficassem com os primeiros tempos no sábado, surpreendendo a todos, mas era claro que os dois não aguentariam por muito tempo o rojão. E quem se aproveitou da inexperiência da primeira fila, que ainda tinha Marini, foi Bagnaia, que nem largou tão bem, mas usou muito bem o equilíbrio da Ducati para superar seus adversários um a um rumo a ponta da corrida e por lá ficar até a bandeirada, praticamente sem ser incomodado.

Com uma Yamaha sem velocidade de ponta, Fabio Quartararo fez uma prova de superação, onde tirou tudo de sua moto nos trechos travados de Mugello para tentar se segurar na longa reta dos boxes, que hoje registrou o incrível recorde de 367 km/h com Jorge Martin. Quartararo sofreu para se livrar das Ducatis, mesmo dos novatos, mas conseguiu uma segunda posição digna de nota, contudo o principal foi ter ficado à frente de Aleix Espargaró, que de contrato renovado, fez outra prova sólida com sua Aprilia, amealhando outro pódio, mas vendo Quartararo escapar um pouco na frente no campeonato. Quem poderia estar mais próxima na luta pelo título era Bastianini. O italiano vinha em franca recuperação e pronto para outra corrida como a que lhe deu vitórias em Austin e Le Mans, mas acabou caindo quando se aproximava do pódio e ficou mais longe da luta pelo título, mesmo que permanecendo em terceiro.

Com essa vitória, Bagnaia tira um pouco do prejuízo que ainda é grande para Quartararo, mas já está em quarto no campeonato e com muita coisa para acontecer, o italiano da Ducati tentará cair menos e ter provas como a de hoje para garantir mais festas italianas.

sábado, 28 de maio de 2022

Liderança em meio ao caos final

 


As voltas derradeiras dos últimos treinos em Monte Carlo tem se caracterizado por momentos eletrizantes e com direito a alguns incidentes. Desde que Mônaco é Mônaco, ultrapassar lá sempre foi complicado e por isso, a posição de pista sempre fez e sempre fará a diferença, fazendo com que os pilotos extraiam tudo de suas máquinas para ficar com a melhor posição possível na classificação. Esse ano não foi diferente com Leclerc ficando com a pole, mas logo atrás dele dois incidentes fez com que o monegasco nem precisasse de uma última volta voadora para reiterar seu melhor tempo.

O clima quente em Monte Carlo até surpreendeu pela perspectiva de chuva no principado, indicando que poucas surpresas aconteceriam na classificação, o que realmente aconteceu. Uma bandeira vermelha mandrake no final do Q1 atrapalhou a última volta de Gasly, deixando o francês de fora do Q2. A ironia foi que a sessão foi interrompida por causa de um toque na parede do seu companheiro de equipe Tsunoda, que conseguiu passar ao Q2. Na segunda parte da classificação, Bottas ficou pela caminho após ótima apresentação em Barcelona, enquanto Daniel Ricciardo vai cavando seu sepultura dentro da McLaren com outra performance bem abaixo do aceitável, tomando muito tempo de Norris, confortavelmente no Q3. 

Nos treinos livres de sexta-feira Charles Leclerc fez a alegria da torcida local, mas Sergio Pérez, ainda reclamando da ordem de equipe da Red Bull na semana passada, foi o mais rápido no sábado e vem sendo constantemente sendo mais rápido do que Verstappen em Mônaco, em algo extremamente raro na F1. Apesar de Checo ter conseguido a pole na Arábia Saudita, a forma como o mexicano andou na frente de Max surpreendeu a todos. Na hora para valer, a briga ficou mesmo entre Ferrari e Red Bull. A evolução mostrada pela Mercedes em Barcelona ficou pelo caminho no principado e mesmo com os dois carros no Q3, em nenhum momento os alemães ficaram próximos de lutar por algo do que ser o melhor do resto. E nem isso conseguiram! Norris ficou com a quinta posição, seguido por Russell e Alonso. Hamilton até vinha sendo mais rápido do que Russell no final de semana, mas ele acabou sendo prejudicado pelo salseiro da última volta do Q3.

Leclerc vinha com o melhor tempo do Q3 e melhorando, pronto para garantir mais uma pole em Mônaco, mas um acidente logo atrás dele estragou qualquer chance de melhora de todos os noves pilotos restantes. Pérez bateu na entrada do túnel, praticamente fechando a porta de todos. O sempre azarado Sainz não viu a tempo a bandeira amarela e bateu no mexicano, com Verstappen escapando por pouco do incidente, enquanto Alonso passava direto na Mirabeu. Toda essa confusão deixou tudo como estava e Leclerc conseguiu sua segunda pole consecutiva em casa, para delírio do público local. Contudo nunca devemos esquecer dos seguidos problemas que Leclerc tem em sua prova local desde os tempos da F2, onde nunca viu a bandeirada. Se conseguir se livrar do caos, somado ao fato de Verstappen estar apenas em quarto, Leclerc pode comemorar bem mais amanhã.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Figura(ESP): George Russell

 Quando andava nas últimas posições com a claudicante Williams, Russell ainda assim chamava a atenção com ótimas exibições, principalmente nas classificações. Piloto de Toto Wolff, era apenas uma questão de tempo para Russell ascender para a Mercedes, mas não faltava quem apontasse que George poderia ser apenas um piloto de equipe pequena, que teve seus feitos inflados pela sempre parcial e influente mídia britânica. Porém, o jovem inglês dava indícios de que ele poderia ser, sim, um piloto de ponta no futuro. Quando teve nas mãos o carro de Hamilton quando este pegou Covid, Russell perdeu a vitória no detalhe em Sakhir. Contudo, uma coisa é substituir a lenda Lewis Hamilton, outra é correr ao lado dele. Vários pilotos penaram correndo ao lado de Hamilton, mas a motivação, velocidade e foco de Russell se mostraram fortes o suficiente para aceitar o desafio. George vem andando constantemente na frente de Hamilton em treinos e se na corrida faltou sorte para Lewis, sobrou competência à Russell. Em Barcelona, a Mercedes trouxe um novo pacote técnico que fez a equipe evoluir, fazendo com que os carros prateados andassem mais próximos da ponta. Russell conseguiu uma ótima largada para ser terceiro colocado e segurava Pérez com maestria, quando Verstappen errou e ficou atrás da dupla. Usando a prerrogativa de primeiro piloto, Max deixou Checo para trás para atacar Russell. O inglês não se intimidou. Mesmo com problemas no DRS, Verstappen não deixou de atacar e em certo momento Russell fez uma manobra corajosa e bonita em cima de Verstappen, mantendo a posição, fazendo com que a Red Bull mudasse a estratégia para que Max pudesse 'ultrapassar' Russell. Mesmo deixado para trás pelo duo da Red Bull, Russell garantiu um merecido lugar no pódio com a quebra de Leclerc e está num sólido quarto lugar no Mundial de Pilotos, fazendo um campeonato constante, onde nunca ficou abaixo do quinto lugar. Ainda sem carro para lutar pela vitória, Russell mostra que estará na briga quando a Mercedes lhe der um bom carro. 

Figurão(ESP): Ferrari

 De como ter o melhor carro no começo do ano e já perder a liderança dos dois campeonato com menos de um quarto de campeonato. Assim pode ser resumido esse começo de 2022 da Ferrari, que ralou por muito tempo para voltar aos tempos de glória e após vencer de forma enfática em Melbourne, os italianos pareciam que, no mínimo, lutariam pelo título. O que Mattia Binotto e seus red caps não contavam era com o crescimento da Red Bull e a força exuberante de Max Verstappen. Em Barcelona, a situação da Ferrari ficou literalmente vermelha com um final de semana bem ruim. No sábado, a pole de Leclerc escondia o receio da Ferrari com seu mau trato com os pneus, ainda mais no forte calor em todo final de semana em Barcelona. Porém, as coisas caminhavam de forma relativamente boa para a turma de Maranello, com Leclerc se mantendo na ponta e Verstappen cometendo um raro erro. O desgaste de pneus no carro de Charles era aceitável, enquanto a dupla da Red Bull se engalfinhava com a Mercedes de George Russell. Foi então que a confiabilidade, que era tão boa na Ferrari, se mostrou tão frágil quanto a da Red Bull, com o motor de Leclerc abrindo o bico quando o monegasco liderava a corrida de forma tranquila. Uma dupla sólida e homogênea de pilotos significaria que a quebra do primeiro piloto seria rapidamente aproveitada pelo segundo piloto. No entanto, Sainz havia saído na mesma curva de Verstappen e com o carro avariado, esteve longe até mesmo do pódio, fazendo com que a Ferrari perdesse não apenas a liderança do Mundial de Pilotos, como também o Mundial de Construtores, deixando a vida da Ferrari para o resto de 2022 bastante complicada.

domingo, 22 de maio de 2022

Mais animada do que o normal

 


Grande Prêmio da Espanha normalmente é sinônimo de um longo bocejo por uma hora e quarenta, onde o vencedor é o mesmo piloto que contorna a primeira curva da primeira volta na frente. Porém, numa temporada 2022 bem interessante, vimos uma corrida movimentada, mas bem logo de ser espetacular ou animadíssima, como exclamou Sergio Maurício. O vencedor da prova não foi o mesmo piloto que contornou a primeira curva na frente e nem de longe teve uma corrida tranquila. Max saiu da pista, discutiu com a equipe via rádio, mudou a estratégia e teve que contar com a colaboração de Sérgio Pérez para vencer em Barcelona e se igualar à Juan Manuel Fangio com 24 triunfos na história da F1, num dia em que a Ferrari quererá esquecer.


Debaixo de um fortíssimo calor, Barcelona abrigou uma corrida cheia de alternativas, mesmo que sem tanta emoção assim. Charles Leclerc largou bem e tomou o cuidado de fechar Max Verstappen no aproche da primeira curva para confirmar a pole. Com o asfalto catalão beirando os cinquenta graus, conservar os pneus seria um fator chave para conseguir vencer e como a Ferrari não fora até o momento muito gentil com a borracha da compatriota Pirelli, Leclerc teria que pilotar com a cabeça caso quisesse superar Max Verstappen. E tudo estava indo muito bem para o monegasco. No momento em que começava a abrir uma vantagem confortável, Charles viu um raro erro de Verstappen, que saiu da pista na curva 4, a mesma que vitimara Sainz. O neerlandês caiu para quarto, ficando atrás da briga entre Russell e Pérez. O jovem inglês foi um dos destaques da corrida ao levar a Mercedes à briga por pódio, além de mostrar a evolução do carro e do motor alemão, já que Russell segurava a dupla da Red Bull. Verstappen rapidamente encostou em Russell, usando a prerrogativa de primeiro piloto da Red Bull pela primeira vez, mas Max tinha um problema com seu DRS, que funcionava quando queria, acabando com as chances de ultrapassagem do piloto da Red Bull, que reclamou bastante pelo rádio de outro problema no seu carro nessa temporada.


Como Max e George pararam juntos, a situação de Verstappen ficava cada vez mais complicada, enquanto Leclerc, que postergou sua parada, ficava com a situação cada vez mais sob controle. O ferrarista fez sua parada e voltou confortavelmente em primeiro, mas tudo terminaria com o motor Ferrari apresentando um problema terminal, acabando com a corrida que daria uma importante vitória à Leclerc. E tudo pioraria com Verstappen usando a estratégia para se livrar de Russell, que se mostrou um piloto muito resiliente em sua defesa. Com pista livre e uma tática de três paradas, Max rapidamente se colocou em posição de atacar seu companheiro de equipe Checo, que estava em primeiro, mas nitidamente mais lento. Pérez não gostou, mas cedeu a posição para Max e completar a dobradinha da Red Bull. A quarta vitória de Verstappen lhe colocou na liderança do campeonato com o zero ponto de Leclerc e com três vitórias consecutivas, Max pode estar pegando o embalo rumo ao bi. Se Max contou com a ajuda decisiva de Pérez, Leclerc nem de longe contou com Sainz. Mesmo correndo em casa, o espanhol decepcionou ao largar mal e ainda sair da pista quando vinha apenas em quinto. Sem confiança, a recuperação de Sainz nem de longe foi das mais empolgantes. Na verdade, o espanhol vagou no pelotão intermediário e ainda foi ultrapassado por Hamilton no final, mas com os problemas do inglês, recuperou a quarta posição, ficando fora do pódio e viu a Red Bull também virar sobre a Ferrari no Mundial de Construtores.


Russell garantiu um excelente pódio numa corrida muito boa do piloto inglês. George largou bem e se defendeu de forma esplêndida do duo da Red Bull aonde deu. Sua disputa com Verstappen foi um dos pontos altos da prova e o terceiro lugar coloca George em quarto no campeonato, poucos pontos atrás de Pérez e na frente da Ferrari de Sainz. Uma temporada acima da média de Russell. Já Hamilton está naquela de que 'numa chuva de Xuxa no meu colo cai Pelé'. O multi-campeão largou bem e estava na briga quando foi atingido por um animado Kevin Magnussen, que furou o pneu da Mercedes. Parecia fim da linha para Lewis, que chegou a sugerir um abandono para o engenheiro. Porém, a atitude pouco conveniente de Hamilton se mostrou açodada. O inglês fez uma corrida primorosa, saindo de 19º para o quarto lugar sem nenhuma intervenção na pista, porém, um problema de motor fez Lewis diminuir o ritmo e permitir ser ultrapassado por Sainz. Hamilton ainda marcou a volta mais rápida da corrida, estava apenas 12s atrás de Russell quando teve seu problema, mas ainda falta tudo encaixar para Hamilton ainda mostrar sua grandeza, mas contra fatos não há argumentos: Hamilton está tomando pau de Russell!


Sem a sombra de Hamilton, Bottas vem se comportando muito bem na Alfa Romeo e se não fosse os melhores pneus de Sainz e Hamilton no fim, o nórdico poderia ter terminado na frente, pois Bottas ocupou por muito tempo a quarta posição da prova. Fazendo uma prova sólida, Ocon terminou em sétimo, enquanto Alonso saiu da última posição, punido que foi após uma classificação ruim, para chegar na zona de pontuação. Norris salvou um pouco a honra da McLaren com um oitavo lugar, enquanto Tsunoda mostrou sua evolução dentro da Alpha Tauri. Num dia em que Pierre Gasly não deu as caras, o japonês tomou para si o cetro de líder da equipe e fechou a zona de pontuação. Mick Schumacher chegou a flertar com o seu esperado primeiro ponto, mas o alemão foi engolido no fim quando tinha pneus velhos, enquanto Norris, Tsunoda e Vettel vinham com pneus mais novos. Vettel foi o último a parar e mesmo com seu carro sendo uma cópia do vencedor, a Aston Martin continuou a má fase e saiu sem pontos novamente. A Williams não saiu da lanterna, mas dessa vez o ameaçado Latifi ficou na frente de Albon.


Com essa vitória, a maré mudou completamente de lado a favor de Max Verstappen. O piloto da Red Bull venceu todas as corridas em que completou e mesmo com alguns problemas aqui e ali em seu carro, Max vai se mostrando o piloto mais forte do ano. Os quinze anos sem título podem estar fazendo a diferença para a Ferrari, que viu sua vantagem inicial no campeonato ir embora, mesmo com Leclerc tendo feito seu trabalho e deveria ter ganho hoje, se não fosse seu carro lhe deixar na mão na pior hora possível. Com o campeonato bipolarizado entre Verstappen e Leclerc, a maior experiência do neerlandês e de sua equipe podem fazer muita diferença no final, assim como o maior apoio de Pérez em comparação a um sorumbático Sainz. Barcelona viu uma corrida mais animada do que o normal, mas o campeonato que tem agora a liderança de Verstappen pode estar se decidindo a partir de hoje.

sábado, 21 de maio de 2022

Sem novidades em meio às mudanças

 


A F1 iniciou um revolucionário regulamento em 2022 e mal começara a temporada e as equipes já falavam nas novas peças a serem colocadas nos carros quando chegassem à Barcelona, lugar dos testes de pré-temporada realizados no começo do ano. Num 2022 que mostrou a ascensão da Ferrari e a queda da Mercedes, era esperado que os famosos 'pacotes' trazidos pelas equipes na Espanha mudassem alguma coisa do que vinha acontecendo até o momento em 2022. Mesmo com a Mercedes claramente melhorando, não houveram tantas modificações do que vinha se mostrando até o momento e Charles Leclerc conquistou sua quarta pole do ano após se recuperar de uma rodada em sua primeira tentativa no Q3.  

Quando chegou ao final de semana com um carro praticamente novo e muito parecido com a Red Bull, a Aston Martin esperava dar um pulo, assim como fez quando copiou de forma descarada a Mercedes em 2020. Apesar das reclamações dos austríacos, a Aston Martin não saiu da mediocridade de 2022 e viu seus dois pilotos ficarem no Q1. Mais surpreendente foi ver Alonso, que ficou no top-6 na sexta-feira, ficar também no Q1, com Ocon escapando por muito pouco de ter destino igual. Correndo em casa, com certeza Alonso esperava correr bem mais na classificação, ainda mais com a Alpine querendo dar uma chance à sensação Oscar Piastri em 2023. No treino livre 3 Pierre Gasly e Mick Schumacher tiveram problemas em seus carros e enquanto Gasly teve uma classificação abaixo do esperado, nem ameaçando ir ao Q3, algo que o francês faz de forma costumeira, o jovem alemão foi ao Q3 junto com Magnussen, fazendo com que Haas tivessem os dois carros na fase decisiva de sábado. O curioso é que a Haas foi a única equipe que não trouxe nenhuma novidade para Barcelona.

A Mercedes já havia se mostrado muito forte na sexta-feira e a expectativa era observar que os alemães manteriam o ritmo no sábado, algo que não ocorreu em Miami. Pois até o final do Q2 havia até a sensação de que a Mercedes poderia brigar pela pole, mas quando Red Bull e Ferrari soltaram todos os seus 'cavalos', a Mercedes ficou um pouco para trás, mas com um carro mais guiável, a dupla inglesa conseguiu ficar mais perto dos primeiros colocados, com destaque para Russell sempre ligeiramente superior à Hamilton.

Na hora da verdade, a disputa ficou mesmo entre Red Bull e Ferrari. Ou mais especificamente, Verstappen e Leclerc. Pérez ficou atrás até mesmo da dupla da Mercedes e mesmo correndo em casa, Sainz não fez frente ao seu companheiro de equipe. Porém, nem tudo foram flores para Leclerc. Na sua primeira tentativa o monegasco rodou sozinho, enquanto Max marcava o melhor tempo do final de semana. Leclerc foi para a última volta no famoso all-in e no final Charles foi o único a baixar da casa de um minuto e dezenove, mas ficou a curiosidade do que poderia ter feito Verstappen. Após sua ótima volta, Max teve problemas em sua segunda tentativa e sequer completou a volta que poderia fazê-lo brigar com seu antigo rival do kart. Para amanhã, a expectativa é que o forte calor reapareça e o desgaste dos pneus seja um fator muito importante na corrida. Ponto para a Red Bull. No entanto, mais uma vez a Red Bull mostrou fragilidades no quesito confiabilidade. Ponto para a Ferrari. Vamos ver quem irá desempatar esse placar amanhã. 

domingo, 15 de maio de 2022

Dia de Enea

 


Ao fazer a pole no sábado, Pecco Bagnaia se garantia como favorito a vitória em Le Mans, ainda mais vindo do seu primeiro triunfo em 2022, em Jerez. No entanto, o italiano da fábrica da Ducati não contava com a força surpreendente que Enea Bastianini vem mostrando nessa temporada. O italiano da equipe do falecido Fausto Gresini vem se mostrando incrivelmente forte quando a corrida corresponde à sua moto e mesmo a Ducati deixando seu time como quarta opção, Bastianini vai mostrando um desempenho bem acima do potencial da moto. Nesse domingo ele superou as duas motos de fábrica e ao ultrapassar Bagnaia, desconcentrou o compatriota a ponto de fazê-lo cair e novamente se complicar no campeonato, algo que Bastianini está bem vivo.

Com o líder do campeonato no grid, os franceses lotaram o mítico circuito de Le Mans para torcer por Fabio Quartararo, mas o piloto da Yamaha aparenta ter o mesmo bloqueio que Rubens Barrichello tinha em Interlagos ou até mesmo Charles Leclerc tem em Monte Carlo. Mesmo liderando os treinos livres, Quartararo largou da segunda fila e não teve chances de vitória em nenhum momento. O pódio ficou próximo mais pelas quedas da dupla da Suzuki do que por outro motivo. E para azar de Quartararo, quem ficou com o lugar mais baixo do pódio foi o não menos surpreendente Aleix Espargaró, que fez outra prova sólida com sua Aprilia e com o terceiro lugar, diminuiu para meros quatro pontos a vantagem de Quartararo na ponta do campeonato. 

Lá na frente, a Ducati confirmou o favoritismo, mesmo que pelo gosto da equipe de fábrica, com o piloto errado. Primeiramente Jack Miller largou na frente e liderou as primeiras voltas, mas o açodado australiano, que escolheu dois pneus macios, errou ainda no início e entregou a liderança para Bagnaia. Um risco em potencial era a Suzuki de Rins, mas o espanhol acabou caindo ainda no início de prova, o mesmo acontecendo na metade final com Joan Mir. Com a saída iminente da Suzuki da MotoGP, os dois pilotos parecem ainda mais pressionados a mostrar resultados para assegurar um guidão para 2023. Porém, a vida do time de fábrica foi se complicando na medida em que Miller perdia rendimento e Bastianini ultrapassava o australiano e partia para cima de Bagnaia. Com Miller praticamente fora do time oficial da Ducati em 2023, a briga por sua vaga vai ficando entre Bastianini e Jorge Martin, porém, o rápido espanhol precisa aprender que a velocidade nos treinos precisa de refletir em bons resultados no domingo. Mais uma queda de Martin, enquanto Bastianini tinha cuidado em atacar o que pode ser seu futuro companheiro de equipe.

Se vencesse pela segunda corrida consecutiva, Bagnaia entraria de vez no campeonato e com mais impulso nesse primeira quarto de campeonato, poderia atacar mais cedo Quartararo e disputar mais abertamente o título. Contudo, Bagnaia não contava com a astúcia de Bastianini, que atacou na primeira chicane de Le Mans e tomou a posição. Aquilo mexeu com os nervos de Bagnaia, que saiu de suas características e errou duas vezes ao tentar acompanhar o compatriota, sendo que a segunda o fez cair e perder preciosos pontos no campeonato. Bagnaia deve se sentir pressionado ao ser superado por um piloto que tem um equipamento sabidamente inferior ao dele e para piorar, Bastianini está apenas oito pontos atrás de Quartararo no campeonato. Nesse momento, Enea é o piloto da Ducati na luta pelo título. Com a queda de Rins, Quartararo, Aleix e Enea se isolaram um pouco na luta pelo título. Bastianini é o único a vencer mais de uma vez em 2022 na MotoGP. Ainda lhe falta a consistência no campeonato que lhe sobra em corridas, já que Enea já começa a entrar na cabeça dos pilotos oficiais da Ducati. 

sábado, 14 de maio de 2022

Talento em meio ao caos

 


Corridas caóticas muitas vezes nos trazem vitoriosos diferentes e eventualmente até mesmo imerecidos. Não foi o caso desse sábado em Indianápolis. Colton Herta não largava nem entre os dez primeiros no misto do mítico circuito de Indiana, mas apostas corretas de sua equipe e do seu pai/estrategista rapidamente o colocaram na contenda pela vitória e o jovem americano da Andretti fez sua parte na pista, com uma pilotagem sensacional, coroada com uma salvada ainda no começo da prova que será bastante lembrada quando recordarmos da habilidade de Colton Herta, que driblou os inúmeros percalços para vencer uma corrida maluca, onde não faltaram alternativas.

A chuva, tradicional inimiga das provas em Indianápolis, deu o tom da prova desse sábado, chegando a atrasar a largada pelo perigo de raios. Porém, quando a bandeira verde foi mostrada não estava mais chovendo, mesmo com a pista claramente molhada. O pole Will Power perdeu sua posição de honra e acabou tocando em Josef Newgarden, iniciando o martírio do piloto da Penske. Com a pista secando, alguns pilotos arriscaram colocar pneus slicks e uns dos que foram primeiro aos pits foi Colton. Altamente cotado para estrear na F1 em breve, Herta não vem fazendo um campeonato dos mais regulares, mesmo Colton sendo o piloto mais veloz do grid da Indy. A Andretti pôde ter vacilado em outros oportunidades, mas hoje acertou na mosca e Colton Herta conseguiu subir para segundo, quando seu arqui-rival Pato O'Ward saiu dos boxes com pneus slicks frios numa pista ainda úmida. Contudo, foi Colton que quase saiu da pista e numa controlada animal, conseguiu se manter não apenas na pista, como duas curvas depois ultrapassar O'Ward.

No entanto, a chuva sempre foi um fator nas duas horas de prova. Indo e voltando, com pouco ou muita intensidade, a chuva transformou a corrida em Indianápolis num caos completo, com vários pilotos arriscando dar o pulo do gato e alguns quebrando a cara. O supracitado Newgarden se envolveu num toque com Rossi e Jack Harvey que furou seu pneu e sem poder chegar aos pits, Josef acabou perdendo inúmeras voltas antes que consertassem seu bólido. Alex Palou não teve um destino muito melhor, quando rodou após colocar pneus slicks, causando uma das inúmeras bandeiras amarelas dessa tarde. Os pilotos da Indy fizeram um ótimo trabalho em condições traiçoeiras, onde permaneciam num ritmo decente com pneus slicks no piso molhado. O'Ward foi um claro exemplo da gangorra que foi essa prova. O mexicano liderou a corridas várias voltas, assim como rodou numa relargada para bater no seu companheiro de equipe e já no final da prova, rodar em plena bandeira amarela.

No fim, com a pista claramente molhada e todos com pneus para chuva, Colton Herta se aproveitou de uma bandeira amarela provocada por um gordito Juan Pablo Montoya (que vinha entre os dez primeiros, diga-se) na penúltima volta para vencer na frente de Simon Pagenaud, que largara de vigésimo e mostrando sua força em piso molhado, terminou em segundo, com Power, outro que subiu e desceu inúmeras vezes nessa tarde, ainda beliscando um pódio e assegurando a liderança do campeonato com os infortúnios de Newgarden, Palou e McLaughlin. 

Mesmo com tanta maluquice ocorrendo em Indianápolis com praticamente todo o grid transitando entre as primeiras e as últimas posições em alguma momento da prova, no final o piloto mais talentoso triunfou e Colton Herta soube usar de suas virtudes para superar os obstáculos para vencer.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Figura(MIA): Max Verstappen

 O final de semana não começara promissor para o atual campeão do mundo. Dois problemas nos dois treinos livres de sexta-feira não foi um bom presságio para Verstappen, além de perder um valioso tempo numa pista nova e cheia de meandros como Miami. Max se recuperou no sábado e ainda brigou pela pole, mas acabou relegado à segunda fila, atrás do duo da Ferrari. Verstappen vem se caracterizando cada vez mais pela eficiência em sua pilotagem, sem perder a agressividade. Max sabia que ultrapassar poderia ser complicado Miami, por causa da baixa aderência fora do traçado ideal e o piloto da Red Bull sabia que atacar na largada seria primordial se quisesse vencer. Pois Max executou o planejado com perfeição, ultrapassando Carlos Sainz ainda na primeira curva, conseguindo separar as duas Ferraris. Ao longo do ano a Ferrari mostrou bastante velocidade, mas não tratar tão bem os pneus, algo que a Red Bull faz muito bem. Max Verstappen não deixou Charles Leclerc se distanciar em demasia e quando o pneu do ferrarista começou a mostrar sinais de cansaço, Max atacou o monegasco e em menos de dez voltas já liderava o novo Grande Prêmio de Miami. Para não mais perde-la. Ao assumir a ponta Max dominou a prova como quis, chegando a colocar 8s em cima de Leclerc e não fosse o SC, Verstappen teria uma vitória ainda mais tranquila do que conquistou ontem. Max mantém a incrível marca de 100% de aproveitamento quando viu a bandeirada e pilotando como ontem, essa marca perdurara algum tempo ainda.

Figurão(MIA): Fernando Alonso

 Prestes a completar 41 anos de idade, a velocidade e talento de Fernando Alonso permanecem lá. O espanhol ainda dá mostras que seus dois títulos conquistados foram pouco pelo potencial que ele ainda tem. Porém, como todo ser humano, podemos ter dias ruins e ontem não foi o melhor dos dias para Alonso. O espanhol da Alpine largou entre os dez primeiros e já na largada aprontou ao tocar em Hamilton e quase fazer o inglês rodar. Toque de corrida e bola para frente. Alonso fazia uma corrida convencional, onde provavelmente marcaria pontos novamente, quando ele encostou em Pierre Gasly. Numa tentativa no mínimo otimista de ultrapassagem na curva um, Alonso colocou por dentro e acertou em cheio a lateral da Alpha Tauri do francês num segundo acidente evitável, mas dessa vez com consequências, pois Gasly tentou levar seu carro aos boxes e acabou tendo um encontro imediato com Norris, causando a entrada do Safety-Car que mudou a prova de vários pilotos. Não satisfeito em se envolver em dois toques onde foi o culpado, Alonso ainda tomaria uma punição por cortar uma curva nas voltas e ganhar vantagem com isso. Experiente como é Alonso, sabia que uma punição viria pelo toque com Gasly. Acabou vindo dois! Os 5s por esse manobra mais os 5s que tomou na pancada de Gasly fez Alonso sair da zona de pontuação e deixar Miami zerado. Um dia de fúria do espanhol!

domingo, 8 de maio de 2022

Safety-Car salvou

 


O novíssimo circuito de Miami, construído ao redor do estádio do Miami Dolphins, teve como uma de suas características nos treinos a grande quantidade de acidentes, como normalmente acontece em pistas novas de rua, porém, Miami trouxe ainda o complicador de um asfalto se deteriorando, lembrando até mesmo o que aconteceu 38 anos atrás em Dallas, mesmo que em menor escala, até mesmo pelo calor na Flórida não fosse tão escaldante como no Texas em 1984. Era esperado várias entradas do SC na corrida, mas o que se viu foi uma corrida parada, onde Max Verstappen dominou em sua maior parte, após se livrar da dupla da Ferrari. Na verdade o SC apareceu já próximo do fim da corrida e apimentou um pouco mais a corrida, mesmo que as posições da frente permanecessem as mesmas e Max se tornasse o maior vencedor de 2022 até aqui e se iguale a outros campeões em número de vitórias.


Com a pista de Miami apresentando problemas de aderência, principalmente fora do traçado ideal, muito se falou que ultrapassar seria bastante complicado e sabendo disso, Max Verstappen precisava largar muito bem para, pelo menos, separar as Ferraris largando de terceiro. O piloto da Red Bull foi efetivo em sua meta e na pequena reta até a primeira curva, Max tomou a segunda posição de Sainz, que vindo de uma fase terrível, não quis arriscar outro DNF. Verstappen sabia que com Leclerc a conversa seria diferente, mas o neerlandês não demorou muito a sentir que a Ferrari não trata os pneus tão bem como a Red Bull e na nona volta Max Verstappen efetuou a ultrapassagem decisiva para tomar a liderança e vencer pela terceira vez em 2022. Em cinco corridas nessa temporada, Max viu a bandeirada três vezes, conseguindo três vitórias. Isso mostra a força do conjunto da Red Bull nesse ano, apesar de que Leclerc não desistiu quando o SC juntou tudo no final. O monegasco ensaiou ataques sobre Max, mas o piloto da Ferrari teve que se conformar com a segunda posição, amealhando pontos importantes num campeonato que tende a ser apertado, mas que sem sombra de dúvidas, a Red Bull está num viés de alta. Sainz teve o mérito de segurar Pérez melhor 'calçado' no final. O mexicano aproveitou o SC para colocar pneus macios novos, mas faltou huevos para Checo fazer um ataque mais incisivo em cima de Sainz, que correu com dores no pescoço pelo acidente sofrido na sexta-feira. Mesmo com a falta de ação de Pérez, Sainz garantiu bons pontos para a Ferrari no Mundial de Construtores e subiu ao pódio mais uma vez, porém, fica cada dia mais claro que a sua diferença para Leclerc dentro do seio da Ferrari.


Bottas ficou boa parte da corrida com a posição de 'melhor do resto', segurando sem maiores problemas Lewis Hamilton, que fazia uma corrida até mesmo apagada. Porém, George Russell pode ser considerado o grande sortudo no quesito estratégia até o momento. Largando apenas em décimo segundo, Russell largou com pneus duros para esticar ao máximo seu stint. Quem sabe não aparecia um SC. E não é que ele apareceu? George foi aos boxes imediatamente e ficou logo atrás de Hamilton, que lamentava mais um golpe de azar nas táticas. Hamilton ainda resistiu o quanto pôde, mas com pneus médios novos, Russell ultrapassou o compatriota e ambos pilotos da Mercedes se aproveitaram de um erro de Bottas para ficarem em quinto e sexto no campeonato, consolidando a Mercedes como a terceira força da F1 atual. Russell chegou nos cinco primeiros em todas as corridas até aqui, mas afora Ímola, Hamilton não está tão atrás assim, mas se são os resultados que contam, Lewis vê George de binoculo no campeonato no momento. Bottas ficou em sétimo, com a dupla da Alpine logo atrás, mas Alonso e Ocon tiveram corridas bem diferentes. Enquanto Alonso ficou entre os dez primeiros o tempo todo, fazendo uma corrida bem convencional, Ocon largou de último após bater forte no terceiro treino livre e imitando a tática de Russell, se deu muito bem durante o SC e ganhou bastante terreno para marcar pontos, além de superar seu companheiro de equipe. Contudo, se a Alpine sonhava em brigar com a Mercedes pelo terceiro posto no Mundial de Construtores, terá que melhorar muito.


Falando em Alonso, o espanhol foi o causador indireto da entrada do SC que mudou tanto a cara de uma corrida que até aquele momento era um enorme bocejo. Numa disputa com Gasly, o espanhol tentou uma ultrapassagem para lá de otimista e bateu na Alpha Tauri do francês. Com o carro danificado, Gasly se arrastava pela pista quando foi acertado por Lando Norris, fazendo o piloto da McLaren e trazer o SC, além de causar o abandono de ambos. Até então Mick Schumacher se preparava para marcar seus primeiros pontos na F1, mas ele acabou acertando em cheio a lateral de Vettel, acabando com a corrida de ambos. Mestre e pupilo não se entenderam muito bem. Magnussen fazia uma agressiva corrida defensiva, que acabou o deixando em penúltimo, só à frente de Mick Schumacher, que teve que trocar a asa dianteira e foi último. Péssima corrida da Haas em casa. Com a McLaren não se dando bem (as ridículas vestimentas mostradas por Ricciardo e Norris felizmente não deram sorte), quem se aproveitou para marcar bons pontinhos foi Albon, que chegou em décimo com uma Williams que tem o pior carro do grid e com corridas sólidas e sem muitos erros, o anglo-tailandês vai marcando seus pontinhos aqui e ali.


Não fosse a McLaren de Norris ter ficado atravessada no meio da pista e Miami seria a pior corrida dos últimos tempos da F1. Com a entrada do SC, se tornou apenas a pior corrida de 2022. Claro que Max Verstappen não tem nada com isso. O neerlandês da Red Bull fez uma corrida sólida, mostrando a força do seu carro ao ultrapassar a dupla da Ferrari e chegar a colocar 8s em cima de Leclerc. Com a vitória de hoje, Max se iguala ao sogro Nelson Piquet com 23 vitórias, além de Nico Rosberg. Uma marca interessante para Max. Leclerc precisa se recuperar para não ver a vantagem construída pela Ferrari nas últimas provas irem por água abaixo. O campeonato está longe de estar decidido, mas Verstappen e Red Bull estão por cima no momento.

terça-feira, 3 de maio de 2022

Que pena...

 


Ele fez parte de uma estirpe especial de pilotos. Tempos que não voltarão nunca mais, seja pelo lado bom ou ruim. Tony Brooks teve uma carreira relativamente curta na F1, mas o inglês deixou sua marca. Tendo feito faculdade de odontologia, Brooks ficou conhecido como 'Dentista Voador' e logo começou a fazer sucesso no automobilismo inglês, fazendo-o estrear na F1 com apenas 24 anos, bastante novo para os padrões da década de 1950. Junto com Stirling Moss, Peter Collins e Mike Hawthorn, Brooks fazia parte de uma turma de jovens pilotos ingleses que desafiaram os experientes pilotos do pré-guerra, que dominaram a F1 nos seus primeiros anos. Quando se juntou à Vanwall, Brooks conseguiu suas primeiras vitórias e em 1959 ele foi contratado pela Ferrari, onde com duas vitórias, brigou pelo campeonato com Jack Brabham até a última corrida em Sebring, mas acabou derrotado pelo australiano. Cansado dos métodos da Ferrari e da insegurança das pistas, Brooks ficou apenas mais dois anos na F1, correndo por equipes menores, antes de se aposentar antes dos 30 anos. Brooks se tornou concessionário da Jaguar, mas sempre aparecia em festas de carros antigos. Brooks foi um sobrevivente de uma época em que muitos padeceram. Aos 90 anos de idade, Tony faleceu hoje como o último piloto vencedor da primeira década da F1 que ainda estava entre nós. 

domingo, 1 de maio de 2022

A volta de Pato

 


Após um bom campeonato em 2021, onde brigou até a corrida final com Alex Palou pelo título da temporada, Pato O'Ward não vinha muito bem em 2022, afetado por alguns acontecimentos alheios ao mexicano. Ainda sonhando com a F1, O'Ward viu com surpresa a McLaren contratar Colton Herta como piloto de desenvolvimento da equipe na F1, deixando Pato de lado mesmo ele correndo pela McLaren na Indy. Há indícios que Colton já estaria acertado como piloto titular na F1 com a McLaren em 2024 e que O'Ward, de tão chateado, estaria negociando com outras equipes na Indy, já que seu contrato com a McLaren se encerra no final desse ano. Isso estaria afetando a pilotagem do chicano nesse início de campeonato, mas no Alabama O'Ward deixou tudo de lado e numa ultrapassagem antológica sobre Rinus Veekay, conseguiu sua primeira vitória no ano e novamente entra na briga pelo título.

A corrida no belo circuito de Barber pode ser dividida entre antes e depois da segunda bandeira amarela, após a rodada de Calum Illot. Circuito à moda antiga, Barber não permite fáceis ultrapassagens e por isso seu histórico não é de grandes corridas. Até a rodada de Illot, a corrida parecia que seguiria nessa tradição não muito agradável, com o pole Rinus Vekaay se mantendo na ponta seguido por O'Ward, Scott McLaghlin, Alex Palou e o ameaçado Alexander Rossi. Mais atrás, alguns pilotos resolveram mudar a estratégia, entrando na perigosa tática de três paradas. Entre esses pilotos estavam o então líder do campeonato Josef Newgarden e os dois pilotos da Andretti, Colton Herta e Romain Grosjean, que tinham andado muito fortes nos treinos livres, mas foram atrapalhados por uma bandeira vermelha na classificação. A bandeira amarela acabou atrapalhando essa turma, que tiveram que entrar nos pits nesse momento, mas colocaram os pneus macios, enquanto os demais pilotos colocaram os pneus duros. O gama mais duro do pneus Firestone tinha se mostrado muito lenta, enquanto a borracha mais mole não se desgastava tanto. Foi o início do show de Colton Herta.

Enquanto as quatros primeiros permaneciam na ponta, o jovem piloto Andretti iniciava uma série impressionante de ultrapassagens, mostrando o porquê ser considerado o piloto mais promissor da Indy. Herta deixou para trás Newgarden e Grosjean, rapidamente chegando ao top-10. Na verdade, assim que se livrou de Newgarden, Grosjean iniciou uma sequência de ultrapassagens, enquanto o piloto da Penske decepcionava e ficou fora do top-10 na bandeirada. Fala-se no paddock que a contratação de Herta pela McLaren teria deixado O'Ward furioso e que ele não estaria falando com o piloto americano. Talvez pressentindo que precisava dar uma resposta ao show de Herta, O'Ward efetuou a ultrapassagem da corrida. Veekay e O'Ward fizeram suas segundas paradas juntos. Ao voltarem à pista, com pneus frios, ambos tiveram muito cuidado, mas Pato viu a chance de ganhar quando saiu próximo do neerlandês. Numa manobra sublime por fora no hairpin, O'Ward tomou a ponta de Veekay, mas a emoção não terminara.

Alex Palou parece ter aprendido direitinho as manobras táticas de Scott Dixon. O espanhol fazia uma prova até discreta, quando postergou sua segunda parada e se meteu entre os dois líderes. Mais do que isso. Enquanto Veekay não conseguia manter o ritmo que o deixou na ponta nos primeiros dois terços de corrida e o deixou em terceiro no final, Palou acompanhou de perto O'Ward até bandeirada, com a diferença entre ambos não passando dos 2s. Foi uma vitória da eficiência, enquanto Colton Herta acabou rodando enquanto tentava ultrapassar McLaughlin e terminava fora dos top-5, mesmo tendo carro para isso. Nessa luta particular entre os pilotos da McLaren, ponto para Pato.

Destaque para os veteranos da Indy. Largando em 19º e 16º respectivamente, Will Power e Scott Dixon escalaram o pelotão para receberem a bandeirada em quarto e quinto. McLaughlin e Rossi, que fizeram o último terço da prova com pneus duros, perderam muito rendimento no final, enquanto Grosjean, com pneus macios, ultrapassou na marra Graham Rahal, que não gostou nada na manobra. Mantendo a consistência, Palou assumiu a liderança do campeonato, mesmo sem vitórias. E no primeiro dia de maio, iniciamos o mês mais importante da Indy. No dia 29, teremos 500 Milhas de Indianápolis!

A volta de Pecco

 


Francesco Bagnaia aproveitou todo o potencial da Ducati nas corridas finais de 2021 para engrenar uma sequência de vitórias que, se não evitou o título de Fabio Quartararo, o colocou como um dos favoritos ao título desse ano, contudo, 2022 não começou do jeito que o italiano queria. Quedas e atritos sobre o melhor acerto com a equipe fizeram com que Bagnaia sequer subisse ao pódio nessa temporada até esse domingo. A pista de Jerez, mesmo com a evolução da Ducati ao longo dos últimos anos, sempre foi território da Yamaha, mas já nos treinos Bagnaia, ainda com dores de sua queda em Portugal, mostrou a que veio com a pole com direito a recorde e no domingo completou o serviço com uma corrida calculada, onde se não conseguiu se afastar de Quartararo, também não foi atacado e venceu pela primeira vez no ano.

A corrida em Jerez não foi das mais empolgantes na luta pela vitória, mesmo com a proximidade dos dois protagonistas. Bagnaia segurou os ataques de Quartararo na largada e se manteve na ponta, enquanto o francês ficou sempre à espreita de qualquer erro do italiano da Ducati. A corrida entre os dois foi bem tática, com a diferença nunca ultrapassando 1s, mas Quartararo não parecendo muito preocupado em atacar a Ducati. Com a experiência de um título mundial, Fabio sabe que nesse momento seu maior rival pelo título não é Bagnaia. Alex Rins pareceu voltar aos dias 'normais' onde não entregou o que dele se esperava e o espanhol da Suzuki teve um final de semana muito ruim, mesmo tendo a sorte de não cair em alta velocidade quando saiu da pista, mas Rins ficou longe até mesmo da zona de pontos, saindo zerado pela primeira vez ano. Foi a velha inconsistência de Rins que o atacou novamente.

Provavelmente avisado pelos boxes que Rins estava fora da contenda, Quartararo se manteve sempre próximo à Bagnaia, esperando um erro do piloto da Ducati para atacar, mas como o Pecco fez uma corrida impecável, Fabio preferiu assegurar os vinte pontos. Já a luta pelo terceiro lugar foi bem animada, com Miller se sobressaindo após uma boa largada, enquanto Marc Márquez e Aleix Espargaró chegando a trocar cotoveladas na largada e se mantiveram próximos de Miller a corrida inteira. Conhecido por destruiu pneus, Miller sabia que o ataque dos espanhóis viria, mas contava com trauma de Márquez, cujo a invencibilidade caiu justamente em Jerez praticamente dois anos atrás, começando o pesadelo pessoal do piloto da Honda. Marc conseguiu uma bela ultrapassagem nas voltas finais, mas acabou desgarrando na última curva, numa salvada digno dos bons dias, mas nesse exato momento Espargaró forçava a ultrapassagem em Miller e numa tacada só ganhava duas posições e um lugar no pódio, além de subir para a vice-liderança do campeonato, com poucos pontos separando-o de Quartararo. Quem poderia imaginar Aleix em segundo lugar na MotoGP?

Márquez ainda recuperaria a posição de Miller na última volta, mas não fora o suficiente para garantir um pódio, quebrando seu jejum em 2022. Mir salvou um pouco a honra da Suzuki e se aproximou bastante da luta pelo terceiro lugar, mas acabou mesmo em sexto. Bastianini fez uma corrida discreta e terminou apenas em nono, atrás até mesmo da Ducati menos desenvolvida de Marco Bezzecchi. Duas montadoras se destacam por ter apenas um piloto se sobressaindo. Enquanto Quartararo e Aleix Espargaró iam ao pódio, seus companheiros de equipes brigavam por um pontinho aqui ou acolá. Muito pouco para pilotos como Morbidelli, Doviziozo e Viñales, todos eles vencedores na MotoGP.

A reação de Bagnaia ainda não colocou entre o top-3 do campeonato e os pontos perdidos nas primeiras etapas podem fazer muita falta ao italiano, enquanto a Ducati começa a mostrar novamente a força esperada. Dessa vez não houve grandes alternâncias entre as corridas e pela primeira vez no ano o líder do campeonato manteve a posição na prova seguinte, mas Bagnaia foi o quinto vencedor diferente e houveram três marcas diferentes no pódio. Próxima corrida será em Le Mans, um território histórico da Yamaha e casa do líder do campeonato Quartararo, que quererá manter a escrita de Jerez e seguir líder do campeonato.