domingo, 25 de junho de 2023

Precisamos falar de Márquez

 


Pecco Bagnaia venceu mais uma corrida em 2023 neste domingo em Assen e parte impávido rumo ao bicampeonato, em cima de uma moto superior às demais, tanto que os três primeiros colocados do Mundial da MotoGP usam Ducati. Porém, o que aconteceu antes da corrida nos Países Baixos foi que mais chamou atenção e pode ter desdobramentos nesse mês de férias da MotoGP.

Marc Márquez já tem seu nome entre os gigantes do Mundial de Motovelocidade, vencendo seis títulos da categoria principal de forma dominante, passando por cima de uma geração forte, que tinha Lorenzo, Pedrosa e Doviziozo, além da aurora da Era Rossi. Usando seu incrível talento, Márquez tinha como característica sua agressividade em cima da moto e sabendo que tinha uma joia nas mãos, a Honda investiu no espanhol desde a entrada dele na MotoGP, após uma passagem gloriosa pela Moto3 e Moto2. E desde as categorias de base algo chamava atenção em Márquez: suas quedas. O espanhol não é daquele tipo de piloto que vai crescendo aos poucos, mas vai ao limite logo de cara e só descobria quando ultrapassava essa linha quando Márquez caía. Em 2011 Márquez poderia ser campeão da Moto2, mas uma queda lhe rendeu uma diplopia. Mesmo na gigantesca MotoGP, Márquez manteve a sua mentalidade, não se impressionando que a velocidade na queda seria ainda maior.

A Honda projetou uma moto para Márquez, tanto que absolutamente ninguém conseguiu domar a Honda como o espanhol. A Honda simplesmente focou apenas em Márquez e em suas impressões, mesmo que o talento de Márquez muitas vezes camuflasse as deficiências da moto da asa dourada. Então veio 2020. Logo na primeira corrida de uma temporada entrecortada pela pandemia, Márquez sofreu o acidente que marcou sua carreira e lhe rendeu quatro cirurgias no braço direito. Sem seu principal piloto, a Honda esperou por Márquez, enquanto as demais montadoras trabalharam forte e de uma forma diferente dos nipônicos. Ducati, KTM e Aprilia tinham visão distinta e mais ágil de gerir seus problemas e as motos europeias foram melhorando cada vez mais, enquanto a Yamaha usava a mesma estratégia da Honda com Quartararo e a própria Honda aguardava a chegada do seu 'messias'. Márquez tentou várias vezes, mas seu corpo o segurava. Após sua quarta e aparentemente definitiva cirurgia no braço direito, Marc voltaria com tudo à MotoGP. O que Márquez não esperava era encontrar uma moto Honda completamente obsoleta frente às demais.

Com uma mentalidade vencedora, Márquez foi à luta e tentou tirar a diferença no braço. Está sendo o caos! Márquez simplesmente não pára de cair em sua luta para se manter em posições altas e isso está lhe cobrando contusões seguidas, o deixando de fora de várias corridas. Após cair cinco vezes semana passada na Alemanha, nesse final de semana foram mais duas quedas em Assen, agravando uma fratura na costela, fazendo Márquez desistir de mais uma corrida. Uma situação que deixa não apenas frustração, como também uma raiva crescente em Márquez. O espanhol se vê impotente em lutar com a Ducati e a Honda parece completamente sem norte. Nesse domingo, Alex Puig falou que a Honda 'não trabalha com pessoas infelizes', numa clara e forte indicação para Márquez, que se retirou de Assen com uma declaração padrão, sem maiores polêmicas, mas pelo o que falou Puig, há uma clara tensão entre a Honda e seu principal piloto. Com contrato até o final de 2024, Márquez muito provavelmente deverá procurar uma nova moto, antes que algo ainda mais grave lhe ocorra tentando fazer a Honda andar. Dentro das montadoras europeias, não há tantas vagas fortes, que absorvam alguém como Márquez. A Honda está em sua pior crise desde que retornou ao Mundial de Motovelocidade no início da década de 1980 e tem uma moto ruim e com uma fama ainda pior: de destruidora de pilotos.

Tendo ainda trinta anos, Marc Márquez se vê numa situação complicada na carreira, onde por um lado tenta se manter fiel à Honda, mas a montadora não está fazendo a sua parte. Por outro lado, no quadro atual, se quiser retornar às boas posições, Márquez terá que procurar uma nova moto. Quem o abrigará? Márquez diminuirá seu alto salário? O que a Honda fará para retornar aos bons tempos? Essas perguntas serão respondidas ao longo do tempo.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Figura(CAN): Alexander Albon

 O tailandês da Williams fez com que a simpática equipe inglesa deixasse de sentir falta de George Russell nesse final de semana canadense. Com uma pilotagem sublime e ótimas decisões táticas, Alexander Albon executou um final de semana perto da perfeição. No sábado, Albon arriscou no Q2 ao colocar pneus slicks numa pista que secava e acertou na mosca, pois logo a chuva retornaria e Alex se garantiu no Q3, consolidando uma posição entre os dez primeiros no grid. Contando com o décimo carro do pelotão na ordem de forças da F1, Albon precisava de outras decisões boas para se manter na zona de pontuação. no domingo E novamente o anglo-tailandês acertou no alvo. A Williams é um carro que não tem a complexidade do Red Bull na aerodinâmica e por isso, sofre com a falta de downforce. Por outro lado, isso garante ao carro azul ótima velocidade em linha reta e foi assim que Albon aproveitou-se dessa característica do seu carro para se manter entre os primeiros. Ao ficar na pista quando Russell bateu no muro e trouxe o Safety-Car, Albon pararia apenas uma vez, enquanto os demais parariam duas vezes. Porém, esses mesmos pilotos, com carros superiores, chegariam em Albon com pneus mais novos e assim aconteceu. O que Ocon, Norris, Russell, Stroll e companhia não contavam era com a ótima velocidade de Albon nas retas, praticamente não permitindo que, mesmo com DRS aberto, ultrapassasse a Williams no último terço de prova. Por mais que tentassem, Albon se defendeu de forma esplêndida para garantir um ótimo sétimo lugar e marcar valiosos pontos para a Williams, além de mostrar que Albon, num bom dia, é capaz de resultados superiores ao potencial do seu carro.

Figurão(CAN): Sergio Pérez

 O que passa com Sérgio Pérez? Após conquistar duas vitórias nas quatro primeiras corridas de 2023, dando até mesmo esperança que poderia haver uma briga pelo título dentro do guarda-chuva da Red Bull, o mexicano simplesmente perdeu a mão e vai acumulando atuações abaixo da crítica nas últimas provas. Em Montreal, Checo completou uma incômoda terceira desclassificação no Q2, colocando Pérez numa situação difícil na corrida, ao largar no meio do grid. Com o carro que tem, Pérez teria obrigação de corridas de recuperação avassaladoras, mas Checo faz corridas burocráticas e quase anônimas, ganhando posição mais na base da estratégia do que na base da imposição de quem tem o melhor carro, disparado, do pelotão. A difícil missão de dividir os boxes com um gênio como Max Verstappen parece ter minado por completo a confiança de Pérez, que parece impotente em chegar perto do neerlandês e nesse momento, nem parece capaz de brigar com pilotos de Mercedes, Aston Martin e Ferrari, no qual Max destroça sem maiores cerimônias. Conhecido pela falta de paciência com seus pilotos, Helmut Marko deve estar se coçando para chegar junto em Pérez, ainda mais com vice-campeonato em perigo.

domingo, 18 de junho de 2023

Ombreando gigantes

 


Quando recebeu a bandeirada em Barcelona na quinzena passada, Max Verstappen chegou à sua quadragésima vitória e com o domínio da Red Bull esse ano, a 41º viria rapidamente, fazendo com que Max se igualasse à Ayrton Senna. A verdade foi que Verstappen nem precisou esperar muito para ombrear-se ao inesquecível tricampeão. Como havia sido na Espanha, Verstappen simplesmente ignorou a presença dos demais dezenove pilotos no grid para vencer mais uma vez e empatar no ranking histórico de vitórias da F1. Para sacramentar um momento tão especial, Verstappen esteve cercado por dois pilotos lendários, que brigaram a corrida inteira pela segunda posição, que foi o que Max permitiu. Alonso não largou tão bem e enfrentou problemas nos freios, mas segurou Hamilton para garantir a segunda posição na frente do inglês da Mercedes, subindo ao pódio pela sexta vez em oito corridas. Para completar um pódio estrelado, Adryan Newey recebeu o troféu de construtores no que foi a centésima vitória da Red Bull na F1. 


A prova em Montreal ocorreu com pista seca, significando uma corrida bem normal e sem maiores emoções na luta pela vitória. A classificação no sábado mexeu um pouco na ordem natural da F1, mas Verstappen permaneceu em primeiro com piso molhado e no domingo, Max simplesmente administrou a prova a sue bel-prazer, só não garantindo um Grand-Chelem por causa de Pérez, à essa altura vendo seu vice-campeonato ameaçado e muito provavelmente, pelo carro que tem, o mexicano também já enxerga seu emprego ameaçado. Verstappen fez uma corrida trivial rumo à 41º vitória na carreira e com apenas 25 anos de idade, já se começa a especular o quanto Max ainda conseguirá em sua carreira, ainda mais com um Red Bull muito acima das adversárias.

Se Max não deu chance à ninguém, a luta pelo segundo lugar foi mais animada. Nico Hulkenberg viu sua carruagem virar abobora antes da hora por causa de um erro da Haas, o deixando apenas em quinto no grid, com Alonso completando a primeira fila e as duas Mercedes logo atrás. Hamilton sabia que não podia ameaçar Verstappen, mas ele poderia encher o saco de Alonso. Por mais que chegasse a dizer que queria a vitória, Alonso sabia que o segundo lugar era o máximo que poderia alcançar. Dois velhos rivais novamente juntos na luta por bons pontos marcou também a corrida, com Hamilton começando em vantagem ao largar muito bem e ultrapassar até com certa facilidade Alonso, que ainda teve que se defender dos ataques de George Russell. No primeiro stint, Hamilton, Alonso e Russell andaram próximos, numa fase de estudos, mas esse estágio foi interrompido quando o próprio Russel cometeu um incaracterístico erro e bateu num dos vários muros de Montreal. Incrivelmente Russell ainda teve condições de retornar à corrida e pontuaria, se não fosse um problema identificado pela Mercedes já no final da prova. Além de ter como características de tanque o tamanho e o peso, o carro de F1 também tem a resistência de um tanque!


Foi nesse momento que ocorreu o segundo round entre Hamilton e Alonso, com a Mercedes soltando Lewis bem à frente de Alonso, que catimbou ao dizer que quase foi atingido pela Mercedes. Se fosse futebol, Alonso teria dado um senhor mergulho na área para provocar um pênalti, mas o juiz, sabiamente, mandou o jogou, ou a corrida, seguir. Nesse segundo momento, com pneus duros, Alonso tinha um melhor ritmo e deu o troco em Hamilton usando o DRS. Simples assim, sem choro, nem vela. Porém, o SC trazido por Russell fora muito cedo para uma corrida praticamente inteira sem paradas e um segundo pit-stop foi necessário para a turma que parou. Como não restavam tantas voltas, Hamilton arriscou médios, enquanto Alonso foi de duros. Para complicar, a Aston Martin identificou problemas no carro de Alonso e a diferença entre os dois diminuiu, fazendo com que todos esperassem uma nova briga entre os dois titãs. 'Deixe comigo', falou Alonso pelo rádio. E o espanhol, com problemas de freios e tudo, segurou com maestria Hamilton, que no fim desistiu de qualquer ataque no final, se conformando em completar um pódio histórico.


Novamente a Ferrari se viu envolvida em problemas táticos na classificação, não colocando os pneus corretos no carro de Leclerc, que teve que largar no meio do pelotão. Porém, o SC provocado por Russell trouxe algo que não vem ocorrendo muito nos últimos anos: a Ferrari acertou na estratégia. Mesmo largando com pneus médios, como a maioria do grid, a Ferrari deixou Leclerc e Sainz na pista, os colocando numa situação melhor dentro da corrida. Os dois ferraristas fizeram um bom trabalho com os pneus e pararam apenas uma vez, subindo para quarto (Leclerc) e quinto (Sainz) na bandeirada. Aleluia! Já Pérez foi um piloto sorumbático no domingo. A luta inglória que tem que manter contra um gênio como Max Verstappen parece ter afetado definitivamente a confiança de Pérez, que com vários erros e exibições ridículas, simplesmente não consegue performar como em suas duas vitórias no começo desse ano. Para piorar, Checo já vê um Alonso em fase incrível bastante próximo no campeonato. 


Na votação pelo melhor piloto do dia, muitas vezes a torcida de determinado piloto acaba influenciando a eleição e vence quem muitas vezes não merece. Não foi o caso em Montreal. Mesmo com a vitória histórica de Verstappen, o 'melhor homem em campo' foi mesmo Alexander Albon. O tailandês arriscou parar apenas uma vez e usando o pouco downforce que tem seu Williams, segurou um enorme pelotão nas voltas finais, garantindo um quase miraculoso sétimo lugar. Ocon estava com a asa traseira balançando bastante e não foi capaz de ultrapassar um Albon inspirado, enquanto Norris, punido em 5s por andar lento demais durante o SC, perdeu a chance de pontuar, mas efetuou uma bonita manobra em cima de Bottas para, no fim, atacar Albon e Ocon, mas sem sucesso. Bottas fez sua melhor corrida em muito tempo, mas ainda assim o nórdico foi ultrapassado na bandeirada por Stroll, que mesmo correndo em casa, teve outro desempenho constrangedor em comparação ao seu companheiro de equipe. Ao menos Bottas pôde marcar um ponto para a Alfa, porém, seu tempo na F1 parece estar no fim. Destaque negativo para o péssimo ritmo de corrida da Haas e bizarra luta por posição entre Kevin Magnussen e Nyck de Vries, que mais pareciam dois adolescentes querendo chamar atenção da garota bonita no trânsito, se fechando sem nenhuma razão ou noção.


Max Verstappen subiu ao pódio ao lado de Hamilton e Alonso, dois pilotos que foram referências em outros anos, mas que hoje sabem que a referência da F1 se chama Max Emilian Verstappen, neerlandês de 25 anos, futuro tricampeão mais jovem da história e com o mesmo número de vitórias do titã Ayrton Senna, deverá entrar em breve no panteão dos gigantes da F1. 

Esquentando o campeonato

 


Com a Ducati massacrando as rivais na MotoGP, a montadora italiana já se dá o luxo de ver seus pilotos brigarem livremente entre si para ver quem será o campeão. Hoje, dos nove primeiros colocados em Sachsenring, oito portavam Ducati e mesmo assim, Jack Miller (KTM) esteve longe do pódio. Ano passado Jorge Martin dizia aos quatro ventos que queria uma vaga na equipe oficial Ducati, mas o surpreendente ótimo desempenho de Enea Bastianini acabou com os sonhos do espanhol, que ficou meio a contra-gosto na Pramac, principal equipe satélite da Ducati. Conhecido pelo talento e estilo agressivo, Martin também é reconhecido pelo pouco trato com os pneus e mesmo vencendo a Sprint na Alemanha nesse sábado, era esperado que Jorge sucumbisse a maior experiência e melhor trato com a borracha de Bagnaia. Porém, Martin surpreendeu ao segurar o ímpeto de Pecco e ainda esquentou o campeonato com seu final de semana perfeito.

Antes da largada já havia grande movimentação, com a notícia que Marc Márquez perderia mais uma corrida em 2023, após sua quinta (!) queda em Sachsenring, pista onde o espanhol havia vencido nada menos do que onze vezes, mas a ruindade da moto da Honda faz com que Marc queira compensar as dificuldades com o seu talento e isso resulta em quedas em sequência. A falta de uma maior ambição das montadoras japonesas nos dá um cenário inacreditável no momento na MotoGP, onde não apenas a Ducati, mas também KTM e Aprilia dominam o campeonato, deixando para trás o eterno domínio de Honda, Yamaha e Suzuki. Se antes os pilotos corriam atrás dos nipônicos, não demorará para ocorrer o contrário. O reconhecidamente talentoso Fabio Quartararo, campeão em 2021, chegou em décimo terceiro, logo atrás do seu companheiro de equipe Morbidelli, que semana passada até mesmo duvidou se era interessante renovar com a Yamaha na situação atual. Uma situação que reverbera na saúde dos pilotos, que tentam tirar a diferença e acabam no chão, fazendo com que a Honda largasse com apenas um piloto hoje, já que os demais estavam inaptos por problemas físicos. Márquez sabe que é um piloto para estar brigando, no mínimo, pela vitória. Em condições normais, estaria dominando. Mas Marc, que sempre correu com a Honda desde que estreou na MotoGP, se vê numa situação onde a montadora que o acolheu simplesmente não tem condições de lhe dar um bom equipamento e parece perdida para achar um caminho de volta aos bons tempos.

A realidade atual é a Ducati dominando e isso foi visto mais uma vez na Alemanha. Num dia de muito calor no começo do verão europeu, Bagnaia era visto como favorito, mesmo com a ótima exibição de Martin no sábado, mas como Jorge não cuida lá muito bem dos pneus, Pecco poderia usar essa vantagem para derrotar o espanhol e dar uma resposta no campeonato. Martin vem num momento ascendente no campeonato, já superando o outro piloto satélite da Ducati Marco Bezzecchi e assumindo a vice-liderança. Martin chegou ao domingo em alta e como atual campeão, Bagnaia tinha a obrigação de dar um basta nas gracinhas de Jorge e impor não apenas seu status de campeão vigente, como de piloto da equipe de fábrica Ducati. Como esperado, Martin não demorou muito para assumir a ponta da corrida, ultrapassando Bagnaia. Miller largou melhor, errou na curva 11 e depois sucumbiu a superioridade das Ducatis. Brad Binder fazia um trabalho melhor e era terceiro, quando saiu da pista sozinho e de forma estranha, deixando Zarco em terceiro. E longe da briga pela ponta.

Vendo a corrida era claro que Bagnaia não forçava em nada, esperando que Martin queimasse seus pneus, como ocorreu semana passada em Mugello. Pecco apenas seguia o espanhol e se aproximava quando queria, mas o que Bagnaia não contava era com a valentia de Martin. O primeiro ataque de Bagnaia veio faltando dez voltas, quando os pneus de Martin já estariam no teoricamente no talo. Na teoria. Martin não se abateu com a ultrapassagem e continuou forçando, até conseguir a ultrapassagem faltando sete voltas para o fim. Muito cedo? Talvez, mas Martin soube segurar a enorme pressão de Bagnaia, que chegou a tocar na traseira de Martin na abertura da última volta e terminou menos de um décimo de segundo atrás de Martin na bandeirada, que com a vitória diminuiu bastante a desvantagem para Bagnaia, ganhando uma confiança que lhe pode ser bastante interessante no resto do certame. Talvez Bagnaia tenha subestimado Martin e seu controle de pneus, perdendo uma chance de colocar Martin 'no seu lugar'. Cerebral como é, Pecco não deverá cometer o mesmo erro novamente. O certo é que o GP da Alemanha foi excepcional e provavelmente viu os dois pilotos que lutarão pelo título. Tudo dentro do guarda-chuva da Ducati.

sábado, 17 de junho de 2023

Debaixo de indefinição

 


Todos sabiam que o final de semana em Montreal seria de muita indefinição com relação ao clima. Na sexta-feira uma tempestade no final do segundo treino livre mostrava muito bem o que vinha pela frente e no sábado, o clima Montrealer não decepcionou. O clima instável durante a classificação rendeu algumas surpresas e dissabores. Só não mudou o primeiro colocado. Max Verstappen mostrou mais uma vez a excelência de sua pilotagem, onde debaixo de um piso muito molhado, garantiu a pole no Q3, superando Nico Hulkenberg, sempre muito forte em condições molhadas, e Fernando Alonso, que foi pela oitava vez ao Q3, algo que nem Verstappen conseguiu em 2023.

Porém, antes do Q3, muita coisa aconteceu, começando com um final de semana totalmente desastrado de Carlos Sainz, que no TL3 já tinha atrapalhado Albon e no Q1 fechou Gasly de forma descarada, deixando o francês da Alpine irado e de fora do Q2. Como a chuva já tinha parado, o Q2 foi insano, com os pilotos tendo que escolher o momento exato de colocar os pneus slicks na traiçoeira pista do circuito Gilles Villeneuve. O saudoso canadense deve ter suspirado forte com outro erro estratégico da Ferrari, não parando Leclerc na hora certa, deixando o monegasco de fora do Q3. Mas se Charles tem desculpas, o que dizer de Sergio Pérez, pela terceira vez consecutiva de fora do Q3? Já está começando a ficar feio para Checo.

Então a chuva veio forte no Q3 e antes de Oscar Piastri estampar sua McLaren no muro, Verstappen tinha feito um tempo espetacular, muito mais rápido do que qualquer um. Que naquele momento era Hulkenberg, novamente se sobressaindo em condições molhadas e colocando a Hass na primeira fila. Quando a pista foi liberada, a chuva apertou de vez e ninguém melhorou, deixando Alonso em terceiro, seguido pela dupla da McLaren. A previsão de amanhã é de tempo seco, melhorando ainda mais a vida de Verstappen, pois os pilotos que poderia levemente lhe atrapalhar amanhã largarão a partir da segunda fila. Mesmo com tanta indefinição do tempo, Max mais uma vez se impôs nesse 2023 dominador.

domingo, 11 de junho de 2023

Volta triunfal

 


Com o teto orçamentário na F1, a Ferrari resolveu usar parte dos seus enormes recursos em algo que os italianos já fizeram história: nas 24 Horas de Le Mans. Já tendo o know-how da tecnologia híbrida na F1, a Ferrari retornou ao Endurance e lá a trupe de Maranello percebeu que a concorrência seria muito forte. Havia a Toyota, que após anos batendo na trave em Le Mans, emendou uma sequência de vitórias onde, verdade seja dita, praticamente não havia concorrência. E para 2023, os nipônicos teria uma concorrência fortíssima. Além da Ferrari, a Toyota teria que lidar com Porsche/Penske, Cadillac/Ganassi e a Peugeot.

Para voltar a vencer em Le Mans, a Ferrari não apenas que bater uma montadora bastante estabelecida no WEC, como outros três titãs do automobilismo, com parcerias fortíssimas vindos da Indy, com experiência muito grande na IMSA. A edição centenária das 24 Horas de Le Mans já entrou para a história como uma das mais disputadas da história, onde todas as montadoras citadas lideraram em algum momento a corrida e que em certos momentos, o ritmo era tão forte que nem parecia uma corrida de resistência. Com seis horas de prova, quinze segundos separavam os cinco primeiros! Sem contar as duas trombas d'água que caíram em Sarthe, onde a corrida foi bagunçada, muitos pilotos saíram da pista e houveram intermináveis sessões atrás do Safety-Car, que foi o ponto negativo dessa edição.

No fim, sobraram a Ferrari de Alessandro Pier Guidi, Antonio Giovinazzi e James Calado disputando a vitória contra a Toyota de Brendon Hartley, Sebastien Buemi e Ryo Hirakawa. E foi Hirakawa, que bateu seu carro faltando pouco mais de duas horas, que praticamente definiu a vitória para a Ferrari. Mesmo com um susto no último pit-stop, Pier Guidi levou sem maiores problemas sua Ferrari de número 51 até a bandeirada, encerrando um jejum de 59 anos da equipe de Maranello em Le Mans. Uma volta triunfal!

Sunday ride


 Por mais que a MotoGP tenha corridas melhores e com os pilotos mais talentosos tendo seus próprios problemas, estamos vendo um domínio parecido com a da F1. Não de pilotos, mas de equipamento. Se a Red Bull vem matando a tapa a concorrência em quatro rodas, em duas rodas a Ducati simplesmente não dá chances a ninguém nesse 2023 na MotoGP. Sem contar as Sprint Races, a Ducati só perdeu uma corrida nessa temporada (Honda em Austin) e se Bagnaia não tivesse escorregado em cascas de banana em algumas provas, provavelmente o atual campeão estaria numa liderança folgada no campeonato. Pecco simplesmente passeou em Mugello, não dando chances a senhor ninguém na prova de casa. 

Bagnaia só não liderou os pouco mais de 115 km de distância do Grande Prêmio da Itália por causa da largada relâmpago de Jack Miller, que emergiu na ponta ao contornar a primeira curva, mas o pole Bagnaia não demorou mais uma curva para ultrapassar o australiano da KTM e liderar todas as voltas para vencer com certa tranquilidade. Quando Jorge Martin rapidamente ultrapassou Miller, Bagnaia viu o espanhol da Pramac ficar quatro décimos atrás, porém Pecco sabe a sanha que Martin tem pelos pneus, ainda mais largando com pneus mais macios. Bagnaia controlou o ímpeto inicial de Martin sem maiores arroubos e quando a borracha de Jorge começou a gritar, Pecco abriu uma confortável diferença para vencer e abrir ainda mais na liderança do campeonato. Se na Sprint o vice-líder Bezzecchi chegou logo atrás de Bagnaia, na corrida principal Marco esteve longe até mesmo da briga pelo pódio, finalizando apenas numa pálida oitava posição. Com um equipamento inferior ao de Bagnaia, mesmo que seja uma Ducati, ainda falta a Bezzecchi uma maior consistência, mesmo não podendo negar o grande trabalho feito pelo italiano em 2023.

Ao ultrapassar Miller, Martin rapidamente abriu do terceiro colocado e isso salvou o segundo lugar do espanhol. Miller segurou um pouco o pelotão, mas isso acabou sendo decisivo, pois quando Jack foi ultrapassado por causa de uma manobra kamizake de Alex Márquez, Jorge Martin já tinha mais de 1s de vantagem. Inicialmente Marini e Marc Márquez brigaram pelo último lugar do pódio, mas o piloto da Honda caiu sozinho, continuando uma série de quedas de Márquez que vai destruindo o seu campeonato. Seu irmão mais novo foi para cima de Marini, conseguiu a ultrapassagem, mas Alex acabou caindo sozinho. Dia não muito bom pra família Márquez. À essa altura Johan Zarco, que cuida muito bem dos pneus, já estava na briga pelo terceiro lugar e ao ultrapassar Marini, esboçou um ataque em cima do companheiro de equipe Martin, recebendo a bandeirada mais próximo do espanhol, do que Martin de Bagnaia. Mais algumas voltas e Zarco beliscava o segundo lugar. 

Pódio inteiramente da Ducati e a primeira moto não-Ducati foi o quinto colocado Brad Binder, de KTM. E as motos japonesas? Com a queda de Marc Márquez, coube a Fabio Morbidelli ficar em décimo com a Yamaha, logo à frente do impotente Fabio Quartararo, cada dia mais descontente com a situação de sua equipe. Honda e Yamaha sofrem com uma filosofia que foi amplamente superada pelas montadoras europeias. Enquanto isso, Bagnaia, quando tudo está certo, passeia pelo campeonato. Se não é um piloto talentosíssimo, Pecco tem a serenidade para ser o piloto número um da moto dominante da MotoGP. Basta errar menos para que o bi venha ao natural.

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Figura(ESP): Mercedes

 Toto Wolff, Lewis Hamilton e George Russell não cansaram de falar que esperavam com bastante ansiedade a chegada da F1 à Europa, onde um novo pacote para o W14 estrearia. Inicialmente o debute seria em Ímola, mas com o cancelamento da prova, as novidades chegaram em Monte Carlo. Numa pista tão específica, era basicamente impossível mostrar algo a mais, mas as mudanças no carro da Mercedes eram aparentes, principalmente com o fim do famigerado 'zeropod' nas laterais dos carros tedescos. Os resultados em Mônaco, ainda assim, foram promissores, mas em Barcelona ficou bastante claro que a Mercedes pode ter, finalmente, ter encontrado um caminho rumo aos bons momentos. Se numa volta rápida de classificação a Mercedes ainda peca um pouco, como prova o fato de Russell ficou no Q2, em ritmo de corrida o pulo da Mercedes foi nítido e encorajador. Hamilton teve sua boa largada atrapalhada por Lando Norris, mas o inglês rapidamente se recuperou, ultrapassando Stroll e encostando na Ferrari de Sainz, que já sofria com os pneus. Correndo com pneus macios, Hamilton administrou muito sua borracha e quando retornou à pista, ultrapassou facilmente Sainz para se estabelecer na segunda posição. Já Russell não deixou por menos. Saindo da décima segunda posição, George se aproveitou de uma brecha para ganhar vantagem na chicane ao sair da pista, amealhando importantes posições. Com um ritmo superior, não foi difícil para Russell ultrapassar Ocon e a dupla da Aston Martin para garantir um pódio duplo para a Mercedes nesse que pode ser um momento de ressurreição para a equipe e de esperança de que, em algum momento, a Mercedes seja capaz de incomodar a Red Bull. O campeonato agradeceria!

Figurão(ESP): Ferrari

 No primeiro circuito convencional desde a primeira etapa no Bahrein, boa parte das equipes trouxeram para Barcelona novos pacotes, pequenos ou grandes, para tentar diminuir a gigantesca vantagem que a Red Bull hoje tem sobre as demais. A Ferrari foi uma das equipes a trazer novidades, mas ao invés de dar um pulo para frente, os italianos deram um verdadeiro passo para trás, pois os problemas do carro de 2023 ficaram ainda mais evidentes em Barcelona. Em volta rápida, a Ferrari permanece muito forte, apesar da bisonha classificação de Charles Leclerc, ficando ainda no Q1 e amargando uma penúltima posição no grid. Em compensação, Carlos Sainz garantiu um lugar na primeira fila, com um tempo muito próximo do pole Verstappen. Contudo, isso já tinha sido visto em 2023 com a Ferrari. O diferencial seria visto no domingo, quando o calcanhar-de-Aquiles da Ferrari aparece para atormentar a trupe de Maranello: o ritmo de corrida e o desgaste de pneus. Sainz ainda largou bem e incomodou Verstappen, mas aquele foi basicamente o único momento da Ferrari na corrida. Com um ritmo de corrida ruim e a pista de Barcelona destruindo os pneus, a ânsia da Ferrari em queimar a borracha da Pirelli ficou ainda mais evidente, deixando Carlos Sainz praticamente indefeso contra os ataques da Mercedes e Sergio Pérez. E se Alonso não tivesse um final de semana ruim, talvez a queda de Sainz seria ainda maior. O fato foi que Sainz despencou para quinto após largar em segundo, sem poder fazer nada contra seus rivais mais próximos, enquanto Leclerc igualmente fez uma corrida onde era nítido o sofrimento do monegasco com os pneus. Ao contrário do que se espera de um piloto de equipe grande quando larga mais atrás, Leclerc não fez uma avassaladora corrida de recuperação, só ganhando posições pelas paradas alheias e Charles terminou em 11º, fora dos pontos. Para quem esperava chegar mais perto da Red Bull, a Ferrari ficou cada vez mais perto da... Alpine!

domingo, 4 de junho de 2023

Melhor do que o esperado

 


Após mais de trinta anos correndo em Belle Island, a Indy resolveu retornar às origens em Detroit e voltou a correr no mesmo lugar no centro da cidade onde houve um circuito de rua, primeiro na F1 e depois na própria Indy, ao redor do Rio St Clair na divisa com o Canadá e aos pés do opulento prédio da Chevrolet. Para quem lembra, a pista de rua no centro de Detroit era odiada pelos pilotos de F1 por ser extremamente ondulada e por isso quando saiu do calendário em 1988, ninguém sentiu muita falta. O traçado do circuito não tem nada a ver com o circuito da década de 1980, mas a ondulação parecia estar igualzinha.

Desde os primeiros treinos que a Indy viu que o circuito de rua de desenho simples e muito estreito em certas partes poderia demandar muito trabalho não apenas aos pilotos, mas aos comissários de pista para recolher os destroços de carros estatelados no muro. Talvez com os pilotos sabendo que a pista poderia repetir o fiasco que foi a primeira prova em Nashville, tiveram bastante cautela em boa parte da corrida e mesmo com uma recaída nas voltas finais, a corrida se desenvolveu com certa fluidez e foi das mais interessantes. Com muitas partes de concreto, o piso em Detroit também se caracterizou pelo grande desgaste de pneus, principalmente os macios, fazendo com que os pilotos procurassem o mais rápido possível os pneus duros. Porém, seja com mole ou duro, Alex Palou esteve praticamente imparável nesse domingo. O espanhol da Ganassi só não venceu de ponta a ponta, algo bastante raro na Indy, porque quando esteve com os pneus macios, foi ultrapassado de forma belíssima por Will Power.

Por sinal, o australiano da Penske usou bastante o hairpin no final da grande reta para efetuar boa parte de suas ultrapassagens, num belo xis em cima do seus adversários. Contudo, Power não foi capaz de superar um inspirado Palou, que chegou a meter 11s em seu mais próximo perseguidor, demonstrando o domínio do espanhol. Dixon quase completou uma dobradinha da Ganassi, mas foi superado por uma ultrapassagem agressiva de Power e quase bateu no muro, acabando em quarto. Rossi se aproveitou bem do entrevero entre Power e Dixon para assumir a segunda posição, mas depois foi seguidamente ultrapassado, inclusive numa manobra bem agressiva do seu companheiro de equipe Felix Rosenqvist, que terminou em terceiro. Rossi saiu da Andretti com a fama de não ser dos melhores companheiros de equipe e pode trazer esse clima 'amistoso' para a McLaren, que viu seu principal piloto Pato O'Ward bater no muro, após a equipe errar em seu pit-stop e o liberar com uma roda solta. Outro destaque negativo foi Romain Grosjean, que bateu duas vezes antes de abandonar, o deixando claramente chateado.

Palou estava exatamente o contrário do francês. Alex teve uma corrida dominante na nova pista de Detroit e venceu com autoridade. Com seus principais rivais no campeonato tendo corridas abaixo, Palou começa a disparar no campeonato rumo ao bicampeonato, lembrando que Palou ainda não sabe para onde vai em 2024, mas Alex vai provando que Ganassi terá que tirar o escorpião do bolso para manter o espanhol na equipe.

Que venha Madri

 


Nas últimas semanas surgiu a notícia que a cidade de Madri estaria interessada em ingressar no concorrido calendário da F1 com um circuito de rua. Madri e Barcelona nutrem uma rivalidade gigantesca dentro da Espanha e como a capital espanhol centra o poder governamental, muitas vezes na história oprimindo o orgulho catalão, isso seria um golpe e tanto dos madrilenhos em cima de Barcelona. Independentemente das rivalidades, olhando para mais uma corrida completamente sem sal na pista de Montmeló, talvez uma mudança para Madri não seja assim tão ruim, mesmo em mais um circuito de rua. Não importa a geração de carros, motores, pilotos e até mesmo narradores e comentaristas. Correr na pista de Barcelona significa uma corrida tediosa. 'Ah, mas houve várias ultrapassagens hoj', alguém argumentará. Porém, basta olhar com mais atenção que mais de 90% das ultrapassagens ocorreram com o DRS aberto, que fez uma grande diferença na longa reta dos boxes de Barcelona, principalmente com os carros andando mais próximos mesmo com a modificação que transformou uma antiga chicane em novamente duas curvas rápidas no trecho final. Se houve ultrapassagem, Max Verstappen não viu nem pelo retrovisor, com o neerlandês dando outro passeio no parque.


A chuva era esperada para o final de semana catalão, talvez com toda a comunidade da F1 lembrando do histórico nada emocionante das corridas em Barcelona. O céu escureceu em alguns momentos, George Russel confundiu seu próprio suor com pingos de chuva, mas a corrida transcorreu com pista seca e sem grandes arroubos de emoção, com Max Verstappen só tendo interrompido seu 'sunday drive', mesmo que levemente, na largada. A diferença da Red Bull para as demais é tamanha hoje em dia, que os austríacos se dão o luxo de montar pneus mais duros em seus carros e ainda assim Max conseguir uma vantagem considerável para o resto do pelotão. Largando com pneus médios, enquanto os pilotos ao seu redor saíram com pneus macios, Verstappen teve que lidar com os ataques de Sainz nos primeiros metros da corrida, mas ao controlar o piloto da casa, Max colocou o braço para fora, sintonizou em seu rádio troca-fita 'Hotel California' e passeou por 306 km na pista de Barcelona. Houve uma bandeira alvinegra para Max por causa dos famigerados 'track limits'? Max nem sabia aonde tinha sido sua pisada fora da linha. Verstappen ainda se informou para marcar a volta mais rápida e garantir o Grand Chelem, onde marcou a pole, fez a volta mais rápida e venceu após liderar a corrida de ponta a ponta. Uma exibição de gala em sua vitória de número 40, onde Max Verstappen parecia entediado até mesmo no rádio pós-corrida.


Se nada aconteceu lá na frente, as movimentações da segunda posição para trás mostrava que o novo pacote de atualização da Mercedes significou um passo à frente para a trupe de Toto Wolff e companhia. Lewis Hamilton largou bem e tomou a terceira posição de Lando Norris, mas acabou levando um toque do compatriota na segunda curva e talvez com receio de ter um furo de pneu, praticamente não ofereceu resistência à Lance Stroll na luta pela terceira posição. Tudo certo, Lewis atacou o canadense e rapidamente se aproximou de Sainz. O espanhol da Ferrari dizia que seus pneus estavam em ordem, mas os táticos ferraristas resolveram colocar pneus médios no carro de Sainz, enquanto Hamilton preferiu ficar na pista mais tempo com os macios, num ritmo muito bom, deduzindo um ótimo trabalho do veterano. Ao fazer sua primeira parada, Hamilton voltou atrás de Sainz com os médios, mas rapidamente se aproximou novamente do espanhol para lhe tomar a segunda posição sem maiores problemas e ficar por ali até o fim da corrida, mesmo que tendo que fazer uma segunda parada, se defendendo de qualquer gracinha de Sainz. Para completar a festa mercediana, Russell saiu de 12º para terceiro com um ritmo igualmente muito bom. George teve sorte em sair da pista na primeira curva, pois ao pegar o atalho que está ali por regulamento, Russell saiu mais embalado da curva 3 e ganhou boas posições ainda na primeira volta. Com mais ritmo em seu Mercedes, Russell não teve que se preocupar com Sergio Pérez. Como falado anteriormente, a diferença da Red Bull para as demais hoje é tamanho, que mesmo fazendo uma corrida praticamente incógnito, Checo chegou em quarto sem fazer muita força.


Com a Mercedes dando um grande pulo com seu pacote, a Ferrari ficava ainda mais para trás. O bom primeiro stint de Sainz não lhe serviu para nada por causa da notável falta de ritmo de corrida da Ferrari, com o notório alto de desgaste de pneus. Sainz foi ultrapassado facilmente pela dupla da Mercedes e por Pérez, garantindo um quinto lugar com sabor agridoce para o piloto da casa. Largando dos pits por causa de sua classificação bisonha, Leclerc nem de longe fez uma corrida de recuperação avassaladora, terminando por ficar fora dos pontos. Num final de semana em que era esperado que a Aston Martin tivesse alguma chance frente a Red Bull (sério, falaram isso), o time verde teve seu pior final de semana na temporada, apesar da boa largada de Stroll, mas as limitações do canadense ficaram evidentes com o passar da corrida. Somente o fato de ser filho do dono não o fez perder mais uma posição, pois Alonso vinha mais rápido nas voltas finais, mas amargou uma sétima posição em casa. Muito pouco após vir da melhor posição em muitos anos para Alonso. Ocon fez uma corrida longe do brilhantismo monegasco semana passada, mas prova que a Alpine é a quinta força do campeonato, um degrau abaixo das quatro primeiras e um degrau acima das demais. Punido por vários blocks na classificação, Gasly só pontuou pela controversa punição à Tsunoda nas voltas finais, quando o japonês se defendeu de Zhou e o piloto da Alfa Romeo saiu ligeiramente da pista. Por sinal, Zhou salvou um pontinho para a Alfa, enquanto Bottas amargava as últimas posições, chegando a ficar mais de 40s atrás do companheiro de equipe. O toque na largada não justifica a corrida horrenda de Norris, que trocou o bico na primeira volta e depois não saiu mais das últimas posições. Cavalo paraguaio que chama?


E assim Barcelona viu mais uma corrida aborrecida em sua já longa história e mais uma vez um carro projetado por Adryan Newey dominou na pista catalã. Max Verstappen conta quando irá comemorar o tricampeonato, enquanto a Mercedes começa a ter esperanças de ter achado um caminho correto rumo ao enfrentamento com a Red Bull nesse ou no próximo ano. Já Ferrari parece perdida, enquanto a Aston Martin se glorifica todo dia por ter Stroll pai no comando e pragueja por ter Stroll filho no volante. Por mais que tenha havido ultrapassagens, a pista de Barcelona simplesmente é sinônimo de corrida aborrecida.

sábado, 3 de junho de 2023

Fórmula Verstappen

 


Muita gente que se acha entendida em F1 diz que 'os carros que fazem a diferença, os pilotos de hoje não servem para nada', ao contrário dos 'bons tempos'. Porém, até nisso Max Verstappen vem provando o contrário. Não basta apenas ter um bom carro e com certeza você brigará por títulos. O Red Bul RB19 já pode ser considerado um dos melhores carros da história da F1, mas ter um apenas um bom piloto não é o suficiente para voos maiores. Na câmera on-board nos carros de Max e Checo, era constrangedor a diferença entre os dois na última curva, com o neerlandês apenas aliviando enquanto o mexicano chegava a frear. Porém, é no cronometro que se vê a realidade e Max Verstappen ficou com mais uma pole, se igualando aos tricampeões Nelson Piquet e Niki Lauda. Já Pérez ficou no Q2, amargando uma 11º posição. 

Porém, Sergio Pérez não foi a única surpresa nessa classificação em Barcelona, que chegou a ter risco de chuva, mas que transcorreu inteiramente com pista seca. Charles Leclerc esteve irreconhecível nesse sábado e ficou ainda no Q1, terminando a classificação numa humilhante penúltima posição. Será que Leclerc ainda tem o telefone de Wolff? Por sinal, o dirigente austríaco terá muito trabalho com seus dois pilotos se desentendendo no final do Q2, resultando num toque entre Russell e Hamilton bizarro, mas que não afetou em nada a situação de ambos, com George ficando no Q2 e Hamilton dando a entender que brigaria para ser o melhor do resto.

Sim, desde cedo Verstappen dominava na Espanha como se ele próprio estivesse numa liga própria. Max só precisou de sua primeira volta rápida no Q3 para ficar confortavelmente na pole. A briga para ver quem largaria ao seu lado foi animada e acabou vencida pelo piloto da casa, mas não o imaginado. Alonso saiu da pista no Q1 e afetou seu assoalho a ponto de ser superado pela primeira vez no ano pelo limitado Stroll. Provando que algo de muito estranho ocorreu na Ferrari de Leclerc, Sainz ficou em segundo, quase meio segundo atrás de Max. Completando um dia recheado de surpresas, Lando Norris superou a má fase da McLaren para ser terceiro, indo para as entrevistas pós-sessões após muito tempo. Contudo, nada deve parar Max Verstappen. Nem mesmo a esperada chuva. Com Barcelona tendo um histórico de corridas sonolentas, a de amanhã deverá ser nesse ritmo, causado principalmente pela superioridade de Verstappen em cima dos dezenove pilotos do grid atual da F1.