Quando recebeu a bandeirada em Barcelona na quinzena passada, Max Verstappen chegou à sua quadragésima vitória e com o domínio da Red Bull esse ano, a 41º viria rapidamente, fazendo com que Max se igualasse à Ayrton Senna. A verdade foi que Verstappen nem precisou esperar muito para ombrear-se ao inesquecível tricampeão. Como havia sido na Espanha, Verstappen simplesmente ignorou a presença dos demais dezenove pilotos no grid para vencer mais uma vez e empatar no ranking histórico de vitórias da F1. Para sacramentar um momento tão especial, Verstappen esteve cercado por dois pilotos lendários, que brigaram a corrida inteira pela segunda posição, que foi o que Max permitiu. Alonso não largou tão bem e enfrentou problemas nos freios, mas segurou Hamilton para garantir a segunda posição na frente do inglês da Mercedes, subindo ao pódio pela sexta vez em oito corridas. Para completar um pódio estrelado, Adryan Newey recebeu o troféu de construtores no que foi a centésima vitória da Red Bull na F1.
A prova em Montreal ocorreu com pista seca, significando uma corrida bem normal e sem maiores emoções na luta pela vitória. A classificação no sábado mexeu um pouco na ordem natural da F1, mas Verstappen permaneceu em primeiro com piso molhado e no domingo, Max simplesmente administrou a prova a sue bel-prazer, só não garantindo um Grand-Chelem por causa de Pérez, à essa altura vendo seu vice-campeonato ameaçado e muito provavelmente, pelo carro que tem, o mexicano também já enxerga seu emprego ameaçado. Verstappen fez uma corrida trivial rumo à 41º vitória na carreira e com apenas 25 anos de idade, já se começa a especular o quanto Max ainda conseguirá em sua carreira, ainda mais com um Red Bull muito acima das adversárias.
Se Max não deu chance à ninguém, a luta pelo segundo lugar foi mais animada. Nico Hulkenberg viu sua carruagem virar abobora antes da hora por causa de um erro da Haas, o deixando apenas em quinto no grid, com Alonso completando a primeira fila e as duas Mercedes logo atrás. Hamilton sabia que não podia ameaçar Verstappen, mas ele poderia encher o saco de Alonso. Por mais que chegasse a dizer que queria a vitória, Alonso sabia que o segundo lugar era o máximo que poderia alcançar. Dois velhos rivais novamente juntos na luta por bons pontos marcou também a corrida, com Hamilton começando em vantagem ao largar muito bem e ultrapassar até com certa facilidade Alonso, que ainda teve que se defender dos ataques de George Russell. No primeiro stint, Hamilton, Alonso e Russell andaram próximos, numa fase de estudos, mas esse estágio foi interrompido quando o próprio Russel cometeu um incaracterístico erro e bateu num dos vários muros de Montreal. Incrivelmente Russell ainda teve condições de retornar à corrida e pontuaria, se não fosse um problema identificado pela Mercedes já no final da prova. Além de ter como características de tanque o tamanho e o peso, o carro de F1 também tem a resistência de um tanque!
Foi nesse momento que ocorreu o segundo round entre Hamilton e Alonso, com a Mercedes soltando Lewis bem à frente de Alonso, que catimbou ao dizer que quase foi atingido pela Mercedes. Se fosse futebol, Alonso teria dado um senhor mergulho na área para provocar um pênalti, mas o juiz, sabiamente, mandou o jogou, ou a corrida, seguir. Nesse segundo momento, com pneus duros, Alonso tinha um melhor ritmo e deu o troco em Hamilton usando o DRS. Simples assim, sem choro, nem vela. Porém, o SC trazido por Russell fora muito cedo para uma corrida praticamente inteira sem paradas e um segundo pit-stop foi necessário para a turma que parou. Como não restavam tantas voltas, Hamilton arriscou médios, enquanto Alonso foi de duros. Para complicar, a Aston Martin identificou problemas no carro de Alonso e a diferença entre os dois diminuiu, fazendo com que todos esperassem uma nova briga entre os dois titãs. 'Deixe comigo', falou Alonso pelo rádio. E o espanhol, com problemas de freios e tudo, segurou com maestria Hamilton, que no fim desistiu de qualquer ataque no final, se conformando em completar um pódio histórico.
Novamente a Ferrari se viu envolvida em problemas táticos na classificação, não colocando os pneus corretos no carro de Leclerc, que teve que largar no meio do pelotão. Porém, o SC provocado por Russell trouxe algo que não vem ocorrendo muito nos últimos anos: a Ferrari acertou na estratégia. Mesmo largando com pneus médios, como a maioria do grid, a Ferrari deixou Leclerc e Sainz na pista, os colocando numa situação melhor dentro da corrida. Os dois ferraristas fizeram um bom trabalho com os pneus e pararam apenas uma vez, subindo para quarto (Leclerc) e quinto (Sainz) na bandeirada. Aleluia! Já Pérez foi um piloto sorumbático no domingo. A luta inglória que tem que manter contra um gênio como Max Verstappen parece ter afetado definitivamente a confiança de Pérez, que com vários erros e exibições ridículas, simplesmente não consegue performar como em suas duas vitórias no começo desse ano. Para piorar, Checo já vê um Alonso em fase incrível bastante próximo no campeonato.
Na votação pelo melhor piloto do dia, muitas vezes a torcida de determinado piloto acaba influenciando a eleição e vence quem muitas vezes não merece. Não foi o caso em Montreal. Mesmo com a vitória histórica de Verstappen, o 'melhor homem em campo' foi mesmo Alexander Albon. O tailandês arriscou parar apenas uma vez e usando o pouco downforce que tem seu Williams, segurou um enorme pelotão nas voltas finais, garantindo um quase miraculoso sétimo lugar. Ocon estava com a asa traseira balançando bastante e não foi capaz de ultrapassar um Albon inspirado, enquanto Norris, punido em 5s por andar lento demais durante o SC, perdeu a chance de pontuar, mas efetuou uma bonita manobra em cima de Bottas para, no fim, atacar Albon e Ocon, mas sem sucesso. Bottas fez sua melhor corrida em muito tempo, mas ainda assim o nórdico foi ultrapassado na bandeirada por Stroll, que mesmo correndo em casa, teve outro desempenho constrangedor em comparação ao seu companheiro de equipe. Ao menos Bottas pôde marcar um ponto para a Alfa, porém, seu tempo na F1 parece estar no fim. Destaque negativo para o péssimo ritmo de corrida da Haas e bizarra luta por posição entre Kevin Magnussen e Nyck de Vries, que mais pareciam dois adolescentes querendo chamar atenção da garota bonita no trânsito, se fechando sem nenhuma razão ou noção.
Max Verstappen subiu ao pódio ao lado de Hamilton e Alonso, dois pilotos que foram referências em outros anos, mas que hoje sabem que a referência da F1 se chama Max Emilian Verstappen, neerlandês de 25 anos, futuro tricampeão mais jovem da história e com o mesmo número de vitórias do titã Ayrton Senna, deverá entrar em breve no panteão dos gigantes da F1.
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