Muita gente reclama que os novos talentos brasileiros não tem oportunidades dentro do automobilismo europeu. Pilotos que saíram daqui como fenômenos, voltaram para o Brasil com o rabinho entre as pernas , sendo que essa volta é motivada muitas vezes por fatores extra-pista. Antigamente esses pilotos iam para os Estados Unidos, mas hoje vão se aposentar precocemente na Stock-Car. Pois bem, nos últimos anos temos dois pilotos brasileiros que tiveram várias chances na carreira. A atual sensação da mídia brasileira Felipe Massa iniciou o século 21 de forma arrasadora conquistando três títulos em dois anos e isso lhe rendeu um contrato de longa duração com a Ferrari. Emprestado à Sauber em 2002, o brasileiro fez besteiras aos montes e acabou com a paciência do velho Peter Sauber que o mandou para o olho da rua no final do ano. Após um ano como piloto de testes em Maranello, Massa voltou a mesma Sauber em 2004 tendo como companheiro de equipe Giancarlo Fisichella. Poucos se lembram, mas Fisichella deu um banho em Massa e acabou contratado pela Renault graças as belas exibições naquele ano. Massa continuou na Sauber. Veio Jacques Villeneuve e mesmo como ex-piloto em atividade, Massa precisou de mais da metade do ano para ultrapassar o canadense na classificação do campeonato. Mesmo sendo discreto na Sauber, Massa foi contratado pela Ferrari. Errou muito no começo, mas andou bem no final do ano passado e hoje é um piloto de ponta sem contestação. Ou seja, Massa precisou de cinco anos para se tornar o piloto que é hoje. Oportunidade não faltou e Massa, finalmente e depois de muitos erros, agarrou a chance que lhe deram. Mesmo que sendo na quinta oportunidade. Já o outro piloto...
Antonio Pizzonia fez toda a escadinha para se chegar a F1. Foi campeão da F-Vauxwall Jr. Inglesa, da F-Renault Inglesa, da F3 Inglesa... Pois bem, teve uma oportunidade de ouro para chegar à F1 pela Renault através de Flavio Briatore, mas recusou. Foi aplaudido de pé aqui no Brasil. Esse Briatore pensa que é o que? Contratar nossa maior promessa por dez anos? Vá atrás atrás de outro, italiano metido a besta! E Briatore foi e contratou um tal de Fernando Alonso...
Pizzonia entrou na F3000 já como favorito. Na primeira corrida, no Brasil, estava na liderança quando fui penalizado. Ultrapassou com bandeira amarela. Após a corrida, Pizzonia disse que não viu a bandeira amarela por causa da lateral do carro. Bom, levando-se em conta que Jaime Melo Jr., que era estreante também e estava na frente de Pizzonia, viu a bendita bandeira, a desculpa foi bem esfarrapada. Usando a gíria, Pizzonia passou mal nas duas temporadas de F3000, último degrau para se chegar a F1. Só uma bela vitória em Hockenheim fez com que a passagem do brasileiro não fosse tão ruim. Mesmo assim, Pizzonia foi contratado pela Jaguar para estrear na F1 em 2003.
Na Jaguar, Pizzonia encontrou pela frente Mark Webber, um australiano rápido, mas longe de ser essas coisas todas. Aquele foi o primeiro ano das regras novas, como a Classificação em volta lançada com o combustível que iria começar nas corridas. Foi um show do Pizzonia! Toda Classificação, o brasileiro levava em média 1s do do Webber. Aí o João Pedro Paes Leme chegava no Pizzonia e o piloto logo dizia: Meu carro está mais pesado que o do Mark...
No entanto, na corrida Webber parava primeiro e Pizzonia parava... duas voltas depois! Será o Benedito que um carro duas voltas mais pesado significa mais de 1s de diferença entre os dois? E da-lhe banho! No meio da temporada, Pizzonia foi dispensado e seu substituto Justin Wilson andou próximo de Webber e ainda marcou um ponto. Mesmo na rua da amargura, Pizzonia foi para a Williams como piloto de testes em 2004. Ralf Schumacher se machuca no GP dos EUA. Gene é o escolhido para substituir o alemão e não vai bem. Mais uma oportunidade para Pizzonia que anda bem melhor do que o espanhol. Montoya e Ralf vão embora e Webber entra. O segundo piloto será decidido entre Pizzonia e Heidfeld, o queridinho da BMW.
São sete testes e Heidfeld anda melhor em cinco. Resultado? A BMW pressiona e coloca o alemão na equipe, que foi mais rápido que Pizzonia no vestibular. Pizzonia diz depois que a equipe queria conhecer a trabalho de Heidfeld. Ué? Por que então não colocou tempo no alemão e ponto final? Mais um ano como piloto de testes, mas a BMW briga com a Williams e Heidfeld dá uma de migué e abandona a equipe no meio do campeonato. Pizzonia é chamado e estréia muito bem em Monza, marcando dois pontos. Já em Spa... Como retardatário, atinge o segundo colocado Montoya e os dois abandonam. Foi tão inacreditável que Ron Dennis não vai nem pro pódio da corrida, fazendo com que Raikkonen recebesse o trófeo de Construtores. No Japão, Pizzonia roda sozinho enquanto Webber chega num bom quarto lugar. Pizzonia sai da Williams dizendo que o carro era lento e tudo mais. Sendo que ele levou, de novo, em média 1s do Webber...
Após um ano sabático, Pizzonia volta para a Europa na GP2. Seu objetivo era a F1 novamente. Como sempre, disse que iria muito bem e que lutaria pelo título. Numa equipe boa, esta seria mais uma boa oportunidade. Na primeira corrida, andou muito mal, mas como sempre a culpa não era dele, mas sim do engenheiro novato. Na segunda corrida, um acidente com Giorgio Pantano e Pizzonia esculhamba o italiano. Quando as imagens apareceram, a verdade veio à tona: quando os carros da frente diminuíram por causa de um acidente, Pantano fez o mesmo, enquanto Pizzonia estava ali, tranqüilo, pensando na vida e.. bum! Acertou a traseira do italiano. Trocando em miúdos, uma barbeiragem digna de iniciante na F-Vauxhall Jr.
A diferença entre Massa e Pizzonia, além da competência, é a atitudade. Quando Massa erra, ele disse que errou e pronto. Quando Pizzonia faz as merdas dele, ele sempre tem alguém para culpar, nunca ele próprio. E o pior é que muitas vezes tá na cara que a culpa é dele e ele quer fazer as pessoas de idiota, dando as desculpas mais idiotas possíveis. Por essas e outras, Massa está na Ferrari brigando pelo título. E o Pizzonia não sai desse rame-rame de desculpas e mais de desculpas.
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