quinta-feira, 20 de março de 2008

Little John

Assim como ocorre na Fórmula 1, o Mundial de Motovelocidade também tem suas promessas se destacando em suas categorias de base, chegando com muita esperança no Mundial de MotoGP, ou, como ocorria antigamente, no Mundial das 500cc. E assim como acontece na F1, a MotoGP também vê alguns pilotos promissores ficar apenas na... promessa mesmo. O americano John Kocinski foi uma das gratas revelações do final dos anos 80, quando os Estados Unidos dominavam o cenário do Mundial de Motovelocidade, mas o americano foi perdendo suas oportunidades e acabou sem um título na categoria 500cc. Dono de um gênio difícil, Kocinski também era conhecido por ser uma espécie de "bad boy" do paddock no Mundial de Motovelocidade e isso não foi muito bom para sua reputação. Graças ao seu marcante capacete com uma águia estilizada, Kocinski foi um dos pilotos de moto mais carismáticos do início dos anos 90 e completando quarenta anos no dia de hoje, iremos conhecer um pouco mais da carreira deste americano.

John M. Kocinski nasceu no dia 20 de março de 1968 em Little Rock, no Arkansas. John teve seu primeiro contato com uma moto quando tinha tenros quatro anos de idade, em uma mini-moto da Kawasaki, porém sua carreira começou de uma forma bem habitual para os pilotos americanos de moto: no dirt track. Kocinski começou a andar em campeonato amadores de dirt track quando tinha apenas 13 anos de idade, com uma Yamaha YZ80 preparada pelo seu pai. O interessante foi que Kocinski participou, com a mesma moto (!), das categorias 125cc, 500cc e 1000cc. E chegou ao pódio nas três provas! Logo no seu primeiro ano como piloto amador, Kocinski venceu o seu primeiro Campeonato Nacional Amador da AMA, fato que repetiria nos próximos três anos, na categoria 125cc e 250cc. Graças as dimensões compactas, que lhe ajudavam muito nas corridas, John Kocinski ganhou o apelido de "Little John".

Com apenas 17 anos, John Kocinski se mudou para a cidade de Modesto, onde fica localizada a fazenda de Kenny Roberts e a pista de treinamento do tricampeão mundial das 500cc. A ligação entre Roberts e Kocinski abriria muitas portas para o jovem americano. Ainda em 1985, Kocinski se tornou profissional para correr em pista de asfalto, contratado pela Yamaha com a benção de Kenny Roberts. Como ainda não tinha atingindo a maioridade, John teve que passar por alguns contratempos, como não ter participado da tradicional Daytona 200 por ter menos de 18 anos. A primeira vitória como profissional de Kocinski ocorreu em setembro de 1985, quando John disputou uma prova de Fórmula 2 (da Supebike americana, lógico!) com uma Yamaha TZ250. Kenny Roberts colocava muita fé em Kocinski e o pupilo não decepcionou, se tornando tricampeão do Campeonato AMA 250cc pela equipe Roberts Yamaha.


Kocinski não participava apenas do Campeonato Americano e Roberts começou a mandar John participar de algumas etapas do Mundial. Em 1988, Kocinski ficou com a pole-position do Grande Prêmio dos Estados Unidos das 250cc e foi quinto colocado no Grande Prêmio do Japão. Em 1989, Kocinski participou de quatro campeonatos diferentes, inclusive sua estréia no Mundial de Motovelocidade nas categorias 250cc e 500cc. Sempre na equipe Yamaha e protegido de Kenny Roberts, Kocinski fez uma temporada discreta no Mundial em seu primeiro ano, não chegando a participar de todas as provas. Nas 500cc, só participou de uma etapa, pela equipe Marlboro Yamaha, enquanto vencia as duas provas que participou (Japão e Estados Unidos) nas 250cc. Kocinski resolve se focar unicamente na categoria 250cc em 1990 e após conseguir sete vitórias (Estados Unidos, Espanha, Itália, Holanda, Bélgica, Hungria e Austrália), ele faturou seu primeiro, e único, título do Mundial na categoria 250cc. Na sua primeira temporada completa!

Com muita moral, Kocinski subiu de categoria e substituiria a lenda Eddie Lawson na Marlboro Yamaha no Mundial das 500cc. Mesmo tendo ao seu lado Wayne Rainey, John Kocinski era considerado um dos favoritos ao título, mas ele foi totalmente obscurecido pelo seu companheiro de equipe, mas ainda assim conquistou duas vitórias (Malásia/91 e África do Sul/92) nas duas temporadas que fez pela Yamaha e terminou em quarto e terceiro lugar nos Mundiais de 1991 e 1992, respectivamente. Então Kocinski cometeu seu primeiro erro na gestão de sua carreira. Teoricamente sem chances de derrotar Rainey em 1993, John se muda para a equipe Lucky Strike Suzuki na categoria... 250cc! Foi um fracasso total, com Kocinski saindo da equipe na metade da temporada e se mudou para a equipe Cagiva ainda em 1993, mas na categoria 500cc.

Mesmo com pouco conhecimento da moto italiana, Kocinski fez um bom papel e deu a segunda vitória para a marca italiana durante o Grande Prêmio dos Estados Unidos, sendo que, desta vez, Kocinski conseguiu o triunfo com pista seca, enquanto Lawson tinha faturado a histórica primeira vitória debaixo de muita chuva no ano anterior. Após conseguir liderar algumas provas e terminar o campeonato em décimo (apesar de não ter disputado todas as provas), Kocinski começa 1994 esperançoso com a Cagiva, principalmente depois de vencer a prova inaugural em Philip Island. O piloto da Cagiva vinha brigando pelo título, conquistando ainda mais dois pódios, até sofrer um forte acidente durante os treinos para o Grande Prêmio da Alemanha, mas o pior ainda estava por vir. Apesar das boas perspectivas para o ano de 1995, a Cagiva resolveu fechar sua equipe no Mundial das 500 e Kocinski ficou a pé.

Sem ter o que fazer, John voltou aos Estados Unidos e disputou o campeonato... de esqui aquático! A aventura aquática de Kocinski durou apenas um ano e em 1996 ele voltou às motos para disputar o Campeonato Mundial de Superbike pela Ducati, trazido pelo antigo chefe de equipe da Cagiva, Virginio Ferrari. Kocinski mostra que não desaprendido e logo na primeira rodada dupla do campeonato, o americano conquistou duas vitórias, mas ele terminaria o campeonato na terceira posição. Kocinski tinha reclamado de falta de apoio da Ducati e culpou a fabricante pela perda do título e por isso se mudou para a equipe Castrol Honda. Numa briga sensacional com Carl Fogarty, Kocinski levou sua Honda RC45 ao título mundial, se tornando o primeiro piloto a vencer dois Campeonatos Mundiais (250cc e Superbike) com motos de duas e quatro tempos.

Como recompensa pelo título, a Honda patrocinou a volta de John ao Mundial de Motovelocidade em 1998, desta vez na equipe Movistar Honda Pons, mas dois acidentes sérios puseram tudo a perder e o americano teve que se contentar com a décima segunda posição no campeonato. Após essa decepção, Kocinski se mudaria para a equipe de Erv Kanemoto, que no ano anterior tinha o apoio da Marlboro e Massimiliano Biaggi como piloto. Com a saída do italiano para a Yamaha, Kenamoto ficou sem patrocínio e quem pagou o pato foi Kocinski, que teve que se virar com uma moto praticamente sem desenvolvimento. Mesmo com algumas boas provas e um segundo lugar no Grande Prêmio da Frabça, Kocinski só conseguiu um oitavo lugar no Mundial. Decepcionado, Kanemoto fechou sua equipe no final de 1999 e Kocinski não participou mais do Mundial. Foram no total 99 Grandes Prêmios, 13 vitórias, 35 pódios, 20 poles, 15 voltas mais rápidas e o título nas 250cc em 1990.

Após começar o ano de 2000 disputando campeonatos de esqui aquático, John Kocinski é contratado pela equipe Ducati no Campeonato Americano de Superbike, mas não consegue o mesmo sucesso que tinha quando ainda era um novato. Em 2001, Kocinski é chamado para testar a nova moto quatro tempos da Yamaha para a MotoGP, função que permaceria até 2002. Hoje aposentado, John Kocinski vive em Los Angeles, curtindo todo o dinheiro que ganhou.

Parabéns!
John Kocinski

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