A corrida sul-africana de 1978 seria especial para a história da F1, pois seria o Grande Prêmio de número 300 da história da categoria e muitos pilotos queriam ter a honra de vencer este Grande Prêmio e se igualarem a Stirling Moss e Jackie Stewart como vencedores centenários. Seis semanas após as corridas na América do Sul, onde houve um enorme equilíbrio, novos carros seriam estreados, como a Ferrari 312T3 e o Brabham BT46, que tinha exaustores de calor no lugar de radiadores. Na novata equipe Arrows, Rolf Stommelen ficaria com o segundo carro e o patrocínio da Varig dá lugar a cervejaria alemã Warsteiner, mudando inclusive a cor do carro. O americano Eddie Cheever faria sua estréia na F1 com apenas 19 anos de idade, se tornando um dos mais jovens pilotos a participarem de um Grande Prêmio. Por causa do calor que costuma fazer na África do Sul, a Goodyear levou mais de 3.000 pneus para suas equipes clientes.
Niki Lauda colocou o novo Brabham na pole logo na estréia do modelo, ficando à frente do então líder do campeonato Mario Andretti, que ainda usava o velho Lotus 78. A Renault fazia sua estréia na temporada 1978 e num circuito com longas retas e localizado numa grande altitude, isso favorecia os potentes motores turbo, possibilitando Jean-Pierre Jabouille colocar o carro francês na sexta posição do grid. Com a volta de Jabouille e René Arnoux ao circo da Fórmula 1, sete pilotos franceses fariam parte da corrida (Ordem da foto: Jean-Pierre Jarier, Patrick Tambay, Didier Pironi, Patrick Depailler, Jacques Laffite, Jean-Pierre Jabouill e René Arnoux). Patrese colocou seu Arrows na sétima posição, mostrando que o novo carro era bem-nascido. Ronnie Peterson sofreu de alguns problemas na Classificação e novamente ficou longe do seu companheiro de equipe na Lotus, marcando o décimo segundo tempo mais rápido, ficando logo atrás da Tyrrell de Patrick Depailler.
Grid:
1) Lauda(Brabham) - 1:14.65
2) Andretti(Lotus) - 1:14.90
3) Hunt(McLaren) - 1:15.14
4) Tambay(McLaren) - 1:15.30
5) Scheckter(Wolf) - 1:15.32
6) Jabouille(Renault) - 1:15.36
7) Patrese(Arrows) - 1:15.48
8) Villeneuve(Ferrari) - 1:15.50
9) Reutemann(Ferrari) - 1:15.52
10) Watson(Brabham) - 1:15.62
10) Watson(Brabham) - 1:15.62
O dia 4 de março de 1978 estava ensolarado, mas não tão quente como nos outros anos e isso poderia ajudar os pilotos na longa prova em Kyalami. Mario Andretti consegue uma largada muito boa e ultrapassa Lauda ainda antes da primeira curva. O piloto da Brabham fica preocupado em fechar a porta da McLaren de James Hunt na freada para a primeira curva e se descuida do Wolf de Scheckter, que pula para a segunda posição. Patrick Tambay tem problemas de embreagem e fica para trás na largada, caindo para a última posição. Ao final da primeira volta, Andretti já conseguia abrir uma boa diferença para Scheckter, que era seguida do perto por Lauda, Hunt e Jabouille.
Riccardo Patrese ultrapassa Jabouille na segunda volta e assumia uma surpreendente quinta posição. E o italiano subiria uma posição na quinta volta quando o motor da McLaren de James Hunt quebra. Mais atrás, Depailler fazia outra corrida de recuperação e deixa para trás a Renault de Jabouille na sexta volta, assumindo a quinta posição. Assim como aconteceu nas primeiras etapas, a diferença entre os carros da Lotus era gritante, com Andretti disparado na frente, enquanto Peterson perdia décima posição para a Williams de Alan Jones na volta 14. Patrese fazia uma grande corrida e seguia de perto a Brabham do bicampeão mundial Lauda até a volta 19, quando o jovem italiano ultrapassou o austríaco e assumia a terceira posição. Lá na frente, a Lotus de Andretti começa a perder rendimento com um forte desgate de pneus e o ítalo-americano é ultrapassado por Scheckter e Patrese na volta 21. Contudo, Scheckter também tinha forçado demais e os problemas que aflingiram o piloto da Lotus também acometeu o piloto da casa e ele foi ultrapassado por Patrese na volta 27.
Logo em sua segunda corrida na F1, a Arrows liderava uma corrida! Patrick Depailler se aproveita dos problemas de Andretti e Scheckter, assumindo a segunda posição na volta 29. Lauda faz uma corrida de espera e se estabelece na terceira posição. A corrida fica então bem estática e poucos duvidavam da primeira vitória na carreira do jovem Riccardo Patrese. Então, os deuses das corridas começaram a se manifestar. Na volta 52 o motor de Niki Lauda estourou e isso elevou Andretti (que tinha ultrapassado Scheckter mais cedo) à terceira posição. Ronnie Peterson, que vinha brigando com Watson pela sexta posição, ultrapassa um problemático Scheckter e deixa o irlandês para trás, assumindo a quarta posição. O sul-africano, totalmente sem pneus, acabaria sofrente um acidente faltando vinte voltas para o fim.
Quando tudo conspirava para uma consagradora vitória de Patrese, um dos primeiros azares do italiano veio à tona. Na volta 64, exatamente quinze para o fim da prova, o motor Cosworth do Arrows de Patrese estoura, acabando com o sonho de sua primeira vitória do jovem italiano. Com isso, quem começava a sonhar com a primeira vitória na F1 era Depailler, que assumia a liderança no final da prova. Porém, o francês tinha forçado muito no início da prova e Depailler teve que diminuir o ritmo pensando no combustível. Andretti faz o mesmo e é ultrapassado por Peterson faltando três voltas para o fim. O americano acabaria tendo que entrar nos boxes para fazer um improvisado reabastecimento. Enquanto isso, Depailler via Peterson se aproximar cada vez mais do seu Tyrrell. Desde 1974 na F1, essa era a melhor chance do francês de conseguir uma vitória e ele não a entregaria fácil para Peterson, que se aproximava perigosamente. Na última volta, Peterson encostou de vez em Depailler e já na primeira curva tentou a ultrapassagem. Depailler fechou a porta. Com clara desvantagem dentro da equipe Lotus, Ronnie precisava de uma vitória e não desistiu. Depailler disputava cada curva como um esfomeado corria atrás de um prato de comida. Peterson colocava seu Lotus ao lado da Tyrrell de Depailler em toda curva. No meio da volta derradeira, os dois encontram a Lotus particular de Hector Rebaque, que se preparava para tomar a segunda volta dos líderes. Depailler e Peterson vinham praticamente todas as curvas lado a lado, chegando a tocar rodas, mas ao deixarem Rebaque para trás, Peterson foi mais esperto e nos Esses de alta atrás dos boxes fez a ultrapassagem definitiva e venceu a corrida, menos de meio segundo à frente de Depailler. Foi um final de tirar o fôlego e mesmo com o bom segundo lugar, Depailler não parecia muito contente no pódio, mas nada poderia tirar um dos últimos momentos de brilho de Ronnie Peterson!
Chegada:
1) Peterson
2) Depailler
3) Watson
4) Jones
5) Laffite
6) Pironi
Muito bom texto Joao Carlos.
ResponderExcluirMas tenho uma duvida.
http://www.youtube.com/watch?v=x7natlWPN04
Neste vídeo aparece a disputa entre Depailler e Peterson, e não é Hector Rebaque numa Lotus que aparece na frente dos dois colocando o braço para fora do carro diversas vezes?
Abraço!
Belo texto, amigo JC. Já agora, aproveitei o dia e coloquei por lá uma biografia do "Boss"...
ResponderExcluirPode ser Arthur...
ResponderExcluirNão deu para identificar com clareza quem era o carro preto que atrapalhou Depailler na última volta. Acho que se trata do Lunger, pois ele tomou uma volta no final da prova, mas se tese pode estar certa.
Abraço!
O tipo que atrapalhou o Depailler é o Rebaque, disso tenho a certeza!
ResponderExcluirTambém acho que é ele Speeder ,o carro que aparece é preto(lotus).Nossa e como ele atrapalhou descarademente.Se antigamente a F1 era muito mais romantica e divertida ,ao menos hoje em dia uma atitude como essa de Rebaque seria corretamnete punida,o que nao acontecia antigamente.
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