Alguns pilotos são tão tímidos e discretos, que seus grandes feitos às vezes são postos de lado. Eddie Lawson foi indubitavelmente um dos maiores pilotos do Mundial de Motovelocidade dos últimos tempos, enquanto conquistava quatro títulos mundiais por duas fabricantes diferentes. Em nove anos no Mundial, Lawson alinhou ao lado de pilotos como Barry Sheene, Wayne Gardner, Wayne Rainey, Kevin Schwantz, Michael Doohan, Randy Mamola, Christian Sarron, Ron Haslam e o seu grande rival nas pistas, Freddie Spencer. Graças a sua frieza e constância na pista, Lawson ganhou o apelido de "Steady Eddie" e após uma tentativa frustrada de entrar no automobilismo, hoje Lawson vive uma aposentadoria tranqüila no Arizona e completando 50 anos na semana passada, vamos olhar um pouco da carreira desse americano.
Eddie Lawson nasceu no dia 11 de março de 1958 em Upland, Califórnia, próximo a Los Angeles. A família Lawson sempre participou de corridas e o pequeno Eddie cresceu vendo seu pai e o seu avô correndo de motos. Não foi surpresa que Lawson começasse cedo a seguir a família e com apenas sete anos de idade ele ganhou sua primeira moto, uma Yamaha 80cc, mas somente quando Lawson completou 12 anos é que ele começou a correr em pistas de dirt track, no sul da Califórnia. Não demorou muito e Eddie se tornou um dos pilotos amadores mais bem-sucedidos da Califórnia no início dos anos 70. Enquanto corria em dirt tracks, Lawson começava a ter contato com corridas no asfalto, quando seu avô lhe comprou uma Italjet 50cc e que logo depois, Lawson se animaria e compraria uma mítica Yamaha RD350.
Somente em 1978 a AMA, entidade que organiza as corridas de moto nos Estados Unidos, permitiu a Lawson correr profissionalmente e Eddie é contratado pela equipe oficial da Yamaha para correr no circuito de dirt track, mas nem todo o talento de Lawson é capaz de enfrentar a superioridade da Harley-Davidson na época. Ainda em 1979, estava ficando claro para Lawson que estava numa luta ingrata contra a Harley e por isso se focou nas corridas de moto no asfalto. Com apenas 20 anos de idade, Lawson já era considerado um dos melhores pilotos da Costa Oeste e em 1979 ele mostrou sua força ao seu segundo colocado no Campeonato AMA 250 GP, sendo superado pelo que seria seu maior rival nas pistas: Freddie Spencer. No final de 1979, Lawson foi convidado pela Kawasaki a fazer um teste com uma moto 1000cc da Superbike no circuito de Willow Springs e Eddie não perdeu a oportunidade, fixando o tempo mais rápido e foi contratado pela fábrica japonesa no ato.
O talento natural de Lawson não fez com que o piloto perdesse muito tempo e Eddie venceu sua primeira prova do Campeonato de Superbike em Talladega, em abril de 1980. Novamente Lawson teria que enfrentar Spencer pelo campeonato, juntamente com Wes Cooley e o último terminou vencendo o campeonato de forma polêmica. Enquanto disputava o Campeonato Americano de Superbike, Lawson vencia seu primeiro título no asfalto, o AMA 250 GP. A controvérsia pelo título de Superbike 1980 deixou Lawson mordido e ele venceu o Campeonato de 1981 numa grande disputa com o piloto da Honda, Freddie Spencer. A rivalidade entre Lawson e Spencer já tinha entrado na história do Campeonato do AMA Superbike, enquanto Eddie vencia novamente o Campeonato AMA 250 GP. Foram quatro títulos em dois anos para Eddie e para a Kawasaki, por sinal, os únicos da montadora japonesa na categoria americana.
Em 1982, Lawson permaneceu na Kawasaki e teria um amigo, dois anos mais novo, como companheiro de equipe: Wayne Rainey. Porém, desta vez Lawson não teria seu velho rival Freddie Spencer como principal adversário, pois o jovem americano já tinha partido de mala e cuia para o Mundial de Motovelocidade. Lawson pensava em fazer o mesmo e outros jovens americanos, como foi o caso de Randy Mamola, tentavam imitar o ídolo americano no motociclismo do momento: Kenny Roberts. Começaria uma era dourada dos pilotos americanos no Mundial!
A estréia de Lawson no Mundial foi uma espécie de recompensa pelos títulos conquistados nos Estados Unidos pela Kawasaki e Eddie foi inscrito como convidado em três Grandes Prêmios da categoria 250cc em 1981. Como a Kawasaki não tinha uma moto competitiva nas 250cc, Lawson não conseguiu terminar nenhuma das corridas que participou, mas havia o interesse de Eddie se mudar para a Europa. No final de 1982, Eddie recebeu uma proposta irrecusável da Marlboro Yamaha para ser piloto da equipe em 1983 e Lawson quebrou o contrato com a Kawasaki para se mudar para o Mundial. Na equipe Yamaha, Eddie Lawson estaria cercado de lendas, pois seria companheiro de equipe de Kenny Roberts e teria o multi-campeão Giacomo Agostini como chefe de equipe. Esta seria a última temporada de Roberts no Mundial e ele seria o primeiro piloto, enquanto a Lawson caberia o aprendizado de ser o segundo piloto de um tricampeão mundial. Por essas coisas do destino, o principal rival de Roberts no campeonato de 1983 seria o jovem e atrevido Freddie Spencer, piloto da Honda NS500 Kanemoto. Isso se tornou realidade quando Spencer venceu as três primeiras corridas daquela temporada, se tornando o piloto mais jovem a vencer uma etapa do Mundial das 500cc com apenas 20 anos de idade. Lawson vivia na sombra de Roberts, mas aprendia as novas pistas e apesar de ter chegado ao Mundial com altas expectativas, Lawson conseguia um impressionante quarto lugar no Mundial - que foi vencido de forma dramática por Spencer -, marcando pontos em onze das doze etapas e terminando no pódio em quatro oportunidades. Essa constância lhe valeu o apelido de "Steady" Eddie.
Logo em sua segunda temporada, Lawson teria a oportunidade de ser o primeiro piloto da equipe Yamaha, já que Kenny Roberts tinha voltado aos Estados Unidos para curtir sua aposentadoria. O grande favorito para 1984 era o atual campeão Freddie Spencer, com apenas 21 anos de idade, e com a nova Honda NSR 500. Porém, como todo equipamento novo, o aprendizado seria difícil para a Honda e Spencer, mesmo com o americano conquistando a pole-position da primeira etapa na África do Sul. Lawson não tinha nada com isso e se aproveitando da quebra de Spencer, conseguiu sua primeira vitória no Mundial das 500cc. Apesar do marco da vitória de Eddie, o status quo parecia ser restabelecido da próxima etapa em Misano, quando Spencer conseguiu a primeira vitória do NSR, à frente de Eddie, no GP das Nações. Depois desta vitória, a temporada de Spencer sofreu outra baixa quando ele quebrou o pé dele no Troféu Transatlântico de Donington Park, o fazendo perder o Grande Prêmio da Espanha. Lawson capitalizou novamente o erro do seu oponente para não apenas vencer em Jerez, mas batendo Freddie no Grande Prêmio da Áustria.
Spencer se recuperou com três vitórias seguidas na Alemanha, França e Iugoslávia. Porém, Lawson continuava marcando pontos constantemente e quando o Mundial chegou a sua oitava etapa em Assen, Eddie liderava o campeonato com dezessete pontos de vantagem sobre Spencer (89-72). Um terceiro lugar de Eddie atrás das Hondas de Mamola e Roche no lendário circuito holandês, combinado com mais uma quebra de Spencer, e o título estava nas mãos de Lawson. Vendo a vitória de Mamola com a velha Honda NS inspirou Spencer a correr novamente com a moto que tinha lhe dado o título de 1983 no Grande Prêmio da Bélgica, em Spa. E Spencer não estava errado em sua escolha, com uma boa vitória no circuito belga e um quarto lugar de Lawson. Porém, isso não valeu nada para Spencer quando o americano se envolveu em outro acidente em Laguna Seca, numa corrida fora do campeonato, e o piloto da Honda ficou de fora do resto do campeonato. Apesar dos esforços persistentes de Mamola e Roche de manter a coroa para a Honda, Lawson assegurou o primeiro título dele com um 2º, 1º e 4º, respectivamente, nos três GPs finais e conseguiu uma boa diferença de 31 pontos sobre o vice-campeão Randy Mamola, que tinha conseguido uma boa reação no final do campeonato. Mesmo merecendo o título, os críticos diziam que Lawson não era tão espetacular quanto Spencer, que havia vencido mais provas durante o ano (5 a 4), mas Eddie estava apenas no seu segundo ano e mostrou uma maturidade surpreendente para um piloto de apenas 24 anos.
Defendendo seu título mundial, Eddie Lawson permaneceria mais um ano na Marlboro Yamaha e sabendo que a Honda NSR 500 de Spencer estaria ainda mais desenvolvida em seu segundo ano, Eddie testou bastante sua moto durante a pré-temporada. Porém, Spencer faria uma jornada dupla no Mundial de 1985, participando dos Mundiais das 250cc e 500cc. Isso poderia desviar o foco do piloto americano e dar uma chance para Lawson, por mais que tenha sido bastante normal um piloto participar de duas ou mais categorias ao mesmo tempo no Mundial de Motovelocidade. Apesar de ter vencido a corrida de estréia, Lawson ficou assustado com a performance da Honda NSR 500, com Spencer conseguindo três vitórias e três segundos lugares nas primeiras seis corridas do ano para ter uma vantagem de sete pontos (81-74) quando campeonato chegou a Assen, mas novamente a pista holandesa provou ser azarada para Spencer quando ele quebrou. Infelizmente para Lawson ele não conseguiu se aproveitar da quebra do rival e perdeu a última chance real dele de alcançar o compatriota dele que ganhou quatro das próximas cinco etapas para conquistar o título com apenas 8 pontos de vantagem sobre Eddie. De lambuja, Spencer venceria também o Mundial das 250cc e colocava seu nome definitivamente na história do Motociclismo.
Curiosamente, esse título de Spencer foi o início de seu rápido declínio. A sua vitória no Grande Prêmio da Suécia de 1985 seria a última de sua carreira e com apenas 24 anos e no auge da sua forma, Freddie Spencer se tornaria uma mera sombra do que tinha sido um ano antes. No final de 1986, foi descoberto que Spencer estava sofrendo com uma doença que o deixava sem sensibilidade do braço direito. Com o declínio de Spencer, o Mundial de 1986 teria um novo rival para Eddie Lawson: o australiano Wayne Gardner, companheiro de equipe de Spencer na Rothmans Honda, e agora piloto número 1 da marca japonesa. Logo de cara, Gardner recompensou a confiança que a Honda tinha depositado nele e o australiano venceu a etapa inaugural em Jarama, com Lawson em segundo. Porém, Eddie saiu um pouco do seu estilo mais consistente e consegue quatro vitórias seguidas (Monza, Alemanha, Áustria e Iugoslávia) e se torna o favorito destacado para conseguir o título. Apesar de uma queda no Grande Prêmio da Holanda, Eddie consegue mais três vitórias (França, Suécia e San Marino) nas cinco etapas seguintes e fatura seu segundo mundial, com uma margem de 22 pontos sobre Gardner.
Com o gostinho da primeira vitória na boca e de ter sido o principal rival de Lawson na briga pelo título de 1986, Gardner começa 1987 com a confiança renovada e coloca na cabeça que será o primeiro piloto australiano a vencer um Mundial de Motovelocidade 500cc. Com todo o apoio da Honda, Gardner se torna um dos favoritos ao título. Mesmo sendo ainda o piloto número 1 da Yamaha e bicampeão mundial, Lawson agora teria a companhia dos americanos Randy Mamola e Mike Baldwin. Embora o ano começasse com três vencedores diferentes; Mamola, Gardner e Lawson (Japão, Espanha e Alemanha respectivamente), o ano seria uma grande decepção para Eddie e para a Yamaha, que não pôde emparelhar o ritmo da combinação Gardner/Honda NSR, que venceu seis corridas e conquistou o Mundial de 1987. Embora tenha perdido para a Honda, o mais dolorido para Lawson foi perder o posto de número 1 da Yamaha. Andando com a Marlboro Yamaha, Lawson conquistou três vitórias (Alemanha, Holanda e Inglaterra), mas perdeu o vice-campeonato por um ponto para Mamola, que andava com uma Lucky Strike Yamaha, e conseguira cinco triunfos durante o ano.
Apesar do fracasso, Lawson manteve a fé na Yamaha e continuou na equipe Marlboro Yamaha, ao lado do belga Didier de Radigues. A novidade estaria na Lucky Strike Yamaha. Com a saída de Mamola para a Cagiva, o protegido de Lawson, Wayne Rainey, ficaria no lugar do compatriota. Outra novidade americana em 1988 seria a estréia de Kevin Schwantz na Pepsi Suzuki. Já na Honda, o campeão Wayne Gardner teria a companhia de Niall MacKenzie e Pier-Francesco Chili. As expectativas eram de mais uma batalha Honda x Yamaha e Lawson x Gardner. Com vários jovens estreantes querendo aparecer. Simplesmente seria um campeonato inesquecível!
Kevin Schwantz chocou o mundo da Motovelocidade ao ganhar em sua estréia no Grande Prêmio do Japão em Suzuka, mas a velha ordem foi restabelecida com Lawson ganhando na casa dele em Laguna Seca. Então Magee ganhou sua primeira corrida em Jarama e Eddie conseguiu duas vitórias seguidas em Portugal e na Itália, antes de Schwantz ganhar a sexta etapa na Alemanha. Quase três quartos do campeonato já tinham passado e o atual campeão Gardner ainda não tinha vencido uma corrida, embora ele ainda estivesse na briga pelo título. Lawson vence na Áustria, numa prova em que Gardner sofreu um acidente e as chances do australiano pareciam acabadas, mas eis que Gardner vence na Holanda, Bélgica e Iugoslávia. O campeonato de 1988 pegava fogo faltando cinco corridas para o fim, com Lawson apenas vinte pontos na frente de Gardner (165-145) e Eddie estava machucado, após uma queda durante os treinos do Grande Prêmio da Iugoslávia. No Grande Prêmio da França, Gardner partia para sua quarta vitória seguida quando a sua Honda quebrou no final da prova e Lawson estava lá para capitalizar o azar do rival. Eddie venceria mais duas provas (Suécia e Brasil, no hoje abandonado autódromo de Goiânia) e vencia o seu terceiro título mundial, se tornando um dos grandes pilotos da história.
Porém, nem tudo eram flores entre Eddie Lawson e Yamaha e no final de 1988 o americano surpreendeu a todos ao anunciar que estava saindo da Yamaha, após cinco anos e três títulos, e estava indo para a arqui-rival Honda. Talvez Lawson estivesse convencido que a Honda NSR era a melhor moto do pelotão, ou talvez ele simplesmente quis uma mudança de ares. Qualquer que seja a razão, e embora o protótipo HRC fosse realmente excelente, a mudança para uma equipe nova parecia arriscado, mas Lawson trabalharia com o legendário preparador da Honda Erv Kanemoto. Outro problema era que Lawson teria ao seu lado na Rothmans Honda o australiano Wayne Gardner, com quem tinha brigado pelo título nas duas últimas temporadas e eles não escondiam de ninguém que não se gostavam nenhum pouco. Já na Yamaha, Wayne Rainey, que tinha vencido sua primeira corrida no Grande Prêmio da Inglaterra em Donington Park e conseguira um excelente terceiro lugar no campeonato, seria o principal rival de Lawson e da Honda pelo Campeonato de 1989.
Ao contrário dos antigos rivais de Eddie, Rainey tinha uma filosofia semelhante ao que Lawson. Wayne Rainey era extremamente rápido, mas não era fogoso e calmo, mas era muito determinado, estava ansioso para ganhar o campeonato e prestava atenção na concorrência. Por isso, Lawson teria um oponente muito parecido com ele e, por causa disso, muito perigoso. Sem contar que Rainey era uma espécie de aprendiz de Lawson. Apesar de vitórias eventuais de outros pilotos, o campeonato seria disputado entre os dois pilotos californianos.
A primeira etapa em Suzuka foi vencida por Schwantz, após o piloto da Suzuki derrotar Rainey numa longa disputa que entrou para a história. Em sua estréia pela Honda, Lawson teve que se contentar com a terceira posição. Em Phillip Island, Rainey assumia a liderança do campeonato, mesmo chegando em segundo lugar, após perder uma briga fantástica com Wayne Gardner, para alegria dos australianos que lotaram o autódromo. Lawson conseguiu apenas o quinto lugar na Austrália e quando Rainey ganhou o Grande Prêmio seguinte, nos Estados Unidos à frente de Schwantz, Eddie deve ter começado a questionar a sua ida para a Honda. Os outros pilotos da Honda estavam sofrendo com a maneabilidade da moto e Gardner sofreu um sério acidente em Laguna Seca, que o deixou de molho após ter a perna quebrada. Quem o substituiu na equipe Rothmans Honda foi outro australiano que faria história mais tarde: Michael Doohan.
Porém, ninguém pode subestimar a capacidade de Kanemoto e logo o preparador começava a domesticar a moto, enquanto matinha a grande potência do motor Honda. A dupla "Eddie and Erv" começou a colher os frutos no Grande Prêmio da Espanha, com Lawson vencendo a corrida em Jerez, sua primeira na Honda. O Grande Prêmio da Itália em Misano foi boicotado por vários pilotos e a vitória ficou com Chili, mas nas próximas quatro etapas, Wainey e Lawson venceriam duas provas cada um. Na nona etapa realizada em Assen, Rainey liderava o campeonato com dezesseis pontos de vantagem sobre Lawson (143 a 127) e como o piloto da Yamaha venceu a corrida holandesa, o título estava em suas mãos. Mal sabia Rainey que essa era a última vitória dele em 1989. Embora Rainey estivesse na liderança com seis provas para o final, isso não contava a verdadeira história do campeonato, com Eddie e a Honda NSR trabalhando agora em harmonia e Lawson mostrava por que era chamado de ' steady'.
Rainey, apenas em seu segundo ano nas 500cc, não tinha a experiência de Lawson e ficou abalado claramente quando assistiu Eddie vencer duas das próximas três etapas (e terminando em segundo na outra) e na etapa de número 12, na Suécia, Rainey só tinha 6.5 pontos [tinham sido premiados apenas metade dos pontos em Spa] em cima de Lawson. Eddie estava num melhor momento e com 60 pontos em disputa nas três provas que faltava, ele se tornava o favorito. Após um erro de Rainey em Anderstorp (com outra vitória de Lawson) e dois segundos lugares atrás de Schwantz, Lawson conseguia o quarto título mundial, se igualando a Mike Hailwood e John Surtees no ranking das 500cc. O esforço de Lawson foi tão grande para conquistar o título que a próxima Honda no campeonato foi Chili, apenas na sexta posição. Poucos pilotos da era moderna ganharam o Campeonato Mundial no primeiro ano deles em um time novo e um fabricante diferente, superando na mesma equipe pilotos do naipe de Michael Doohan e Wayne Gardner.
Porém, nessa altura da carreira, Lawson precisava de desafios e em outra troca surpreendente de equipe, Eddie voltou para a Yamaha, para ser companheiro de Wainey Rainey na equipe agora chefiada por Kenny Roberts. Parecia uma loucura de Lawson se unir ao seu grande rival de 1989, mas o respeito que Rainey tinha com Lawson era tão grande que o americano nunca se opôs à chegada do compatriota e a Marlboro Yamaha teria um verdadeiro "Dream Team". Mesmo estando no auge da carreira no final de 1989, Eddie Lawson só conseguiria mais uma vitória na carreira. E não seria na Marlboro Yamaha!
Cada vez mais forte mentalmente e determinado a conquistar um título Mundial, Wayne Rainey era o grande favorito ao título de 1990 e logo de cara vence em Suzuka e para piorar, Lawson se envolve em um acidente com Michael Doohan e acaba machucando o pé. Mas o pior ainda estava por vir. Durante os treinos para o Grande Prêmio dos Estados Unidos em Laguna Seca, Lawson perderia os freios de sua moto e quebraria o tornozelo direito, o tirando das corridas por vários meses. Apesar de estar correndo desde muito pequeno, Lawson nunca tinha sofrido um acidente sério e isso seria um ponto crucial em sua carreira. Até que Lawson voltasse, Rainey conseguira incríveis quatro vitórias e três segundos nas primeiras sete corridas do ano, elevando o nível do Mundial das 500cc. Quando Eddie voltou no Grande Prêmio da Holanda, o americano já sabia que a causa era perdida e viu Wayne Rainey conquistar seu primeiro Mundial das 500cc. Porém, Lawson não teve apenas o que lamentar em 1990, ao conquistar a tradicional "8 Horas de Suzuka", ao lado de Tadahiko Taira, com uma Yamaha.
Já com 33 anos de idade, Lawson decide aceitar a oferta Cagiva para tentar levar a marca italiana a sua primeira corrida em mais de uma década. Eddie sabia que não teria chances contra jovens pilotos emergentes como Rainey, Schwantz e o Doohan em suas poderosas motos japonesas. Agora Lawson tentaria levar a Cagiva ao topo das 500cc, coisa essa que nem Randy Mamola foi capaz de fazer. Para este novo desafio, Lawson teria como companheiro de equipe um jovem e promissor piloto, que entraria para a história da MotoGP pela persistência: o brasileiro Alexandre Barros.
A primeira vitória não veio em 1991, mas ao final do ano ele tinha arrastado a Cagiva a um nível nunca antes alcançado e resolveu postergar sua aposentadoria ao conseguir um incrível sexto lugar no Campeonato Mundial – atrás de Rainey, Doohan, Schwantz, John Kocinski e Gardner –, alcançando dois pódios (Itália e França) e andando junto com as poderosas motos japonesas. Mesmo já pensando em deixar as corridas, Lawson mostrava que ainda estava determinado e tinha ganhado o respeito dos demais pilotos, mas Eddie já tinha decidido que 1992 seria seu último ano no Mundial de Motovelocidade. Lawson fez um campeonato discreto até conseguir sua última vitória durante o Grande Prêmio da Hungria e na ocasião, o pôs como o terceiro maior vencedor de todos os tempos. Lawson só conseguiu um nono lugar no Mundial, num campeonato que só foi decidido após o violentíssimo acidente de Michael Doohan em Assen e quem se aproveitou foi Rainey, que conquistava o seu terceiro título mundial seguido. A última prova de Lawson foi em Interlagos, quando Eddie ficou com um olhar vago enquanto se preparava para sua última prova na carreira. Foram quatro títulos mundiais, 127 Grandes Prêmios, 31 vitórias, 78 pódios, 18 pole-positions, 21 voltas mais rápidas e 1429 pontos marcados.
Após sair do Mundial de Motovelocidade, Eddie Lawson se mudou para os Estados Unidos e venceu a tradicional corrida de motos Daytona 200 em 1993, repetindo o feito de 1986. Porém, Lawson estava atrás de um novo desafio e se mudou para o automobilismo, estreando na Indy Lights em 1994 pela equipe Tasman. Lawson se torna um piloto de ponta na categoria de base e sobe para a CART em 1996 pela pequena equipe Galles, mas Eddie só andava na rabeira e no final do ano também decidiu abandonar as quatro rodas. Hoje, Eddie Lawson desfruta sua aposentadoria vivendo próximo ao Lago Havasu, Arizona, passando muito tempo no lago e correndo de karts com o amigo Wayne Rainey, que ficou paralítico após um acidente durante o Grande Prêmio da Itália de 1993, por diversão.
Parabéns!
Eddie Lawson
Pô João, eu não sou dos mais fãs de motovelocidade que existe, mas acompanho sempre que posso.
ResponderExcluirE este Eddie Lawson eu não conhecia mesmo. Muito boa biografica, dá uma vontade de ler mais...
Ao contrário do que tu pensas, até gosto de ver motos. Só que não acompanho muito... Conhecia o Lawson, e uma das corridas que mais me lembro é o GP da Hungria de 1992, quando consegue ganhar com aquela Cagiva, debaixo de chuva. E o schwantz, o Rainey, o Caddalora, o Gardner... vibrei muito nesses anos do inicio da década de 90, agora desinteressei-me das motos, embora goste o Rossi.
ResponderExcluirJoão Carlos, belo perfil do Lawson. Eu gostava dele. Fiquei muito contente quando ele conquistou a primeira vitória da Cagiva em 1992. E torci para que ele desse certo no automobilismo.
ResponderExcluirComo curiosidade, faltou apenas mencionar que em 1994 ele era companheiro do André Ribeiro na equipe Tasman de Fórmula Indy Lights. Abraços. (LAP)
Oi João Carlos ...
ResponderExcluirestou passando para agradecer seu recadinho pelo seu aniversário e pelo blog!!!
Muito obrigada!!!
Volte sempre que quiser!!!
bjinhoss do Octeto !
Tati