Se havia uma torcida apaixonada por um piloto, era os ingleses com relação a Nigel Mansell. Desde 1986, quando o britânico começou a se destacar na F1, os súditos da rainha lotavam Silverstone e Brands Hatch para ver uma vitória de Mansell. E normalmente o inglês conseguia. "A torcida me deixava 1s mais rápido", dizia Mansell para explicar suas inacreditáveis vitórias em casa. Correndo na frente dos seus torcedores, Mansell utilizaria essa chance para triunfar em 1990, um ano particularmente difícil para o inglês, que tinha em Alain Prost um companheiro de equipe muito forte e que logo em seu primeiro ano, já dominava a Ferrari.
Contudo, Mansell mostrou sua força ao conseguir uma pole impressionante, mais de meio segundo na frente de Senna, o ás das Classificações. Prost decepcionava ao ficar apenas em quinto, atrás até mesmo da Williams de Boutsen. Porém, não demoraria para essa situação mudasse. Após conseguir um excepcional segundo lugar na França, Ivan Capelli era capaz apenas de colocar seu March em décimo.
Grid:
1) Mansell (Ferrari) - 1:07.429
2) Senna (McLaren) - 1:08.071
3) Berger (McLaren) - 1:08.246
4) Boutsen (Williams) - 1:08.291
5) Prost (Ferrari) - 1:08.336
6) Alesi (Tyrrell) - 1:08.370
7) Patrese (Williams) - 1:08.677
8) Bernard (Lola) - 1:09.003
9) Suzuki (Lola) - 1:09.243
10) Capelli (March) - 1:09.308
O dia 15 de julho de 1990 tinha um céu azul e sem nuvens. Um dia nada típico para os ingleses, mas serviu de pretexto para se vestir de vermelho e invadir Silverstone para torcer para Mansell. Porém, havia outra desculpa para ir a velha base área. Com velocidades médias cada ano mais altas, Silverstone sofreria uma grande reforma em seu traçado e o histórico circuito que era praticamente o mesmo desde 1950, quando recebeu a corrida inaugural da F1, sofreria uma remodelação profunda para poder receber a F1 com mais segurança. Apesar disso, os pilotos lamentaram muito o fim do rápido circuito de Silverstone. Mansell gostaria muito de vencer no último ato do traçado histórico de Silverstone e sua vontade ficou clara logo na largada, quando se preocupou mais em fechar Senna, do que fazer uma boa largada propriamente dita e o resultado foi horrível para o inglês, com Senna chegando a Copse em primeiro, com Mansell logo atrás.
Senna tentou fugir de Mansell, mas correndo com muita gana, Mansell não demorou a encostar na McLaren. Na entrada da chicane, na décima volta, o piloto da Ferrari retardou a freada, passou, alargou a curva e Senna deu o xis logo em seguida. Porém, ninguém poderia desafiar Mansell sem saber que poderia haver troco e logo Senna se viu acossado pelo inglês novamente. Duas voltas mais tarde, Mansell tentou a ultrapassagem no mesmo ponto, mas desta vez foi bem-sucedido e assumiu a ponta da corrida. A torcida urrou tão alto quanto os potentes motores de F1. Tão agressivo quanto Mansell, Senna tentou acompanhar o inglês, mas duas voltas mais tarde o brasileiro entrou muito forte na alta zebra de fora da Copse e rodou, fazendo com que Senna fosse aos boxes trocar seus pneus, caindo várias posições.
Por incrível que pareça, Mansell não repetia o desempenho dos anos anteriores, quando assumia a primeira posição do Grande Prêmio da Inglaterra e disparava. Berger e Prost, que havia ultrapassado Boutsen, estavam próximos da Ferrari. Na volta 22, em plena reta Hangar, Mansell parece ter perdido uma marcha e Berger passa o inglês, mas Mansell permanece à frente de Prost. Para tristeza da torcida, seu grande representante estava tendo sérios problemas de câmbio, mas que atacava a caixa de marcha semi-automática da Ferrari de forma intermitente, tanto que Mansell após ser ultrapassado por Berger, permaneceu num bom ritmo e cinco voltas depois reassumiu a ponta. Prost observava a briga pela ponta atentamente, até que resolveu atacar!
Três voltas depois de ser ultrapassado por Mansell, Berger foi deixado para trás por Prost e a Ferrari fazia uma bonita dobradinha. Na verdade, a equipe italiana até planejava que assim permanecessem, até para uma ação de marketing junto aos ingleses, mas o câmbio de Mansell continuava falhando e na volta 43 Prost ultrapassou o inglês em plena reta Hangar. Treze voltas depois, Mansell deixaria a corrida quando sua caixa de marchas finalmente pifou. Ivan Capelli fazia outra corrida formidável e atacou Berger na volta 44, assumindo a 3º posição, mas abandonaria com problema minúsculo para um moderno carro de F1: um tubo de combustível havia se partido.
Prost receberia a bandeirada em primeiro, conseguindo sua terceira vitória consecutiva na F1, algo inédito em sua vitoriosa carreira. Berger abandonaria nas últimas voltas, permitindo a Senna chegar ao pódio, mas isso não era suficiente ao brasileiro, que perdia a liderança do campeonato para um ascendente Prost. Porém, esse não era o principal assunto do dia. Após abandonar a corrida, Mansell reuniu alguns jornalistas e numa coletiva improvisada, o inglês anunciou que se aposentaria no final da temporada. Na verdade, o inglês já havia ameaçado abandonar a carreira em outras decepções ao longo da carreira, como no polêmico evento em Portugal, em 1989. Na verdade, Mansell estava extramente irritado por a Ferrari ter entregado seu acertado carro a Prost após os treinos e na verdade estava louco para sair da equipe italiana. O futuro mostraria que isso não era nada menos que um blefe de Mansell para conseguir um lugar como primeiro piloto em 1991.
Chegada:
1) Prost
2) Boutsen
3) Senna
4) Bernard
5) Piquet
6) Suzuki
Na prova, o italiano Riccardo Patrese completou 200 corridas na Fórmula 1, o primeiro piloto que rompeu 199.
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