quarta-feira, 21 de julho de 2010

História: 35 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1975


Apesar da inerente insegurança na F1, o ano de 1975 estava causando grande preocupação com as autoridades esportivas e por isso começaram a promover mudanças para evitar graves acidentes. No tradicional rodízio entre Silverstone e Brands Hatch, o primeiro voltaria a receber a F1 após o famoso acidente protagonizado por Jody Scheckter na Woodcote, onde vários carros ficaram amontoados ao longo da reta dos boxes logo na primeira volta. Silverstone tinha um dos circuitos mais rápidos e tradicionais do mundo, mas algo tinha que ser feito para evitar algo parecido e uma chicane foi construída na Woodcote, acabando com uma das curvas mais rápidas e desafiantes do calendário da F1. Quem clamava por segurança, ficou feliz. Para os puristas, a destruição da Woodcote foi um ultraje!

Em Monte Carlo, lugar onde havia conquistado cinco vitórias, Graham Hill tentou colocar seu carro no grid, mas o inglês falhou e naquele momento resolveu se aposentar de vez, passando a se dedicar inteiramente a sua equipe. Porém, faltava uma festa de despedida. Ídolo maior da torcida inglesa e dos pilotos mais carismáticos da história da F1, Graham Hill deu uma última volta pelo circuito de Silverstone após os treinos, sem usar capacete e sendo aplaudido de pé pela torcida. Foi um momento comovente para a F1 ver um piloto que estreou com carros ainda com motores dianteiro ter sobrevivido tantos anos e ainda ser aclamado pelo público. E Graham merecia!

A Inglaterra sempre trazia várias novidades, pois as equipes tinham sede na Ilha e 28 pilotos estavam inscritos. A maior novidade era a saída de Jacky Ickx na equipe Lotus após vários resultados desapontadores. A equipe ainda usava o velho modelo 72E e até mesmo Peterson estava insatisfeito, mas Ickx, uma verdadeira lenda do automobilismo, nunca mais teria um carro decente em mãos. Outra novidade era a pole de Tom Pryce em seu Shadow. Tendo estreado em 1973, o galês era uma das maiores esperanças para os britânicos, mas ainda assim não deixava de ser uma surpresa vê-lo em primeiro no grid, ainda mais que as Ferraris, dominantes em 1975, tiveram que se contentar com a segunda fila.

Grid:
1) Pryce (Shadow) - 1:19.36
2) Pace (Brabham) - 1:19.50
3) Lauda (Ferrari) - 1:19.54
4) Regazzoni (Ferrari) - 1:19.55
5) Brambilla (March) - 1:19.63
6) Scheckter (Tyrrell) - 1:19.81
7) Fittipaldi (McLaren) - 1:19.91
8) Reutemann (Brabham) - 1:20.04
9) Hunt (Hesketh) - 1:20.14
10) Mass (McLaren) - 1:20.18

O dia 19 de julho de 1975 estava muito nublado e a chuva era apenas questão de tempo em Silverstone. Uma paisagem normal para os ingleses, mas que transformaria este Grande Prêmio num dos mais confusos da história da F1. Porém, a pista ainda estava seca na hora da largada e a falta de experiência de Pryce em largar em primeiro pesou, quando o piloto da Shadow foi facilmente ultrapassado por Pace, seguido de perto pelas duas Ferraris, mas com Regazzoni à frente. Mais atrás, James Hunt consegue uma largada espatacular e pula para quinto, mas na volta seguinte era ultrapassado por Scheckter, que completava a primeira volta sem nenhum problema. Ao contrário de dois anos antes...

Precisando mostrar resultado, principalmente pelo desempenho do seu companheiro de equipe, Regazzoni parte para uma corrida agressiva e na décima volta ultrapassa Pryce e quatro voltas mais tarde assume a ponta da prova ao deixar Pace para trás. Lauda observava tudo com calma em 4º, enquanto Emerson Fittipaldi começava a crescer na corrida, ao ultrapassar Hunt e ficar em 6º, mostrando também o declínio da Hesketh, que alugava o carro reserva de Hunt a cada corrida, procurando dinheiro. Quando a corrida estava estabilizando as posições dos seus pilotos, a esperada chuva veio na volta 19 e pegou de surpresa Regazzoni, o primeiro a encarar a pista molhada e o suíço acabou rodando na curva Club, danificando sua asa traseira e tendo que ir aos boxes. Sempre é bom lembrar que fazer um pit-stop nos anos 70 era algo totalmente anormal e por isso o que se viu a partir da décima nona volta foi um Deus nos acuda dentro dos pits, com vários pilotos entrando nos boxes para colocar pneus para chuva.

Porém, alguns pilotos apostaram que a chuva seria passageira e permaneceram na pista com pneus slicks. E apostaram certo! Hunt, Fittipaldi, Pace e Mass permeneceram na pista e ficaram nas primeiras posições e foi aí que Emerson começou a se sobressair. O piloto da McLaren se aproveitou de um problema de motor de James Hunt para assumir a primeira colocação e para melhorar as coisas para os brasileiros, José Carlos Pace também subia para segundo. Quem foi aos boxes trocar pneus, não demorou para ter que voltar aos pits recolocar pneus slicks e a dupla brasileira ficou com a corrida nas mãos. Porém...

As nuvens carregadas em cima de Silvertone denunciavam que a chuva poderia voltar a qualquer momento e ela veio com força na volta 53. Muitos pilotos foram surpreendidos com a quantidade de água que se acumulou na pista e algumas curvas se tornaram um verdadeiro ferro-velho de F1. Na Club, ficaram Tony Brise, José Carlos Pace, Jody Scheckter, James Hunt, Brian Henton, John Nicholson (Lotus), Dave Morgan e Wilson Fittipaldi. Na Stowe ficaram empilhados Patrick Depailler, Mark Donohue e John Watson. A bandeira vermelha foi mostrada e como já havia sido cumprido mais de 75% das voltas, a corrida foi considerada válida, mas contando a volta 56. Emerson Fittipaldi foi considerado o vencedor, com José Carlos Pace, mesmo com seu Brabham estatelado na Club, em segundo. Foi uma prova onde a experiência de Emerson lhe deu a exata noção de quando parar ou não e, principalmente, se manter na pista. O que ninguém sabia naquele instante era que essa seria a última vitória na F1 do bicampeão.

Chegada:
1) E.Fittipaldi
2) Pace
3) Scheckter
4) Hunt
5) Donohue
6) Brambilla

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