quinta-feira, 8 de julho de 2010

História: 20 anos do Grande Prêmio da França de 1990


Paul Ricard investiu muito no recapeamento de sua pista e realmente o trabalho ficou muito bom, com o asfalto do circuito francês mais parecendo uma mesa de bilhar. Não faltaram elogios. Porém, a F1 sempre foi um grande negócio e o obscuro circuito de Magny-Cours foi anunciado como a sede do Grande Prêmio da França a partir de 1991. Com a desculpa de fortalecer a economia da região de Nevers, o presidente François Mitterand foi um dos que mais incentivaram a troca, mas a verdade era que Mitterand era muito amigo de Guy Ligier, que tinha Magny-Cours como nova sede e pista de testes. Este acabaria sendo o último ano de Paul Ricard na F1 e a pista francesa, um dos orgulhos do automobilismo francês, foi decaindo e só foi 'salvo' quando Bernie Ecclestone comprou o autódromo, o transformando num gigantesco campo de provas.
Dentro da pista, a Ferrari mostrava sua boa fase e Nigel Mansell conseguiu superar Gerhard Berger numa briga entre os segudos pilotos de Ferrari e McLaren, que brigavam pelo título daquele ano. Numa Classificação apertada, os protagonistas Senna e Prost tiveram que se conformar com a segunda fila, mas a grande surpresa foi a March colocar seus dois carros entre os dez primeiros. Adryan Newey tinha feito um carro que se montava bastante na parte aerodinâmica e nas onduladas pistas de Montreal e Hermanos Rodríquez, o modelo CG901 simplesmente não funcionou, com os bons Ivan Capelli e Maurício Gugelmin ficando de fora no México. Numa pista lisa como um tapete, o March mostrou um desempenho surpreendente e dava uma verdadeira volta por cima. Pena que a equipe não utilizaria mais Newey a partir de 1991, pois o projetista estava se transferindo para a Williams. E iniciando uma carreira marcado por muito sucesso...

Grid:
1) Mansell (Ferrari) - 1:04.402
2) Berger (McLaren) - 1:04.512
3) Senna (McLaren) - 1:04.549
4) Prost (Ferrari) - 1:04.781
5) Nannini (Benetton) - 1:05.009
6) Patrese (Williams) - 1:05.059
7) Capelli (March) - 1:05.369
8) Boutsen (Williams) - 1:05.446
9) Piquet (Benetton) - 1:05.640
10) Gugelmin (March) - 1:05.818

O dia 7 de julho de 1990 amanheceu com um belo dia de sol e não havia a mínima perspectiva de chuva em Paul Ricard. Numa pista em que ultrapassar não era problema, o que chamava atenção era a primeira fila ocupada por Mansell e Berger. Ambos tiveram dois entreveros sérios em 1990 e no México, Mansell fez uma espetacular ultrapassagem sobre o austríaco e havia o receio de um troco de Berger. Todos ainda tinham em mente o espetacular acidente na largada de 1989, mas desta vez não houve nenhum incidente e a dupla Mansell e Berger largaram como cordeirinhos rumo à primeira curva, com o piloto da Ferrari se mantendo na frente, enquanto Senna seguia seu companheiro e equipe de perto e Prost perdia posições.

A McLaren mostrava que seu motor Honda era um dos mais potentes da F1 e numa ultrapassagem audaciosa de Berger no final da reta Mistral, por fora, o austríaco assumiu a ponta da corrida ainda durante a primeira volta. Na passagem seguinte, Senna emulou o companheiro de equipe e pulou para 2º, mas preferindo manter a posição, numa corrida mais tática. A corrida fica extremamente estática e nenhuma mudança de posição. Apenas o abandono de Boutsen, que chegou ao boxes com a caixa de câmbio quebrada, mudou a rotina da prova. A corrida seria decidida baseada na estratégia e nas paradas. Pensam que isso só acontece nos últimos tempos?

A longa corrida de 80 voltas vê os pilotos irem cedo aos boxes e Prost é o primeira a visitar os pits de Paul Ricard. A esperança de Prost e de toda a torcida que lotou o autódromo para torcer para ele, era que ele voltasse à pista sem trânsito e pudesse conseguir algumas voltas rápidas, ganhando posições com a manobra. Quando era com Schumacher, isso era feio... Quando chega a vez dos pilotos da McLaren, logo após Senna ter tomado a ponta de Berger, ocorre o lance que praticamente decidiria a prova. A bem treinada e profissional equipe McLaren consegue errar nos dois pit-stops e derrubam seus dois pilotos para atrás de... Prost, que conseguira uma enorme vantagem em parar cedo e andar mais rápido com pista livre. Porém, quando todos pensavam que o francês iria assumir a liderança de sua corrida caseira, eis que surge a grande surpresa do dia.

Patrese e a dupla da March, com Capelli à frente, pareciam retardar suas paradas ao máximo e estavam nas três primeiras posições. O desgaste estava alto e Patrese foi ultrapassado por Capelli na volta 32 e foi aos boxes na volta seguinte. Era o indício de que as paradas dos pilotos da March era iminente. Porém, as voltas foram passando e nada dos carros azuis-água irem aos boxes. O tempo passou e ficou claro que a March realmente não faria pit-stop com seus pilotos! Após não conseguirem se classificar para a corrida no México, a March liderava o Grande Prêmio seguinte e ainda fazendo dobradinha!

Prost percebe o perigo que corrida em ser derrotado em casa por uma equipe pequena e aperta o ritmo, se aproximando de Gugelmin na volta 50, mas o brasileiro se defendia bem de Prost e isso fez com que Alessandro Nannini se aproximasse de Prost. Infelizmente, o motor Judd de Gugelmin começou a apresentar problemas e o brasileiro foi presa fácil de Prost, sendo ultrapassado e acabando com o motor quebrado algumas voltas mais tarde. A torcida francesa foi ao delírio quando Prost começou a se aproximar de Capelli a uma taxa impressionante. Enquanto isso, Nannini abandonava e Senna subia para 3º, andando muito forte, mas longe da briga pela liderança. Prost encostou no March quando ainda faltavam 20 voltas, mas Capelli foi valente e não dava chances para Prost o superar. O público em Paul Ricard não acreditava no que via! Por mais que torcessem por Prost, era tocante a forma como Capelli, com um carro nitidamente pior, se segurava em primeiro. Contudo, antes que a famosa disputa Davi vs. Golias acontecesse novamente em terreno francês, o motor Judd de Capelli também começa a ter problemas de temperatura de óleo. O italiano ainda tenta se manter à frente, mas estava cada vez mais perigoso continuar naquele ritmo e Capelli, faltando três voltas, praticamente cedeu a posição para Prost, que venceu de uma forma muito mais dramática do que imaginava. Porém, a estrela do dia era Capelli. Separando os maiores rivais do ano, o simpático italiano não parecia acreditar. "Não me classifiquei na corrida passada e agora cheguei em 2º!" Newey começava a mostrar a que vinha...

Chegada:
1) Prost
2) Capelli
3) Senna
4) Piquet
5) Berger
6) Patrese

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