sexta-feira, 2 de julho de 2010

Era Felipe Melo


Não faltou quem falasse que ele não era para ser convocado. Ele deu uma grande assistência no primeiro gol. Felipe Melo deverá ficar marcado para a derrota de hoje do Brasil frente a Holanda. Assim como o técnico Dunga quando este era o volante da Seleção Brasileira no começo da década de 90, Felipe Melo é um bom jogador, mas longe de ser o atleta dos sonhos dos catedráticos do futebol. Nervoso dentro de campo, não faltou quem desconfiasse de uma expulsão de Felipe Melo.

Hoje, Felipe Melo mostrou o seu melhor e o seu pior. Logo no começo do jogo, deu uma baita lançamento para Robinho para o atacante fazer o gol. E pelo o que vinha fazendo, caminhava para uma goleada. A Holanda mal pegava a bola e o Brasil dava um banho de bola. O segundo tempo começou igual, mas Júlio César cometeu um erro básico para um grande goleiro como ele. Empate. Se o Brasil tivesse um time campeão, se levantaria e ia lá e marcaria o segundo. Mas não. O time se perdeu e tome Sneijder, que está longe de ter 1,90m, fazer um gol de cabeça, sozinho, no meio da grande área. Então, Felipe Melo cometeu o erro final, talvez não decisivo, mas marcante, ao pisar em Robben, que vinha infernizando a defesa brasileira. A Holanda teve até mais chances de fazer o terceiro e o Brasil caía no total e ineficaz desespero. Final de jogo e mais uma eliminação.

Achar culpados é cruel, mas é assim o mundo, principalmente do futebol brasileiro, que nunca se satisfaz com nada menos que o título. Júlio César, para muitos (não para mim), o melhor goleiro do mundo, deu vacilo histórico ao sair extremamente mal do gol. Kaká, com grande expectativa para se tornar um dos grandes da história do futebol brasileiro, sai dessa Copa com lampejos de genialidade e partidas ruins, graças a uma pubalgia crônica. Robinho, que desapareceu no segundo tempo, sai da segunda Copa como uma malabarista que faz gols em Chiles e quando está bem, mas foge do pau. Dunga, que destilou antipatia e arrogância nessa Copa, sem, é claro, não nos esquecermos do seu bom trabalho nesses quatro anos em que ficou à frente da Seleção, terá que dar muitas explicações sobre não convocações e ainda tem o agravante de não ter o apoio da Globo, com quem brigou e se aproveitará para bater forte no treinador. Por fim, Felipe Melo. O robusto jogador que vestiu a camisa 5 nessa Copa poderá entrar para a história como símbolo de um time pragmático, que teve um técnico turrão que confiou demais em determinados jogadores (Felipe Melo, inclusive) e foi eliminado abraçados com eles. Assim como Dunga em 1990, Felipe Melo é bem a síntese disso vinte anos depois. Ele dará a volta?

É chato, o mundo não vai acabar e o jejum aumentará para doze anos. Mas assim é o futebol. Não se pode ganhar todas.

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