sexta-feira, 30 de julho de 2010

História: 10 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 2000


Michael Schumacher e Ferrari estavam sob forte pressão quando a F1 desembarcou em Hockenheim para a 11º etapa do mundial do ano 2000. Após dois abandonos seguidos, a enorme vantagem que Schumacher havia adquirido no começo do ano havia diminuído para apenas seis pontos e a McLaren parecia muito forte naquele momento, principalmente com o crescimento de Mika Hakkinen. No Brasil, a rádio Jovem Pan lançava uma musiquinha satirizando a falta de vitórias de Barrichello, fazendo um enorme sucesso. "Sempre atrás do alemão/ É o Rubinho!" era o refrão da música, deixando Barrichello extremamente irritado com a brincadeira. No entanto, a música era muito engraçada...

Não raro, o clima em Hockenheim trás chuvas para as corridas e aquele final de semana foi um exemplo disso, onde o clima instável seria determinante em vários momentos. Faltando menos de cinco minutos para o início da Classificação, uma garoa começou a cair na região do Estádio e uma fila de carros de formou no final do pit-lane, para marcar logo seus tempos com piso seco. Barrichello tem problemas com seu carro e Frentzen tem seu tempo anulado por ter cortado uma chicane, enquanto a chuva vinha com força novamente e teoricamente ninguém melhoraria seus tempos. Coulthard se aproveitou para ficar com a pole, seguido de Hakkinen e Schumacher. Quando a chuva parou, Rubens pegou o carro reserva (acertado para Schumacher) e finalmente marcou um tempo que lhe deixava apenas em 18º. Contudo, ao mesmo tempo em que Barrichello marcou seu tempo mais rápido, Fisichella e Schumacher melhoravam consideravelmente seus tempos. Rubens foi muito criticado por conta disso, mas o que importa era que ele havia marcado um tempo, mesmo sabendo que naquelas condições, dificilmente se vingaria do pessoal da Jovem Pan...

Grid:
1) Coulthard (McLaren) - 1:45.697
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:47.063
3) Fisichella (Benetton) - 1:47.130
4) Hakkinen (McLaren) - 1:47.162
5) De la Rosa (Arrows) - 1:47.786
6) Trulli (Jordan) - 1:47.833
7) Wurz (Benetton) - 1:48.037
8) Herbert (Jaguar) - 1:48.078
9) Villeneuve (BAR) - 1:48.121
10) Irvine (Jaguar) - 1:48.305

Como havia acontecido nos dias anteriores, o dia 30 de julho de 2000 tinha um clima muito instável em Hockenheim e embora estivesse com sol na hora da largada, uma leve garoa caiu na região do Estádio quando a corrida estava prestes a começar. Porém, a largada foi dada com pista seca e mais uma vez Hakkinen fez uma arrancada brilhante, pulando de 4º para primeiro, ajudado por Coulthard e Schumacher, mais preocupados em fechar um ao outro. O piloto da Ferrari teve que ir para um linha mais aberta, mas a Benetton de Fisichella estava lá e pela segunda corrida consecutiva, Schumacher abandonava na primeira curva, deixando seu campeonato em risco.

Ao final da primeira volta, as duas McLarens estavam numa posição privilegiada, pois lideravam a prova tranquilamente, enquanto o 3º colocado Jarno Trulli perdia contato com os carros prateados a cada segundo. Porém, lá atrás, a corrida era movimentada, principalmente por causa de dois homens. Largando em posições não condizentes com seus carros, Rubens Barrichello e Heinz-Harald Frentzen optaram por uma estratégia de duas paradas e voavam no pelotão de intermediário, principalmente o piloto da Ferrari, naquele momento a esperança ferrarista para que Schumacher permanecesse na ponta do campeonato. Ainda na primeira volta, Rubens havia pulado oito posições e o brasileiro subia uma posição em praticamente todas as primeiras voltas.


Verstappen, Herbert, De la Rosa... todos foram engolidos pela rolo-compressor Barrichello. Ele estava 12s atrás das McLarens e se aproximava do 3º colocado Trulli. Quando estava próximo do italiano, Barrichello foi aos boxes para sua primeira parada, retornando à prova em 6º. Antes da corrida, foi visto um comissário carregando um torcedor nos braços próximos aos carros no grid, no que parecia ser uma pessoa passando mal. Porém, esse mesmo homem estava agora ao lado da pista, antes da Chicane Jim Clark, chegando a cruzar à pista, enquanto os carros vinham a mais de 350 km/h. Esse homem era um ex-funcionário da Mercedes que protestava contra sua demissão. Se conseguiu chamar a atenção de todos a sua causa, ele conseguiu atrapalhar seus antigos patrões.

O safety-car foi mandado à pista e os pilotos foram aos boxes para o que seria suas únicas paradas. A McLaren fez com que Hakkinen entrasse primeiro, deixando Coulthard na pista e o escocês perdeu várias posições. Barrichello também aproveitou essa intervenção do carro de segurança para encher o tanque e não parar mais, subindo para terceiro, atrás de Hakkinen e Trulli. Rubens estava novamente na briga pela corrida! Uma volta após a relargada, Diniz tentou uma ultrapassagem sobre Jean Alesi e os dois acabaram se tocando e batendo violentamente, trazendo novamente o safety-car, enquanto o tempo na região do estádio ficava cada vez mais escuro. A chuva parecia iminente e caiu com muita força duas voltas após a segunda relargada. Contudo, a precipitação só se fazia presente na região do Estádio, enquanto no resto do traçado a pista permanecia seca. Por mais que a sessão do Estádio fosse traiçoeira, era a menor parte da pista e os pilotos ficaram bem indecisos: parar ou não para colocar pneus para chuva.

Barrichello, Coulthard, Frentzen e Ricardo Zonta ficaram na pista e eram os quatro primeiros colocados. Zonta toca em Villeneuve, que estava com pneus para chuva, e o canadense roda, praticamente selando o destino do brasileiro dentro da equipe BAR. Coulthard desiste de se arriscar e também coloca pneus para chuva no final da corrida, enquanto Barrichello permanecia de forma valente na pista. Ele ganhava muito tempo na região da Floresta Negra, enquanto tinha que se virar no Estádio. A tensa contagem regressiva para a primeira vitória de Rubinho era contada por todos no Brasil e até mesmo pelo público alemão, que passava a torce para o brasileiro. Equanto Frentzen abandonava com problemas mecânicos, a chuva ficou mais forte na penúltima volta, mas Hakkinen não foi capaz de alcançar Barrichello, que recebeu a bandeirada de forma dramática. Depois da bandeira quadriculada, a chuva aumentou consideravelmente em todos os setores da pista... Barrichello estava visivelmente entusiasmado com sua primeira vitória e todos pareciam felizes com o triunfo do brasileiro. Todos os pilotos, inclusive Schumacher, fizeram questão de cumprimentar Barrichello, que chorou copiosamente no pódio. Após sete anos na F1, Rubens Barrichello finalmente realizava o seu sonho e a Jovem Pan refazia a musiquinha ainda naquela semana!

Chegada:
1) Barrichello
2) Hakkinen
3) Coulthard
4) Button
5) Salo
6) De la Rosa

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