quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O doutor

Jonathan Palmer foi o típico caso de um piloto que não entregou tudo que dele se esperava, ainda mais sendo inglês, onde sempre há a torcida para que um compatriota seu se torne uma estrela na F1. Porém, se dentro das pistas Palmer não conseguiu grandes coisas, fora dela o inglês que recém completou 60 anos ganhou muito dinheiro e obteve um grande sucesso.

Jonathan Charles Palmer nasceu no dia 7 de novembro de 1956 em Lewishan, na Inglaterra, onde teve uma boa educação a ponto de ter se formado em medicina e ter trabalhado por algum tempo como médico em hospitais na Inglaterra. Enquanto estudava medicina, Palmer participava de corridas amadoras com sucesso, fazendo com que Jonathan abandonasse a promissora carreira de médico para se aventurar no automobilismo. Por causa de sua breve passagem na medicina, por algum tempo Palmer ficou conhecido como 'The Doctor'. Em 1979, já com 23 anos, Palmer entrou na F-Ford Inglesa e o inglês fez um bom papel, a ponto de ser contratado pela equipe de Dick Benett, a melhor da F3 Inglesa, em 1981. Mesmo ainda sendo um novato, Palmer dominou o campeonato e venceu o tradicional certame inglês com oito vitórias e sete poles. Isso fez levantar as sobrancelhas dos ingleses, ávidos em colocar bons pilotos na F1.

Ainda em 1982 Palmer conseguiu um primeiro teste com a Williams, onde logo se tornaria piloto de teste da equipe, enquanto estreava na F2 Europeia na equipe de fábrica da Ralt. Em ano de aprendizado, Palmer consegue um nono lugar no campeonato, tendo como melhor resultado um terceiro lugar em Donington Park. Mais preparado na F2, Palmer domina o campeonato e com seis vitórias, se sagrou campeão europeu de F2 em 1983. A Williams entrega à Palmer um terceiro carro no Grande Prêmio da Europa em Brands Hatch e o inglês, levando-se em conta as limitações dos motores aspirados na época e ter sido sua primeira corrida, consegue levar seu carro até o fim. Com o título da F2 debaixo do braço, Palmer esperava um bom lugar na F1 em 1984. Ledo engano. A Williams tinha contrato com Keke Rosberg e Jacques Laffite até o final de 1984 e Jonathan teria que se conformar com um contrato com a RAM, dona do pior carro do ano. Ao lado do atrapalhado Philippe Alliot, Palmer não largou nenhuma vez no top-20, viu a bandeirada apenas quatro vezes e não pontuou. Porém, se na F1 as coisas não foram muito felizes, no Mundial de Marcas Palmer conseguiu uma vitória nos 1000 km de Brands Hatch, ao lado de Jan Lammers. Na F1, Palmer sai da RAM e vai para uma equipe novata: a Zakspeed. O time alemão usou a experiência de Palmer em acertar carros dos tempos de piloto de testes da Williams, mas os resultados foram parcos em 1985, onde o time participou apenas de algumas corridas. 

A carismática Zakspeed novamente teria Palmer como único piloto em 1986, mas fazendo parte de todas as corridas, além de ter um segundo piloto em algumas provas, mas os resultados continuavam a não aparecer. Palmer teve que reviver seus dotes de médico no acidente que encerrou a carreira de Jacques Laffite em Brands Hatch, onde o inglês foi o primeiro que chegou ao carro do francês. Ainda bem cotado pelos títulos nas categorias de base e as boas corridas no Mundial de Marcas, Palmer chegou a negociar com a McLaren em 1987, mas o inglês acabou contratado pela Tyrrell, onde participaria de um campeonato a parte. Balestre queria acabar com os motores turbo e fazia isso de forma gradual, motivando equipes menores a abraçar os motores aspirados, criando até mesmo um campeonato a parte. A melhor equipe ficaria com o troféu Colin Chapman. O melhor piloto, com o troféu Jim Clark. Esse seria o melhor momento de Palmer na F1. A Tyrrell era claramente a melhor equipe com motores aspirados e por isso, Palmer disputou com seu companheiro de equipe Philippe Streiff o título simbólico. Contudo, Palmer fez mais e no cômputo geral, marcou seus primeiros pontos na F1 no Grande Prêmio de Mônaco, com um quinto lugar. Numa pista em que não favorecia os motores aspirados, Palmer levou a Tyrrell e um honroso quinto lugar em Hockenheim e na última etapa do ano, em Adelaide, Jonathan ficou em quarto lugar, garantindo para si o troféu Jim Clark como o melhor piloto com motores aspirados.

Palmer ficaria outro ano na Tyrrell, mas 1988 não seria tão brilhante como no ano anterior, mas o inglês ainda marcaria pontos onde o motor não era tão importante, como Mônaco e Detroit. Em seu último ano na F1, Palmer sofreria mais e mais com a falta de desempenho da Tyrrell, só conseguindo dois sextos lugares como melhor resultado. No Canadá, debaixo de muita chuva, Palmer marcaria sua única melhor volta na F1. Porém, o inglês seria totalmente ofuscado pelo furacão chamado Jean Alesi, que em sua primeira corrida de F1, conseguiu um quarto lugar com a Tyrrell. Ainda com 33 anos, Jonathan Palmer abandonou a F1 com 83 corridas, uma melhor volta e 14 pontos.

Palmer voltaria a ser piloto de testes, agora na McLaren em 1990, usando sua experiência para melhorar o ótimo carro da equipe e ajudar no segundo título de Senna. Entre 1990 e 1991, Palmer participou do Mundial de Marcas, primeiro com a Porsche e depois com a Mercedes, sem muito sucesso. Ainda em 1991, Palmer participou do famoso campeonato BTCC, com uma BMW até voltar à F1 em 1993, substituindo James Hunt quando este morreu, nos comentários pela BBC ao lado de Murray Walker. Se dentro da pista, Palmer não foi essas coisas toda, fora das pistas o inglês usou seu faro pelos negócios para faturar. Em 1998 ele criou a F-Palmer Audi, numa categoria monomarca com apoio da montadora alemã e com o objetivo de ser uma categoria mais barata do que a F3. O primeiro vencedor foi o saudoso Justin Wilson e logo Palmer passou a empresariar o inglês, levando-o no ano seguinte para a F3000. Comentou-se na época que o carro de Wilson tinha 'cuidados especiais', por o piloto ser empresariado por Palmer, dono da categoria, que por esses comentários, caiu em discredibilidade.  Na virada do milênio, Palmer criou a PalmerSport, empresa que representava pilotos e negócios com o automobilismo. Palmer comprou quatro tradicionais circuitos (Brands Hatch, Oulton Park, Snetterton e Caldwel Park) e passou a promover categorias novamente, como a F4 Britânica e o forte Campeonato Inglês de Superbike. Além dos negócios, Palmer viu seus dois filhos o seguirem na profissão de piloto. Jolyon foi campeão na GP2 e hoje está na equipe Renault de F1, enquanto o mais novo, Will, venceu a F4 Britânica em 2015 e tenta seguir os passos do pai e do irmão mais velho.

Parabéns!
Jonathan Palmer

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