Ontem usei a palavra 'desastrosa' para o final de semana da Toro Rosso em Abu Dhabi. No dicionário, a palavra desastre significa 'evento que causa sofrimento e grande prejuízo' ou 'fracasso completo'. Para o que aconteceu com a Toro Rosso, foi um 'fracasso completo'. Já o que aconteceu hoje nas primeiras horas da manhã foi um evento de muito sofrimento.
A Chapecoense havia conquistado o Brasil com seu carisma de time pequeno e audacioso, sem medo de cara feia. Ao invés dos torcedores rivais terem raiva, passaram a admirar o alviverde catarinense. E a Chapecoense foi passando por cima dos obstáculos de forma guerreira, fascinando a todos pela forma como um time de uma cidade pequena do interior estava há três anos na Série A e, façanha das façanhas, estava na final da Copa Sul-Americana.
Em busca desse sonho, a Chapecoense encontrou seu destino num trágico acidente de avião na Colômbia. Das 77 pessoas à bordo, apenas seis sobreviveram, incluindo três jogadores. A delegação catarinense foi dizimada, além de convidados e jornalistas. Do Fox Sports, faleceram o grande narrador Deva Pascovich, o comentarista Paulo Julio Clement, o repórter Vitorino Chermont e o ex-jogador Mario Sérgio. Desde pequeno acompanho futebol, junto com as corridas, e vi Mario Sergio ainda com a barba negra comentando futebol na TV Bandeirantes. Lembro dele estreando no Corinthians em 1993 como técnico e até o meu Ceará em 2010, numa passagem que não deixou saudades. Basta ler revistas antigas que se tratava de um grande jogador.
Como torcedor, alguns desses jogadores vi in loco e outros acompanhei atentamente, como foi o caso do William Thiego, quando esse vestiu a camisa do Ceará em 2012 como titular. Devo ter assistido umas 20 partidas dele naquele ano e chamava atenção como era um bom jogador. Do Kempes não lembro muito, fora os gols perdidos. Sonhava que o Ceará contratasse Bruno Rangel, além do veterano Cléber Santana no meio campo. Em 2014, assisti um emocionante Ceará x Chapecoense aqui no PV pela Copa do Brasil, num 1x1 suado. Se não me engano, com gol do Bruno Rangel. Passei o dia triste. Quando meu primo postou um link no grupo da família do whatts, custei a acreditar, mas as notícias, infelizmente eram reais.
Um choque para todos que gostam do esporte. Como li num dos vários textos colocados ao longo do dia, quando um avião cai, todos caem um pouco. Sonhos se acabam. O sonho da Chapecoense acabou, mas acabou o sonho do jogador de futebol, do jornalista, do empresário, do piloto de avião, do comissário de bordo. Acabou o sonho de muitas famílias.
O elenco atual da Chapecoense acabou, mas a Chapecoense se tornou um gigante. O mundo do futebol passou a conhecer a pequena cidade do interior de Santa Catarina que acolheu um clube que conquistou o Brasil não com conquistas, mas com simpatia e uma boa audácia. O mundo passou a conhecer o grito de 'Dá-lhe Chape!'
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