domingo, 26 de julho de 2020

Dupla de Fabio e trinca da Yamaha

Muito se fala que após a sua primeira vitória, o piloto ganha ainda mais confiança e os triunfos seguintes aparecem de forma natural. A primeira vitória de Fabio Quartararo já tinha batido na trave algumas vezes na temporada passada, mas na semana anterior ela não escapou. O francês ainda correu alguns riscos na semana passada, contudo, não foi o caso nesse domingo. Quartararo foi bem simples em sua segunda vitória consecutiva: largou bem da pole, despachou os rivais e recebeu a bandeirada com ampla vantagem para as duas Yamahas de fábrica.

Debaixo de um calor quixadaense, Jerez viu uma prova marcada por vários abandonos, incluindo quebras mecânicas, algo raro na MotoGP. Se na semana passada Quartararo vacilou na largada e teve que fazer algumas ultrapassagens antes de assumir a ponta, dessa vez o francês da SIC Petronas Yamaha não deu essa deixa para os seus adversários, vencendo com enorme categoria e já disparando na liderança do campeonato. A tentativa até mesmo desesperada de Márquez voltar às pistas apenas três dias depois de operar seu braço direito fraturado tinha muito a ver com a performance de Quartararo. Márquez sabe muito quem é seu grande rival ao título e que havia uma boa chance do espanhol começar a disputa pelo título com 50x0 contra logo de cara, o que acabou acontecendo. O bom senso prevaleceu com Márquez nem indo para a classificação, com seu braço direito flagrantemente inchado, mas o espanhol da Honda sabe que está encrencado pensando no campeonato.

Com Quartararo disparado na frente, a briga ficou pela segunda posição e não faltaram concorrentes a ocupa-la, mas o forte verão europeu foi eliminando alguns deles. Rossi conseguiu uma excelente largada e ficou a maior parte da corrida nessa posição. Primeiro ele foi ultrapassado pelo seu pupilo Francesco Bagnaia, que surpreendia ao colocar a sua Ducati satélite não apenas na frente das motos de fábrica, como conseguindo um ritmo promissor, que fatalmente o levaria ao segundo lugar, se seu motor não entregasse os pontos no fim da prova, num abandono de cortar corações. O mesmo aconteceu com Franco Morbidelli, que estava se encaminhando para um tranquilo pódio quando sua Yamaha lhe deixou na mão. O sempre desastrado Jack Miller escorregou na baba ainda na metade da prova. 

Maverick Viñales foi a grande decepção do dia, ao não conseguir seguir no ritmo de Quartararo, quando deu indícios que seria o único a fazê-lo. O espanhol chegou a cair para sexto, mas foi se aproveitando dos abandonos e no fim, superou seu companheiro de equipe Rossi para salvar outro segundo lugar, mas Viñales dá mostras que, mesmo rápido, não tem estofo para bater de frente com Márquez e ainda corre o risco de ano que vem ter que receber um piloto capaz disso, que é Fabio Quartararo. 

sexta-feira, 24 de julho de 2020

História de um cancelamento anunciado

No começo da tarde de hoje, a FIA e a Liberty anunciaram o óbvio. Se no começo de 2020 o epicentro da pandemia do Covid-19 estava na Ásia, nesse momento está nas Américas, cujos alguns governantes vem tendo atitudes no mínimo irresponsáveis para deter a pandemia. Ou no caso, não detê-la. Com isso a F1 não passará pelo Novo Mundo pela primeira vez em sua história, lembrando que nos anos 1950 a F1 tinha como uma de suas etapas as 500 Milhas de Indianápolis.

Para compensar a perda de Canadá, México, Estados Unidos e Brasil, a F1 anunciou três novas provas na Europa, sendo dois retornos e uma novidade. Ímola e Nürburgring voltam ao circo da F1 com circuitos ligeiramente renovados, mas com amplas condições de ter de volta a F1. Já o circuito de Portimão sempre foi considerado um dos melhores autódromos que ainda não receberam a F1, com um traçado seletivo e cheio de altos e baixos. A F1 ganhará três ótimos circuitos para tentar amenizar a saída dos quatro belos circuitos perdidos pelo Coronavírus. Além disso, Portugal voltará a receber a F1 depois de 24 anos, enquanto a Itália terá três etapas esse ano.

Com a pandemia ainda matando mil brasileiros por dia, mesmo que minimizada pelo máximo governante do país, o cancelamento do Grande Prêmio do Brasil era favas contadas, apenas confirmando o óbvio. Só nos resta torcer que, quando o mundo normalizar, Interlagos esteja de volta à F1.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Figura(HUN): Red Bull

A Red Bull não acertou o acerto do carro em nenhum momento, seus pilotos largaram abaixo da terceira fila e o pódio de Max Verstappen foi muito mais mérito do holandês do que do carro. Contudo, o pequeno milagre de Verstappen se deveu a alguns homens comprometidos com a equipe e usuários do lema de 'desistir jamais!' O que os mecânicos da Red Bull fizeram nos minutos anteriores a largada foi algo digno de nota! Porém, tudo começou com um erro do holandês. Quando levava seu carro ao grid, com a pista úmida, Max acabou saindo da pista, quebrando a asa dianteira e, pior, quebrando a suspensão dianteira esquerda. Parecia um abandono certo ou até mesmo com Verstappen tendo que largar dos boxes. Não para a turma de Christian Horner. Os mecânicos bateram recordes de consertos e ajustes naqueles angustiantes minutos. No último momento, o carro estava OK. Tudo o que Verstappen teria que fazer era honrar o trabalho dos mecânicos da Red Bull e Max se redimiu ao separar os dois carros dominantes da Mercedes. Uma pequena vitória para pessoas que raramente são lembradas, mas que nesse domingo foram os destaques do dia!

Figurão(HUN): Ferrari

Dessa vez a Ferrari colocou seus dois pilotos no Q3 e Vettel conquistou um sexto lugar em Hungaroring. Um feito e tanto pelo o que aconteceu nas duas corridas anteriores, mas muito, muito pouco para uma equipe como a Ferrari. No entanto não faltaram erros básicos estratégicos na corrida que acabaram atrapalhando Charles Leclerc e somente a experiência de Vettel salvou um pouco a corrida ferrarista. A prova magiar começou até bem para os vermelhos, com os dois carros da Ferrari dando um bom pulo na frente, mas com a pista molhada secando rapidamente, era claro que os pits seriam visitados rapidamente para colocar pneus slicks. Mas qual pneu usar? Havia uma previsão de chuva para alguns minutos. A Ferrari resolveu então colocar pneus macios em seus dois pilotos. Quando foi chamado para os boxes para colocar pneus macios, Vettel imediatamente questionou a equipe e salvou o dia da Ferrari. O alemão pediu pneus médios. O pneu macio simplesmente se desgastava rápido demais em pista seca e o serviço meteorológico húngaro ainda não havia acertado uma. O coitado do Leclerc voltou à pista com pneus macios, a esperada chuva realmente não veio e isso acabou transformando a corrida do monegasco num calvário, fazendo-o ficar 6s da Haas em determinado momento. Sem ritmo a corrida toda, Leclerc foi ultrapassado pelo ascendente McLaren de Carlos Sainz (futuro companheiro de equipe de Charles) nas voltas finais, saindo dos pontos. Num circuito mais travado, a falta de potência da Ferrari ficou escondida e se não fosse os erros táticos (mais um) da equipe de Maranello, talvez Leclerc estivesse no mesmo patamar de Vettel no final da corrida. A falta de potência nos motores Ferrari é latente, com não apenas os carros italianos, mas também Haas e Alfa Romeo sendo os mais lentos em velocidade de ponta. Com a F1 praticamente congelada para 2021 devido à pandemia, o futuro a curto-médio prazo da Ferrari não é nada animador, já que a boa velocidade em curvas não compensa em melhorar a situação da Ferrari. Uma situação que ameaça muita gente, principalmente o chefão Mattia Binotto.

domingo, 19 de julho de 2020

Acima das expectativas

Quando a Mercedes começou a temporada 2020 com um carro muito superior às demais, aliado ao declínio de Red Bull e, principalmente, Ferrari, as expectativas para as corridas desse ano são sempre muito baixas, porém, assim como aconteceu no segundo semestre do ano passado, a F1 está até surpreendendo com corridas longe de serem paradas, como a prova em Paul Ricard de 2019. Em Hungaroring, uma chuva que molhou a pista nas primeiras voltas misturou o coreto um pouco, mas para um piloto que está cada dia mais próximo da categoria de lenda viva, isso não chega a ser exatamente um problema. Lewis Hamilton por muito pouco não fez o chamado Grand Chelem, que é vitória, pole, melhor volta e liderança de ponta a ponta. Uma volta liderada por Verstappen impediu isso, mas para alguém que tem tantos números superlativos, Hamilton não deve se importar muito, já que o inglês já assumiu o posto onde sempre este acostumado a estar nos últimos anos: na frente de todo mundo.

O sistema meteorológico húngaro não parece dos mais confiáveis. No sábado havia previsão de 90% de chuva e a classificação se deu com pista seca. Já a previsão para hoje era de apenas 10% de chuva. E hoje choveu. Talvez não o suficiente para atrapalhar Hamilton. O início com piso molhado foi decisivo principalmente para o segundo piloto da Mercedes e único rival de Hamilton esse ano. Bottas largou pessimamente, caindo para sexto na largada, enquanto Hamilton abria 3s de frente para o segundo colocado Stroll na primeira volta para não ser mais visto. O único suspense para Lewis nesse domingo era escolher a hora certa para colocar os pneus slicks e esperar que os pajés húngaros errassem novamente e não voltasse a chuva. E foi exatamente isso que aconteceu. Ainda na terceira volta Hamilton colocou os pneus slicks, os corretos para a ocasião, e houve apenas uma leve garoa no meio da corrida, mas nada que parasse Lewis, que ainda se deu o luxo de fazer uma parada no final da corrida para colocar pneus macios e garantir a melhor volta da corrida na última passagem. Por mais que haja uma torcida para condições traiçoeiras nas corridas, as pessoas se esquecem que Hamilton é um mestre nesse tipo de situação, além de contar com uma equipe entrosada, que raramente erra na estratégia. Hamilton já lidera o campeonato e somente um incidente parecido que afetou Marc Márquez nesse domingo parará o inglês.

A má largada de Bottas fez com que o nórdico tentasse apenas controlar os danos e pelo carro que tem, Valtteri ficou um pouco abaixo do que pode. Ele precisou que a Mercedes antecipasse sua parada para ultrapassar Stroll, já que na pista Bottas não conseguiu, e chegou tarde demais atrás de Verstappen para emular Hamilton no ano passado e efetuar uma ultrapassagem consagradora sobre o holandês nos últimos momentos. Porém, Bottas não é e provavelmente nunca será Hamilton. Por mais que se esforce, Bottas sempre estará um ou mais patamares atrás de Hamilton. Já Verstappen com certeza guardará a corrida de hoje com muito carinho. O domingo do holandês começou de forma dramática quando escapou da pista na volta de alinhamento, quebrando o bico de seu Red Bull afetando a suspensão dianteira esquerda. Haviam dúvidas se Max largaria de sua posição, mas o neerlandês não apenas largou, como conseguiu uma largada espetacular, pulando para terceiro e logo depois da rodada de paradas, ficou em segundo, posição que manteve até o final da prova. Uma corrida para recordar, pois a Red Bull se mostrou um carro desequilibrado em todo o final de semana, condição que deve ter piorado com o toque antes da largada, e Verstappen se manteve a frente da poderosa Mercedes de Bottas por mais da metade da corrida. Já dá para dizer que Verstappen leva o seu carro nas costas. O mesmo não pode ser exigido por Albon, que ainda fez uma corrida de recuperação, subindo de 13º para quinto, se aproveitando de um erro de Vettel no final e conquistando bons pontos no Mundial de Construtores. Afinal, tendo como vizinho de box Max Verstappen, é isso que é esperado de Albon.

A ótima largada dos seus pilotos foi apenas uma ilusão para a Ferrari, que se não bastasse os problemas no conjunto carro-motor, ainda sofre com falhas de estratégia. Quando todos os pilotos foram aos pits colocar pneus slicks, Leclerc foi o único a usar os pneus macios, com a Ferrari acreditando piamente nos pajés húngaros e que a chuva voltaria. Como se sabe, ela nunca voltou e a corrida de Leclerc foi para o brejo, com o monegasco chegando a tomar 6s de um carro da Haas e atrapalhando o ritmo de Carlos Sainz no final, acabando por ser ultrapassado pelo espanhol da McLaren e ficando fora dos pontos. Vettel ainda salvou um sexto lugar, não sem antes cometer um erro nas voltas finais que lhe valeu uma posição para Albon. Dá para dizer que a mira da Ferrari é mesmo os carros de McLaren e Renault, pois Red Bull e Racing Point já parece ser um alvo mais complicado para a trupe de Mattia Binotto. Lance Stroll chegou a sonhar com o pódio, mas o canadense teve que se conformar com uma boa e solitária quarta posição. A péssima largada de Pérez definiu a posição do mexicano para o resto da tarde, deixando-o apenas em sétimo. Muito pouco para quem vê sua posição ameaçada por Vettel em 2021. Contudo, fica bem claro que talvez o ponto fraco da Racing Point fique naquela pecinha entre o volante e o banco dos seus carros. Se Vettel for confirmado, a Racing Point, que se transformará em Aston Martin ano que vem, poderá ter um piloto a altura do seu carro. Isso, se a FIA permitir a cópia descarada do carro da Mercedes.

No meio do pelotão o grande destaque foi o pulo do gato da Haas, que trouxe seus pilotos para os pits ainda na volta de apresentação, colocando pneus slicks em Magnussen e Grosjean, fazendo-os ficar em segundo e terceiro em determinado momento. Óbvio que isso não durou muitas voltas, mas garantiu preciosos pontos com o nono lugar de Magnussen, enquanto Grosjean caiu feito uma pedra jogada do quarto andar, terminando longe dos pontos. Ricciardo levou a Renault ao oitavo lugar e próximo de Pérez, o que julgando o carro que o mexicano tem, foi algo bem impressionante, da mesma forma que impressiona a falta de ritmo de Ocon, promissor piloto que está ficando muito distante de Ricciardo nesse início de ano. A McLaren não conseguiu se aproveitar da pista molhada e seus pilotos perderam muito ritmo, com Sainz salvando um pontinho ao ultrapassar Leclerc nas voltas finais, enquanto Norris esteve longe dos pontos a corrida inteira. Latifi chegou a correr em décimo com pista molhada, mas a Williams saltou o novato canadense na hora errada, tocando em Sainz e furando o pneu de Latifi, que acabou a corrida três voltas atrasado, com Russel logo à sua frente. A dupla da Alfa Romeo, que largou na última fila, conseguiu superar a Williams como a pior equipe no dia magiar, mas só demonstra mais uma vez a falta de ritmo dos carros clientes da Ferrari, valorizando ainda mais os pontinhos de Magnussen pela Haas. Gasly foi o único abandono do dia, com o motor Honda, que já vinha avisando que ia quebrar desde sábado, estregando os pontos na corrida, enquanto Kvyat não foi visto.

A vitória de Hamilton era esperada e ocorreu sem maiores dramas, mas havia potencial de que algo pudesse ocorrer com o inglês, que usou seu gigante talento para driblar as cascas de banana e vencer com tranquilidade, assumindo a liderança do campeonato. O favoritismo da Mercedes permanece intacto, mas as últimas corridas foram mais interessantes do que o esperado, mesmo que da segunda posição para baixo. Verstappen talvez seja o único piloto com estofo para bater de frente com Hamilton, mas enquanto a Red Bull não lhe entregar um carro à sua altura, podemos nos contentar com exibições miraculosas como a de hoje. Bottas está mais para um Heikki Kovalainen do que um Nico Rosberg. E Hamilton agradece.

Primeira vitória e muito mais

Para quem acompanha a ascensão impressionante de Fabio Quartararo na MotoGP sabia que a primeira vitória do francês era apenas uma questão de tempo. A história de Cinderela de Quartararo, quando chegou ao Mundial como prodígio, não conseguir os resultados esperados na Moto2 e Moto3 e a criticada subida à MotoGP para se tornar a grande revelação dos últimos tempos teve mais um capítulo hoje, na primeira etapa da truncada temporada 2020, com Fabio confirmando o que dele se esperava com uma vitória categórica em Jerez. Porém, as circunstâncias podem fazer desse triunfo de Quartararo apenas mais uma escalada para algo maior.

A grande notícia desse final de semana do esporte a motor foi o grave acidente de Marc Márquez, que poderá até mesmo definir os rumos do campeonato desse ano. O espanhol da Honda estava fazendo o seu conhecido papel até a terceira volta da prova. Márquez largou bem, ultrapassou Maverick Viñales e liderava rumo a vitória quando saiu da pista na quarta volta. Foi um verdadeiro milagre Márquez ter se mantido em pé em outra das características do espanhol: suas conhecidas salvadas. Caindo para 16º, logo à frente do seu irmão Alex, Marc Márquez imprimiu um ritmo alucinante para uma agressiva corrida de recuperação. Não faltaram toques e enfiadas por dentro de Márquez. Quando já se encontrava em terceiro nas voltas finais, ocorreu o grande acidente que pode definir muita coisa. Na mesma curva aonde havia saído da pista, Márquez sofreu o chamado high-side e saiu rolando pela brita espanhola. Márquez chegou a sair andando do local, mas não demorou aparecer imagens de Márquez sendo imobilizado numa maca rumo a uma ambulância. Durante a corrida da F1 foi constatada uma delicada fratura no braço direito de Márquez, que requererá uma cirurgia ainda nessa terça-feira. Não se sabe o tempo de recuperação.

Quartararo acabou com um jejum de 21 anos de vitórias francesas na categoria premier do Mundial de Motovelocidade, além de ter dado a primeira vitória a sua equipe, a Petronas, porém, o jovem de 21 anos de idade pode estar se tornando o maior favorito ao título de 2020. A forma como se recuperou da má largada e se distanciou do pelotão indicava que Quartararo venceria mesmo se Márquez permanecesse na pista até a bandeirada. Mesmo Maverick Viñales tendo um moto oficial, Fabio foi bem superior ao seu futuro companheiro de equipe e com poucas voltas para o fim, Márquez não teria tempo hábil para chegar em Fabio. Numa pista que nunca favoreceu a Ducati, um empenado Andrea Doviziozo (o italiano havia quebrado a clavícula num acidente de motocross) ainda conseguiu um pódio, superando nas últimas voltas Jack Miller. Pol Espargaró provou que o investimento que a Honda está fazendo nele para 2021 poderá valer a pena, com o espanhol levando a KTM para um bom quinto lugar, enquanto a chegada de Alex Márquez, que sempre se mostrou um piloto superestimado nas categorias de base, foi mais um agrado à Marc. O mais jovem dos Márquez ficou sempre nas últimas posições, muito pouco para quem tem uma Repsol Honda nas mãos. Outro que foi bem mal foi Rossi, abandonando com problemas em sua moto quando estava apenas numa pálida nona posição e longe do pelotão da frente.

Os pilotos de motos são pródigos em recuperações milagrosas, mas esse acidente de Marc Márquez poderá afetar o ritmo do espanhol da Honda, que dificilmente estará apto para correr semana que vem em Jerez. E mesmo que corra, Marc estará muito longe dos 100%, perdendo praticamente duas corridas num campeonato bem curto. No dia de hoje, o único piloto que tinha alguma chance de competir contra Marc Márquez seria mesmo Fabio Quartararo. Se o francês manter a cabeça, poderá começar o campeonato com 50 pontos de frente à Márquez num campeonato compacto. A temporada 2020 da MotoGP começou de forma parecida com os outros tempos, numa corrida emocionante, mas o acidente de Márquez poderá nos trazer mais surpresas para o campeonato desse ano.

sábado, 18 de julho de 2020

Difícil defender

Hungaroring é um circuito bem diferente de Spielberg e, quem sabe, a diferença da Mercedes para as demais poderia diminuir, certo? Completamente errado! Lewis Hamilton bateu o ponto para conseguir sua pole de número 90, sem dúvida nenhuma um número incrível, mas que o histórico inglês mal suou seu belo macacão preto. Bottas completou a dobradinha numa pilotagem burocrática, bem de acordo com o nórdico. Então veio um abismo para as demais, liderada de forma surpreendente por Lance Stroll.

A classificação de hoje teve de suspense apenas as nuvens negras ameaçadoras no horizonte, mas não houve pista molhada e, sim, houve alguns desempenhos bem interessantes, como a Williams colocar seus dois carros no Q2, com George Russell marcando um tempo menos de um décimo atrás de Verstappen. Com a Ferrari tendo o pior motor de 2020, Haas e Alfa Romeo agora brigam para não ficar com a última fila, que na Hungria ficaram com os italianos. Pela draga que está 2020, a Ferrari colocar seus dois carros no Q3 foi marcante, mas ainda assim muito longe da Mercedes, que dominou todo o final de semana com uma facilidade que lembrou bastante os anos de ouro da Ferrari de Schumacher e companhia bela.

O atual domínio da Mercedes não era tão enfático como o da Ferrari, quando Schumacher e Barrichello completavam dobradinhas em todas as sessões, com diferenças até mesmo superiores a 1s na classificação. Dá para dizer que a Mercedes conseguiu isso hoje. Muitos méritos por uma equipe gerida de forma espetacular por Toto Wolff, que tem entrosamento e um piloto que faz realmente a diferença com Lewis Hamilton. Porém, não dá para negar a fraqueza das suas principais rivais. Se Red Bull e Ferrari andavam próximas no segundo semestre de 2019, esse ano estão tomando 1.5s, lembrando o que foi a temporada de 2004. Max Verstappen fez o que pôde com um carro desequilibrado, mas acabou se conformando com um melancólico P7, atrás até mesmo da claudicante Ferrari. Albon foi outra decepção, ficando sete décimos atrás de Max no Q2 e tomando tempo até da Williams de Russell. Isso, em outros tempos da Red Bull, poderia significar rebaixamento sumário, mas Helmut Marko simplesmente não tem jovens pilotos no estoque. Outro que não dá para defender é Sergio Pérez. O mexicano é um bom piloto, mas tomar tempo de Lance Stroll pega muito mal para um piloto que está vendo sua vaga ameaçada por Vettel, que tem todo um lobby a apoia-lo a ficar na F1. Além de todos saberem que Stroll só estar nessa posição por ser filho do dono da equipe.

Red Bull vem tendo um péssimo final de semana, o mesmo acontecendo com Albon, Pérez e as clientes da Ferrari. Nesse novo normal, a Ferrari até teve um brilhareco nesse sábado. Sendo mais fácil copiar do que criar, a Racing Point by Stroll ficou como segunda força com um carro idêntico a Mercedes e a equipe alemã não tem nada com isso. Não se pode culpar uma equipe por ser mais eficiente do que as outras, além das rivais estarem em dificuldades. Prognósticos? Somente se uma chuva fora de hora amanhã atrapalhar Hamilton e a Mercedes.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Que pena...

Por trás dos eficientes carros da Brabham, que conquistaram os títulos da F1 de 1966 e 1967, estava um engenheiro inglês, mas que cresceu na Austrália: Ron Tauranac. Nascido em 1925, Tauranac começou a construir carros de corridas na Austrália junto ao seu irmão no início dos anos 1950 e foi nesse ambiente que Ron conheceu Jack Brabham, que poucos anos depois partiu para a Europa correr de F1. Já com o seu amigo como campeão do mundo, Tauranac retornou à Europa e junto com Brabham criou a Motor Racing Developments, que nada mais era que a equipe Brabham. Engenheiro eficiente e contando com a expertise de Brabham, Tauranac construiu vários carros de sucesso na F1, F2 e F3. Quando Brabham decidiu retornar à Austrália em 1970, Tauranac ficou dois anos como chefe da equipe Brabham antes de vendê-la para um tal Bernie Ecclestone. Pouco depois Ron Tauranac começou a construir chassis nas categorias menores, os conhecidos Ralts, nome da primeira equipe que Ron tinha com seu irmão na Austrália. Por causa da Ralt, muitos pilotos de sucesso traçaram seu caminho rumo a F1 nos anos 1970, 1980 e 1990. Tauranac retornaria à Austrália nos anos 2000, onde morreu nessa manhã aos 95 anos. Provavelmente se juntando à Jack Brabham para construir o próximo carro de corrida competitivo no céu.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Figura(EST): Lewis Hamilton

A vitória massacrante do domingo de Lewis Hamilton, o seu triunfo de número 85 na F1, foi apenas uma sequência do que o inglês havia feito no sábado. Um piloto diferenciado fica mais em evidência quando as condições não são ideias, seja de clima ou de carro. A chuva forte que caiu em Spielberg no sábado por muito pouco não cancelou a classificação, mas felizmente a FIA liberou a pista e pudemos ver porque Lewis Hamilton já está entre os grandes da história de setenta anos da F1. Numa pista encharcada e com visibilidade praticamente nula, Hamilton colocou 1.2s no não menos talentoso Max Verstappen, além de 1.5s em cima do seu companheiro de equipe Valtteri Bottas, não apenas o vencedor da última semana e muito confiante, como tem o mesmo carro de Lewis. Mesmo se Max não tivesse rodado em sua última tentativa a diferença de Hamilton seria abissal frente os rivais. Com tamanha confiança e um carro que é o melhor (novamente) do pelotão, Hamilton fez o que os seus compatriotas chamam de 'sunday drive' na corrida, onde Lewis poderia colocar o braço para fora do carro e ouvir o seu Hip Hop na FM do seu Mercedão. Foi uma vitória acachapante no Red Bull Ring! Mesmo não sendo ainda o líder do campeonato de 2020, Hamilton segue impávido rumo a mais um título, além de bater mais alguns recordes. Ou alguém tem dúvida disso?

Figurão(EST): Ferrari

Se uma imagem vale mais do que mil palavras, essa foto da curva três da primeira curva do Grande Prêmio da Estíria fala de forma perfeita de quem fez muito feio nesse final de semana. Além de um carro ruim e um motor fraco, a Ferrari ainda tem que lidar com uma dupla de pilotos que parece ter um ímã entre eles.


domingo, 12 de julho de 2020

Força jovem

Enquanto a F1 via Lewis Hamilton destruir a concorrência, a Indy via a classificação da segunda corrida em Road America acontecer com algumas surpresas. O mexicano Pato O'Ward da McLaren ficou com a pole, com o novato Alex Palou ao seu lado na primeira fila e Colton Herta completando os três primeiros. A média de idade do top-3 no grid de hoje foi de 21,3 anos! Se Palou e Herta não se mantiveram na luta pela vitória, O'Ward liderou a prova inteira, mas acabou traído pelos pneus e superado na penúltima volta por Felix Rosenqvist, de 28 anos, que conseguiu sua primeira vitória na Indy e manteve o 100% da Ganassi.

Com pilotos tão jovens nas duas primeiras filas havia um receio de incidentes na largada. Os incidentes realmente aconteceram, mas envolveram pilotos experientes. Will Power (39 anos) tocou em Ryan Hunter-Reay (39), jogando o piloto da Andretti no muro. Algumas curvas depois, Power tocou em Graham Rahal (31), que ainda foi tocado por Rosenqvist antes de bater forte no muro. Enquanto isso, O'Ward começava a sua dominação numa prova que só teria mais uma bandeira amarela (trazida por um trapalhão Power, que rodou sozinho). Atrás do piloto da McLaren, Palou não repetia a corrida de ontem e era superado por Herta, que já tinha a raposa felpuda Scott Dixon em quarto. Se largando em nono o neozelandês venceu ontem, largando em sexto seria mais fácil, certo?

Errado! Dixon teve um dia daqueles, onde não se acertou com os pneus duros e ainda deixou seu carro morrer no último pit-stop, fazendo o líder do campeonato cruzar a linha de chegada apenas em 13º. Se Dixon não ia para frente, seus companheiros de equipe na Ganassi faziam o serviço. Os suecos Rosenqvist e Marcus Ericsson andaram muito bem, com destaque para o primeiro, que ao assumir a segunda posição, diminuía a diferença para um dominante O'Ward até ter um pequeno problema em seu segundo pit-stop. Com um carro mais acertado, Rosenqvist não desistiu e foi tirando a diferença novamente para Pato O'Ward, que escolheu usar pneus macios usados no último stint. Nas voltas finais Pato estava tão lento que foi ultrapassado até pelo retardatário Conor Daly. Rosenqvist foi forte para cima de O'Ward, mas o mexicano, mesmo sem pneus, não entregou a posição fácil, chegando a tocar no sueco algumas vezes, porém, Rosenqvist completou a ultrapassagem vencedora na penúltima volta.

Não deixa de um alívio para o sueco, que teve um ano de novato com alguma irregularidade, mas mostrando potencial em 2019, contudo, 2020 vinha sendo um ano complexo para Rosenqvist, até pela cruel comparação com Dixon, que teve o início de campeonato mais forte na Indy desde 2006. Outro que teve uma corrida redentora foi Alexander Rossi, que após três corridas terríveis, conseguiu um sólido pódio. Decepção total para a Penske, que viu Power bater em dois carros na primeira volta e rodar na quinta, além de Newgarden nem de longe repetir a dominação de ontem e com Pagenaud fazendo outra corrida apagada. Mesmo fazendo uma corrida fora de suas características, Dixon se mantém tranquilo na ponta do campeonato, mas pelo menos vê em Rosenqvist um possível escudeiro contra os ataques de rivais num futuro próximo. 

Velho normal

Após o dilúvio de ontem, a corrida na Áustria, hoje conhecida como Estíria, ocorreu com pista seca e sol. Semana passada ocorreram três intervenções do Safety-Car, enquanto hoje o Mercedes AMG de Bernd Maylander só deu as caras uma única vez e na primeira volta, não fazendo qualquer diferença na corrida. O resultado tudo isso? Dobradinha da Mercedes e passeio completo de Lewis Hamilton, que se manteve intocável em primeiro durante toda a prova. Já Bottas teve um pouco mais de trabalho pela posição que largou, tendo que lidar com um sempre combativo Max Verstappen, que mostrou seu enorme talento frente ao finlandês. Já a Ferrari...

A muito provavelmente única corrida na história com o nome Estíria não foi das mais empolgantes, principalmente se comparado ao da semana passada, porém deu para perceber a real distribuição de forças da F1 em 2020. A Mercedes está realmente sobrando frente as rivais, com a Red Bull como única capaz de incomodar os tedescos. E sendo mais específico, apenas a Red Bull de Max Verstappen. O holandês carrega o carro nas costas, enquanto Albon tomou 20s em 22 voltas do companheiro de equipe. O tailandês não chega a ser um piloto ruim, mas está alguns patamares atrás de Max. Racing Point vem logo atrás de Albon, com McLaren e Renault não muito atrás da trupe de Lawrence Stroll. A Ferrari deve estar por ali, mas será falado mais tarde. Depois vem, na ordem, Alpha Tauri, Alfa Romeo, Hass e Williams. A corrida de hoje aconteceu com brigas entre esses pelotões. Lewis Hamilton foi dominante numa das suas vitórias mais fáceis de sua já longa carreira. O inglês da Mercedes poderia colocar o braço para fora do seu carro e escutar um hip hop no rádio, no que se pode afirmar um passeio no parque de Lewis. Hamilton largou bem, se livrou dos rivais e sem os problemas de câmbio que perturbaram os pilotos da Mercedes semana passada, o inglês não foi mais visto até receber a bandeirada em primeiro pela 85º vez na F1, se aproximando do recorde de Michael Schumacher. Se Hamilton não teve maiores problemas para garantir a primeira vitória em 2020, Bottas teve um pouco mais de trabalho para completar a dobradinha da Mercedes. O finlandês largou em quarto e teve que deixar Sainz para trás e se manter a corrida inteira atrás de Verstappen. Prorrogando sua parada, Bottas garantiu que teria pneus em melhores condições nas últimas voltas frente ao piloto da Red Bull, que foi o primeiro dos líderes a parar. Se o engenheiro da Mercedes esperava que Bottas alcançasse Verstappen na última volta, Valtteri fez um pouco melhor e com cinco voltas para o fim já estava ameaçando um Verstappen sem pneus.

Foi então que aconteceu a melhor disputa da corrida, confrontando dois pilotos totalmente diferentes. Enquanto o jovem Verstappen explode em talento e empolgação, Bottas é um piloto frio e pragmático. Com um carro melhor e pneus em melhores condições, Bottas sabia que a ultrapassagem era algo pró-forma, mas Verstappen não entregaria a posição sem briga. Na primeira tentativa, Bottas ultrapassou o holandês, mas Max permaneceu por fora na freada e deu o troco de forma belíssima na curva seguinte. Um espetáculo, mas Bottas atacou na volta seguinte, lembrando de ficar em melhor posição na freada para garantir o segundo lugar e a primeira posição no campeonato. Verstappen ainda tentou uma segunda parada com o intuito de ganhar um ponto pela melhor volta, mas o holandês teve que se conformar com a terceira posição e sem ponto extra. Como falado anteriormente, Albon ficou mais próximo do pelotão intermediário do que correr junto dos pilotos de ponta. Nas voltas finais o anglo-tailandês foi atacado por um empolgado Sérgio Pérez, que saiu das últimas posições para ser quinto nas voltas derradeiras. Pérez chegou a marcar a melhor volta algumas vezes, mas o já experiente piloto acabou cometendo um erro de principiante na penúltima volta, batendo em Albon e quebrando a sua asa dianteira. Curiosamente, no mesmo local onde Albon foi rodado por Hamilton uma semana antes, mas dessa vez Albon se deu melhor e conseguiu um suado quarto lugar. Porém, a diferença entre os dois pilotos da Red Bull é uma das maiores da F1 atual.

Se Sergio Pérez perdeu um ótimo quarto lugar, Lance Stroll não foi muito diferente em termos de pontos perdidos. Após ser ultrapassado por Pérez, Stroll ficou mais de vinte voltas empacado atrás da Renault de Daniel Ricciardo, não conseguindo a ultrapassagem mesmo sendo nítido a vantagem de carro. Contudo, mais uma vez, a diferença de pilotos apareceu em Spielberg. Lando Norris, que passou o final de semana reclamando de dores nas costas, partiu para cima de Stroll e Ricciardo, não tomando conhecimento dos dois. Para melhorar, Norris ainda alcançou Pérez na última curva da corrida para ser quinto, enquanto o mexicano superou Stroll por menos de um décimo na bandeirada. A Racing Point tem um bom carro em mãos, mas talvez esteja faltando ter pilotos melhores para fazer ótimas apresentações como a de Norris, que mais uma vez se destacou vindo mais atrás, enquanto Carlos Sainz garantiu mais um ponto com a melhor volta da corrida, confirmando a ótima fase da McLaren, nesse que pode ser um recomeço para a tradicional equipe. A Renault viu Ocon fazer uma boa corrida enquanto esteve na prova, mas o francês acabou abandonando. Ricciardo sentiu na pele o que é anunciar que está saindo da equipe. Mesmo com mais ritmo do que Ocon, Ricciardo teve que superar o companheiro de equipe na pista, sem ajuda da Renault, que apenas assistia os dois perderem tempo frente aos rivais. Gasly passou o primeiro stint no top-10, mas acabou perdendo tempo na sua parada e ritmo na corrida e quem fechou a zona de pontuação foi Kvyat. Haas e Alfa Romeo, filiais da Ferrari, passaram a corrida brigando entre si, mas numa corrida sem tantos abandonos, estiveram longe de batalhar por pontos, com Raikkonen usando a sua experiência para vencer esse duelo particular. A Williams viu George Russell sair da pista ainda no começo da prova, o que significou a Williams fechar a corrida com seus carros em penúltimo e último.

O ritmo ruim de Haas e Alfa Romeo dá uma boa amostra de quão mal vão as coisas com o motor Ferrari, hoje o pior da F1, para desespero dos mais puristas, acostumados com a Ferrari mostrando muita potência, mesmo que sem muito controle. Porém, mais sem controle está Mattia Binotto. Antes da corrida o capo da Ferrari já falava que o desempenho da escuderia no sábado não dignificava o tradicional nome Ferrari, mas as coisas piorariam na corrida. Ou na primeira volta. Numa tentativa no mínimo otimista de Charles Leclerc, o monegasco acabou acertando no meio do Vettel, destruindo a asa traseira do alemão, que abandonou imediatamente, nos boxes. Com o fundo do carro bastante avariado, Leclerc desistiu pouco tempo depois, numa atuação horrorosa da Ferrari. Na última vez que os dois carros da Ferrari bateram na primeira volta, em Cingapura/2018, Vettel e Raikkonen brigavam pelas primeiras posições, enquanto hoje Vettel e Leclerc estavam no meio do pelotão, onde esse tipo de coisa fica fácil de acontecer. Leclerc admitiu a culpa e aparentemente entre os pilotos as coisas não estão muito diferentes, no entanto, para a cúpula da Ferrari, fica cada dia mais complicado explicar o time perder 1s numa pista curta como Red Bull Ring de um ano para o outro, além de ter o pior motor do ano, lembrando que a Ferrari escapou de uma punição da FIA justamente por suspeitas de que propulsor italiano do ano passado teriam irregularidades, suspeita essa que aumenta com a falta de velocidade final não apenas da Ferrari, como também de Haas e Alfa Romeo. 

Próxima semana teremos uma pista bem diferente, com Hungaroring sendo um circuito travado e muito pouco utilizado durante o ano. Talvez a Ferrari possa evoluir e não passar tanto vexame, como hoje. O que não deve mudar é o domínio da Mercedes. Numa corrida normal, Hamilton não enxergou adversários e com a confiança em alta, depois da volta espetacular da classificação de ontem, o inglês se manteve intocável a corrida inteira, porém, o líder do campeonato ainda é Valtteri Bottas. Resta saber até quando o nórdico segurará essa liderança. 

sábado, 11 de julho de 2020

Dixon diferenciado

Se na F1 existe um Lewis Hamilton para chamar de diferenciado, a Indy pode usar o mesmo termo para Scott Dixon. O neozelandês nem precisa ter o carro mais rápido para vencer. Basta que surja uma oportunidade. É o que basta para Dixon triunfar e em Road America, o piloto da Ganassi, que havia largado apenas em nono, viu as oportunidades surgirem até se colocar em primeiro e administrar a corrida até a bandeirada, completando uma incrível trinca de vitórias e o 100% na temporada 2020.

A corrida no belo circuito de Elkhart Lake começou com Josef Newgarden dominando a corrida e parecia que nada poderia deter o piloto da Penske. Saindo da pole, Newgarden viu alguns dos pilotos a sua volta terem problemas e chegou a abrir 10s para o segundo colocado Santino Ferrucci, após a primeira rodada de paradas. Atrás de Newgarden a corrida era animada, mas sem tantas ultrapassagens. Ryan Hunter-Reay brigou muito com Newgarden na primeira volta, mas sem ritmo, foi perdendo posições. Após ultrapassar Hunter-Reay, Graham Rahal deu pinta de que poderia atacar Newgarden, mas um pit ruim da equipe do seu pai tirou Graham do top-10. Numa corrida sem ultrapassagens, a estratégia se provou um ponto decisivo para a prova. Will Power fazia uma corrida medíocre, sendo atacado pelo novato Alex Palou no meio do pelotão, porém, o australiano foi um dos primeiros a parar e quando todos fizeram suas paradas, Power era terceiro colocado, atrás de um intocável Newgarden e Ferrucci.

Na segunda rodada de paradas, Dixon começou a aparecer e já estava colado em Power, quando a corrida de Newgarden foi para o vinagre, após o atual campeão da Indy deixar seu Penske morrer no pit-stop, saindo da luta da corrida. A corrida parecia que seria decidida entre Power, Dixon e Ferrucci, mas o último acabou alijado da disputa quando foi tocado na saída do último pit-stop. Com pits um ao lado do outro, Dixon e Power pararam ao mesmo tempo e foi aí que o melhor trabalho da Chip Ganassi colocou Dixon na ponta para não mais perde-lo. Desde 2002 na equipe Ganassi, Scott Dixon está de tal forma entrosado com o time que ganha corridas de forma natural, sempre se dando bem nas estratégias, com os mecânicos fazendo ótimos pit-stops, além de Dixon fazer a diferença na pista, seja andando o mais rápido possível ou economizando combustível.

Power terminou em segundo, com o surpreendente Palou completando o pódio. Hunter-Reay e Colton Herta salvaram outro dia ruim da equipe Andretti, que viu Alexander Rossi ter outra jornada horrorosa, saindo cada vez mais da luta pelo título. Com o 100% no campeonato, Dixon parte impávido rumo ao incrível hexacampeonato. 

Hamilton diferenciado

O piloto diferenciado aparece com mais força em condições diferenciadas. Seja no calor extremo, um carro ruim ou de pista muito molhada, quem é acima da média se sobressai. Lewis Hamilton vem cada vez mais nos mostrando atuações monstruosas nos últimos tempos, meio que nos respondendo que o inglês, sim, está entre os maiorais da história da F1. Debaixo de muita chuva, Lewis colocou mais de 1s em todo o pelotão e mesmo se Max Verstappen não tivesse errado em sua última volta, o tempo não seria lá muito diferente. Acreditavam mesmo em Bottas? Pois o finlandês tomou 1.5s (!) com o mesmo carro.

Pela primeira vez repetindo um circuito em sua história, a F1 viu o clima em Spielberg mudar drasticamente, com uma esperada tempestade atrapalhando seus trabalhos nesse sábado, cancelando o terceiro treino livre e atrasando em quase uma hora a classificação. A Liberty trouxe uma bufada de modernidade à F1 e pela repercussão negativa das redes sociais, com a F1 atual sendo chamada de F-Mimimi, a direção de prova foi autorizada a dar luz verde mesmo em condições em que outros tempos adiaria a sessão para domingo de manhã. Provavelmente houve monitoração dessas reclamações nas redes sociais e deram sinal verde para realizar a classificação em condições extremas. A surpresa pela realização do treino foi tamanha, que muitas equipes forçaram o ritmo no TL2, pois se não houvesse classificação, os tempos dessa sessão seriam utilizados para definir o grid. E a pista estava realmente muito complicada, com muitas poças d'água, uma visibilidade nula e muita dificuldade em manter os carros em linha reta. Claro que isso trouxe algumas surpresas. Sergio Pérez chegou a liderar o TL1 e vinha andando bem com a Racing Point, mas não repetiu o mesmo desempenho no Q1 e largará nas últimas posições, entre as Alfa Romeos e Grosjean, que nem marcou tempo após sair da pista. O francês já está fazendo hora extra na F1...

Outro boa surpresa foi ver o ótimo desempenho de George Russell, que não apenas colocou a Williams no Q2, como ficou apenas 0.008s atrás de Leclerc, com a claudicante Ferrari. O time de Maranello também sofreu em pista molhada, mas dessa vez foi Vettel o único piloto que foi ao Q3, com Leclerc atrapalhado no final do Q2, quando a chuva aumentou momentaneamente. Com o Q3 caminhando, pilotos ficaram praticamente o tempo todo numa pista encharcada e até mesmo para câmeras era difícil ver os carros. E acabaram com a F-Mimimi. Com um Vettel apagadíssimo, outro que brilhou foi Ocon, que não apenas superou Ricciardo de forma regular no treino, ainda colocou a Renault em quinto. A McLaren apareceu forte com Sainz superando Bottas para ficar em terceiro e mais uma vez aparecer na entrevista pós-corrida. Em condições tão adversas, os dois melhores pilotos da atualidade brigaram pela pole, mas Hamilton tirou uma volta absurda da cartola para bater a todos os seus rivais com mais de um segundo de vantagem. Verstappen vinha numa volta rápida e acabou rodando nas últimas curvas, mas o holandês não teria condição de ameaçar a pole de Hamilton. Simplesmente a 89º! Amanhã a previsão é de clima seco e com a Mercedes sobrando, Hamilton tem a chance de colocar para trás a decepção da semana passada, mesmo a Red Bull tendo evoluído bastante.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Alonso In

Quando perdeu Daniel Ricciardo de forma não muito amistosa, a Renault precisava de uma resposta. Sempre sofrendo ameaças por parte da cúpula da montadora, a equipe Renault estava na berlinda, principalmente com a falta de resultados, sem contar a crise financeira pelo qual a Renault está sofrendo no momento. Querendo voltar a um passado glorioso, a Renault fez uma aposta arriscada para ambos os lados. Fernando Alonso está de volta à F1 e a Renault.

Ninguém jamais negará o talento de Fernando Alonso, talvez um Carlos Reutemann melhorado, pois ao contrário do argentino não apenas é um melhor piloto, como ao menos conquistou títulos. Da mesma forma, a personalidade complicada de Alonso o fez sair de Ferrari e McLaren (duas vezes) de forma tumultuada, deixando cicatrizes em ambas e foi fato que ambas melhoraram quando Alonso saiu. Mesmo considerado um dos gigantes da F1, Alonso conquistou seu último título pela última vez há catorze anos e o espanhol está desesperado por um novo triunfo, não se importando em mudar de equipe e exigir tudo delas. McLaren e Ferrari que o digam. Mas o que esperar da Renault? O time sofre com resultados medianos há anos e mesmo considerada uma equipe de fábrica, não faz por onde ter esse status.

Cyril Abiteboul tem uma gestão questionável à frente da Renault e a vinda de Alonso tem um claro apelo de mídia. Quando for reestrear em 2021, Alonso estará prestes a completar 40 anos e não deverá querer esperar muito para ser competitivo. Ou seja, conseguir resultados que a Renault de Abiteboul ainda não entregou. Porém, Alonso será um grande chamariz para a F1 e seu talento poderá fazer diferença numa equipe que sofre com uma crise não apenas financeira, mas também de liderança. Resta saber se Alonso poderá ser a solução. Pena que essa notícia deverá significar a saída de outro campeão da F1. Com a vaga da Renault preenchida e fazendo corridas medíocres, será difícil ver Vettel numa equipe boa em 2021.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Figura(AUT): Lando Norris

Quando recebeu a bandeirada, Norris não sabia se tinha feito o suficiente para ir ao pódio. Minutos antes fora anunciado uma punição de 5s para Lewis Hamilton, que aumentou seu ritmo nos últimos giros da prova para tentar abrir os 5s para Norris e se manter no pódio. Avisado pela McLaren, Lando Norris também aumentou seu ritmo e numa última volta alucinante marcou não apenas a volta mais rápida da corrida, como garantiu o seu primeiro pódio na F1. Foi um prêmio a um piloto muito talentoso, que deu azar de entrar num dos momentos mais críticos da McLaren, mesmo com a evolução da escuderia no últimos dezoito meses. Norris teve que lutar muito pelo seu lugar no pódio. Mesmo largando em terceiro, Lando não teve um bom início de corrida, mas se manteve sempre entre os seis primeiros. Com os abandonos dos carros da Red Bull e a punição para Hamilton, Norris tinha uma boa chance de subir ao pódio no final da corrida, mas antes teria que segurar o ímpeto do seu companheiro de equipe Sainz e depois partir para cima de um sempre osso duro de roer Sergio Pérez. Andando no limite, Norris segurou Sainz e ultrapassou de forma agressiva Pérez, partindo para uma última volta espetacular que lhe garantiu o pódio por menos de dois décimos. Um belo prêmio para um piloto muito bom e carismático!

Figurão(AUT): Sebastian Vettel

Não dá para negar que a Ferrari não terá um 2020 fácil pelo o que demonstrou no primeiro final de semana da temporada, mas um piloto motivado ainda pode fazer um algo mais e conseguir um resultado acima do baixo potencial do carro. Andando com a faca nos dentes e se aproveitando dos problemas alheios, Leclerc conseguiu um miraculoso segundo lugar em Spielberg. Já Vettel... Foi uma corrida abaixo da crítica do alemão, que na maior parte dos treinos andou atrás de Leclerc, mas a corrida foi uma verdadeira decepção para Seb. Após uma largada convencional, Vettel passou muito tempo atrás de um problemático Stroll, só deixando o canadense para trás quando o abandono do piloto da Racing Point era iminente. Numa das relargadas, Vettel se viu atrás da McLaren de Carlos Sainz, piloto que o irá substituir em 2021, e talvez querendo mostrar serviço frente ao seu substituto, Vettel tentou uma ultrapassagem para lá de otimista em cima do espanhol, que acabou lhe causando uma rodada, o mandando para o final do pelotão. Tendo em mãos um carro com baixa velocidade em reta, Vettel teve dificuldades em escalar o pelotão, terminando em penúltimo lugar, só conseguindo um ponto apenas pelos abandonos alheios. Um final de corrida triste para um tetracampeão que dominou a F1 dez anos atrás, mas se vê engolido pela política da Ferrari e pelo talento de Leclerc. Sem conseguir performances decentes, será difícil para Vettel conseguir um cockpit competitivo para 2021, só restando ao alemão uma aposentadoria pelas portas dos fundos, se tiver outras atuações como a de domingo. 

domingo, 5 de julho de 2020

Novo normal?

Quando a largada foi dada depois de mais de 200 dias desde a última corrida de F1 nesse domingo na Áustria, a expectativa não era das mais altas, com a Mercedes decididamente mais rápida do que todas as rivais, num circuito pequeno e que representou derrota para os tedescos nos últimos dois anos. Resumidamente, a Mercedes sobrou. No apagar das luzes vermelhas, Bottas disparou na frente e não tendo Lewis Hamilton ao seu lado por causa de uma punição tardia, venceu a corrida de ponta a ponta. Corrida chata? Muito pelo contrário! Esse retorno da F1 nos entregou uma ótima corrida, cheio de disputas, polêmicas e surpresas.

O Grande Prêmio da Áustria nos mostrou um 'novo normal' (expressão da moda), onde por muito pouco é motivo de entrada do Safety Car e juntar o pelotão. Hoje foram três entradas do SC em situações onde ano passado causava no máximo o Safety Car Virtual. A desculpa foi o quadro reduzido de pessoas que trabalham ao lado da pista, mas ainda assim hoje houve um nítido exagero. Talvez uma forma de trazer emoção de forma fictícia? A punição tardia de Lewis Hamilton, minutos antes da largada, aumenta essa suspeita. Assistindo à classificação ao vivo ontem, foi nítido que Hamilton não tirou o pé quando Bottas, que estava logo à sua frente, saiu da pista e o inglês marcou seu melhor tempo do Q3. O motivo da perca de três posições do inglês ter saído de forma tão tardia não deixa de ser um mistério, mesmo que olhando para um regulamento que não é novo, seja justa. Largando sem Hamilton, Bottas disparou na ponta após a largada e quando completou a primeira volta já tinha 2.5s de vantagem para Verstappen, dando uma pequena amostra da diferença brutal da Mercedes para as demais. Quando Max quebrou e Hamilton completou a dobradinha mercediana, o terceiro colocado Albon rapidamente ficou 16s atrás da dupla, com Hamilton partindo para o ataque em cima de Bottas. Punido, Hamilton queria vencer hoje e assim colocar Bottas em seu devido lugar, mas o forte calor em Spielberg (ou Zeltweg?) fez muitas vítimas, inclusive os negros carros da Mercedes. Um problema de câmbio fez a dupla diminuir o passo bem no momento em que Hamilton parecia mais incisivo na pressão sobre Bottas. Porém, estava claro que Hamilton não desistiria ou até mesmo obedeceria uma ordem de equipe de manter as posições, contudo, os safety-cars misturaram a corrida de tal maneira, que o até então inofensivo Alex Albon surgiu no retrovisor de Hamilton após a última relargada com pneus macios novos. O tailandês já completava uma ousada ultrapassagem por fora sobre Hamilton, quanto houve o toque, o segundo em três corridas entre os dois pilotos e que causou a segunda punição para Lewis no dia.

Com todos esses acontecimentos ao seu redor, Bottas pôde liderar a corrida de ponta a ponta e vencer na abertura do campeonato, repetindo o resultado do ano passado. Resta saber como Bottas irá se comportar no resto do certame, que poderá ser bem curto, já que até o momento temos apenas oito provas confirmadas. A Mercedes mostrou uma superioridade acima até dos últimos anos e a briga pelo título tende a se restringir aos dois pilotos comandados por Toto Wolff. Hamilton já está no livro da história da F1 como um gigante, mas que já foi derrotado uma vez por um piloto inferior a ele. Se Bottas emular Nico Rosberg, podemos ter campeonato. As tradicionais rivais da Mercedes tiveram dificuldades nesse início de campeonato, mas os resultados de Red Bull e Ferrari foram até mesmo encorajadores. Max Verstappen vinha num sólido segundo lugar antes de quebrar, mesmo com um pneu de composto mais duro. Já Albon teve condições de ataque contra a Mercedes, mesmo que em circunstâncias especiais. Red Bull está claramente como segunda força da F1 em 2020 e ainda tem trunfo do talento de Max Verstappen para surpreender a Mercedes vez ou outra, como Albon quase fez hoje. As suspeitas de que a Ferrari tinha um motor irregular aumentaram enormemente nesse final de semana quando a equipe italiana se tornou um dos carros mais lentos do Red Bull Ring a ponto dos seus pilotos terem perdido quase 1s em comparação ao ano passado no grid. Uma característica de um grande piloto sempre será a forma como ele se comporta em situações adversas. Charles Leclerc não teve a mínima condição de ter o ritmo que quase lhe garantiu a vitória ano passado, mas o monegasco soube aproveitar as oportunidades que lhe surgiam. Os abandonos dos carros da Red Bull, a punição de Hamilton e a superioridade sobre os pilotos de McLaren e Racing Point garantiram um surpreendente pódio à Leclerc, num claro desempenho em que o piloto da Ferrari andou mais do que o carro. Já Vettel... Fica cada dia mais difícil defender o alemão. Se já não bastasse ter passado o final de semana inteiro atrás do companheiro de equipe, Vettel se envolveu em um incidente em que o piloto da Ferrari pode se considerar no mínimo otimista quando tentava ultrapassar Carlos Sainz e acabou caindo para as últimas posições. Uma corrida terrível para Seb, que terminou em penúltimo numa corrida em que apenas onze carros finalizaram a prova. Dessa jeito fica até complicado algum time grande se interessar por um piloto que, mesmo tetracampeão, erra de forma absurda e forma constante nos últimos dois anos.

Tantos incidentes fizeram com que Lando Norris conseguisse seu primeiro pódio, enquanto a McLaren realmente subia ao pódio depois de muito tempo, já que Sainz foi terceiro ano passado, mas só subiu ao pódio de forma comemorativa de noite e sem ninguém em Interlagos. Porém, Norris teve muitos méritos em seu primeiro pódio. Nas voltas finais ele teve que resistir aos ataques do seu companheiro de equipe Carlos Sainz, ultrapassou de forma agressiva Sergio Pérez, que sempre se mostrou difícil de se ultrapassar, e finalmente marcou a melhor volta da corrida na bandeirada para garantir a capitalização da punição de Hamilton. Por meros 0.198s. A McLaren passou pelo período da pandemia de forma complicada, até mesmo surgindo rumores de venda de ações, mas o pódio de Norris será um baita alívio para a turma de Zak Brown, que comemorou muito. Sainz ainda ultrapassou Pérez na última volta para ser quinto, enquanto o mexicano, que estava punido de forma bizarra, teve que se conformar com o sexto lugar. No último período de safety-car, os carros precisaram atravessar o pit-lane, que tem velocidade controlada e Pérez conseguiu a proeza de queimar o limite de velocidade. Não deixa de ser uma corrida abaixo do esperado da Racing Point, que estava com a banca de ser a terceira força desse começo de ano e viu Pérez ser apenas sexto, mesmo o latino chegando a ser terceiro nas voltas finais, mas a tática da Racing Point não o ajudou, o deixando com pneus velhos na pista. Stroll abandonou antes da metade da corrida quando brigava com Vettel. Para vocês verem aonde estava Vettel no meio da corrida...

Como citado mais cedo, a corrida foi cheia de abandonos e por isso muitos pilotos aproveitaram para marcar preciosos pontos. A Alpha Tauri não acompanhou o crescimento de Racing Point, McLaren e Renault, ficando isolada num terceiro ou quarto pelotão. Gasly fez uma corrida discreta, mas que lhe deu um bom sétimo lugar, enquanto Kvyat teve um pneu furado quando estava nos pontos, já nas últimas voltas. Ricciardo conseguiu levar a Renault a andar no ritmo de Stroll e Vettel antes de abandonar, mas Ocon salvou o dia com uma oitava posição, porém, não se pode negar que o jovem francês não vinha fazendo uma corrida do nível de Ricciardo. Um ano fora da F1 pode fazer com que um piloto 'enferruje', mas Ocon precisa (e pode) fazer mais do que hoje. Giovinazzi salvou dois pontos para a Alfa Romeo, que no vácuo da queda de performance do motor da Ferrari, também perdeu muito de 2019 para cá. Raikkonen sofreu um perigoso incidente quando sua roda dianteira direita lhe disse arrivederci bem no momento de uma relargada. Como cópia da Ferrari, a Haas também perdeu rendimento, mas os americanos ainda sofrem com uma dupla de pilotos medíocre, com Grosjean rodando sozinho antes de abandonar, o mesmo acontecendo com Magnussen, com seu freio, velho calcanhar de Aquiles da Haas, lhe deixando na mão. A Williams quase pontuou com tantos incidentes e como no ano passado em Hockenheim, mesmo George Russell tirando leite de pedra do carro, foi o segundo piloto, hoje Nicolas Latifi, que quase levou a equipe a ganhar pontos. A Williams ainda tem o pior carro do grid, mas em 2020 tem a companhia de Alfa Romeo e Haas no pelotão do fundo, porém, isso acontece mais por uma queda das subsidiárias da claudicante Ferrari do que a evolução do time de Claire.

O começo da atípica temporada 2020 da F1 começou de forma divertida, mas não escondeu alguns fatos. Primeiro que a Mercedes está não apenas um, mas talvez dois patamares acima dos rivais. Pelo que mostrou numa pista que nos últimos anos não lhe foi favorável, a Mercedes pode dominar de forma ainda mais enfática dos que nas temporadas recentes. Um fator de alerta é a confiabilidade do carro, pois não apenas os câmbios da Mercedes trouxeram dores de cabeça durante a corrida de hoje, como dois motores (Stroll e Russell) quebraram hoje. A 'mágica' do motor Ferrari do ano passado parece ter sido descoberta e hoje dá até para afirmar que os italianos tem o pior propulsor do ano, para desespero dos puristas, acostumados com os potentes motores Ferrari. A Red Bull não tem o mesmo ritmo da Mercedes (principalmente de classificação) e ainda tem que se preocupar com a confiabilidade dos seus carros, que quebraram hoje. A boa notícia é que Racing Point, McLaren e Renault cresceram a ponto de andar no mesmo ritmo da Ferrari e nem tão longe da Red Bull. Por que já pode se afirmar que a Mercedes anda num pelotão único, onde apenas seus dois pilotos correm. Resta saber se Bottas poderá fazer frente a Hamilton. O novo normal da F1 pode ter ficado mais nítido nessa primeira corrida, porém, as corridas ainda podem surpreender bastante e nos entregar uma prova divertida como a de hoje.

sábado, 4 de julho de 2020

De ponta cabeça

Após a classificação de ontem em Indianápolis, Will Power falava em tentar fazer um início de campeonato forte e do cuidado que teria que ter com alguns pilotos, incluindo Scott Dixon, mesmo o neozelandês largando apenas em sétimo. Duas horas após a largada, Power amargava uma vigésima posição depois de dominar o primeiro stint da corrida, enquanto Dixon saía vencedor, conseguindo a sua segunda vitória consecutiva, mantendo o 100% no campeonato. Todas essas mudanças vieram de uma espetacular corrida no circuito misto de Indianápolis? Muito pelo contrário! A corrida foi morna na maior parte, mas a estratégia de Dixon, somada a uma bandeira amarela na hora certa mudou todo o panorama da segunda etapa da Indy.

Quando a largada foi dada em Indianápolis, Power era o favorito a vencer, até mesmo pela companhia que ele tinha no primeiro pelotão. O inglês Jack Harvey surpreendia com a segunda colocação no grid, enquanto os americanos Graham Rahal e Colton Herta, que poucos fizeram no Texas um mês atrás, apenas comboiavam Power. Os grandes papões da Indy, junto com Power, pareciam ter problemas. Dixon largava apenas em sétimo, Newgarden estava no meio do pelotão, enquanto Simon Pagenaud, vencedor em 2019 no misto da Indy, largava apenas em vigésimo e parecia não ter carro para uma corrida de recuperação. Após a primeira rodada de paradas Power ainda liderava tranquilo, enquanto Newgarden e Dixon já perseguiam a distância o australiano da Penske. Um dos fatores que sempre animaram as corridas da Indy foram as bandeiras amarelas, principalmente em momentos inesperados, que sempre bagunçaram o status quo da prova.

O novato Oliver Askew bateu de forma bisonha na última curva, trazendo o pano amarelo. Isso foi o sinal para muitos pilotos mudarem sua estratégia, como foi o caso de Power, que antecipou sua parada e se viu no meio do pelotão, enquanto Rahal tentava parar o mínimo possível e assumia a liderança. Enquanto isso, Dixon usava a experiência da Ganassi para ter a melhor estratégia possível, que aliada a sua grande pilotagem, rapidamente colocou o neozelandês em primeiro, com ampla vantagem para Rahal. Pagenaud estava sem carro para uma corrida de recuperação? Pois o francês da Penske aproveitou a bandeira amarela para subir o pelotão e não apenas fechar o pódio, como pressionar Rahal nas últimas voltas. O promissor Colton Herta foi o piloto mais regular desse sábado, sempre permanecendo no pelotão da frente para terminar em quarto e salvar o dia da equipe Andretti. Ryan Hunter-Reay fez uma prova opaca, enquanto Alexander Rossi abandonou pela segunda corrida consecutiva. Num campeonato curto como o de 2020, isso poderá ser fatal nas chances do principal piloto da Andretti na sua luta pelo título.

Josef Newgarden escolheu a mesma tática de Power e mesmo perdendo posições ainda salvou um top-10, ao contrário do australiano, que não apenas perdeu ritmo, como ainda deixou seu Penske morrer na saída do seu último pit-stop. De dominador dos treinos, Power quase tomou uma volta na corrida. Dixon usou sua conhecida astúcia para vencer uma prova em que nem participou no Fast-Six ontem, mas quando viu a oportunidade, a agarrou para dominar a corrida e rumar ao hexacampeonato.

Nem tão novo normal

Voltando a fevereiro desse ano. Quando o Coronavírus já assustava, mas nem pensávamos que faria o estrago que fez no mundo, a F1 saía dos testes de pré-temporada um pouco assustada com o domínio da Mercedes, que se já não bastasse todo o domínio dos últimos anos, ainda trazia a novidade do DAS, um novo sistema integrado na direção que mudava a cambagem dos carros durante a corrida. Para quem espalha que a Mercedes está saindo da F1, isso só demonstra o apetite dos alemães. Cinco meses depois a F1 retorna com a expectativa de um 'novo normal', mas os tempos não mostraram nada de tão anormal, a não ser nos procedimentos de segurança. A Mercedes matou a pau toda a concorrência, que em 2020 deverá se restringir a Red Bull de Max Verstappen, mas a única novidade desse sábado foi Valtteri Bottas ter superado Hamilton por milésimos na tarde austríaca.

A relação de força para esse ano sofreu algumas sutis alterações. A Williams não está tão abaixo das demais no meio do pelotão, ficando bem próximo de Haas e Alfa Romeo. A Alpha Tauri ficou no mesmo patamar da antiga Toro Rosso, mas houve uma subida de degrau de algumas equipes. E a grande descida da Ferrari. Enquanto McLaren, Racing Point e até mesmo a Renault estão claramente acima do que mostravam em 2019, a Ferrari entrou numa perigosa espiral descendente, onde seus carros sofreram para passar ao Q3, com Vettel ficando pelo caminho. Uma situação que chama atenção e conhecendo o modus operandi ferrarista, Mattia Binotto já deve colocar seu currículo na Catho em algumas semanas. Como esperado a Racing Point, copiando descaradamente a Mercedes, colocou seus dois pilotos em boas posição, enquanto a McLaren continuava seu bom desenvolvimento com Lando Norris separando os dois carros da Red Bull, num final de semana opaco de Alexander Albon, sem conseguir ficar próximo de Verstappen em nenhum momento. Outro piloto que ficou bem atrás do companheiro de equipe foi Esteban Ocon, superado com folga por Daniel Ricciardo na Renault, que fez um trabalho ok, mesmo com tantas crises antes do campeonato começar.

A disputa polarizada apenas entre os pilotos da Mercedes tinha como lógico favorito Lewis Hamilton, mas o inglês foi surpreendido por Bottas, que ainda errou em sua última tentativa, mas sua primeira volta rápida no Q3 foi suficiente para bater o recorde de Spielberg e ficar com a pole. Bottas é um piloto rápido e confiável, mas seria ele capaz de emular Nico Rosberg? Pelo o que mostrou até agora, não. Isso poderia dar uma animada num campeonato que já se desenha para a Mercedes e até mesmo para Hamilton. Amanhã Verstappen será o único dos dez primeiros que largará com pneus médios, mas pela diferença que a Mercedes impôs sobre as rivais, isso não deverá fazer tanta diferença. É ainda a primeira corrida de um campeonato anormal, mas será preciso muito esforço para a Mercedes perder a corrida amanhã e os títulos de 2020.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

E começou

Quando começou essa loucura do novo Coronavírus, ver um carro de F1 na pista em 2020 parecia até mesmo utópico. Foram oito meses, mas finalmente a F1 começou com a Mercedes, agora negra, liderando os primeiros treinos livres na Áustria. O novo normal está bem parecido com o antigo. Mesmo não sendo tão normal, é bom demais termos F1 novamente!

quinta-feira, 2 de julho de 2020

História: 25 anos do Grande Prêmio da França de 1995

Nas semanas anteriores ao Grande Prêmio da França de 1995, a grande estrela e principal chamariz para a corrida gaulesa era Jean Alesi, que tinha vencido pela primeira vez na F1 em Montreal, mas o francês não estava numa situação confortável dentro de sua equipe. Com seu contrato prestes a vencer, Alesi negociava com a Ferrari uma extensão para 1996, mas os italianos pensavam diferente. Tendo Niki Lauda como aliado, Luca di Montezemolo tentava a contratação de Michael Schumacher, a grande estrela da época. Porém, Michael estava em seu auge, enquanto a Ferrari patinava. Por isso, Montezemolo garantiu carta branca da Fiat para trazer o alemão, não importasse o preço. Com isso, Alesi e Berger estavam escanteados dentro da Ferrari. Correndo em casa a Renault trazia um novo motor para Williams e Benetton, enquanto a Ligier comemorava seu 300º GP.

A sessão de classificação na sexta foi dominada pela Williams, com Schumacher se queixando de problemas de equilíbrio do seu Benetton. No sábado o alemão melhorou seu acerto e entrou na briga pela pole, que acabou ganha por Damon Hill, derrotando Schumacher por dois décimos. Era a terceira pole consecutiva de Hill em Magny Cours. Herbert na outra Benetton saiu da pista no sábado e teve que contentar com a décima posição, enquanto Alesi ficava era o primeiro piloto que não tinha o motor Renault nas suas costas. Também usando uma versão mais potente em casa, Barrichello aproveitou o novo motor Peugeot para ser quinto, superando o primeiro piloto da equipe da casa, Olivier Panis da Ligier, que obtinha seu melhor grid no ano.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:17.225
2) Schumacher (Benetton) - 1:17.512
3) Coulthard (Benetton) - 1:17.925
4) Alesi (Ferrari) - 1:18.761
5) Barrichello (Jordan) - 1:18.810
6) Panis (Ligier) - 1:19.047
7) Berger (Ferrari) - 1:19.051
8) Hakkinen (McLaren) - 1:19.238
9) Brundle (Ligier) - 1:19.384
10) Herbert (Benetton) - 1:19.555

O dia 2 de julho de 1995 amanheceu com chuva na região de Nevers, fazendo que o aquecimento ocorresse com pista molhada, garantindo que Jean Alesi se sobressaísse e liderasse o warmup, à frente de Coulthard e Barrichello. Quando a hora da largada se aproximava, o asfalto secou e a largada aconteceria com todos usando pneus slick, mesmo com o tempo ainda nublado. Nos boxes, os CEOs de Renault e Peugeot prestigiavam as equipes que usavam seus motores, enquanto a torcida francesa lotava as arquibancadas para ver outro duelo entre Hill e Schumacher. Pelo menos num primeiro instante Hill levou a melhor ao largar melhor, enquanto Schumacher patinava e quase perdia sua posição para Coulthard. Muito criticado por suas largadas diagonais, Michael não teve muito pudor em fechar Coulthard, que com a manobra acabou ultrapassado por Rubens Barrichello. 

Schumacher pressionava Hill pela primeira posição, enquanto Barrichello atrasava claramente Coulthard, que tinha Panis também colado. Na terceira volta Alesi tentou ultrapassar Herbert no hairpin Adelaide e acabou tocando no inglês. Berger vinha logo atrás e teve que desviar do incidente. Quem ganhou com tudo isso foi Martin Brundle, que ganhou três posições, enquanto Herbert teve que abandonar no local. As boas largadas de Barrichello e Panis foram banidas quando ficou claro que ambos queimaram o sinal verde, fazendo com que eles fossem punidos com um stop-and-go de 10s e perdessem várias posições. Mesmo sozinho no momento, Coulthard tinha um carro desequilibrado e era alcançado por Brundle. Schumacher tentava pressionar Hill, quando ambos chegaram nos retardatários, mas o inglês se mantinha impávido na frente. Na volta 19 Schumacher faz sua parada e bem nesse instante, Hill encontrou muito tráfego, perdendo muito tempo atrás da Minardi de Martini. Isso se provaria decisivo. Damon pararia na volta 22, a mesma em que Schumacher marcava a melhor volta no momento. O resultado era previsível. Schumacher assumia a ponta com alguma vantagem sobre Hill. Para piorar as coisas para a Williams, Coulthard também perdeu tempo e saiu da primeira rodada de parada atrás de Brundle.

Outro incidente ocorreu quando a mangueira de reabastecimento de Berger demorou a funcionar, fazendo o austríaco perder muito terreno frente aos rivais. Schumacher abria muito sobre Hill, enquanto Brundle não tinha problemas em segurar Coulthard, com Alesi e Barrichello fechando os seis primeiros. Pouco depois da marca da metade da corrida, o céu ficou mais escuro e alguns pingos molhavam as câmeras, mas a pista permaneceu seca e ninguém mudou sua estratégia. Os pilotos realizaram a segunda rodada de paradas sem problemas e as posições eram as mesmas. Uma das poucas brigas na pista era pela sétima posição, com Hakkinen evitando os ataques de Panis. Faltando quinze voltas para o fim, o ritmo alucinante de Schumacher se pagou com uma terceira parada programada, mas o alemão ainda retornou à pista em primeiro. Brundle repetiu a tática do alemão e perdeu seu lugar no pódio, porém nas últimas voltas partiu para cima do escocês. Mesmo com um carro desequilibrado, Coulthard não teve maiores problemas para segurar Brundle, que era 1s mais rápido. Se alguém imagina que antigamente era fácil ultrapassar na F1, sempre é bom perceber que não era bem assim. Michael Schumacher vencia pela quarta vez em 1995, com os dois pilotos da Williams completando o pódio. Mesmo colado em Coulthard, Brundle teve que se contentar com a quarta posição, ainda que fossem os primeiros pontos do inglês em 1995. Alesi e Barrichello fecharam os que marcaram pontos em corridas bem solitárias. Não deixava de ser uma corrida decepcionante para Alesi, após sua famosa vitória na quinzena anterior. Mais uma vez Michael Schumacher usou bem a estratégia para derrotar um cada vez mais abatido Damon Hill. O alemão liderava o campeonato e mesmo apenas onze pontos na frente de Hill, o momento era todo de Schumacher.

Chegada:
1) Schumacher
2) Hill
3) Coulthard
4) Brundle
5) Alesi
6) Barrichello