segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Figura(RUS): Lando Norris

 Não faltaram candidatos a estar nessa parte da coluna em Sochi. Hamilton construiu sua vitória com a experiência adquirida em quinze anos de F1. Max Verstappen saiu da vigésima posição rumo a um incrível segundo lugar, se aproveitando de uma estratégia certeira da Red Bull, além de diminuir bastante o prejuízo pela troca de motor em seu carro. Porém, colocar aqui os dois protagonistas da temporada 2021 pode parecer chover (literalmente) no molhado. Mais do que Lewis ou Max, a grande estrela do final de semana acabou sendo Lando Norris. O jovem prodígio da McLaren vem mostrando uma evolução tamanha, que até mesmo Daniel Ricciardo, trazido a peso de ouro para liderar a equipe, está obscurecido com a velocidade e talento de Norris. Mesmo não sendo terceiro no campeonato ou conquistando tantos pódios, não resta dúvidas de que Lando é terceiro melhor piloto do pelotão em 2021 e mais uma vez ele se sobressaiu nesse final de semana. Claro que em condições normais Norris não seria o pole, mas ele colocou os pneus certos no momento exato para conseguir sua primeira pole na F1, mas na corrida Lando foi ainda mais impressionante. Fazendo uma largada prosaica, Norris acabou perdendo a ponta para Carlos Sainz (outro destaque positivo, ao lado de Charles Leclerc), mas o piloto da McLaren não desanimou e em poucas voltas ultrapassou o espanhol e dominou o restante da corrida com a categoria de um veterano. Lando viu a aproximação de Hamilton nas últimas voltas, mas em nenhum momento parecia que esmoreceria frente ao compatriota mais experiente e tarimbado. Enquanto era perseguido por Hamilton, Norris marcou a volta mais rápida da corrida. Estava tudo sob controle. Mas veio a chuva. Parar ou não parar? Hoje é fácil criticar Lando por ter escolhido ficar tanto tempo na pista cada vez mais escorregadia, mas Norris lutou pela primeira vitória e arriscou numa aposta que poderia lhe transformar em um novo vencedor de F1. Infelizmente a aposta não se pagou, Norris saiu da pista e terminou a corrida num infeliz sétimo lugar. Porém, fica a certeza de que o dia de Norris chegará. E logo!

Figurão(RUS): Valtteri Bottas

 Ao ficar apenas na sétima posição na confusa classificação em Sochi, Bottas teve sua missão modificada pela Mercedes para a corrida do domingo: ele iria marcar Max Verstappen no final do pelotão. A Red Bull sempre soube que a Mercedes reina absoluta no circuito de rua improvisado em Sochi e por isso resolveu troca o motor de Verstappen, fazendo-o largar em último. Sem a presença de Max nas primeiras filas, a Mercedes pensou em colocar Bottas no final do pelotão e eventualmente bloquear a esperada corrida de recuperação do neerlandês. Tudo certo, mas como diria Garrincha, faltou combinar com os russos. Ou com o holandês. Bottas ficou na frente de Verstappen nas primeiras voltas, mas tomou uma ultrapassagem desmoralizante do piloto da Red Bull, que continuou sua corrida de recuperação, enquanto Bottas, que sempre andou bem em Sochi, ficou empacado no meio do pelotão e antes da chuva que mexeu em todo o pelotão, estava fora dos pontos, com Max Verstappen mais 15s na sua frente e marcando pontos. A mesma chuva que colocou Max em segundo diminuiu o vexame de Bottas e o fez terminar em quinto com uma parada na hora certa para o finlandês. Assim como foi na hora certa a saída de Bottas da Mercedes. Apesar de ainda estar em terceiro no Mundial de Pilotos, ou seja, superando com folga o segundo piloto da Red Bull, Sergio Pérez, essa não foi a primeira vez em que Bottas falhou em ajudar a Mercedes e Hamilton em 2021.

domingo, 26 de setembro de 2021

O outro Alex

 


Vinte e cinco anos atrás, um Alex cruzava o Atlântico em baixa após uma passagem sem muito brilho na F1 e aportava na equipe Ganassi para fazer história. Dono de uma pilotagem agressiva e emocionante, Zanardi tomou a Indy como um furacão e conquistou um bicampeonato de forma impressionante, lhe garantindo o lugar de volta à F1 com o novo status de estrela. Dessa vez o Alex que aportou na Ganassi em 2021 não veio diretamente da Europa, mas tinha uma carreira enviesada. Palou lutou toda a sua carreira contra a falta de apoio, mesmo que fosse claro que o espanhol tinha talento. Após passagens curtas e turbulentas por GP3 e F2, Palou se mudou para o Japão para se tornar um piloto profissional na Super Formula. Não demorou muito para o jovem espanhol ganhar a confiança da Honda e foi um dos destaques da principal categoria de monopostos do Japão. Isso significou um convite para testar na Indy na equipe Dale Coyne no final de 2019, encantando os donos da pequena equipe, que contrataram o espanhol. Com o apoio da Honda, Palou fez um ano de estreia acima das expectativas numa temporada retalhada pela pandemia.

Aquilo chamou a atenção de Chip Ganassi. O velho chefe de equipe via seu time ser carregado nas costas pela lenda Scott Dixon, enquanto o outro carro parecia parar de funcionar nas mãos de qualquer piloto desde que Dario Franchitti se aposentou em 2013 por causa de um sério acidente. Palou seria mais um na longa lista de piloto que correram com o carro número dez e fracassaram? Pela primeira vez numa equipe forte e com uma certa tranquilidade, Alex Palou passou a utilizar seu talento para imitar Alex Zanardi. Porém, se Zanardi tinha uma pilotagem exuberante, Palou exibiu um jeito de guiar diferente, usando a consistência e a solidez para não apenas andar no mesmo ritmo de Dixon, como fazer uma temporada incrível apenas em sua segunda temporada na Indy. O espanhol mostrou suas armas com a vitória em Barber, sua primeira na Indy e logo assumindo a ponta do campeonato. Aos 24 anos de idade, Palou mostrou uma tenacidade de um veterano. Normalmente Palou sempre conseguia um lugar entre o top-10, além de quase ter vencido as 500 Milhas de Indianápolis. Quando era o principal favorito ao título, Palou sofreu um duro golpe com um abandono duplo no misto de Indianápolis e em Gateway. O espanhol iria entregar os pontos? Nada disso! Indo para três pistas que não conhecia, mas extremamente tradicionais na Indy, Palou mostrou que ele é feito de um material diferente. Em Portland, Palou largou na pole, saiu da pista na primeira volta, mudou a estratégia rumo a sua terceira vitória. Em Laguna Seca, uma pilotagem cerebral o fez terminar em segundo e chegar em Long Beach com a mão na taça.

A tarefa de Palou não era exatamente das mais difíceis e ficaram ainda mais tranquilas quando Ed Jones teve uma diarreia mental e bateu em Pato O'Ward no famoso grampo da última curva em Long Beach ainda nas primeiras voltas. O mexicano caiu para as últimas posições, mas o toque havia sido fatal e não demorou muito para que o semi-eixo do carro de O'Ward quebrasse. Não era dia da McLaren, definitivamente. Palou estava logo atrás do incidente e chegou a ter o carro acertado por Ryan Hunter-Reay, em sua última corrida pela Andretti após uma longa carreira na equipe. Porém, o espanhol ficava ainda mais próximo do título. Josef Newgarden tinha chances retóricas, mas o americano estava no lugar certo se algo acontecesse com Palou. Para o americano da Penske, só a vitória interessava, mas o tricampeonato só viria se Palou terminasse abaixo da vigésima quarta posição. Para um piloto tão sólido e inteligente como o espanhol, isso beirava o impossível. Sem contar que Newgarden não contava com a agressividade de outro jovem piloto.

Vindo de vitória na semana passada em Laguna Seca, Colton Herta errou na classificação após dominar os treinos livres e largara apenas em décimo quarto. O americano da Andretti foi ultrapassando quem via pela frente até tomar a ponta de Newgarden e dominar o resto da prova. Herta foi o grande destaque desse final de campeonato, com corridas dominantes, mas o americano ainda resta controlar seu ímpeto e melhorar a consistência. Talvez dos jovens pilotos da Indy, Herta seja o mais veloz.

Porém, um campeão precisa mais do que apenas velocidade. Alex Palou fez uma prova conservadora e sem correr nenhum risco rumo ao quarto lugar que lhe garantia com folgas o seu primeiro título na carreira. Tendo crescido vendo Fernando Alonso tornar o automobilismo popular na Espanha, Palou é um dos primeiros frutos da Alonsomania. Se o espanhol vai repetir a manobra do seu xará e retornar com pompa para a Europa? Difícil dizer, mas Palou provou que tem o talento e solidez necessária de um campeão. Pato O'Ward é outro dos jovens top-guns da Indy e correndo por uma equipe em acensão como a McLaren, o mexicano tem tudo para evoluir cada vez mais, sem contar que sua equipe está investindo cada vez mais em estrutura. A Penske ainda se salvou com Newgarden, mas seus demais pilotos sofreram com a irregularidade e até mesmo com fogo amigo. Scott McLaughin se tornou o novato do ano, mas esteve longe de brilhar, Will Power foi mais lembrado pelas presepadas do que sua velocidade natural e Simon Pagenaud está de saída da equipe, indo para a Meyer Schanck ao lado de Helio Castroneves, que mais uma vez mostrou ainda ter alguma velocidade em classificação, mas nenhuma consistência em ritmo de corrida. Claro, sem contar em Indianápolis, onde é um verdadeiro fenômeno. A Andretti foi outra que se salvou com apenas um piloto, no caso Herta. Os demais pilotos decepcionaram de forma retumbante, mas a equipe ainda confia em Alexander Rossi, enquanto dispensou os veteranos e cansados Hunter-Reay e James Hinchcliffe. Porém, a equipe não ficará mais nova com a mudança, pois um dos substitutos será Romain Grosjean. O francês fez um excelente ano de estreia, com corridas impressionantes recheadas de ultrapassagens agressivas. Sem se preocupar com as punições comuns da F1, Grosjean chamou a atenção de todos e em 2022 estará na forte equipe Andretti. 

Como acontecera em 1996 quando apostou de forma arriscada em Alex Zanardi, Chip Ganassi sabe que fez outra aposta certeira em Palou. Com 41 anos de idade, Scott Dixon não será eterno e em algum momento o neozelandês irá parar de nos surpreender com sua pilotagem precisa e cerebral, com vários títulos e recordes. Após vários tiros n'água, parece que o velho Chip encontrou alguém que possa ser o principal piloto da equipe num futuro próximo. Marcus Ericsson conseguiu duas vitórias surpreendentes em 2021, mas muito baseado nas ótimas táticas da equipe. Dixon fez um ano abaixo dos seus altos padrões, enquanto Jimmie Johnson está apenas se divertindo na Indy. Já Alex Palou é o presente e o futuro da Ganassi na Indy. Ele não é espetacular quanto o outro Alex, mas o espanhol tem tudo que um campeão precisa.

Vitória hoje. Azar no geral

 


As corridas em Sochi sempre foram marcadas pela monotonia, mas a temporada 2021 está tão boa e diferente, que até nisso ela conseguiu salvar. A edição desse ano do Grande Prêmio da Rússia foi disparada a melhor e em meio a tantas corridas sensacionais, Sochi nos brindou com outra prova emocionante e dramática. No meio da corrida a sensação que dava era que Lewis Hamilton fazia sua pior apresentação do ano após uma largada pífia, mas nunca é bom subestimar a força de um piloto multi-campeão de F1. Hamilton economizou pneus na primeira metade da corrida, mas quando teve pista livre acelerou forte, se livrando dos carros que o atrapalhava e partiu para cima do líder Lando Norris. Foi então que o imponderável apareceu e a chuva se fez presente nas últimas voltas da corrida. Hamilton parou no momento exato, enquanto a inexperiência de Norris pesou em teimar em ficar numa pista quase encharcada com pneus slicks, duros e desgastados. Hamilton conseguiu sua centésima vitória, uma marca histórica, sem dúvida nenhuma, mas olhando o contexto do campeonato, Lewis não tem muito o que comemorar. Tendo trocado o motor, Max Verstappen largou da última posição e já considerava a prova perdida quando a chuva embaralhou tudo e o neerlandês emergiu numa milagrosa segunda posição, diminuindo os danos ao máximo.


Porém, olhando apenas os dois protagonistas do campeonato, não devemos esquecer do verdadeiro piloto do dia. Lando Norris fez uma corrida master-class. O jovem da McLaren não largou bem, sendo ultrapassado por Carlos Sainz, mas soube dosar seu ritmo para ultrapassar a Ferrari e dominar a corrida enquanto a pista esteve seca. Hamilton se aproximava perigosamente no final da prova, mas Norris parecia ter a corrida sob controle, quando marcou a volta mais rápida da corrida no momento em que era perseguido. Com a vitória de Daniel Ricciardo em Monza, uma pressão extra deve ter chegado em Lando, ainda atrás de sua primeira vitória na F1. Somente isso explica Norris ter ignorado as várias chamadas da McLaren para colocar pneus intermediários e teoricamente entregar a vitória para Hamilton. Não resta dúvidas que Lando Norris mostrou personalidade em confiar em seu feeling na pista naquele momento, mas a tática dele acabou lhe custando caro, pois a chuva apertou e Norris teve que trocar seus pneus de qualquer maneira após ter ficado na pista tempo demais, perdendo não apenas uma vitória, mas um pódio certo. O que Norris fez lembrou Rubens Barrichello em Hockenheim/2000, mas o tiro infelizmente saiu pela culatra. Lando mostrou hoje que tem condições para vencer não uma, mas várias corridas. Sua hora ainda vai chegar!

Olhando como foi a corrida, a chuva no final e comemorando sua centésima vitória, Lewis Hamilton deveria estar celebrando bastante, porém, colocando o emocional de lado, o inglês deve ter olhado para o seu lado direito no pódio e após fazer contas rápidas, ter percebido que o melhor mesmo era que a chuva não tivesse caído e ele estaria comemorando com Lando a primeira vitória do conterrâneo. Antes da chuva Hamilton estava abrindo onze pontos para Verstappen no campeonato, mas com todo o caos pluviométrico em Sochi, a diferença é de apenas dois pontos num final de semana onde a Red Bull trocou o motor de Verstappen e o holandês largou em último. Porém, a centésima vitória de Lewis Hamilton na F1 é certamente um marco histórico. Mesmo com os números inflados com um domínio gigantesco da Mercedes nos últimos anos, Hamilton tem seus méritos e a corrida de hoje foi um exemplo de sua enorme bagagem acumulada em quinze temporadas de F1. Lewis novamente largou mal, mas não se afobou e até perdeu mais posições na primeira volta. Largando com pneus médios, Hamilton ficou empacado atrás de carros nitidamente mais lentos, mas em nenhum momento fez um ataque incisivo, apenas esperando que os carros à sua frente visitassem os pits e ele tivesse pista livre. Foi nesse momento que ele viu a aproximação incrível de Verstappen, mas Lewis fez sua parada e com pneus duros e finalmente pista livre, se tornou o piloto mais rápido na caça à Lando Norris, líder da corrida desde a ultrapassagem sobre Carlos Sainz ainda nas primeiras voltas. Hamilton encostou em Norris, ensaiou alguns ataques, mas vendo que Norris tinha um bom ritmo com sua McLaren da mesma forma como em Monza, parecia conformado com o segundo lugar, quando veio a chuva e tudo mudou. Hamilton contou com a teimosia de Lando em permanecer na pista, mas qual campeão é azarado? Afinal, os grandes campeões fazem sua própria sorte e hoje Hamilton construiu sua centésima vitória desde a primeira volta e ainda foi bafejado pela sorte. 


O que Hamilton não contava foi que Verstappen fosse o principal ajudado pela chuva. Max fez um primeiro stint simplesmente brilhante, com direito a ultrapassagem sobre Valtteri Bottas, punido de propósito pela Mercedes para ficar no pelotão de trás marcando Max, mas o piloto da Red Bull não quis nem saber e deixou o nórdico comendo poeira. Verstappen já se aproximava do segundo pelotão, onde poderia ter se encontrado novamente com Hamilton, quando a Red Bull começou a cometer seguidos erros estratégicos. Observando o ritmo de Verstappen e Hamilton naquele momento, a Red Bull acreditou que já estava na hora de marcar o inglês, que até aquele momento fazia uma corrida discreta. Horner e seus blue caps caíram direitinho da armadilha de Hamilton. Os dois pararam na mesma volta, mas Hamilton saiu com pista praticamente livre com pneus duros novos, podendo forçar o ritmo até o final, enquanto Max saiu no meio de um trânsito intenso e com pneus médios, tendo que economizar, se quisesse chegar no fim em condições de manter um ritmo decente. O dia ruim da Red Bull continuou quando errou feio na parada de Pérez, que caminhava para um pódio e até mesmo poderia ter chances de atacar Hamilton no fim da prova com pneus médios, mas o mexicano acabou ficando logo na frente de Verstappen. A lógica era uma troca de posições pura e simples, mas a Red Bull demorou demais e Alonso, que tinha acabado de trocar de pneus, ultrapassou Max e ficou no meio das Red Bull, impossibilitando qualquer ordem de equipe. Enquanto Pérez continuou sua corrida de recuperação e era terceiro no momento da chuva, Verstappen era um sétimo bastante insatisfeito. Porém, veio a chuva e o caos. A Red Bull finalmente acertou uma ao trazer Verstappen aos boxes na hora certa e Max se viu em segundo, mesmo quase um minuto atrás de Hamilton, mas bastante feliz pelo contexto do seu final de semana. Era esperado que Verstappen perdesse a liderança do campeonato, mas sair com apenas dois pontos de desvantagem tornou Max um grande vencedor no dia.


A corrida de Carlos Sainz começou ótima, com uma bela largada e a liderança nas primeiras voltas, mas hoje ficou claro que a briga pela terceira posição no Mundial de Construtores pende cada vez mais para a McLaren. Norris ultrapassou seu antigo companheiro de equipe e só não venceu pelas circunstâncias. Sainz fez uma corrida sólida, estava em quarto lugar antes da chuva e acabou ganhando uma posição na confusão, amealhando mais um pódio no ano. Charles Leclerc foi um dos destaques do dia. Largando ao lado de Verstappen na última fila para poder usar o novo motor da Ferrari, o monegasco fez um ótimo trabalhando andando no ritmo da Red Bull, mas Charles cometeu o mesmo erro de Norris e ficou tempo demais com pneus slicks, perdendo qualquer chance de pontuar. Ricciardo não teve o mesmo brilho de Norris, mas o australiano vai recuperando sua forma, segurando sem maiores dificuldades Hamilton na primeira metade da corrida e sempre se mostrando extremamente complicado de se ultrapassar, terminando por ficar em quarto, diminuindo um pouco a frustração da McLaren, que viu Norris apenas num imerecido sétimo lugar. Como falado mais cedo, Bottas teve outra corrida negativa, mesmo Sochi sendo a pista preferida do nórdico. Valtteri foi ultrapassado de forma humilhante por Verstappen e não teve forças para perseguir Max em sua corrida de recuperação, ficando empacado no pelotão intermediário. Curiosamente seu engenheiro falou que ele tinha chances de conseguir um top-5. Antes da chuva parecia uma piada, mas no final Bottas terminou em... quinto!


Alonso fez outra corrida incrível em sua volta à F1, incluindo ultrapassagem sobre Verstappen. Com toda a sua categoria, Alonso terminou em outro sexto lugar, enquanto Ocon não ficou entre os pontuáveis em nenhum momento. Russell manteve a terceira posição do grid até fazer sua parada sem maiores arroubos, mas o inglês parou muito cedo e parecia até mesmo fora dos pontos, quando a chuva apareceu e ele ainda conseguiu marcar um pontinho com a Williams. Pérez também parou na hora errada, mas sua tímida nona posição teve mais a ver com os erros de sua equipe, enquanto Kimi Raikkonen usou sua vasta experiência para marcar pontos importantes com a Alfa Romeo. Lance Stroll andou boa parte da corrida na zona de pontos, mas quando a chuva veio, ele começou a vacilar, incluindo um toque com seu companheiro de equipe Vettel que o tirou do top-10. Gasly foi um dos últimos a parar, mas isso fez com que o francês ficasse tempo demais na pista molhada com os pneus errados e no fim ele ficou de fora dos pontos, o mesmo acontecendo com Tsunoda. Enquanto Raikkonen conseguiu mais uns pontinhos, Giovinazzi chegou a brigar com Mazepin pela penúltima posição. O italiano não tem a consistência necessária em ritmo de prova e seu tempo na F1 parece estar acabando. Correndo em casa, Mazepin chegou em sua posição usual, ou seja, em último.


Em outra corrida para ficar em nossa memória, Lewis Hamilton só terá mesmo o que comemorar a centésima vitória, conseguida com muito trabalho e sorte, mas ter Max Verstappen ao seu lado não estava nos planos de ninguém e a cara de poucos amigos de Toto Wolff mostrava bem que no plano geral, a Mercedes saiu perdendo no Mundial de Pilotos. Lando Norris mostrou mais uma vez que está merecendo sua primeira vitória, independente do erro de julgamento de hoje. Ele está pilotando apenas abaixo de Lewis e Max. Não é pouca coisa! Sua hora vai chegar e tomara que ele esteja na briga contra Hamilton e Verstappen em alguns anos. Hoje, eles são protagonistas e mesmo tendo visto o rival vencer, Verstappen saiu de Sochi com um sorriso de orelha a orelha.

sábado, 25 de setembro de 2021

Aleatoriedade

 


Uma marca que ficará da temporada 2021 de F1 será a aleatoriedade. A diferença de Mercedes e Red Bull para as demais equipes permanece abismal com dois terços de campeonato completados, com a disputa entre Lewis Hamilton e Max Verstappen dominando o noticiário da F1 e o imaginário dos fãs com dois pilotos com nível tão alto brigando entre si. Porém, vários fatores estão fazendo com que outras equipes e pilotos apareçam de supetão para surpreender. Era esperado chuva em todo o final de semana russo e no sábado pela manhã havia dúvidas de que a classificação ocorreria. A chuva passou, a pista foi secando e no final de um Q3 que se provava corriqueiro se transformou numa balbúrdia quando George Russell foi aos boxes colocar pneus slicks. O resto é história, com Lando Norris dando a primeira pole da McLaren em nove anos e um top3 completamente inesperado, com direito a Lewis Hamilton batendo na entrada dos boxes, numa cena que seria assinada por qualquer piloto lado B da história da F1.

Com direito a raios e tempestade, parecia que hoje seria outro dia com reclamações de fãs mais exaltados de que a F1 não corre em pista molhada. A corrida da F2 foi adiada e parecia que a F1 treinaria somente no domingo, quando há previsão de tempo bom. No entanto a chuva foi embora e a classificação da F1 aconteceu sem maiores dramas em sua maior parte. Na polêmica regra de trocas demais de motores fazendo que pilotos percam posições, Max Verstappen sequer se deu o trabalho de treinar. Deu um shakedown, recolheu o carro e torcerá para que complete uma corrida de recuperação no domingo. O mesmo acontecendo com Leclerc e Latifi. Tenho uma ideia de que seria muito mais inteligente pensando na parte esportiva em que tirar pontos do Mundial de Construtores a cada troca a mais de motor, mas como a Liberty ou a FIA dificilmente lerá isso, temos que nos conformar com essas bizarrices do líder do campeonato largando de último. Um dos motivos da quarta e proibida troca do motor de Max foi o desempenho da Mercedes. Mesmo com piso molhado era esperado uma dobradinha dos carros negros, provavelmente com Sergio Pérez beliscando um terceiro lugar para perturbar a turma da Mercedes. Isso, na teoria.

Todos os pilotos usaram os pneus intermediários até a metade do Q3, quando George Russell, onipresente no Q3, pediu para a Williams preparar os pneus slicks. O começo do inglês foi lento, mas a pista tinha um claro trilho seco, significando uma romaria para os pits. Até então líder com folga, Hamilton também foi aos boxes colocar pneus slicks e acabou batendo bisonhamente na entrada dos pits, trazendo o caos para a Mercedes. Ninguém esperava trocar o bico de Lewis, que ficou muito tempo esperando o bico novo e nisso, chegou Bottas, em segundo. Isso atrasou definitivamente os dois pilotos da Mercedes, que não tiveram tempo de aquecer seus pneus de forma correta e não melhoraram seus tempos.

Enquanto isso, Sainz aparecia com parciais roxas e o espanhol, até então discreto nesse final de semana, marcou a pole provisória, mas logo atrás Lando Norris cravou a pole definitiva, fazendo a alegria da McLaren pelo segundo final de semana de corrida seguido. Com tempo para aquecer os pneus, Russell ainda teve tempo para tirar Hamilton, que rodou em sua tentativa, das entrevistas dos top3.

Com tamanha surpresa, houve cenas de júbilo com Norris e Russell, com Sainz mais pragmático. Bottas e Pérez também não melhoraram seus tempos com pneus slicks, caindo várias posições, aumentando a derrota da Mercedes, que esperava uma primeira fila e teve que se contentar com P4 e P7. Mesmo sem treinar, Max ainda teve motivos para sorrir. Norris vibrou como nunca, assim como os fãs da F1, que viram outro resultado maluco nessa temporada inesquecível de 2021.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Que pena...

 


Poucos esportistas conseguem ser heróis de sua cidade natal. Esse foi o caso de Nino Vaccarella. Italiano de Palermo, Nino não foi um grande piloto de F1, mas foi um gigante nas corridas de Endurance anos 1960 e 1970, onde venceu Le Mans e Sebring, mas principalmente na Targa Florio, onde triunfou três vezes e via seu nome pintado nas paredes no entorno da enorme pista que cortava a Sicília. Vaccarella sempre foi ligado a educação e logo após sua terceira vitória na Targa Florio em 1975 ele se aposentou para se dedicar a Instituição escolar que sua família possuía em Palermo. Hoje, aos 88 anos, Vaccarella nos deixou na mesma Palermo em que nasceu e foi ídolo de toda a população.

domingo, 19 de setembro de 2021

Seguindo a tradição da família

 


Sempre lembrado pela épica ultrapassagem sofrida por Alex Zanardi em 1996, Bryan Herta era um verdadeiro especialista em Laguna Seca, onde conquistou duas vitórias e várias poles. Seguindo a tradição familiar, Colton Herta tem um retrospecto impressionante na pista californiana. Desde que o circuito em Monterrey voltou ao calendário da Indy em 2019, Herta venceu as duas corridas, sendo que a prova de hoje foi com uma dominância poucas vezes vistas na Indy. Colton liderou quase que de ponta a ponta, tendo em seu encalço Alex Palou, que junto com os resultados dos demais postulantes ao título, colocou uma mão na taça.

A corrida no belíssimo e tradicional circuito de Laguna Seca ocorreu quase sempre em bandeira verdade, pois a única bandeira amarela aconteceu no início da corrida e foi bem rápida. Alexander Rossi teve uma privação de sentidos e quase bateu no seu companheiro de equipe Colton Herta, sendo que Rossi foi a única vítima da sua afobação. Quando a bandeira verde reapareceu, a corrida se desenvolveu sem nenhum incidente, facilitando a vida de Colton Herta. Não foi a primeira vez que Colton dominou uma corrida em 2021, mas houve o caso de Nashville, quando Herta era claramente o piloto mais rápido do dia, mas teve azar numa bandeira amarela e acabou no muro. Hoje Colton imprimiu um ritmo forte e liderou 91 das 95 voltas. Colton também teve a sorte de que quem mais o ameaçou estava pensando mais no campeonato. Após a presepada de Rossi, Will Power assumiu a segunda posição, mas logo o australiano entrou nos boxes com problemas de motor, elevando Alex Palou ao segundo lugar. O jovem espanhol da Ganassi correu pensando unicamente no campeonato, não se preocupando muito em atacar Herta, que em troca não deu chances à Palou.

O único momento em que os dois primeiros colocados estiveram próximos foi quando Herta ficou preso atrás de um bolo de retardatários e mesmo assim, Palou não forçou nenhuma barra, pois sabia que estava amealhando importantes pontos no campeonato. Numa corrida onde o desgaste de pneus foi bastante acentuado, Pato O'Ward se perdeu na estratégia e ficou bastante longe da luta pela vitória, que nessa altura era o único resultado que lhe interessava. Pior atuação teve Scott Dixon. O hexacampeão esteve irreconhecível hoje e pecou justamente numa de suas melhores qualidades, que é a administração de corridas. Dixon quase levou uma volta hoje e ainda se envolveu num toque involuntário com Sato, saindo definitivamente da luta pelo título desse ano. Newgarden largou em 17º, arriscou numa heterodoxa estratégia de quatro paradas que acabou lhe colocando no top-10 no final, mas o americano da Penske tem chances apenas retóricas de conquistar o tricampeonato. Basta Palou largar semana que vem em Long Beach para que Josef saía do páreo.

No último stint da corrida, Romain Grosjean tomou conta do show. A sua equipe sempre esticava as paradas, fazendo com que Grosjean liderasse brevemente enquanto permanecia na pista. Porém, a tática se pagou na última parada, quando Grosjean colocou os pneus macios com poucas voltas para o fim e como a pista estava bem emborrachada, o desgaste não seria tão acentuado. Grosjean foi para cima de quem via pela frente, passando por fora ou por dentro, num ritmo alucinante do francês. Tão alucinante que quase pôs tudo a perder quando foi colocar uma volta em Jimmie Johnson na mítica curva Saca-Rolha.

Grosjean subiu para o terceiro lugar, tirando pontos importantes de Pato O'Ward, que teve que se conformar com o quarto lugar. Palou teve que aumentar o ritmo para não ser importunado por Grosjean, mas o segundo lugar conquistado em Laguna Seca foi bastante valioso para o espanhol, que chegará à última corrida da temporada com uma mão e meia na taça.

Pegando gosto

 


Teve emoção no finalzinho, com a rápida e perigosa aproximação de Fabio Quartararo, mas Francesco Bagnaia pegou gosto pela vitória, uma semana depois de estrear como vitorioso na MotoGP. O italiano da Ducati largou na pole, dominou os primeiros dois terços de corrida, mas no fim viu o líder do campeonato chegar perigosamente em sua moto, mas se Bagnaia aguentou Marc Márquez fungando em seu cangote a corrida inteira em Aragão, por que não seguraria Quartararo por duas voltas? E foi assim que Bagnaia garantiu mais uma vitória e se consolida como o principal rival de Quartararo na luta pelo título.

A corrida em Misano teve a ameça da chuva que caiu na sexta e no sábado, mas a prova aconteceu com pista seca para a alegria de Bagnaia. Empolgado por sua vitória semana passada na Espanha, Pecco ficou com a pole correndo em casa no Circuito Marco Simoncelli e liderou a corrida desde a largada, não dando chances aos rivais desde a curva um. Porém, a dupla da Ducati resolveu escolher os pneus macios na traseira e isso acabou sendo um fator de suspense no final da corrida. Correndo pensando no campeonato, Quartararo se alojou na terceira posição e com pneus médios, primeiro atacou Jack Miller e partiu para cima de Bagnaia, abrindo a última volta três décimos atrás do italiano. Mesmo com a boa forma de Bagnaia e sua empolgação com a vitória semana passada, Fabio em nenhum momento arriscou uma manobra mais brusca que poderia significar um zero ponto. Ele tentou provocar um erro de Bagnaia, mas o italiano já tinha mostrado em sua luta contra Márquez que desconcentra-lo não é uma das missões mais fáceis e segurou o rojão nas últimas voltas para uma segunda vitória consecutiva.

O grande destaque individual da corrida ficou mesmo para Enea Bastianini. O jovem italiano atual campeão da Moto2 corre com uma Ducati de 2019 e mesmo com essa defasagem, conseguiu ir para o Q2 no sábado e usando o conhecimento da pista, foi escalando o pelotão rumo ao pódio, incluindo aí uma embaraçosa ultrapassagem em cima de Miller, dono de uma novíssima e avançada Ducati 2021. Bastianini é mais um protegido de Rossi e com o primeiro pódio, pode almejar voos maiores em 2022. Miller ainda se viu envolvido numa briga forte contra Márquez e Mir, caindo para sexto na última volta. Num dia com algumas estreias, Doviziozo chegou em último com a Yamaha da Petronas, ainda se entendendo com a moto, enquanto Franco Morbidelli debutava com a Yamaha oficial fora dos pontos e ainda fora de ritmo de corrida. Morbidelli chegou atrás de Rossi, que se despediu das pistas italianas com uma MotoGP.

Mesmo derrotado hoje, Quartararo segue rumo ao título, pois o francês da Yamaha ainda tem uma boa vantagem sobre o ascendente Bagnaia no campeonato, podendo garantir o seu primeiro título nas próximas corridas. Mostrando bastante solidez nesse ano, Fabio vê a reação de Bagnaia com tranquilidade de que está com uma mão na taça.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Ano das despedidas

 


O final de 2021 será de despedidas para o esporte a motor. Após os anúncios de Kimi Raikkonen e Valentino Rossi, hoje foi a vez de Antonio Cairoli anunciar sua aposentadoria no final desse ano. Para os pouco acostumados com as corridas fora de estrada, Cairoli é uma lenda do Motocross, conquistando nove títulos, sendo sete na categoria principal (MXGP). Correndo principalmente na KTM, Cairoli dominou no início da década passada e as comparações com Rossi sempre seguiram Antonio, inclusive tendo o mesmo número de títulos, mais de cem vitórias e eternizando um número, o 222. Prestes a completar 36 anos e Cairoli ainda corre em alto nível contra pilotos muito forte como Tim Gajser e Jeffrey Herlings. A MXGP perderá um dos seus principais pilotos.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Figura(ITA): McLaren

 Ano passado Pierre Gasly deu uma vitória surpreendente para a Alpha Tauri numa corrida imprevisível e emocionante, onde a sorte bafejou Gasly para o deixar na posição correta para vencer. Antes do começo das atividades em Monza, ninguém poderia imaginar numa vitória da McLaren na pista italiana, mas no final do domingo a equipe capitaneada por Zak Brown venceu a corrida de ponta a ponta com Ricciardo, com Lando Norris completando a dobradinha e Daniel Ricciardo marcando a melhor volta da corrida. Um súbito e surpreendente aumento de desempenho? Em condições plenas de normalidade, a vitória ficaria ou com Mercedes ou Red Bull, mas a McLaren se mostrou mais próxima do que o normal das gigantes de 2021 e a equipe teve méritos em deixar Daniel Ricciardo e Lando Norris numa ótima posição para segurar os ataques de Hamilton, Verstappen e Pérez, além de manter um ritmo forte que permitiu Ricciardo chutar a má fase rumo a vitória e Lando Norris conquistar seu melhor resultado na F1 completando uma inesquecível dobradinha em Monza. Lembrando a situação da McLaren cinco anos atrás, essa vitória é um prêmio pelo ótimo trabalho efetuado por Brown e Andreas Seidl, levando a McLaren ao alto do pódio novamente.

Figurão(ITA): Alpha Tauri

 Um ano depois da corrida de sonho em Monza, a Alpha Tauri viveu um verdadeiro pesadelo na pista italiana, que pode ser considerada a corrida de casa para o time, pois a Alpha Tauri ainda é sediada em Faenza. Na sexta-feira Pierre Gasly deu mostras do potencial do carro e que continua em sua ótima fase, ao se colocar nas três primeiras fila da Sprint Race, porém, o final de semana da equipe começou a desandar justamente na mini-corrida de sábado. Gasly largou de forma convencional e estava colado em Ricciardo quando acertou de leve o australiano na primeira chicane. Correndo em quinto e na frente de Hamilton, Gasly poderia fazer uma ótima prova, mas o leve toque se mostrou maior do que o esperado e a asa dianteira do francês quebrou, entrou debaixo do carro e Gasly saiu da pista em alta velocidade, batendo forte e garantindo a última posição. Metros depois Tsunoda quebrou sua asa dianteira e foi aos boxes trocar a peça, o deixando nas últimas posições na Sprint Race, deixando o japonês nas últimas posições do grid no domingo. Isso, se Tsunoda largasse. O japonês apontou problemas ainda na volta de alinhamento e após uma breve verificação, o carro de Tsunoda foi levado para os boxes e de lá não saiu mais. A corrida de Gasly foi bastante curta, com problemas em seu carro aparecendo cedo e na quinta volta o francês já encostava seu Alpha Tauri para abandonar. Após cinco voltas e a Alpha Tauri já se preparava para a rápida viagem para casa e uma enorme decepção na bagagem.

domingo, 12 de setembro de 2021

Força de Palou

 


Por dez anos a equipe Ganassi podia ser resumida num Scott Dixon FC, afinal, era o neozelandês que levava a equipe nas costas sozinho contra a força da Penske e da Andretti, ganhando vários títulos na ocasião. O jovem espanhol Alex Palou parecia ser somente mais uma promessa que a Ganassi já tinha trazido em outros anos e acabavam esmagados por Dixon, como foram os casos de Ed Jones e Rosenqvist. Porém, Palou é de uma linhagem diferente. O espanhol não teve uma carreira regular na Europa por causa da falta de recursos, mas nem por isso ele deixou de conquistar alguns resultados de relevo, antes de tentar a sorte no Japão, onde seria piloto profissional e sua trajetória sofreria uma guinada quando impressionou num teste com o carro da Indy e em 2020 estreou na categoria numa equipe pequena em meio a pandemia. Palou fez uma temporada tão impressionante como novato que chamou a atenção da Ganassi, que o contratou para 2021. Não era a primeira vez que a Ganassi investia num Alex que saíra da Europa fora dos holofotes. Em 1996 o chefe de equipe trouxe Zanardi para o time e o resto é história. Assim como Palou também vez fazendo história nesse seu segundo ano na Indy, se tornando favorito ao título com mais uma vitória nesse domingo.

A corrida em Portland começou com o tradicional acidente na apertada primeira curva, onde vários carros se envolveram num acidente, dentre eles Romain Grosjean e Helio Castroneves. Inicialmente Pato O'Ward, líder do campeonato e que pagou para que a corrida de hoje e as duas subsequentes que decidirão o campeonato fossem transmitidas ao vivo no México na TV aberta, parecia que continuaria a festa da McLaren nesse domingo, ao assumir a liderança da prova. Com apenas um teste em Portland antes desse final de semana, Palou mostrou suas credenciais ao dominar o final de semana e ficar com a pole, mas acabou errando na primeira curva, o mesmo acontecendo com Dixon, fazendo ambos caírem várias posições, mas fazendo a Ganassi mudar de estratégia. E de tática, a equipe Ganassi é mestre.

Enquanto correu com pneus macios, O'Ward fez uma boa corrida, mas quando mexicano da McLaren colocou os duros, Pato perdeu muito rendimento e deixou de ser um fator na corrida. Graham Rahal, quatro anos sem vitória, liderou boa parte da corrida e tinha a pinta que venceria, mas uma bandeira amarela fora de hora atrapalhou o americano e foi essa intervenção que fez crescer a dupla da Ganassi. Primeiro Palou deu um undercut em Dixon e o neozelandês ainda foi surpreendido com uma belíssima ultrapassagem de Alexander Rossi. Palou estava para ser atacado por Rossi, quando o americano da Andretti saiu da pista e deixou a vida do espanhol ainda mais tranquila no fim rumo a bandeirada e a terceira vitória em 2021.

Junto com a corrida ruim de O'Ward, apenas em décimo quarto, Palou reassumiu a liderança do campeonato, mesmo que Dixon e Josef Newgarden, que saiu de décimo oitavo no grid para quinto na bandeirada, ainda sejam ameaças reais para o espanhol. Porém, com a vitória de hoje, Palou estará com bastante moral para as duas corridas finais.

Dobradinha feliz

 


Uma vitória de Daniel Ricciardo parece ser sempre mais animada que o normal, mas a desse domingo pareceu ser ainda mais especial. O australiano vinha fazendo uma temporada abaixo das expectativas em sua estreia pela McLaren, sendo constantemente derrotado por Lando Norris, a grande sensação do campeonato. Porém, ao se colocar como o líder da corrida em Monza, Ricciardo se comportou como nos bons e velhos tempos de Red Bull, liderando a prova com maturidade e não se importando com os ataques que sofria. Ricciardo voltou a vencer, assim como a McLaren, que vibrou não apenas com a vitória, mas com uma incrível dobradinha num dia marcado por outro incidente entre Max Verstappen e Lewis Hamilton.


A corrida de hoje não tão maluca como a do ano passado, pois apesar de ninguém em sã consciência poderia apostar na vitória da McLaren, o time laranja sempre se mostrou como a clara terceira força do grid e pela dificuldade com que os pilotos de Mercedes e Red Bull tiveram para ultrapassa-los, a McLaren estava mais próximo dos líderes do que o imaginado. Após a Sprint Race de ontem, era esperado que Max Verstappen vencesse a corrida, mas assim como ocorreu com o plano da Mercedes desse sábado, os planos da Red Bull caíram por terra também na largada, quando Ricciardo partiu como um raio e emergiu na primeira curva em primeiro, superando Verstappen. Hamilton, largando com pneus duros, enquanto os demais largaram com médios, dessa vez largou muito bem e chegou a atacar Verstappen, que como sempre não lhe deu espaço e os dois se tocaram. Isso teria reverberações mais tarde? O fato foi que Norris retomou a posição de Hamilton e o que se viu foi uma corrida estática, onde a pouca efetividade do DRS e a força do motor Mercedes ajudaram Daniel Ricciardo e Lando Norris segurarem suas posições contra Max Verstappen e Lewis Hamilton, respectivamente. Tudo seria decidido nos boxes. 

A Red Bull teve que abortar a parada de Max quando percebeu que pararia na mesma volta de Ricciardo, mas isso não valeu de nada quando a Red Bull, considerada a equipe mais rápida da F1, fez um péssimo pit-stop. Enquanto isso na pista, finalmente Hamilton ultrapassava Norris e a corrida parecia se encaminhar para o inglês, lembrando que a Mercedes tinha sido a equipe mais rápida do final de semana italiano. Porém, os deuses da velocidade nos pregou outra peça. Hamilton parou logo em seguida e mesmo não sendo um pit-stop perfeito, o inglês voltou entre Norris e Verstappen na entrada da apertada curva um. Talvez lembrando o lance da primeira curva, Hamilton jogou seu carro para o mais próximo possível do apex da curva um, deixando pouco espaço para Verstappen, normalmente com mais ação por ter acelerado desde a curva Alboreto, antiga Parabolica. Claro que Max não se portaria de forma sossegada com o comportamento de Hamilton e também jogou duro dentro da Variante del Rettifilo, resultado em mais um toque entre os dois e o final de prova para os dois líderes do campeonato.

Mais uma vez Hamilton e Verstappen se veem num lance polêmico de corrida, sendo que dessa vez ambos se deram mal, mas tudo poderia ser ainda pior. E trágico! O carro de Verstappen caiu em cima do cockpit de Hamilton e foi claro que o inglês foi salvo pelo Halo, que fez seu trabalho. O aparato pode ser feio, mas já dá para dizer que está se pagando. O Red Bull de Max cairia com todo o seu peso em cima da cabeça de Hamilton, com resultados potencialmente trágicos se não fosse o Halo. 


Sem Max e Lewis, a corrida recomeçou com os dois carros da McLaren na frente, mas com duas potenciais ameaças logo atrás. Sergio Pérez fazia uma corrida apagada até então, mas graças a uma estratégia melhor estava na frente da dupla da Ferrari, mas antes do SC provocado pelo seu companheiro de equipe, tinha se metido no entrevero com Charles Leclerc que lhe caberia uma punição. Bottas fazia uma corrida brilhante de recuperação e já estava no pelotão dianteiro. Bastou Pérez e Bottas se livrarem da dupla da Ferrari para atacar os carros laranjas à sua frente. Ou não? Com Norris sob ataque feroz de Pérez, a McLaren mandou Ricciardo aumentar o ritmo, o que foi seguido por Norris e a dupla não teve trabalho para segurar dois pilotos com carros melhores. Pérez ainda teve uma última missão em Monza. Tendo que cumprir 5s de punição, o mexicano fez de tudo para segurar Bottas nas voltas finais, pois o nórdico tinha muita ação e poderia atacar com mais força a McLaren, dando mais pontos para a Mercedes para o Mundial de Construtores. Pérez fez bem essa missão, mas no geral ficou devendo e com a punição, terminou em quinto, ainda tendo tempo para ficar na frente de Sainz, na segunda Ferrari.


Claro que a festa foi legal com a primeira vitória da McLaren desde 2012 e a primeira dobradinha desde 2010. Mesmo ainda sem chances de derrotar Mercedes e Red Bull em condições plenamente normais, dá para dizer que a McLaren teve seus méritos em colocar seus pilotos nas posições certas nesse domingo e deixa-los numa situação de se defender bem dos ataques fortes de Verstappen, Hamilton e Pérez, melhor equipados do que Ricciardo e Norris. Ricciardo fez uma corrida surpreendente, levando-se em conta seu histórico recente, onde parecia não se entender com o carro da McLaren, mas ao sair na primeira fila, o australiano largou muito bem e controlou a prova sem maiores dificuldades, lembrando que Daniel já é um veterano de vitórias. Lando Norris também se portou muitíssimo bem na corrida, servindo muito bem como escudo para Ricciardo e ainda conseguindo seu melhor resultado na F1 com o segundo lugar. Lembrando a situação da McLaren cinco anos atrás, um grande parabéns para Zak Brown e sua equipe, que fez ressurgir a gigante McLaren rumo às vitórias.

Correndo em casa, a Ferrari se recuperou do vexame que foi a corrida do ano passado com um quarto lugar próximo dos líderes para Leclerc, porém, os italianos viram a McLaren disparar na disputa pelo terceiro lugar no Mundial de Construtores. Stroll deu um toque em Vettel na primeira volta, mas como é filho do chefe, não deverá receber nem uma reprimenda e ainda conseguiu um sétimo lugar, na frente de Alonso. No dia em que Bottas fez uma ótima corrida e subiu ao pódio após largar em último, Russell foi lá e também brilhou com um nono lugar com a Williams, com Ocon fechando a zona de pontos. Giovinazzi conseguiu uma ótima largada, chegou a brigar com a dupla da Ferrari, mas um toque com Sainz acabou com o sonho do italiano marcar pontos e a Alfa ficou zerada. Um ano depois do sonho que foi a vitória de Gasly em Monza, a Alpha Tauri teve um dia para esquecer com seus dois pilotos abandonando antes da quinta volta. Já no confuso reino da Haas, Gunther Steiner terá mais uma tensa conversa com seus dois pilotos, que se tocaram de novo na corrida.


A volta da McLaren às vitórias mostrou o quão aleatório estar o campeonato 2021, ainda mais com Hamilton e Verstappen continuando a dar chances aos adversários para brilhar. Num final de semana totalmente favorável para a Mercedes, fechar o domingo zerado pode pesar bastante para Hamilton, assim como Verstappen pode lamentar bastante seu pit-stop desastroso, que o colocou em uma nova briga com Hamilton e no final, os dois saíram da corrida. Com nada a ver com os problemas alheios, Ricciardo, Norris e McLaren brilharam em Monza, com direito a shoey e tudo. 

A primeira de Pecco


Francesco Bagnaia chegou à equipe oficial da Ducati para dar uma oxigenada na equipe italiana, após vários anos capitaneada por Andrea Doviziozo. Ao lado de Jack Miller, Bagnaia seria uma aposta no futuro próximo da montadora para enfrentar os demais titãs da MotoGP. Ninguém pode questionar a velocidade de Miller, assim como não dá para questionar a sua inconsistência. Já Bagnaia é o inverso do australiano, sendo um piloto muito mais cerebral em cima da indomável Ducati. Num ano em que Quartararo domina, Bagnaia conseguia perseguir o francês mesmo não conseguindo vitórias em 2021. Em Aragón, uma pista que não parece ser das mais emocionantes do calendário da MotoGP, Bagnaia finalmente conseguiu sua primeira vitória na MotoGP numa disputa eletrizante com Marc Márquez nesse domingo, diminuindo bastante sua desvantagem para Quartararo num dia em que o piloto da Yamaha não esteve nada bem.

A corrida de hoje foi um mano a mano entre Bagnaia e Márquez, com ambos dominando a corrida inteira, mesmo que sempre com o italiano na frente. A impressão que se passava era que Márquez estava apenas esperando o momento para dar o bote certeiro e vencer em Aragón, pista que sempre andou muito bem. Contudo, as voltas foram passando e Bagnaia se mantinha sólido na ponta, aumentando a ansiedade de Márquez, que começava a efetuar ataques, prontamente defendidos por Bagnaia. Foram um total de sete trocos em toda a corrida e em todos eles, Bagnaia se comportou muito bem, mostrando sua pilotagem cerebral e não se importar em ter uma lenda atrás dele. Pecco rechaçou um último ataque desesperado de Márquez na última volta que lhe deu espaço para vencer pela primeira vez na MotoGP e garantir bons pontos num dia em que Fabio Quartararo foi muito mal e terminou numa opaca oitava posição. O francês já tinha avisado que Aragón não era uma pista boa para ele e no domingo isso se comprovou.

Na volta de desaceleração, era nítido que Márquez sentia o braço direito ferido pelo acidente do ano passado. A vida de um esportista pode mudar de uma hora para outra. Até Jerez no ano passado, Marc Márquez parecia imbatível, transbordando em confiança. Após seu acidente, o espanhol multi-campeão vai sobrevivendo com alguns lampejos de sua genialidade, limitada pelo seu grave ferimento, mas que felizmente Márquez começa a se manter no primeiro pelotão de forma constante, apesar do seu braço direito, porém, ainda muito longe do nível Marc Márquez de antes de Jerez. Outra lenda que está mal é Rossi. De aposentadoria confirmada, o italiano chegou a frequentar a última posição e não conseguiu ultrapassar Viñales, que estreou na Aprilia nesse domingo ainda tateando uma moto muito diferente do que estava acostumado.

A primeira vitória de Bagnaia pode lhe dar a confiança necessária para enfrentar Quartararo, que nesse domingo teve uma recaída gigantesca e teve um dia que lembrou os da sua derrocada no ano passado. Fabio ainda tem uma boa vantagem no campeonato, mas não pode baixar a guarda, com a possível subida de Pecco. 

sábado, 11 de setembro de 2021

Ganhou, mas não levou


 As esquisitices da F1 em tentar garantir emoção deu as caras nesse sábado em sua segunda Sprint Race. Valtteri Bottas largou bem, se aproveitou da péssima largada de Lewis Hamilton para afugentar qualquer ordem de equipe da Mercedes, administrou bem a Sprint Race para vencê-la em Monza, fazendo-o ter a honra de largar na pole na corrida de amanhã. Ou não? A Mercedes havia decidido trocar várias peças do motor de Bottas e sabia-se que independentemente do que o finlandês fizesse hoje, ele sairia de último no domingo. Ou seja, de nada interessou Bottas ter feito uma corrida perfeita na Sprint. O problema foi que a Mercedes não contava com a péssima largada de Hamilton, que de segundo caiu para sexto e ainda se aproveitou do abandono de Gasly para terminar em quinto. Ótimas notícias para Verstappen, que chegou num isolado e sossegado segundo lugar para garantir a pole amanhã.

Como aconteceu no experimento em Silverstone, a Sprint Race não foi das corridas mais animadas, pois pilotos e equipes sabem que os pontos são conquistados no domingo e não adianta ser agressivo numa mini-corrida. O momento de grande tensão se deu na largada e foi ali que o plano da Mercedes para esse final de semana foi por água abaixo. Hamilton e Bottas chegariam lado a lado, fechando o caminho de Verstappen, e o inglês emergiria em primeiro para ganhar a pole e mais três pontos no campeonato. Isso seria o mundo perfeito idealizado por Toto Wolff, mas deu tudo errado e Bottas chegou sozinho na primeira curva e a partir daí não viu mais ninguém à sua frente rumo a vitória, aos três pontos e a vigésima posição amanhã. Hamilton foi engolido por Verstappen, a dupla da McLaren e Gasly, mas o francês acabou tocando de leve em Ricciardo, quebrando sua asa dianteira e saindo reto no Curvão, num acidente potencialmente perigoso, mas onde Gasly só lamentará ter que sair da última fila amanhã. Para piorar o dia de Alpha Tauri, Tsunoda bateu em Kubica, também quebrou a asa dianteira e largará das últimas posições amanhã. De resto, foi uma corrida com poucas emoções, onde Hamilton sequer fez um ataque mais incisivo em cima de Norris.

Isso posto, Max Verstappen foi o grande vencedor do dia, pois aumentou em dois pontos a sua vantagem sobre Hamilton no campeonato e terá os dois carros da McLaren amanhã entre ele e seu rival no grid. Ricciardo mostrou seu bom histórico em Monza e pela primeira vez em três anos sairá da primeira fila. A Mercedes mostrou um ritmo melhor de corrida e nada impede de Hamilton ir para cima amanhã, mas Lewis terá que mostrar muito mais gana amanhã do que hoje para ter Max na alça de mira logo, ou será tarde demais para um ataque, podendo ocasionar uma vitória de Max num palco favorável à Mercedes, o que seria muito ruim para as aspirações de Hamilton no campeonato. 

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Anúncios nada secretos

 


Desde muito tempo a F1 tem como característica prorrogar seus anúncios, mesmo que todo mundo já saiba o que vai acontecer. A rádio paddock é tão forte, que raramente algum anúncio espanta alguém. Ontem pela manhã a Alfa Romeo fez o primeiro movimento, com a chegada de Valtteri Bottas para o lugar do aposentado Kimi Raikkonen. Obviamente a Mercedes não demorou mais do que vinte e quatro horas para anunciar o substituto de Bottas, o talento emergente de George Russell. Algo que o fã mais atento da F1 já sabia faziam alguns dias, sendo que no caso da entrada de Russell na Mercedes, pode-se colocar na casa das semanas.

Piloto fiel à Toto Wolff desde que entrou na Williams quase dez anos atrás, Bottas foi ficando na Mercedes por se mostrar um excelente segundo piloto, mas o tempo do nórdico já tinha passado faz algum tempo, mas Wolff recompensou a fidelidade de Bottas ao só anunciar a sua saída da Mercedes quando achou um lugar para ele na F1 a partir de 2022. A escolha da Alfa Romeo não é da mais óbvias pela relação que a Alfa tem com a Ferrari, mas Wollf tem ótima relação com Frederic Vasseur, chefe da equipe da Alfa, e convenceu o amigo a abrigar Bottas. Numa das coisas do destino, quando Mika Hakkinen se aposentou, ele foi substituído por Raikkonen na McLaren e vinte anos depois é a vez de Kimi sair de cena e no seu lugar entrar um compatriota seu.

A chegada de George Russell na Mercedes poderia ter acontecido um ano antes, pois mesmo com o lobby da imprensa inglesa para colocar o jovem piloto na equipe mais poderosa da F1, Russell vinha fazendo por onde entrar numa equipe de ponta. Wolff poderá ter a sensação que Mattia Binotto teve em 2019 na Ferrari, quando trocou um confiável segundo piloto (Raikkonen) para colocar um piloto ascendente (Leclerc) ao lado de um Prima Donna (Vettel). O resultado não foi dos mais tranquilos, com Leclerc e Vettel se metendo em encrencas nos dois anos em que tiveram juntos e a Ferrari não tendo tato para segurar seus pupilos. A expectativa que fica é saber como será o aproche de Russell numa Mercedes reinada por Lewis Hamilton desde 2016, quando Nico Rosberg abandonou a equipe de forma repentina.

Se para Vettel a chegada de Leclerc na equipe foi danoso a ponto do alemão sair pelas portas do fundo da Ferrari, Hamilton terá o desafio de não ter destino semelhante e enfrentar um piloto jovem e faminto, que terá como primeiro e óbvio alvo, o principal piloto da equipe, no caso Hamilton. Tratado como o futuro da Mercedes, até pela grande diferença de idade, George Russell será um piloto a ser observado no momento em que a F1 verá sua aguardada revolução do regulamento. Assim como todos ficarão de olho como Hamilton se comportará frente a um companheiro de equipe diferente dos que teve na carreira.

Além dessas trocas, a Alpha Tauri anunciou que manterá Gasly e Tsunoda ano que vem, sobrando poucas vagas para 2022. Assim como na movimentação da Mercedes, algo que todos esperavam, porém, Gasly já começa a se impacientar em não ter seu valor reconhecido por Helmut Marko, cego (sem trocadilhos) em sua corujice para com Max Verstappen. Da mesma forma que chegou à F1 pelas mãos da Red Bull, Gasly está empacado por causa da empresa dos energéticos. Até quando ele aguentará? 

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Figura(HOL): Max Verstappen

 Não poderia ser outro! Desde os tempos de Nigel Mansell e Ayrton Senna não se via uma conexão tão forte entre piloto e torcida nacional como foi visto em Zandvoort com Max Verstappen. O neerlandês literalmente levantou a torcida e, por que não, um país inteiro com sua vitória categórica em sua casa, na volta de Zandvoort à F1 depois de 36 anos. Porém, nunca o circuito a beira da praia viu uma corrida tão festiva.

Figurão(HOL): Sergio Pérez

 Ele foi escolhido pelo público como o piloto do dia, mas Sergio Pérez esteve longe, muito longe de cumprir o que dele se espera quando foi contratado pela Red Bull. Vendo os seguidos insucessos de Gasly e Albon, a Red Bull esperava que Pérez fosse um bom escudeiro de Max Verstappen, fazendo dupla com o piloto principal da equipe nas brigas com a Mercedes, que normalmente coloca dois carros na disputa. Sera uma disputa mais igual com a rival alemã. Outro ponto era que Pérez marcasse importantes pontos no Mundial de Construtores para a Red Bull, pois não raro Verstappen marcava até mesmo 75% dos pontos da equipe no ano, não dando chances à Red Bull superar a Mercedes nesse campeonato. Isso posto, Pérez fracassou de forma retumbante nesse final de semana na Holanda. Em nenhum momento Checo esteve perto de Verstappen e com o mesmo carro do pole, Pérez ficou na décima sexta posição no Q1, sendo eliminado de forma vexatória. Largando tão de trás foi a deixa para a Red Bull trocar peças da unidade de potência do mexicano e Pérez largou dos boxes. Logo no início ele estragou seus pneus duros numa tentativa de ultrapassagem em cima de Mazepin, fazendo Pérez fazer uma parada prematura. Depois disso Sergio efetuou belas ultrapassagens rumo ao oitavo lugar. Enquanto isso, Verstappen teve que lhe dar com os dois carros da Mercedes sozinho, derrotando-os de forma incrível. Mesmo perdendo a corrida, a Mercedes tinha dois carros no pódio e abria uma boa diferença no Mundial de Construtores. Afinal, a equipe tedesca marcou bons pontos com dois carros, enquanto a Red Bull só o fez com um carro. Já que Pérez não conseguiu andar sequer perto de Verstappen, deixando-o só e sem marcar bons pontos. Desde que renovou contrato, Pérez está devendo.

domingo, 5 de setembro de 2021

Tudo preparado

 


A organização do Grande Prêmio da Holanda tinha tudo preparado. Haviam chamado a família real e convocado uma cantora para cantar o hino nacional no pódio. Só faltava Max Verstappen fazer sua parte. E o neerlandês o fez com extrema competência, mesmo enfrentando sozinho as maquinações da Mercedes em toda a corrida, Max venceu com autoridade e não deixou dúvidas que a vitória seria sua na frente de sua fanática torcida. Uma festa linda aconteceu em Zandvoort, lembrando as épicas vitórias de Mansell e Senna em Silverstone e Interlagos respectivamente, onde a conexão entre torcida e piloto foi tão grande quanto hoje entre o mar laranja e o carro de número 33 de Max Verstappen.


Como esperado, a corrida não foi grandes coisas e muita coisa foi decidida na estratégia. Um circuito sinuoso e estreito fez a alegria dos pilotos, mas quem não torcia por Max Verstappen viu uma corrida sem maiores emoções. Max Verstappen encaminhou boa parte de sua vitória na largada, onde se posicionou na frente de Lewis Hamilton e daí em diante, apenas administrou as estocadas da Mercedes na estratégia. O que a Mercedes fazia com Hamilton, a Red Bull chamava Max a fazer na volta seguinte. Simples assim. A curva inclinada causou um bom desgaste de pneus e os líderes foram para uma estratégia de duas paradas, mesmo que boa parte do pelotão tenha arriscado a tática de uma parada. A diferença entre Max e Lewis variou 1,5s e 4s a corrida inteira, mesmo que havia a sensação de que Verstappen tinha reserva se Hamilton tentasse alguma gracinha. Foi uma corrida tática e sem emoções, mas a torcida holandesa não tinha do que reclamar. O velho circuito de Zandvoort foi tomado de assalto por uma onda laranja que coloriu as arquibancadas, junto com uma névoa laranja promovida pela torcida. No fim, Max se enrolou numa enorme bandeira holandesa que garantiu lembranças boas de como a F1 pode conectar um piloto com a torcida.


Para a Mercedes só restou tentativas de jogar com a estratégia, já que Verstappen corria sem apoio do seu companheiro de equipe. Bottas foi um fator nessas jogadas, mas talvez de saída da Mercedes, o finlandês chegou a desobedecer a equipe. Primeiro Valtteri ficou em desvantagem por ficar na pista mais tempo e encarar uma estratégia de uma parada, mas o nórdico foi engolido por Verstappen. Depois Bottas foi chamado para uma parada no finalzinho da corrida e colocou pneus macios. Contudo, o ponto de melhor volta já era de Hamilton e não havia interesse da Mercedes que Lewis perdesse esse valioso pontinho. Porém, Valtteri foi lá e marcou a melhor volta, fazendo com que a Mercedes efetuasse uma terceira parada para Hamilton, que na última passagem ficou com a melhor volta e o precioso ponto. Num campeonato onde cada ponto está contando bastante, a vitória de Max Verstappen o colocou novamente na ponta do Mundial de Pilotos, com Hamilton logo atrás. Com a classificação bisonha de Pérez, a Red Bull ficou para trás no certame de construtores. Mesmo com Pérez fazendo várias ultrapassagens e se divertido bastante, o mexicano esteve longe de fazer um bom trabalho no final de semana holandês. Primeiro foi a péssima classificação que levou a Red Bull o colocar para largar dos boxes, depois Sergio acabou com seu jogo de pneus duros no começo da corrida numa tentativa infrutífera de ultrapassar Mazepin, forçando uma parada prematura. As boas e belas ultrapassagens de Pérez na corrida aliviou um pouquinho sua barra, mas desde que renovou contrato Checo vem devendo.


A corrida foi bem estática e os cinco primeiros da primeira volta receberam a bandeirada nas mesmas posições. Gasly fez uma corrida solitária e terminou em quarto, reclamando de ter ficado para trás na preferência da Red Bull para 2022. Leclerc foi outro que fez uma corrida solitária na quinta posição, muito na frente de Sainz, que só perdeu a sexta posição para Alonso na última volta. Esteban Ocon voltou a sua realidade, mesmo que ofuscado por completo por Alonso e Lando Norris foi um dos últimos a fazer sua parada e conseguiu se livrar de uma turma de carros que vinha à sua frente lhe atrapalhando, marcando um pontinho. De resto, vários trens de pilotos sem conseguir ultrapassagem. Stroll só se viu livre da presença de Russell quando esse quebrou nas voltas finais. Ricciardo até largou bem, mas foi perdendo rendimento e ficou fora dos pontos. Antonio Giovinazzi mostrou porque ele pode estar fazendo suas últimas corridas na F1. O italiano mostra boa velocidade nos treinos e até supera Raikkonen em posições no grid, mas Antonio não tem ritmo de corrida e despencou de sua ótima sétima posição, ficando logo à frente de Kubica, que voltou a correr de F1 após quase dois anos. Já no pelotão de trás, coitado do Günther Steiner. Não bastasse a Haas ter o pior carro do grid, ainda tem dois pilotos que não se entendem. Mazepin reclamou ontem de Mick Schumacher e hoje deu o troco com uma fechada criminosa na reta dos boxes.


A bela festa em Zandvoort não escondeu que a tradicional pista a beira da praia está obsoleta para a F1 atual. Com um carro tão grande, com tamanha potência e aceleração, ultrapassar com carros em condições parecidas beirava o impossível. No entanto, a festa da torcida para Max compensou e muito a falta de emoção desse Grande Prêmio da Holanda.

sábado, 4 de setembro de 2021

Primeiro ato

 


O esperado retorno de Zandvoort bem no melhor momento de Max Verstappen na F1 até o momento teve seu primeiro ato completado com sucesso, mesmo com alguns probleminhas aqui e ali. Porém, a torcida fez sua parte e vestida toda de laranja, deu um belo show nas arquibancadas do estreito e traiçoeiro circuito neerlandês. O Grande Prêmio da Holanda era um dos mais tradicionais do calendário da F1 e a casa era sempre cheia, mesmo sem pilotos da casa. Com um piloto nativo e liderando o campeonato... A festa foi grande e Max ajudou com uma bela pole dentro da pista.

Com praticamente o mesmo traçado e algumas melhorias de estrutura, a Holanda voltava a receber a F1 com muito entusiasmo, principalmente para torcer por Verstappen. Um circuito Old School agradou a todos, mesmo que as pequenas áreas de escape com grama e brita tenham provocado seis bandeiras vermelhas até o momento no final de semana. Outro fator que chamou atenção foi a demora em resolver os problemas que teoricamente seriam simples, podendo ocasionar uma corrida truncada amanhã. Isso tudo não diminuiu o vexame de Pérez ficar ainda no Q1, mesmo que a diferença entre os pilotos tenha sido incrivelmente pequena, vitimando também Vettel. Desde que renovou seu contrato Pérez não vem se apresentando bem. O Q2 foi marcado por duas saídas de pista dos pilotos da Williams e com menos tempo, a vítima da vez foi Lando Norris, pela primeira vez fora do Q3 em 2021.

Até o momento Verstappen vinha aumentando a festa da torcida com um domínio nos treinos, principalmente com pneus macios, usados por todos os pilotos no Q2, pois com as diferenças pequenas, ninguém queria arriscar. A Mercedes chegou a ficar seis décimos atrás de Max, mas Hamilton fez a diferença e ficou meros 38 milésimos atrás de Verstappen, que se não tivesse melhorado seu ótimo tempo em sua segunda tentativa, ele teria perdido a pole. Mesmo largando em segundo, pelo menos Hamilton terá a companhia de Bottas, enquanto Pérez sairá das últimas posições amanhã. Gasly fez um ótimo trabalho ao superar a dupla da Ferrari. Giovinazzi, que estaria a ponto de ser dispensado pela Alfa, conseguiu seu melhor resultado na F1 com um sétimo lugar, enquanto Raikkonen será substituído por Kubica ao ter seu teste de Covid dando positivo. 

Zandvoort se mostrou um circuito estreito e as ultrapassagens não será nada fáceis, fazendo da classificação de hoje extremamente importante. Ponto para Max. Não resta dúvidas que a festa amanhã será grande, principalmente se Max Verstappen confirmar o favoritismo e vencer na frente dos seus fanáticos fãs.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

História: 20 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 2001

 


Michael Schumacher havia garantido o seu quarto título na F1 na quinzena anterior na Hungria, mesmo palco onde a Ferrari conquistara o Mundial de Cosntrutores, isso tudo acontecendo ainda no verão europeu. Se no ano 2000 o duo Ferrari/Schumacher demorou a confirmar o favoritismo, em 2001 essa dobradinha tinha conseguido seus objetivos com uma antecedência poucas vezes vistas na história da F1! Faltando ainda quatro corridas para o fim da temporada, os maiores objetivos da Ferrari era dar o vice-campeonato para Rubens Barrichello e que Schumacher se tornasse, de forma isolada, o piloto com mais vitórias na história da F1. Olhando de fora, pensava-se que a Ferrari nadou de braçada em 2001, mas não foi assim. A McLaren mantinha a sua força e David Coulthard fora o principal rival de Michael no ano, mas era a Williams que retornava aos bons tempos com a ajuda da potência do motor BMW, o melhor da F1 na ocasião. Como Spa era uma pista de alta velocidade, era esperado que a Williams dominasse, como fizeram em Hockenheim.

Juan Pablo Montoya conquistou sua segunda pole position na F1 em uma sessão de qualificação emocionante, que foi disputada sob condições mistas graças ao clima sempre instável na floresta das Ardenas. Seu companheiro de equipe Ralf Schumacher foi o segundo na frente de Michael Schumacher (que ainda não conseguira a pole em Spa até aquele momento) e um surpreendente Heinz Harald Frentzen em quarto com o Prost. Rubens Barrichello era apenas quinto na frente de outra surpresa, Jacques Villeneuve na BAR. A McLaren fracassou de forma retumbante na classificação embaralhada, enquanto alguns pilotos conseguiram suas melhores classificações no ano, como foi o caso de Fisichella na claudicante Benetton.

Grid:

1) Montoya (Williams) - 1:52.072

2) R.Schumacher (Williams) - 1:52.959

3) M.Schumacher (Ferrari) - 1:54.685

4) Frentzen (Prost) - 1:55.233

5) Barrichello (Ferrari) - 1:56.116

6) Villeneuve (BAR) - 1:57.038

7) Hakkinen (McLaren) - 1:57.043

8) Fisichella (Benetton) - 1:57.668

9) Coulthard (McLaren) - 1:58.008

10) De la Rosa (Jaguar) - 1:58.519


O dia 2 de setembro de 2001 amanheceu com céu nublado e o risco sempre forte de chover no belo circuito de Spa, mas na largada a pista estava seca. Mesmo se aproveitando de uma classificação caótica, a dupla da Williams era a favorita para a corrida. Quando os carros se preparavam para sair da volta de apresentação, uma daquelas cenas de partir o coração aconteceu quando Frentzen ficou parado na saída e o alemão largaria em último. Isso, até ser a vez de Montoya ficar parado na segunda tentativa e seria o colombiano a largar de último, elevando Ralf para a pole, que a confirmou na largada até ser ultrapassado pelo irmão na Les Combes. Na quinta volta Luciano Burti atacava Eddie Irvine na entrada da velocíssima curva Blanchimont, mas o irlandês não viu o Prost de Burti, que teve a asa dianteira arrancada e foi reto em direção a barreira de pneus feito um míssil! Com o carro de Burti enterrado na barreira de pneus, a bandeira vermelha foi mostrada. Irvine também saiu da pista e foi um dos mais ativos em tirar Burti daquela situação. O capacete de Burti rachou e ele foi levado para o hospital. Tinha sido a última corrida de F1 da breve carreira do brasileiro na categoria.


A segunda largada aconteceu trinta minutos mais tarde e a ordem de largada era a mesma da quarta volta e tinha Michael Schumacher, Ralf Schumacher, Rubens Barrichello, Mika Hakkinen, David Coulthard e Giancarlo Fisichella nas seis primeiras posições. Na saída da terceira volta de apresentação, a equipe Williams se atrapalhou toda e como resultado, enquanto os carros saíam normalmente, Ralf Schumacher ainda estava em cima dos cavaletes. De grande favorita à vitória, a Williams veria seus dois carros saindo das últimas posições e as coisas ainda piorariam! Michael Schumacher largou muito bem e se manteve na ponta, enquanto Fisichella conseguia uma largada inacreditável e pulava para segundo, com Button em quarto. Era a melhor corrida da Benetton no ano! Button não segurou Barrichello e a dupla da McLaren por muito tempo, mas Fisichella fazia um ótimo trabalho e se mantinha em segundo. Mais atrás o dia da Williams piorava com a quebra do motor de Montoya.  Pedro de la Rosa e Nick Heidfeld se tocaram na La Source e ambos tiveram que abandonar a prova. O ritmo de Schumacher era infernal e em oito voltas já tinha 17s de frente para Fisichella, que segurava heroicamente Barrichello e Coulthard. A primeira rodada de paradas começava cedo, indicando uma tática de duas paradas para a maioria dos pilotos. Hakkinen tinha sido o primeiro a parar e de forma impressionante emergia na frente de Barrichello, mas Coulthard tinha sido ainda melhor e estava na frente dos dois. Fisichella fazia uma corrida estupenda e além de ter sido a último a parar, ainda manteve confortavelmente sua segunda posição com a parada mais rápida do dia.


Na volta 18 Barrichello perdeu sua asa dianteira passando por cima da zebra da Bus Stop e teve que completar uma volta completa sem o bico. Ele perdeu muito tempo antes de entrar nos boxes. Uma volta depois, Jenson Button fez o mesmo, rodou e abandonou no local. Na volta 23 Fisichella faz sua segunda parada e surpreendentemente não trocou seus pneus dianteiros. Coulthard parou na volta seguinte e retornou à pista colado em Fisichella, efetuando a ultrapassagem na volta 28. Michael e Hakkinen fazem suas paradas e ambos permanecem nas suas posições, mas os quatro primeiros estavam bem espaçados, com Trulli num distante quinto lugar com a Jordan e Jean Alesi, que estreava na Jordan, era sexto, mas teria que suportar a pressão de Rubens Barrichello e Ralf Schumacher nas últimas voltas. Rubens deixou Alesi para trás facilmente, mas o dia da Jordan pioraria ainda mais quando Trulli abandonou com o motor quebrado na volta 32, deixando Alesi novamente nos pontos com o sexto lugar. Era esperado que Ralf Schumacher passasse por cima de Alesi, mas o veterano francês fez uma corrida aguerrida, não dando chances ao melhor equipamento do alemão. Enquanto o mais jovem sofria, o mais velho recebia a bandeirada em primeiro pela 52º vez na F1 e com isso Michael Schumacher se tornava o maior vencedor da história da F1 de forma isolada. Coulthard ficou em segundo na frente de um alegre Fisichella, que sofreu bastante com a Benetton nas primeiras corridas, chegando a largar na penúltima fila, mas o romano usufruía o desenvolvimento da equipe italiana na segunda metade da temporada e naquele momento subia ao pódio. De forma emocionante, Jean Alesi assegurou a sexta posição, o que foi bastante comemorado pelo fãs e pelo piloto francês. Esse ponto seria o último de Alesi na F1.

Chegada:

1) M.Schumacher

2) Coulthard

3) Fisichella

4) Hakkinen

5) Barrichello

6) Alesi

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Hei Hei


 De uma forma bem peculiar (um pequeno texto no Instagram), Kimi Raikkonen anunciou que 2021 será sua última temporada na F1. Nada mais normal para um piloto peculiar, mas que nos últimos anos vem se caracterizando mais pelo comportamento anti-social mais divertido do esporte do que pelo o que faz nas pistas.

Kimi Raikkonen teve uma carreira logicamente muito longa na F1, com vários altos e baixos. Piloto extremamente talentoso, o finlandês rapidamente se tornou uma estrela mesmo estreando na categoria máxima do automobilismo após apenas 23 corridas de F-Renault. Kimi era mesmo diferente, mas isso ficava claro na pista. Raikkonen foi uma das estrelas da era pós-Schumacher, ganhando seu único título no primeiro ano após a aposentadoria do lendário alemão. Raikkonen tinha uma pilotagem explosiva em sua passagem na McLaren e nos primeiros anos da Ferrari, mas alguns indícios mostravam que Kimi não seria um gigante da F1. Sua vida extra-pista era completamente vida loca e ao conquistar seu título em 2007, Raikkonen se entregou ainda mais às farras, com direito a muita bebedeira. 

Isso fez com que Kimi abandonasse a F1 pela primeira vez quando tinha apenas 30 anos, mostrando uma falta de motivação impressionante para alguém tão novo e com tanto potencial. Os anos sabáticos de Kimi foram completados com aventuras nos ralis e até mesmo na Nascar, mas Raikkonen voltou à F1 dois anos depois na estranha equipe Lotus/Renault. Parecia que não daria muito certo, principalmente pelo o que Michael Schumacher vinha mostrando em sua volta à F1 e pelo equipamento que Kimi tinha nas mãos, mas o nórdico conseguiu resultados surpreendentes, com muitos pódios e uma vitória, ganhando uma vaga de volta à Ferrari. Porém, ao chegar na Ferrari na sombra de Alonso e depois de Vettel, Kimi se tornou um piloto burocrático, daqueles funcionários que batem o ponto na hora certa de entrar e sair, fazendo o arroz-com-feijão. Raikkonen não brigou pelo título, mas arrebatou pontos importantes para a Ferrari. Pelo menos Raikkonen conseguiu sua vitória de número 21, se tornando o piloto finlandês com mais vitórias na F1, juntando ao recorde absoluto de corridas na categoria.

Mesmo sendo um piloto burocrático nos últimos anos, Raikkonen conseguiu arrebatar mais a mais fãs. Como isso foi possível? Quando chegou na F1, Raikkonen era ranzinza e de poucas palavras, fazendo com que muitos o achassem antipático. No entanto, com a chegada das redes sociais e a chegada de pilotos mais e mais 'certinhos', um cara tão descolado como Raikkonen o fez ganhar a simpatia da torcida. Kimi era um sujeito imperfeito como todos nós, fazendo nenhuma força para agradar ninguém. Se para outros pilotos seria sinônimo de arrogância, as patadas de Raikkonen via rádio se tornaram mitológicas, entrando para o folclore da F1 e fazendo a alegria dos torcedores. Talvez nem tanto para quem ouvia os desaforos...

Aos 42 anos de idade Raikkonen deixa a cena da F1 e pode iniciar a queda de dominós do mercado de pilotos. Com um lugar na Alfa Romeo vago, o piloto que estaria indo correr com os italianos fala até mesmo a língua de Kimi: Valtteri Bottas. Fazendo uma temporada horrorosa com a Mercedes, Toto Wolff não teria mais desculpas para manter Bottas na equipe, trocando-o pelo ascendente George Russell. Como Bottas é empresariado por Wolff, o dirigente fez de tudo para manter Valtteri no grid em 2022.

Em Abu Dhabi, Raikkonen verá a bandeirada pela última vez dentro de um carro de F1. Se antes o finlandês era adorado por sua pilotagem explosiva, hoje ele é ainda mais adorado pelas explosões via rádio. Perguntado o que falaria com Kimi Raikkonen com 21 anos, o finlandês soltou essa:

- Nada. Eu não vou falar com ele mesmo...

É o seu Lunga nórdico mesmo!