A organização do Grande Prêmio da Holanda tinha tudo preparado. Haviam chamado a família real e convocado uma cantora para cantar o hino nacional no pódio. Só faltava Max Verstappen fazer sua parte. E o neerlandês o fez com extrema competência, mesmo enfrentando sozinho as maquinações da Mercedes em toda a corrida, Max venceu com autoridade e não deixou dúvidas que a vitória seria sua na frente de sua fanática torcida. Uma festa linda aconteceu em Zandvoort, lembrando as épicas vitórias de Mansell e Senna em Silverstone e Interlagos respectivamente, onde a conexão entre torcida e piloto foi tão grande quanto hoje entre o mar laranja e o carro de número 33 de Max Verstappen.
Como esperado, a corrida não foi grandes coisas e muita coisa foi decidida na estratégia. Um circuito sinuoso e estreito fez a alegria dos pilotos, mas quem não torcia por Max Verstappen viu uma corrida sem maiores emoções. Max Verstappen encaminhou boa parte de sua vitória na largada, onde se posicionou na frente de Lewis Hamilton e daí em diante, apenas administrou as estocadas da Mercedes na estratégia. O que a Mercedes fazia com Hamilton, a Red Bull chamava Max a fazer na volta seguinte. Simples assim. A curva inclinada causou um bom desgaste de pneus e os líderes foram para uma estratégia de duas paradas, mesmo que boa parte do pelotão tenha arriscado a tática de uma parada. A diferença entre Max e Lewis variou 1,5s e 4s a corrida inteira, mesmo que havia a sensação de que Verstappen tinha reserva se Hamilton tentasse alguma gracinha. Foi uma corrida tática e sem emoções, mas a torcida holandesa não tinha do que reclamar. O velho circuito de Zandvoort foi tomado de assalto por uma onda laranja que coloriu as arquibancadas, junto com uma névoa laranja promovida pela torcida. No fim, Max se enrolou numa enorme bandeira holandesa que garantiu lembranças boas de como a F1 pode conectar um piloto com a torcida.
Para a Mercedes só restou tentativas de jogar com a estratégia, já que Verstappen corria sem apoio do seu companheiro de equipe. Bottas foi um fator nessas jogadas, mas talvez de saída da Mercedes, o finlandês chegou a desobedecer a equipe. Primeiro Valtteri ficou em desvantagem por ficar na pista mais tempo e encarar uma estratégia de uma parada, mas o nórdico foi engolido por Verstappen. Depois Bottas foi chamado para uma parada no finalzinho da corrida e colocou pneus macios. Contudo, o ponto de melhor volta já era de Hamilton e não havia interesse da Mercedes que Lewis perdesse esse valioso pontinho. Porém, Valtteri foi lá e marcou a melhor volta, fazendo com que a Mercedes efetuasse uma terceira parada para Hamilton, que na última passagem ficou com a melhor volta e o precioso ponto. Num campeonato onde cada ponto está contando bastante, a vitória de Max Verstappen o colocou novamente na ponta do Mundial de Pilotos, com Hamilton logo atrás. Com a classificação bisonha de Pérez, a Red Bull ficou para trás no certame de construtores. Mesmo com Pérez fazendo várias ultrapassagens e se divertido bastante, o mexicano esteve longe de fazer um bom trabalho no final de semana holandês. Primeiro foi a péssima classificação que levou a Red Bull o colocar para largar dos boxes, depois Sergio acabou com seu jogo de pneus duros no começo da corrida numa tentativa infrutífera de ultrapassar Mazepin, forçando uma parada prematura. As boas e belas ultrapassagens de Pérez na corrida aliviou um pouquinho sua barra, mas desde que renovou contrato Checo vem devendo.
A corrida foi bem estática e os cinco primeiros da primeira volta receberam a bandeirada nas mesmas posições. Gasly fez uma corrida solitária e terminou em quarto, reclamando de ter ficado para trás na preferência da Red Bull para 2022. Leclerc foi outro que fez uma corrida solitária na quinta posição, muito na frente de Sainz, que só perdeu a sexta posição para Alonso na última volta. Esteban Ocon voltou a sua realidade, mesmo que ofuscado por completo por Alonso e Lando Norris foi um dos últimos a fazer sua parada e conseguiu se livrar de uma turma de carros que vinha à sua frente lhe atrapalhando, marcando um pontinho. De resto, vários trens de pilotos sem conseguir ultrapassagem. Stroll só se viu livre da presença de Russell quando esse quebrou nas voltas finais. Ricciardo até largou bem, mas foi perdendo rendimento e ficou fora dos pontos. Antonio Giovinazzi mostrou porque ele pode estar fazendo suas últimas corridas na F1. O italiano mostra boa velocidade nos treinos e até supera Raikkonen em posições no grid, mas Antonio não tem ritmo de corrida e despencou de sua ótima sétima posição, ficando logo à frente de Kubica, que voltou a correr de F1 após quase dois anos. Já no pelotão de trás, coitado do Günther Steiner. Não bastasse a Haas ter o pior carro do grid, ainda tem dois pilotos que não se entendem. Mazepin reclamou ontem de Mick Schumacher e hoje deu o troco com uma fechada criminosa na reta dos boxes.
A bela festa em Zandvoort não escondeu que a tradicional pista a beira da praia está obsoleta para a F1 atual. Com um carro tão grande, com tamanha potência e aceleração, ultrapassar com carros em condições parecidas beirava o impossível. No entanto, a festa da torcida para Max compensou e muito a falta de emoção desse Grande Prêmio da Holanda.
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