Após uma abertura de campeonato de pesadelo para a equipe austríaca com um inesperado zero ponto no Bahrein após um abandono duplo nas últimas voltas, o time chefiado por Christian Horner deu a volta por cima em apenas uma semana em Jedá, com uma bela vitória de Max Verstappen. A Ferrari permaneceu ameaçadora e os italianos ficaram com os melhores tempos em todos os treinos livres, mas a Red Bull não saiu da cola da Ferrari e quando Max Verstappen não estava à vontade na classificação, Sergio Pérez mostrou o porquê teve seu contrato renovado e garantiu sua primeira pole na F1 e também do México. Contudo, Checo foi alvejado pela má sorte com um SC fora de hora quando liderava com certa tranquilidade, mas Max estava lá quando Leclerc assumiu a ponta com a Ferrari. Com um acerto distinto de Leclerc, Verstappen teve paciência em poupar seu equipamento para atacar o piloto da Ferrari num final de corrida empolgante, com Max e Charles brigando em alto nível. No fim Verstappen sobressaiu e garantiu sua primeira vitória como campeão mundial, além de abrir luta contra Leclerc no que deve ser outra luta fratricida pelo título e Max contará com todo o apoio da Red Bull para defender seu título em 2022.
segunda-feira, 28 de março de 2022
Figurão(ARS): Liberty Media
Na sexta-feira a cidade de Jedá foi alvo de um ataque terrorista vindo do Iêmen, cuja minoria está em guerra contra a Arábia Saudita desde 2014. O alvo, uma refinaria de petróleo, estava a cerca de dez quilômetros da pista de Corniche e enquanto os treinos livres ocorriam, um forte cheiro de queimado emanava do local, além de uma enorme coluna de fumaça no horizonte. Tudo isso já seria mais do que justificável para que a F1 arrumasse as malas e se mandasse dali o mais breve possível, porém, a Liberty Media na figura do seu presidente Stefano Domenicalli soltou a gafe do ano até agora: Me sinto totalmente seguro aqui. Hein? A dez quilômetros de um alvo militar? E se os iemenitas errassem o alvo e o míssil caísse no meio dos boxes? Foi uma atitude absurda da Liberty, que chegou a declarar que se alguém estivesse incomodado estava livre para ir embora, mas quando os vinte pilotos colocaram na mesa um boicote pela situação, Domenicalli foi o primeiro a se meter na reunião (junto, é verdade, do presidente da FIA e dos chefes de equipe) para que o cronograma ocorresse normalmente. Não bastasse correr num país que pratica o chamado sportwashing de forma descarada, a Liberty simplesmente fechou os olhos para um atentado terrorista num lugar próximo da circuito. Apesar dos vários ganhos da Liberty em vários itens para a F1, o comportamento da empresa deixou bastante a desejar ao ignorar algo que deveria ser sagrado na F1: a segurança.
domingo, 27 de março de 2022
Basta ter paciência
sábado, 26 de março de 2022
O que eles estão fazendo lá?
Essa pergunta deve ser feita por várias pessoas nesse momento na Arábia Saudita. Desde o primeiro treino no circuito de Corniche, está claro que a pista é rápida demais para se correr praticamente sem nenhuma área de escape. Modificações foram feitas nos poucos meses entre a primeira corrida no final do ano passado e a segunda edição, a ser realizada nesse final de semana. Para piorar as coisas, um míssil vindo do Iêmen caiu numa refinaria de petróleo a meros dez quilômetros de distância da pista saudita na sexta-feira. Durante os treinos livres, podia-se sentir o cheiro de queimado e uma longa coluna de fumaça podia ser vista da pista. Imediatamente os organizadores da corrida disseram que era seguro se correr lá. Ok, deve ser bem seguro correr em Kiev nesse momento também, pela lógico Domenicaliana...
Numa situação em que os dirigentes já tinham se acertado, os pilotos se reuniram e por longas horas ficou o suspense se haveria ou não um boicote, que seria liderado pelos pilotos mais experientes (Alonso e Hamilton). Conversa dali, confabula daqui e levantou-se uma sinistra hipótese. Nunca é bom desagradar um tirano em sua casa. Como reagiria Mohammed bin Salman, o truculento príncipe saudita, se não houvesse corrida? Melhor não mexer com o homem, pensaram muitos e a corrida vai acontecer. Porém, Mick Schumacher deu uma nova amostra que a F1 está se queimando mais que a refinaria da Aramco ao correr na pista de Jedá. O alemão da Haas (por sinal, está batendo demais desde o ano passado) deu uma senhora pancada numa das várias curvas em sequência da pista de Jedá, assustando a todos, num acidente ainda mais forte que vitimou Grosjean no Bahrein em 2020. Felizmente, sem maiores consequências para Mick, mas a F1 está esperando ocorrer uma tragédia para tomar uma atitude?
Após uma hora de interrupção, o treino voltou, mas algo já chamava atenção antes do acidente de Schumacher. Que a Mercedes está longe dos bons dias, isso está claro, porém, Lewis Hamilton teve sua classificação mais apagada da sua carreira, onde o inglês não conseguia extrair velocidade do seu carro e ficou no Q1 pela primeira vez desde 2017, sendo que naquela oportunidade em Interlagos, Lewis havia batido. Para piorar, George Russell passou confortavelmente para o Q2 na quarta posição. Se Hamilton ficou afetado por toda a confusão que entrou madrugada adentro, não se sabe, mas o inglês foi completamente ofuscado pelo seu companheiro de equipe, que foi o único carro com motor Mercedes no Q3. Já pode-se afirmar que a Mercedes tem nesse momento o pior motor da F1, por incrível que pareça.
Desde os treinos livres Ferrari e Red Bull brigaram pela ponta, com os italianos liderando em todos os momentos. Muitos esperavam que Max Verstappen pudesse tirar uma volta da cartola e conseguir a pole, porém essa mágica quem fez foi Sergio Pérez, que conseguiu sua primeira pole e do México, se tornando o piloto que mais demorou para conseguir a primazia de larga na ponta no domingo. A Red Bull sorriu amarelo, principalmente com Max também irreconhecível no Q3, ficando apenas em quarto, com Leclerc e Sainz entre os dois carros austríacos. Sainz chegou a liderar o Q3, mas Leclerc mostrou que tem uma reserva de velocidade que o faz superar Sainz quando preciso. Ocon quase ficou de fora do Q3, mas acabou sendo o melhor do 'resto' da atualidade, ficando em quinto, na frente de Russell. Por sinal, atrás de Red Bull e Ferrari, a classificação esteve bem apertada, com Bottas, Alonso, Gasly e Magnussen bem próximos de Ocon. Um bom sinal para a F1, que precisa se livrar da pista de rua em Jedá ou até mesmo dessa indesejada visita à Arábia Saudita.
segunda-feira, 21 de março de 2022
Figura(BAH): Ferrari
Após uma temporada muito forte na segunda metade de 2019, quando tinha claramente o melhor motor da F1, a Ferrari foi alvo de uma investigação da FIA e sigilosamente foi repreendida pela entidade, além de não poder usar mais o motor. Coincidência ou não, a Ferrari caiu abruptamente em 2020. Foi um verdadeiro pesadelo para os italianos e a Ferrari teria seu pior ano em quarenta anos. Contudo, a Ferrari tinha um boia de salvação com os novos regulamentos que estreariam em 2021, mas com a pandemia, ficou para 2022. Mesmo com o mesmo carro, a Ferrari trabalhou apenas o suficiente para evitar o vexame do ano anterior em 2021 e ainda garantiu um terceiro lugar no Mundial de Construtores, mesmo que sem vitórias. A cabeça do time liderado pelo tão criticado Mattia Binotto era nos novos carros. E assim a Ferrari atravessou em 2021 sempre olhando para frente. Quando os novos carros foram para a pista nos primeiros tetes, imediatamente a Ferrari mostrou uma surpreendente velocidade, mas seria blefe? Não seria a primeira vez que a Ferrari se tornaria 'Campeã de Inverno'. Porém, o primeiro final de semana para valer no Bahrein mostrou que a Ferrari estava falando muito sério com seus testes sólidos e sem problemas. A homogênea dupla Leclerc-Sainz ficou na frente o tempo todo nos treinos, com o monegasco um degrau acima. Leclerc ficou na pole, liderou no primeiro stint e não arregou frente aos ataques do atual campeão mundial e antigo rival Max Verstappen. Sainz era um tranquilo terceiro colocado, quando ocorreu a hecatombe da Red Bull nas últimas voltas que garantiu a primeira dobradinha da Ferrari em três anos e Leclerc lidera o campeonato pela primeira vez na carreira. Foi um trabalho de paciência, que normalmente não caracteriza os italianos, mas que fez com que a Ferrari começasse a colher frutos e após vários anos, voltar a brigar pelo título. A F1 agradece!
Figurão(BAH): McLaren
Após os três primeiros dias de pré-temporada em Barcelona, se falava que haviam quatro equipes que brigariam pelo título de 2022. Além das equipes de ponta de 2021, Mercedes e Red Bull, a Ferrari aparecia muito forte e com um ritmo muito forte com ambos os pilotos. E havia a McLaren. Os ingleses fizeram bons testes em Barcelona e pareciam ser, no mínimo, a quarta força da F1 com uma pequena distância para os três grandes. Havia velocidade na Espanha e poucos problemas de confiabilidade. A ilusão de Zak Brown e companhia não duraria mais do que duas semanas. Na segunda bateria de testes no Bahrein, a coisa começou a desandar para a McLaren, com seguidos problemas mecânicos, principalmente nos freios e para piorar, Daniel Ricciardo foi acometido pelo Covid e todo o trabalho ficou à cargo de Lando Norris. Quando o primeiro final de semana de corrida de 2022 começou e todas as equipes mostrariam suas cartas, a situação da McLaren parecia ainda mais grave do que o imaginado. Em nenhum momento os ingleses ficaram próximos do top-10 na classificação e na corrida. Pontos? Puro delírio! Tentando fazer um diferente, a McLaren calçou seus pilotos com pneus médios no primeiro stint e o resultado foi Daniel Ricciardo chegando a ocupar a última posição, ultrapassado pela Williams de Nicholas Latifi. Apesar da desculpa de que as clientes da Mercedes terem ficado sempre com as últimas posições em Sakhir, as boas temporadas da McLaren em 2020 e 2021 subiram as expectativas da equipe chefiada por Brown e o fiasco no Bahrein mostrou que dificilmente a McLaren brigará por posições decentes em 2022, tendo que voltar aos sombrios tempos da parceria com a Honda, quando pontuar para a McLaren era motivo de júbilo...
domingo, 20 de março de 2022
Força da Penske
A corrida na perigosa pista do Texas teve o ritmo de sempre, com uma transição em alta velocidade até as últimas voltas nos mostrar quem brigaria de verdade pela vitória. Mesmo nessa longa fase de transição, o neozelandês Scott McLaughlin mostrou que irá para a temporada 2022 disposto a brigar constantemente pela vitória. Após seu triunfo num circuito de rua apertado, Scott foi para um circuito oval de alta velocidade com a mesma mentalidade e foi o piloto que mais liderou, inclusive nas voltas finais. Os pilotos da Penske sempre circundaram McLaughlin, especialmente Newgarden, que perseguiu o companheiro de equipe nas últimas voltas. Quando abriu a última volta, McLaughlin tinha à sua frente uma fila de retardatários e Newgarden usou sua experiência para uma cirúrgica ultrapassagem na última volta para conseguir uma emocionante vitória, que traz o americano de volta à briga pelo campeonato após uma corrida bem abaixo na abertura do campeonato em St Petersburg.
A forma como McLaughlin saiu do carro mostrava bem a mentalidade do neozelandês. O segundo lugar no Texas o manteve na liderança do campeonato, mas Scott saiu do carro inconformado por perder a vitória tão perto do final. Ao se recompor, congratulou Newgarden, enquanto mostra que irá muito forte para 2022. Marcus Ericsson, que recentemente foi 'jantado' por Jenson Button nas redes sociais, quebrou a hegemonia da Penske ao ficar em terceiro, bem à frente de Will Power. Um dos nomes da corrida foi Jimmie Johnson. Em sua primeira corrida num oval pela Indy, a lenda da Nascar rapidamente se sentiu em casa, principalmente pela pista do Texas ser parecida com boa parte das pistas que tem na Nascar (D'Shape de 1,5 milha) e JJ fez sua melhor corrida na Indy, perdendo o top-5 ao ser ultrapassado por Scott Dixon na penúltima volta. Alex Palou fez uma prova discretíssima para ser sétimo e manter a vice-liderança do campeonato. Pior sorte tiveram os pilotos da Andretti, com três abandonos e Colton Herta fora do top-10 após um pit-stop ruim.
Se 2021 a Indy foi surpreendida pela força de Alex Palou, 2022 podemos estar vendo a chegada de outro piloto fortíssimo em Scott McLaughin, com todo o apoio da poderosa Penske e finalmente pagar a aposta feita por Roger Penske ao tira-lo da Austrália e coloca-lo na Indy.
Ano começa vermelho
Com novos pneus de aro 18, o desgaste de pneus ainda é algo a ser aprendido por equipes e pilotos, fazendo com que muita gente procurasse os boxes uma terceira vez. Nesse momento as quinze voltas finais ficariam bem interessantes, pois Leclerc resolveu ficar na pista, enquanto os que vinham logo atrás da Ferrari trocaram os pneus pela terceira vez, porém, o motor de Pierre Gasly começou a pegar fogo e com o carro do francês parado ao lado da pista, o Safety-Car deu às caras. Sorte de Leclerc, que trocou os pneus sem maiores sobressaltos, enquanto Max reclamava via rádio de um problema no sistema de direção do seu carro. Parecia que problemas estavam à espreita no reino de Christian Horner. Na relargada, enquanto Leclerc desaparecia na frente, Sainz começou a atacar Max. Os dois que foram companheiros de equipe na Toro Rosso e não se davam muito bem, começaram uma briga onde Max começava a reclamar de potência. Faltou um pouco de huevos para Sainz ultrapassar logo, mas quando o espanhol efetuou a manobra e completar a dobradinha ferrarista, Verstappen apareceu lento e foi aos boxes para abandonar. Porém, nem tudo que esteja ruim que ainda possa piorar. Antes do SC, Pérez ensaiava um ataque em cima de Sainz pelo terceiro lugar, mas o mexicano logo estava sob ataque de Hamilton e o temido rádio de 'No Power' apareceu. Na abertura da última volta, Pérez rodou aparentemente sozinho, mas bastou um câmera on-board para perceber que ao virar o volante, o motor apagou, travando as rodas de Checo. Game Over para a Red Bull, que iniciou o ano com zero ponto e dos três abandonos da noite barenita, todos foram causados pelo powertrain Honda/Red Bull.
Será que ainda veremos o melhor de Márquez?
Esse forte acidente é mais uma da série de situações ruins que perseguem o espanhol multi-campeão desde o fim de 2019, quando conquistou o oitavo título mundial e parecia que nada pararia Marc Márquez. Os números de Márquez na MotoGP projetavam um recordista em todos os quesitos e as comparações com lendas do Mundial de Motovelocidade já colocavam Marc num restrito olimpo. Nada parecia dar errado para Márquez. Eram simplesmente seis títulos em sete temporadas. Porém, tudo começou a desandar na primeira corrida de 2020 em Jerez, quando caiu da moto e Márquez foi atingido no braço direito pela sua Honda que tantas alegrias tinham lhe dado. Imediatamente operado, uma série de erros acabaram por transformar essa lesão num pesadelo e numa espiral negativa, onde Márquez parece não conseguir sair. Foram três cirurgias para consertar seu braço, uma lenta recuperação e quando tudo tendia a voltar ao normal, uma queda de bicicleta fez voltar a angústia da diplopia que atrapalhou o espanhol na Moto2. A pré-temporada de 2022 foi atravancada pela recuperação da diplopia e a primeira etapa de 2022 havia sido discreta para Márquez, com um quarto lugar. Márquez chegou a participar dos testes em Mandalika com resultados encorajadores, contudo, um reasfaltamento fez com que a Honda perdesse o fio da meada do acerto da moto, fazendo Márquez participar do Q1, onde caiu duas vezes e teria que largar no meio do pelotão. Teria. Esse acidente no warmup, onde foi ejetado da moto e lhe rendeu uma concussão cerebral será mais um desafio ao espanhol. Passados dois anos e meio do acidente em Jerez, nada parece dar certo para Márquez, que é impedido de mostrar o seu melhor, aumentando o receio de que se um dia veremos ainda o melhor do espanhol.
Enquanto esperamos se Márquez ainda se recuperará totalmente, outros pilotos aparecem na cena da MotoGP. Miguel Oliveira não teve um 2021 feliz e a primeira corrida dessa temporada resultou em abandono. O português da KTM ainda viu seu companheiro de equipe Brad Binder subir ao pódio no Catar, aumentando a pressão sobre ele. Porém, Oliveira aproveitou-se da pista molhada em Mandalika para efetuar uma ótima largada, ultrapassar Quartararo e Jack Miller para assumir a liderança e não ser ameaçado até o final com uma pilotagem segura, a mesma que lhe deu duas vitórias em 2020. Que o triunfo na Indonésia seja a recuperação de confiança para o lusitano!
Quartararo sofreu no Catar, mas numa pista de Mandalika com poucas retas o atual campeão teria uma boa chance, mas o francês vacilou um pouco nas primeiras voltas no molhado e chegou a cair para quinto, porém, nos dois terços finais Quartararo foi o destaque da corrida com uma recuperação que o levou ao segundo lugar, dando a sensação que se houvesse mais voltas, ele poderia ameaçar a KTM de Oliveira. Zarco ainda salvou um terceiro lugar, ficando à frente de Miller, que chegou a liderar a corrida, mas como normalmente acontece com o australiano, perdeu o fôlego com o passar do tempo. Mesmo no piso molhado, onde Miller sempre anda bem, o piloto da Ducati sofreu. Menos mal que na comparação com Bagnaia o australiano ficou bem à frente. Vice-campeão e tendo o momentum à seu favor, Bagnaia ainda não se encontrou na temporada 2022. Vencedor da primeira corrida do ano, Enea Bastianini foi discretíssimo na Indonésia, mas ainda marcou pontos o suficiente para ficar na liderança do campeonato.
Enquanto Oliveira e Quartararo deram show, a organização indonésia se safou de um vexame com a chuva, mesmo atrasando a largada em uma hora. O novo asfalto se soltava no forte calor, diminuindo o número de voltas na Moto2 e o temor era qual seria o desgaste do asfalto nas potentes motos da categoria maior. Com a chuva, esse receio foi embora. Assim como todos esperam que a má fase de Marc Márquez termine algum dia.
quinta-feira, 17 de março de 2022
E que venha 2022
Os testes de pré-temporada indicam que o status quo da categoria não mudará dramaticamente, como muitos apostavam. Há um pelotão dianteiro bem forte, com Red Bull, Ferrari e Mercedes, talvez nessa ordem, com as demais sete equipes lutando para ser o melhor do resto, esperando que a diferença para as equipes grandes não seja tão grande quanto ocorreu ano passado quando o duo Red Bull/Mercedes estava claramente milhas à frente das demais. As equipes acumularam quilometragem e mesmo os tempos não podendo indicar muita coisa, a performance pode estar nas declarações ou até mesmo na linguagem corporal dos protagonistas. Quem saiu do Bahrein semana passada com um sorrido no rosto foi a Red Bull. O novo carro foi confiável e Max Verstappen ficou com o melhor tempo dos três dias no deserto, com Sergio Pérez mais próximo do neerlandês. O comportamento do novo Red Bull era estável, ao contrário da Mercedes.
Após o desempenho discreto em Barcelona, a Mercedes apareceu no Bahrein com um carro inovador, praticamente sem sidespots laterais, lembrando bastante o Lambo de 1991 com Nicola Larini. Contudo, o carro se mostrou bastante arisco e foi o que mais 'quicou' nas retas e até mesmo na curvas. O quiques, ou porpoising, é o mais novo problema do novo carro da F1 e a Mercedes é quem mais sofre com isso, fazendo com que Hamilton e George Russell, novo contratado da equipe, já falem em sérias dificuldades da Mercedes nas primeiras provas do ano, algo que muitos duvidam, do que seria mais um blefe da Mercedes. À aguardar. O certo é que algumas equipes já reclamaram das novas laterais do carro e se por acaso a Mercedes conseguir uma vantagem claro com a novidade, as demais equipes dificilmente poderão imitar os tedescos. Após certa especulação, Hamilton falou que voltou para 2022 mais perigoso do que nunca à procura do oitavo título, enquanto Russell procurará mostrar que mereceu toda a confiança da Mercedes após anos convincentes na Williams.
Uma das equipes que mais reclamaram do novo carro da Mercedes foi a Ferrari. Considerada a grande sensação da pré-temporada, a Ferrari foi a equipe que mais acumulou quilometragem, foi constantemente rápida e o carro se mostrou estável tanto na Espanha como no Oriente Médio. Sainz e Leclerc andaram muito próximos, aumentando a sensação de que a Ferrari tem uma dupla fortíssima, porém, ninguém sabe como os dois jovens se comportarão quando tiverem um carro vencedor nas mãos. O grande receio da Ferrari sob o carro da Mercedes é o conhecimento que os italianos tem um carro forte e que poderá voltar a brigar pelas vitórias em 2022. A McLaren parecia que poderia estar nessa briga, mas testes problemáticos no Bahrein diminuíram o ímpeto dos ingleses. Ricciardo pegou Covid e Norris testou tudo sozinho no Oriente Médio, enquanto o carro teve vários problemas que atrapalharam a McLaren e a sensação de que eles poderiam brigar pela vitória. Norris tentará manter a boa forma de 2021, principalmente na primeira metade do ano, enquanto Ricciardo sabe que um segundo ano abaixo das expectativas, ele que completará 33 anos, poderá ser definitivo em sua continuidade como piloto de ponta na F1.
Muitas equipes apostaram firme em 2022 com histórias idênticas, de que irão brigar pela vitória com os novos regulamentos. Contudo, todas essas equipes precisavam lembrar que em 2022 a F1 ainda terá apenas um vencedor e o pódio terá os mesmos três ocupantes. Muitas equipes não terão muita evolução em relação ao que fizeram nos últimos anos. A Alpine mudou muita coisa nos bastidores, inclusive a dispensa de Alain Prost, mas mesmo sendo uma equipe de fábrica, os franceses estiveram longe de estarem fortes o suficiente para brigar por vitórias, mesmo Alonso conseguido um ótimo quarto lugar no último treino. A Aston Martin parece perdida ao não ter o mesmo apoio estreito que já teve com a Mercedes e o carro não parece tão rápido ou confiável, enquanto Vettel tentará recuperar sua carreira, mas o alemão não participará da primeira corrida (Hulkenberg o substituirá) por contrair Covid. A Alpha Tauri manteve o DNA dos seus carros, com muita robustez e uma velocidade decente, dando armas para que Pierre Gasly consiga uma boa chance num time grande. Red Bull? O francês sabe que lá tem dono e sofreu quando lá esteve. Tsunoda espera um ano mais consistente, após muitos acidentes em sua temporada de estreia.
A Alfa Romeo trocou sua dupla de pilotos e Valtteri Bottas será pela primeira vez na carreira o piloto sênior de uma equipe de F1, tendo como desafio liderar a Alfa e ainda guiar o novato endinheirado Guanyu Zhou. A Williams sofreu um baita desfalque com a esperada saída de Russell para a Mercedes e espera que Alex Albon seja um substituto à altura do britânico, enquanto Nicholas Latifi se preocupa apenas que seu pai não atrase nenhuma fatura. Falando nisso, a Haas sofreu com a guerra iniciada por Putin na Ucrânia, mas olhando de uma forma diferente, os americanos acabaram se dando muito bem. Eles utilizando o dinheiro da Uralkali para projetar o novo carro, que pareceu melhor nascido que o anterior, mesmo que tendo que melhorar a confiabilidade. Porém, teria que aturar Nikita Mazepin. Teria. Com as sanções contra os negócios russos, a Uralkali não teve como financiar mais a equipe e sem o dinheiro russo, Mazepin foi dispensado. Para alegria íntima de Steiner e Haas. Tendo Mick Schumacher como uma aposta e claramente em evolução, agora o alemão terá como companheiro Kevin Magnussen, que correu muitos anos na Haas e se mostrou um piloto sólido, fazendo com que a Haas tivesse um bom carro e com as já faladas sanções, a Uralkai nem pode processar a equipe pelo dinheiro injetado no time americano...
A Band permanecerá transmitindo a F1 com uma cobertura maior do que a Globo e bastante elogiada. Com um 2021 tão bom, 2022 terá como desafio pelo menos emular o que houve ano passado e logicamente todos os holofotes estarão na rivalidade entre Max Verstappen e Lewis Hamilton. Agora com o número 1 no carro, o piloto da Red Bull terá menos pressão para defender o título, com a mesma situação de ter a Red Bull trabalhando praticamente para ele. E o carro novo parece bem nascido. Já Hamilton tentará mostrar que poderá fazer frente ao jovem ataque de Max e se isolar como o maior campeão da história da F1. Max ou Lewis? Um terceiro personagem aparecerá? É o que todos irão ver a partir do próximo domingo.
domingo, 13 de março de 2022
Que pena...
quarta-feira, 9 de março de 2022
Fim da esperança brasileira
Ainda nos treinos de pré-temporada a Haas tirou a marca da Uralkali do carro e pintou o bólido de branco, tirando as cores russas que caracterizavam o patrocínio russo, que garantiu o lugar de Mazepin, já que o dono da empresa é o pai de Nikita, Dmitry. Não demorou mais do que alguns dias para que a Haas demitisse Mazepin, além de anunciar o fim do patrocínio. A conta de Gene Haas foi bem simples. Mesmo perdendo o aporte financeiro da Uralkali, estar associado à empresa russa, que tem estreita ligação com Putin, seria ainda mais danoso a imagem do time do que perder o dinheiro do patrocínio e hoje vivemos num mundo onde não importa o que você é, mas o que você parece ser. Demitido Mazepin, começou o lobby para Pietro ser efetivado como titular e as esperanças aumentaram quando o neto de Emerson Fittipaldi foi anunciado nos testes dessa semana no Bahrein. Mas será que Pietro Fittipaldi realmente esteve perto de ser titular?
Mesmo sendo bilionário, Gene Haas precisa de dinheiro para fechar o orçamento da equipe, contando com a saída da Uralkaki, que já anunciou que entrará na justiça contra a Haas. Apostando em Mick Schumacher, Haas e Günther Steiner tiveram que engolir um Nikita Mazepin que desde sempre mostrou-se muito abaixo do nível de um piloto decente de F1. Dois novatos dificilmente agregam muito à equipe e mesmo evoluindo, era claro como o mar de Maragogi que Mazepin não contribuiria em nada tecnicamente ao time nessa temporada. Ao se livrar do russo, a Haas começou a pensar também tecnicamente e rapidamente um piloto experiente se faria necessário. Menos pontos para Pietro. Com a temporada praticamente batendo na porta, conseguir um pay-driver não seria das tarefas mais fáceis e então Gene e Günther focaram mais na experiência. Logo surgiram os nomes de Antonio Giovinazzi, com a vantagem de ter a parceira Ferrari ao lado, e Nico Hulkenberg, ainda namorando qualquer vaguinha na F1.
No entanto, ainda nessa quarta-feira surgiu o nome de Kevin Magnussen, que passou vários anos na equipe fazendo um trabalho ok na Haas. Mesmo contratado na IMSA e no WEC, além de já ter batido na velha tecla dos pilotos que passam na F1 sem sucesso (a F1 depende demais do carro, blá, blá, blá...), Magnussen rapidamente entrou no rol dos especulados e nessa tarde ele foi anunciado como novo-velho piloto da Haas.
Ainda não se sabe se K-Mag trará dinheiro para a equipe, mas o danês trará na bagagem alguns anos de F1, além de conhecer muito bem a equipe. O que fica no ar é: o que Magnussen ainda poderá acrescentar na F1 e na Haas?
O que importa para o Brasil foi o fim das esperanças de ter um piloto tupiniquim correndo como titular na F1. Pietro correrá no primeiro dia de testes no Bahrein e depois voltará ao simulador e dificilmente, em condições normais, terá uma chance clara na F1, podendo mudar seu foco para outra categoria. O mais importante, porém, é que fica claro que num futuro de curto/médio prazo, dificilmente um brasileiro chegará na porta da frente da F1. Caio Collet? Felipe Drugovich? Terão que fazer um 2022 muito superior à temporada passada se quiserem ser cotados na F1, além de ter uma academia por trás ou até mesmo um aporte financeiro gigantesco. A esperança brasileira na F1 demorou uma semana, acabou-se e deverá demorar muito tempo para ressurgir.
domingo, 6 de março de 2022
Gresini agradece dos céus
A primeira corrida da MotoGP mostrou bem o que deve vir por aí: provas apertadas e sem grandes favoritos. Pol Espargaró largou muito bem e tomou a ponta de Marc Márquez, que se aproveitou da bobeada do pole Jorge Martin para ficar na frente na primeira curva. Pol ainda não havia vencido na MotoGP, mas com muita experiência, liderou a maior parte da prova com categoria, mostrando que a Honda não vive mais tão dependente de Marc Márquez. O multi-campeão ficou em segundo por algum tempo, mas acabou errando na primeira curva e cedeu a posição para a KTM de Brad Binder, que fizera uma ótima largada. Márquez ainda perderia algumas posições num apertado primeiro pelotão, onde até o décimo colocado Pecco Bagnaia, todos andavam juntos.
Porém, as primeiras quedas não tardaram a acontecer e foi Bagnaia, que atacava Martin, que beijou o chão e levou a tiracolo o espanhol, fazendo do dia da equipe oficial da Ducati um pesadelo, pois Jack Miller abandonou ainda no início por problemas mecânicos. Porém, nem tudo estava tão ruim para a Ducati. Enea Bastianini havia largado na primeira fila, fora atrapalhado pela titubeada de Martin e estava em sétimo na primeira volta, mas como o primeiro pelotão estava muito compacto, o italiano ainda estava na briga. E foi escalando o pelotão. Enea foi ultrapassando um a um seus adversários e quando deixou o segundo colocado Binder para trás, faltavam menos de dez voltas para o fim e Espargaró estava 1,4s na sua frente. Como um veterano, Bastianini caçou Pol e com facilidade, usando a velha tática da potência do motor Ducati, ultrapassou o espanhol da Honda na reta dos boxes para assumir a ponta para não mais perdê-la. Açodado ao ver o sonho do primeiro triunfo ir embora, Pol tentou tudo na primeira curva, mas acabou passando reto e foi ultrapassado por Brad Binder, consolidando o inesperado pódio de Losail.
As últimas voltas foram de torcida absoluta para que nada ocorresse com Bastianini. As câmeras também recorreram aos boxes para ver Nadia Padovani as lágrimas esperando a bandeirada final, que foi dada para alegria de todo o paddock, que foi aos boxes da Gresini comemorar junto como se fosse um tributo à Fausto.
Essa vitória mostrou o quão boa é a moto da Ducati de 2021, mas a montadora precisa melhorar bastante a máquina atual, pois a melhor Ducati 2022 ficou apenas em oitavo, com Zarco. Pior esteve a Yamaha. O atual campeão Fabio Quartararo chegou a largar bem depois de largar na quarta fila, apareceu em sexto, mas esteve simplesmente impossibilitado de fazer algo pela vitória ou até mesmo o pódio, ainda perdendo o oitavo lugar para Zarco na última volta. Muito, muito mal a Yamaha, que precisa melhorar muito se quiser brigar por alguma coisa em 2022 e até mesmo manter Quartararo. A Suzuki pintou forte no final de semana com um bom motor e a mesma maneabilidade de sempre, mas as motos azuis ficaram fora do pódio, com Mir em sexto e Rins em sétimo. A KTM mostrou força apenas com Binder, o mesmo acontecendo com a Aprilia de Aleix Espargaró, com um bom quarto lugar e bastante próximo do irmão mais novo. Marc Márquez teve que se contentar com um pálido quinto lugar.
Losail nunca foi um bom indicador para o restante da temporada, mas o circuito catari serviu para nos mostrar que a MotoGP continua espetacular como sempre, com cada vez mais toques de imprevisibilidade. Para o Brasil, houve a chegada fulminante de Diogo Moreira na Moto3, com um ótimo sexto lugar em sua primeira corrida no mundial. Para a equipe Gresini, essa vitória de Bastianini é uma ótima homenagem para Fausto Gresini, que sorri do céu nesse momento.
sexta-feira, 4 de março de 2022
Alto nível
Atual campeão da categoria, Fabio Quartararo é um dos mais insatisfeitos do grid. Sempre ligado à Yamaha, o talentoso francês mostrou força aliado a sua velocidade para ser campeão em 2021 mesmo com a Yamaha claramente tendo problemas de potência frente às rivais. Após a festa pelo título, Fabio começou a cobrar melhorias na sua moto e meio que condicionou sua renovação de contrato a isso. Ano passado a Yamaha muitas vezes teve apenas Quartararo na ponta, algo como acontece na Honda, mas Franco Morbidelli espera acabar com isso em 2022, além da experiência de Andrea Doviziozo, na equipe satélite. Para desespero do francês, a Yamaha manteve seus pontos fortes, mas ainda deixando muito a desejar no quesito velocidade de ponta e Quartararo teme sofrer o mesmo que o campeão de 2020 Joan Mir, incapaz de defender seu título.
Falando no espanhol, a Suzuki foi uma das motos que mais evoluíram para 2022 e com sua forte dupla de pilotos, parte sólida para essa temporada. Sempre inspirada na Yamaha, a Suzuki encontrou os cavalos não encontrados pelo seu inspirador e com a solidez de Mir, espera estar na briga pelo título novamente, enquanto Alex Rins espera cair menos. Contudo, a moto que mais chamou atenção foi mesmo a Ducati. Apesar de ter perdido o título para Quartararo, os italianos conquistaram o Mundial de Construtores e foi a que mais venceu em 2021. Surpreendentemente liderados por Pecco Bagnaia, a Ducati ainda se mantém forte pela potência do seu motor, mas com mais maneabilidade. Era esperado que Jack Miller fosse o líder da equipe, mas o australiano se perdeu em quedas e Bagnaia assumiu o posto de líder da equipe, ficando com o vice-campeonato do ano passado. Porém, a Ducati ainda tem várias peças importantes para tentar conquistar o título de pilotos após quinze anos com Stoner. Jorge Martin foi o novato sensação, com poles e vitórias em 2021, Zarco mostrou sua experiência, enquanto Enea Bastianini é uma estrela em ascensão. A Ducati terá o maior contingente de motos, com oito no total.
A Honda espera que finalmente Marc Márquez esteja plenamente recuperado do seu grave acidente de 2020 e sua queda enquanto treinava no final do ano passado. Enquanto isso, a Honda luta para diminuir a dependência do multi-campeão Márquez e a pré-temporada indicou que a montadora está nesse caminho, com bons desempenhos de Pol Espargaró, Alex Márquez e Nakagami. No entanto, é inegável que a Honda espera um Marc Márquez realmente forte para ser a ponta de lança na luta pelo título.
Menos votadas, KTM e Aprilia esperam fazer temporadas mais forte e continuem evoluindo. Após um 2020 com vitórias, a KTM ficou abaixo das expectativas em 2021, mesmo com duas vitórias. O time austríaco espera retornar a crescer. A Aprilia acabou com a parceria com a Gresini e contratou o polêmico Maverick Viñales. Muito rápido, Viñales tentará refazer sua carreira na Aprilia ao lado de Aleix Espargaró, com quem teve boas lembranças na Suzuki em 2016.
2022 será o primeiro ano sem Valentino Rossi nas pistas, mas o mito italiano estará no paddock com sua equipe, além do seu irmão mais novo.
Como sempre a MotoGP tem a expectativa de nos mostrar ótimas corridas, com tanta gente boa com ótimas máquinas nas mãos.