segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Terminando o quebra-cabeça

Quando criança não era muito fã de quebra-cabeças, apesar de ter muita facilidade em monta-los. A F1 tinha um tabuleiro montado há algum tempo, mas ainda faltava termina-lo com as peças faltantes, que estavam em cima da mesa, só esperando a hora de serem encaixadas. As muitas cláusulas de contrato que a relação equipe-piloto na F1 fazem com que muitas vezes verdades venham à tona quando todos já a conheciam. A série de anúncios dessa manhã não pegou ninguém de surpresa, mas o fato de terem acontecido no mesmo dia não foi mera coincidência.

Quando Nico Rosberg abandonou a F1 e a Mercedes sem muito aviso, isso deixou Toto Wolff com uma missão difícil nas mãos, que era encontrar um piloto que substitua seu recém-empossado campeão. Nomes óbvios vieram à baila, principalmente Fernando Alonso que mesmo dez anos após seu último título, ainda é considerado por muitos um dos grandes da F1 atual. Outro viés seria escolher entre um dos jovens pilotos que a Mercedes vem formando nos últimos tempos, mas a falta de experiência de Werhlein e Ocon poderia pesar numa disputa contra um monstro chamado Lewis Hamilton. No entanto, não se pode afirmar que Wolff não usou suas canteiras. Valtteri Bottas sempre foi ligado ao chefe da Mercedes e quando fez uma bela temporada em 2014, o finlandês foi ligado pela Mercedes por causa de sua conexão com Wolff. A impressão que se tinha era que Bottas apenas aguardava na Williams uma brecha para entrar na Mercedes e a briga entre Hamilton e Rosberg poderia ajudar Bottas. Porém, o tempo passou e Valtteri foi ficando para trás. A realidade foi que Bottas teve uma sorte danada de estar no lugar certo e na hora certa para ter a chance de sua vida.

Mesmo a F1 mudando radicalmente seu regulamento técnico, a Mercedes permanecerá ainda muito forte e brigará, no mínimo, por vitórias em 2017. Bottas já mostrou muito potencial na Williams, mas de agora em diante, ter um bom dia e conseguir um pódio não será suficiente para Valtteri. É esperado do já não tão jovem finlandês vitórias e andar próximo de Hamilton, algo que Nico Rosberg mostrou na prática não ser tão fácil assim. Bottas terá que dar um grande salto de qualidade se quiser emular o piloto que substitui na Mercedes.

Para o lugar de Bottas, a volta do que não foi. A Williams não atrapalhou a saída de Bottas por vários motivos (como o desconto nos motores Mercedes) e um deles era que tivesse sob contrato um piloto experiente, que guie a equipe numa mudança tão séria de regulamento, além de ser um tutor para riquinho Lance Stroll. Só que da mesma forma da Mercedes, as opções da Williams não eram muitas e o time fez o trivial, que é trazer Massa de volta após o paulistano ter emocionado a todos com sua despedida em Interlagos ano passado. Felipe não terá que passar por uma fase de adaptação e se derrotar o novato Stroll, estará fazendo nada mais do que sua obrigação. E se perder, não será a primeira vez. Na verdade, seria algo inédito na longa carreira do brasileiro, que sempre foi superado pelo companheiro de equipe, mesmo mostrando muito trabalho para quem quer fosse seu vizinho de box.

Se a confirmação de Massa na Williams garantiu o presente do Brasil na F1, o futuro continua muito nebuloso. Ainda nessa manhã, a Sauber confirmou Pascal Werhlein como companheiro de equipe do obscuro Marcus Ericsson, fechando as portas de Felipe Nasr na equipe suíça e com a Manor quase falida, também da F1. Werhlein chegou a ser fortemente especulado na Mercedes, mas a falta de experiência acabou pesando contras as pretensões do tedesco, porém o jovem alemão fez o 'algo a mais' na sua estreia na F1, quando marcou ponto pela Manor, algo que chega a ser raro para a nanica equipe. Pensando em seu desenvolvimento, a Mercedes emprestou Pascal para a Sauber, enquanto Nasr já deve começar a procurar outras categorias. Por mais que o brasiliense não gostasse, ele só estava na F1 por causa do polpudo patrocínio do Banco do Brasil e quando a crise aperto e o banco fechou as torneiras, Nasr não tinha feito o 'algo a mais' que Werhlein e outros pilotos fizeram quando estavam num carro ruim. Com Nasr fora do baralho (talvez um lugar na Williams como o decorativo papel de piloto de testes), não há brasileiros no horizonte para entrar na F1 nos próximos três anos. E como o contrato de Massa é de apenas um ano, a conta claramente não fecha...

Com os três anúncios, quase simultâneos, dessa manhã, a F1-2017 ganhou uma cara e se a Manor se não se salvar, 100% do grid já está definido. O quebra-cabeça está montado, nos restando esperar qual quadro estará disposta para a temporada vindoura. 

Um comentário:

  1. E a Mercedes aplicou a segunda sacanagem pra cima do Wehrlein. Primeiro dando a vaga na Force Índia pro Ocon que deveria ser do Wehrlein que merecia muito mais e agora colocando o Bottas na vaga valiosa do Rosberg na Mercedes com a justificativa que Wehrlein não tem a experiência necessária(o que pra mim nada mais é do que mentira das grossas,pois caso não tivessem alocado o Ocon na vaga que era pra ser do Wehrlein na Force Índia,muitíssimo provavel que a Mercedes iria escolher o Francês pra vaga,mesmo com toda a inexperiência dele) e ai aplicam a terceira e mais humilhante das sacanagens com o Wehrlein que é coloca-lo na Sauber,equipe que deverá ser a dona do fundão,já que a Manor muito provavelmente fechará as portas.

    Não vou me espantar nada se o desempenho do Wehrlein em 2017 for muito apagado,pois não tem psicológico e moral que permaneçam intactos depois de três sacanagens dessas...

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