Nos últimos anos, a Indy se caracterizou por manter os mesmos nomes como estrelas e com isso, houve um envelhecimento do grid em geral, apesar de formar algumas referências. No entanto, o tempo passa para todos e aos poucos a Indy vai renovando seu grid, incluindo os pilotos de ponta.
Um exemplo aconteceu com a Penske, onde não foi surpresa a saída de Helio Castroneves. Com apenas uma vitória nos últimos três anos e claramente em decadência, principalmente em ritmo de corrida, o brasileiro de 42 anos foi sacado da Penske na Indy e rumou para o projeto da própria Penske na IMSA. Após três anos de fracasso na Ganassi, o veteraníssimo Tony Kanaan achou abrigo na equipe Foyt, a pior da Indy nos últimos dois anos da categoria.
A representação da renovação da Indy está em seu atual campeão. Josef Newgarden estreou na Penske arrombando a porta e ao superar seus tarimbados companheiros de equipe logo em sua estreia em equipe grande, o americano conquistou não apenas o título, mas o possível trono de novo astro do automobilismo americano, pois além de rápido, Newgarden é carismático e faz sucesso nas redes sociais, requisitos as vezes mais importantes do que mostrar velocidade dentro da pista. Scott Dixon já marcou seu nome na história da Indy com quatro títulos e uma vitória em Indianápolis, mas o neozelandês pode ser chamado de picolé de chuchu facilmente, de tão sem graça que é fora das pistas, mesmo sendo provavelmente o piloto mais completo da Indy.
A categoria passará por outro tipo de renovação. O feio carro da Dallara que está na Indy desde 2012 será substituído por um modelo claramente inspirado pelos belos modelos dos anos 1990. O carro ficou mais bonito, além de ter menos downforce, o que agradou aos pilotos, mas o ponto que pode mexer no status quo da Indy é o fim dos kits aerodinâmicos. Agora com todos os carros iguais, a única diferença será no motor, acabando com a vantagem que a Chevrolet tinha nesse quesito, o que ajudou a Penske dominar a Indy nos últimos anos.
Mesmo com a saída de Helio Castroneves (que apenas voltará para as corridas em sua especialidade, que são as provas em Indianápolis), a Penske está longe de ser menos favorita. Até pelo contrário. Com a saída do seu elo mais fraco, a Penske contará com três pilotos que foram campeões recentemente e somente a rivalidade crescente entre Newgarden, Pagenaud e Power pode atrapalhar os planos de Roger Penske se sagrar campeão novamente no cinquentenário de sua equipe imortal. Como sempre, a grande rival da Penske será a Ganassi, que lutou apenas com Scott Dixon ano passado mesmo contanto com quatro carros. Com o esquema cortado pela metade, a Ganassi se concentrará unicamente em Dixon, enquanto o novato Ed Jones ficará com o papel de discípulo de Dixon e coadjuvante do mesmo.
Apesar dos cortes das duas principais equipes, o grid da Indy cresceu. A Rahal Letterman agora terá um segundo carro e Takuma Sato garantirá a atenção da Honda na equipe de Bobby Rahal. A Andretti tenta emplacar Alexander Rossi como o anti-Newgarden, pois o jovem americano tem todas as ferramentas de Newgarden para poder ser o rival do atual campeão no futuro. Hunter-Reay começa a entrar em declínio, Marco Andretti já não tem a confiança do próprio pai e Zach Veach é uma incógnita. A Smith Peterson correrá com a dupla canadense James Hinchcliffe e Robert Wickens, egresso de bons trabalhos na Europa. A Dale Coyne permanecerá com Sebastien Bourdais como esteio da equipe, enquanto o segundo cockpit terá o velho rodízio de quem dar mais. Entre esses pilotos está Pietro Fittipaldi, que estreará na categoria onde seu avô fez o nome anos atrás.
Mesmo com a perca de Castroneves e o praticamente rebaixamento de Kanaan, o Brasil terá a presença da promessa Matheus Leist, que poderá ser o futuro brasileiro na Indy. Após vencer a F3 Inglesa (meio fake, diga-se...) em 2016, o brasileiro desistiu da Europa e estreou na Indy Lights ano passado com vitória, mas com uma temporada bastante irregular. Um segundo ano era o mais acertado na categoria de base, mas como a Indy ainda aposta muito no mercado brasileiro, o jovem gaúcho estreará na Indy pela Foyt ao lado de Tony Kanaan, que tem mais do que o dobro de sua idade e por isso, deverá ajudar bastante à Leist a aprender os macetes da Indy.
Porém, boa parte da temporada da Indy não terá a atenção devida. A Bandeirantes dispensou o ótimo Teo José e com um programa com Datena ocupando toda a tarde de domingo, é bem provável que a Indy passe praticamente a temporada inteira no Bandsports. Sem o mesmo apelo da F1, o futuro da Indy no Brasil chega a ser ainda mais sombrio do que a F1, mesmo a Indy ainda tendo quatro brasileiros contra nenhum piloto tupiniquim na F1 em 2018.
Com o desafio dos carros novos e novos pilotos despontando como estrelas no futuro, a Indy começa 2018 renovada e com esperanças de que dias melhores já estão vindo. Pena que o Brasil possa ficar de fora dessa festa.
Emerson nunca correu na Dale Coyne.
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