Marc Márquez continua líder da MotoGP e mesmo não vencendo, aumentou sua diferença no campeonato e caminha a passos largos para o hexacampeonato de forma dominante. Na verdade, desde que estreou na MotoGP, Márquez tomou posse do posto de melhor piloto da MotoGP com alguma vantagem sobre os demais. Se em 2015 o espanhol perdeu o título pela falta de consistência, nos últimos anos Márquez aprendeu que marcar pontos também é importante, ainda que sem perder seu estilo agressivo. Márquez vai se aproveitando da enorme competitividade atual da MotoGP. Maverick Viñales deu a primeira vitória da Yamaha em 2019, fazendo que a montadora dos diapasões fosse a quarta moto diferente a vencer nessa temporada.
Enquanto na F1 conheceu hoje seu primeiro vencedor diferente de alguém que corre com Mercedes em 2019, a MotoGP dá um exemplo que uma categoria de elite e com altos investimentos consegue ser competitiva, mesmo que com alguém dominando. A hegemonia de Márquez praticamente coincidiu com o domínio da Mercedes e de Hamilton, mas a sensação que a F1 enfrenta uma grande crise, enquanto a MotoGP, mesmo com títulos sendo conquistados com até mais antecedência do que a F1, vive sua terceira fase de ouro. Na catedral de Assen, a corrida não foi tão incrível como a do ano passado, mas esteve longe de ser chata. O fenômeno Fabio Quartararo conseguiu a pole, mas não aproveitou muito a sensação de estar na ponta com a ótima largada da dupla da Suzuki. O duo Rins e Mir ponteavam a corrida e o primeiro, líder da equipe, tinha tudo para vencer quando caiu sozinho, deixando Mir sozinho contra os leões. O coitado do novato espanhol foi engolido por Quartararo, Márquez e Viñales em poucas curvas. E foram os três que brigaram pela vitória.
Quartararo é um raro caso de piloto que não conseguiu muito sucesso nas categorias de base antes de brilhar na MotoGP, numa trajetória muito parecida com Casey Stoner. O francês era considerado um fenômenos nas categorias espanholas, mas não deixou de decepcionar na Moto3 e na Moto2, onde sequer brigou pelo título e só conseguiu suas primeiras vitórias na Moto2. Guindado à MotoGP de forma surpreendente, Quartararo vem se destacando de forma impressionante em seu ano de estreia. Na corrida de hoje Fabio liderou boa parte da corrida com uma moto assustadoramente desequilibrada, mas quando os pneus da sua Yamaha satélite não aguentaram mais tamanho castigo, o francês ficou em terceiro e subiu ao segundo pódio consecutivo. Márquez e Viñales se isolaram na ponta, com o espanhol da Yamaha com uma moto mais equilibrada. Os dois ibéricos eram rivais nas categorias de base espanholas e a briga entre eles era muito esperada. No entanto, enquanto a talento de Márquez desabrochou rapidamente, Viñales ainda falta melhorar o psicológico para poder brigar ombro a ombro com Márquez, como aconteceu hoje, quando Maverick venceu como quis.
Enquanto um lado da Yamaha de fábrica vibrava, Valentino Rossi não tinha o que comemorar. Após uma classificação decepcionante, a lenda italiana errou nas primeiras voltas em Assen e ainda levou Nakagami junto, na terceira queda de Rossi consecutiva. O Doutor enxerga as outras três Yamahas no top-5, enquanto não consegue passar ao Q2. Uma situação muito ruim para uma lenda viva. Dez anos atrás Rossi conquistava seu sétimo título na MotoGP tendo como rival o atrevido Jorge Lorenzo. O espanhol cresceu, ganhou três títulos e se tornou também uma estrela da MotoGP, mas com apenas 32 anos de idade Lorenzo já está ocaso de sua carreira. Depois do seu infame incidente em Barcelona, Lorenzo machucou as costas nos treinos na Holanda e ficará de molho algumas semanas, bem no meio de uma temporada em que ainda não andou forte com a Honda. Rossi e Lorenzo. Dois nomes gigantes da MotoGP, mas já longe da animada briga pela ponta de 2009.
Mesmo derrotado, Márquez saiu de Assen com motivos para sorrir. A Ducati já foi considerada a melhor moto do pelotão, mas Doviziozo não brigou sequer pelo pódio e quase foi ultrapassado pela Yamaha de Morbidelli. Rins caiu nas primeiras voltas, enquanto Rossi já zerou três vezes seguidas. Quatro motos diferentes na ponta e uma bela competitividade, mas apenas Márquez consegue a consistência necessária rumo ao título.
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