domingo, 23 de junho de 2019

Indefensável

A década de 2010 conseguiu produzir algumas temporadas memoráveis, como foi o caso de 2010, 2012, 2014, 2016, 2017 e 2018. Foram disputas de títulos apertadas, mesmo que entre companheiros de equipe, sem contar as boas corridas que tivemos a sorte de acompanhar. O ano de 2019 tem tido o mesmo efeito de 1988 nos inesquecíveis anos 1980, ou 1992 na década de 1990 ou ainda 2002 nos anos 2000. Simplesmente não está acontecendo nada nessa temporada e a corrida de hoje em Paul Ricard foi exemplo enfático que nos foi jogado na cara. O Grande Prêmio da França de 2019 foi de uma falta de fatos assustador. Vou nem falar em emoção, pois isso faltou desde sábado. 2019 está sendo, de longe, a pior temporada dessa década na F1.

Claro que Lewis Hamilton e a Mercedes não tem do que reclamar, mas se estivessem dominando a temporada vindo de boas corridas, estaríamos até satisfeitos, como ocorre na MotoGP e o domínio de Márc Márquez. O problema na F1 é que as corridas não estão muito boas e a prova de hoje foi terrivelmente chata e sem graça. Algumas vezes a transmissão da TV teve que procurar uma briguinha lá pela décima sexta posição para ter algo um pouquinho mais relevante para mostrar, pois lá na frente, Hamilton despachou Bottas desde a primeira volta. Foi uma vitória categórica, onde o inglês não olhou para trás, enquanto caminha para o hexacampeonato sem maiores sustos. Bottas não repetiu seus melhores desempenhos e ainda sofreu um ligeiro ataque de Charles Leclerc na última volta, enquanto viu Hamilton disparar no campeonato. E pelo jeito, Bottas não terá muito o que fazer no campeonato. Apesar do pequeno ataque em Bottas, a corrida de Leclerc foi bastante solitária, o mesmo acontecendo com Verstappen e Vettel, que fez o trivial entre os pilotos de ponta no final da corrida. Colocou pneus macios nas últimas voltas para marcar um pontinho pela melhor volta. O tamanho da diferença da Mercedes para as demais é que com pneus macios novos, Vettel superou Hamilton, com pneus duros usados, por apenas 0.024s na última volta. 

A McLaren confirmou sua ótima fase em Paul Ricard com Carlos Sainz em sexto e só não foi melhor porque Lando Norris teve problemas hidráulicos no fim e despencou para décimo. Entre os dois carros da McLaren, esteve dois carros da Renault, que voltou a pontuar bem em casa e Kimi Raikkonen, que retornou à zona de pontuação com a Alfa Romeo. O primeiro fora da zona de pontuação foi a grande decepção do dia. Pierre Gasly vem fazendo uma temporada medonha na Red Bull. Mesmo correndo em casa, o francês não apenas não conseguiu andar no mesmo ritmo de Verstappen, como foi superado pela dupla da McLaren e da Renault, demonstrando que não apenas estar um ou dois degraus abaixo do companheiro de equipe em ritmo de classificação, como o ritmo de corrida de Gasly é tenebroso. Enquanto isso, Helmut Marko já deve estar pensando quem será o companheiro de equipe de Verstappen em 2020, enquanto Gasly já deve estar pensando no que fazer fora da F1. Foi uma corrida com apenas um abandono, com o também piloto da casa Romain Grosjean encostando no final da prova. A Haas tem um bom rendimento em classificação, mas na corrida perde muito ritmo. Do mesmo jeito da Red Bull, hoje Alfa Romeo e Racing Point sobrevive com apenas um piloto. Lance Stroll é extremamente fraco e talvez falte alguém corajoso para chegar em Lawrence e dizer que seu filho é um caso perdido, que o bilionário canadense está perdendo dinheiro em investir na carreira do pimpolho. Antonio Giovinazzi é uma prova viva que nem sempre ser parte de uma academia de pilotos é garantia de qualidade. Italiano protegido pela Ferrari, Giovinazzi vem fazendo uma temporada abaixo da crítica. Com brigas entre Toro Rosso e Williams, a corrida aconteceu sem maiores sustos e emoções.

Dar opiniões sobre a F1 e o seu futuro vendo uma corrida como a de hoje chega a ser perigoso. Em 2002, em face do domínio ainda mais avassalador da Ferrari, a FIA na figura do seu nefasto presidente Max Mosley colocava em prática seguidos 'pacotões' para tentar salvar a F1 do marasmo. Em curto prazo até funcionava, mas não demorava para vi as críticas de todos os lados, enquanto a Ferrari voltou a dominar em 2004. Ideias malucas eram colocadas na mesa e o pior que algumas passavam. Como todo fã de F1, devemos defender a categoria daqueles que dizem que a categoria acabou. Ela não acabou, mas com uma corrida horrível como a de hoje, fica difícil defender a F1.

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