sexta-feira, 16 de abril de 2021

Briga de gerações


 Nesse final de semana sortido de F1 e MotoGP, com todos os seus atrativos, uma das minhas categorias preferidas estreia. A Indy começa a temporada de 2021 no Alabama com grandes expectativas de mais uma vez vermos a já interessante briga entre Scott Dixon e Josef Newgarden, para vermos se a nova ou velha geração irá se projetar nesse ano.

Apesar de todo o equilíbrio da Indy, como acontece nos últimos anos a briga pelo título tende a ficar polarizada entre Penske e Ganassi, com seus respectivos melhores pilotos, Josef Newgarden e Scott Dixon. O neozelandês da Ganassi já tem a marca de lenda viva da Indy, com seus seis títulos na categoria e uma vitória em Indianápolis. Tendo 40 anos de idade e completando vinte anos de sua estreia na Indy ainda pela CART, Dixon ainda não mostrou nenhum declínio técnico, levando a Ganassi nas costas nos últimos tempos. Para auxiliar Dixon no campeonato, a Ganassi trouxe o promissor espanhol Alex Paloul, enquanto Marcus Ericsson ficou para pagar as contas da equipe, como fazia na F1. Com 24 anos de idade, Paloul pode ser o herdeiro de Dixon no futuro da Ganassi. O porém é que vários pilotos chegaram na equipe com essa pecha, mas Dixon nunca deixou de tomar as rédeas da equipe com sua pilotagem cerebral, eliminando seus adversários um a um na Ganassi.

Enquanto olha para o futuro, a Ganassi colocará uma interessante mistura no seu quarto carro. Após uma carreira fantástica na Nascar, onde se juntou aos mitos Richard Petty e Dale Earnhardt como os maiores campeões da categoria, Jimmie Johnson se aposentou dos stock-cars aos 45 anos. Pijama e pantufa? Nada disso! De forma surpreendente Johnson se mudou para a Indy e com um detalhe bastante instigante. Ao contrário do que estava acostumado a fazer, ou seja, a correr nos ovais, Johnson só correrá nos circuitos mistos, sequer participando das 500 Milhas de Indianápolis! Os tempos de Johnson estiveram longe de empolgar nos testes, mas o fato de estar na Indy em 2021 já será um belo chamariz para a categoria. Nesse tipo de circuito, que será minoria absoluta em 2021, Johnson cederá o carro 48 para o também veteraníssimo Tony Kanaan, que chegou a se despedir da Indy no final do ano passado, mas retornará à Ganassi. Kanaan tentará se manter competitivo pelo menos nos ovais, o mesmo acontecendo com Helio Castroneves, que fará algumas corridas pela pequena equipe Michael Shanck. Entre elas, claro, a pista onde é especialista: Indianápolis.

A Penske aumentou seu contingente, voltando a ter quatro carros, mas com Newgarden como principal piloto, mas ao contrário da Ganassi, a equipe de Roger Penske sempre teve coadjuvantes de luxo. O sempre rápido e agressivo Will Power ficará mais um ano tentando adicionar consistência ao seu currículo já longo na Penske. Simon Pagenaud também ficou na equipe e tentará fazer uma temporada menos all or nothing, como no ano passado. Mesmo tendo dois pilotos rápidos, experientes e campeões, Roger Penske vê no jovem Newgarden sua maior esperança de derrotar a Ganassi e Scott Dixon. Mesmo ainda abaixo dos 30 anos, Newgarden já conta com dois títulos na carreira e bagagem suficiente para bater de frente com Dixon, como fez nos últimos anos. A novidade fica com Scott McLoughin, neozelandês como Dixon e com vitoriosa campanha no V8 Supercar australiana, categoria que a Penske tinha equipe e McLoughin venceu três títulos. Mesmo vindo para um carro totalmente diferente do que está acostumado, o neozelandês mostrou várias vezes nos testes que poderá surpreender.

A Andretti aparece como terceira força e com a saída dos fraquíssimos Zach Veach e Marco Andretti, a equipe melhorou com a chegada de Hinchcliffe, um piloto já experiente na Indy. Além de ter o experiente Ryan Hunter-Reay, a Andretti foca nos seus pilotos mais jovens para enfrentar Penske e Ganassi. Alexander Rossi brigou com Newgarden como o melhor americano da Indy nos últimos anos, mas teve um ano de 2020 muito ruim e tentará se recuperar nesse ano. Talento para isso, Rossi tem de sobras. Já Colton Herta é a grande esperança americana, com boas vitórias e um ótimo terceiro lugar no campeonato de 2020, é esperado que o jovem de apenas 21 anos consiga se desenvolver ainda mais e consiga entrar na briga pelo título. Com um carro a menos e mais qualidade no seu plantel, a Andretti tentará voltar aos bons tempos e bater de frente com Penske e Ganassi. Rahal e McLaren brigarão pela quarta força e, quem sabe, beliscar vitórias, como aconteceu com a primeira, onde Takuma Sato venceu pela segunda vez as 500 Milhas em 2020. Na McLaren, o mexicano Pato O'Ward se junta à Herta como promessa de futura estrela da Indy e nesse ano terá ao seu lado Felix Rosenqvist, saído da Ganassi. Em Indianápolis, a McLaren terá simplesmente Juan Pablo Montoya.

Entre as equipe pequenas, o destaque vai para a chegada de Romain Grosjean, saído da F1 e sobrevivente de um dos acidentes mais marcantes dos últimos tempos no automobilismo. Assim como Johnson, Grosjean se focará nos circuitos mistos com a equipe Dale Coyne. Seu compatriota Sebastien Bourdais estará na equipe Foyt, tentando dar alguma qualidade ao time.

Pietro Fittipaldi será o terceiro piloto brasileiro na Indy, participando das corridas em ovais pela equipe Dale Coyne. Por sinal, no Brasil a grande novidade será a chegada da TV Cultura como a nova emissora da Indy por aqui. Mesmo a Band passando a focar no automobilismo em 2021, a Indy ficou sem espaço na grade e migrou para a Cultura, uma emissora conhecida pelos programas didáticos e pouquíssima experiência cobrindo corridas. Só esperemos que dê certo, assim como 2021 a Indy continue mostrando boas corridas e um ótimo campeonato. 

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