Nigel Mansell demorou a desabrochar na F1, mas quando o fez mostrou uma velocidade surpreendente e que ninguém parecia acreditar. O inglês saiu das sombras e se tornou uma estrela do automobilismo mundial, mas ainda havia quem achava que Mansell também era um personagem folclórico, capaz de pilotagens incríveis e erros inacreditáveis. Não faltava coragem e carisma ao piloto inglês, assim como lhe faltava tato com as pessoas e uma mentalidade mais pragmática. Mansell saiu de sua querida Williams no final de 1988, passou um tempo na Ferrari que acabou sendo um pouco decepcionante antes de retornar à Williams ainda perseguindo seu sonhado título.
Ayrton Senna era a maior estrela da F1 naquele momento, mas havia uma torcida para o velho Leão. Após um 1991 de grande desenvolvimento da Williams, a temporada 1992 foi um verdadeiro sonho para Mansell, dominando a F1 como nunca tinha sido visto até então. Foram recordes quebrados, uma imposição impressionante e Mansell finalmente ganhava seu primeiro título na F1, já contando com seus 39 anos de idade. Contudo, Mansell ainda tinham alguns críticos de que ele não tinha finesse de Prost, o conhecimento de Piquet ou a genialidade de Senna. Havia uma piada que o Williams FW14 era feito sob medida para Mansell, pois evitava que o inglês cometesse as suas conhecidas bobagens. Ao conquistar o título com uma antecipação inédita, Mansell cresceu os olhos para renovar com a Williams. Contudo, Frank havia contratado Alain Prost para 1993 e com Mansell pedindo muito dinheiro, o velho Frank desdenhou da pedida de Nigel. Ainda em setembro de 1992, Mansell anunciava não apenas que não defenderia seu título em 1993, como ele faria uma mudança drástica na carreira.
A Formula Indy vivia uma fase mágica e incomodava a F1 e Bernie Ecclestone. Na tentativa de retirar uma das estrelas da Indy, Ecclestone incentivou Ron Dennis a contratar Michael Andretti para a F1. O que Bernie não contava era que o atual campeão da F1 e uma de suas maiores estrelas iria fazer o caminho inverso e partiria para um contrato de dois anos com a Newman-Haas, antiga equipe de Michael e uma das mais tradicionais da Indy. Foi um assombro! Não bastasse a Indy já ter várias estrelas do calibre de Emerson Fittipaldi, Mario Andretti (companheiro de equipe de Mansell), Al Unser Jr, Bobby Rahal (atual campeão) entre outros, Mansell cruzaria o Atlântico para aumentar a constelação de estrelas da Indy. Foi um golpe de mestre da categoria e Mansell se reencontraria com Mario Andretti dentro da equipe de Paul Newman. Nigel Mansell conseguiu uma pole logo em sua primeira corrida na F-Indy em Surfer's Paredise e o inglês venceu a prova, se tornando o primeiro novato a conseguir tanto a pole, como a vitória na estreia. Na Inglaterra, recordes de audiência eram quebrados no final de tarde do domingo britânico para acompanhar Nigel.
Havia uma curiosidade como o sempre agressivo Mansell se comportaria nos ovais, que necessitam de uma pilotagem mais neutra. E a estreia de Nigel não foi das melhores, quando ele perdeu o controle do Lola-Ford e bateu forte no muro durante os treinos em Phoenix, resultando numa pequena cirurgia nas costas de Mansell. O inglês retornou às pistas na corrida seguinte em Long Beach e terminou a corrida em terceiro lugar, mostrando o quanto Nigel poderia superar as dificuldades. Diziam na época que Mansell estava querendo se livrar dos brasileiros (Senna e Piquet) na F1, mas acabou encontrando outros (Fittipaldi e Boesel) na F-Indy. Em Cleveland, Nigel teve uma briga histórica em Emerson, com os dois veteranos brigando roda e roda como se fossem dois garotos no kart. Após um início difícil em Phoenix, Mansell surpreendeu nos demais ovais daquele ano. Fora Phoenix e Indianápolis, Mansell venceu todas as corridas em oval (Milwaukee, Michigan, New Hampshire e Nazareh). E mesmo em Indianapolis, Nigel ficou perto de vencer, liderando mais voltas, mas faltando algumas voltas para o fim ele tocou o muro ligeiramente danificado sua suspensão dianteira. Mas ele fez um grande trabalho, mantendo-se na luta e terminando na 3° posição.
O grande rival de Mansell em 1993 fora mesmo Emerson Fittipaldi e os dois chegaram em Nazareth trinta anos atrás com o inglês treze pontos na frente do piloto da Penske. Os dois compartilharam a primeira fila na largada e mesmo não largando bem, Nigel logo assumiu a primeira posição para não ser mais ameaçado, onde apenas o segundo colocado Scott Goodyear estava na mesma volta de Mansell. Com Emerson terminando apenas em quinto, Mansell aumentava a sua diferença na ponta para 23 pontos e conquistava o título da Indy com uma prova de antecipação.
Era a consagração definitiva de Nigel Mansell dentro do automobilismo mundial. Após vencer finalmente seu merecido título na F1, um ano depois o inglês iria para uma Indy num momento relevante e vencia o campeonato em sua estreia. Como Prost ainda não tinha confirmado seu título na F1, Mansell era então campeão da F1 e da Indy. Um grande momento para Nigel Mansell!
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