domingo, 3 de setembro de 2023

O segundo Alex

 


Voltando vinte e sete anos no tempo, um Alex chegava à América querendo refazer sua carreira após um tempo irregular na F1, apostando numa equipe que tentava se estabelecer na Indy. Zanardi marcou época com suas vitórias emotivas e seus donuts após os triunfos, dando os primeiros títulos para a Ganassi, após o primeiro conquistado por Vasser. Voltando a 2023, um segundo Alex chegou à América após uma carreira titubeante na Europa a ponto de leva-lo ao Japão e ser indicado pela Honda como um grande talento. Não demorou muito para Palou mostrar todo o seu talento na Indy e ao chegar na Ganassi, a mesma equipe que Zanardi apostou no final dos anos 1990 e se tornara uma gigante no automobilismo americano, o espanhol conquistou o bicampeonato nesse domingo, repetindo o feito de Zanardi vinte e cinco anos atrás.

A prova decisiva em Portland foi um jogo de gato e rato entre Palou e Scott Dixon, único piloto com chances de tirar o bicampeonato do espanhol. Na classificação os dois ficaram em quinto e quarto respectivamente, mas logo na largada Palou deu mostras de suas credenciais ao se aproveitar de Dixon ter ficado encaixotado atrás de Colton Herta para ultrapassar não apenas o companheiro de equipe, como o próprio Colton. Graham Rahal tinha feito a pole com os pneus duros, dando a dica que essa era a borracha a ser mais usada por todos. Palou ficou bastante tempo em terceiro, atrás de Rahal e McLaughlin, com Dixon mais atrás. Houve uma bandeira amarela com a rodada do campeão do ano passado Will Power no começo da prova, mas a corrida foi limpa e talvez isso tenha embaralhado um pouco a cabeça dos estrategistas das outras equipes. Rahal e McLaughin perderam bastante terreno na medida em que as paradas foram se sucedendo, enquanto o time da Ganassi se manteve focado e deixou Palou e Dixon em primeiro e segundo, resultado esse que garantiria o título do espanhol com sobras.

A McLaren também aprontava com Rosenqvist sempre parando mais tarde que os demais e isso fez com que o sueco ganhasse muito tempo frente ao bolo de pilotos no meio do pelotão. Já faltando poucas voltas para o fim, a segunda bandeira amarela veio com a saída de pista de Agustin Canapino, ajudando sobremaneira Rosenqvist, que fez sua parada em bandeira amarela. Para quem pensou que Palou lamentaria o pano amarelo, se enganou redondamente. O espanhol não apenas se manteve em primeiro, como viu Rosenqvist subir para segundo e ainda ter três retardatários entre o sueco e Dixon. Para completar, Rosenqvist relargaria com pneus macios, que não duravam muito tempo. Bastava Palou segurar Felix na relargada para tudo se resolver e assim foi. Houveram alguns toques no meio do pelotão, mas quando a poeira assentou, Palou apenas levou seu Chip Ganassi de número 10 até a bandeirada para garantir a quinta vitória no ano e o bicampeonato, garantindo o primeiro título por antecipação da Indy em mais de quinze anos.

Palou pode não ter o carisma de Zanardi, mas o espanhol tem um talento grandioso e é mais frio que o quente Zanardi dentro das pistas. Já fora das pistas... os constantes problemas que Palou vem se metendo em cima de contratos feitos e quebrados pode lhe causar danos que afetem seu desempenho nos anos vindouros. Zak Brown está possesso com a quebra de contrato de Palou e ameaça um processo que passaria dos trinta milhões de dólares. Palou claramente não performou como pôde em sua defesa de título ano passado por causa das negociações que manteve com McLaren e Ganassi. Nesse ano, não teve confusão que tirasse o espanhol do prumo. Que esse equilíbrio que Palou mantém dentro da pista passe também para fora, pois um campeão como Alex merece ter o melhor a disposição para mostrar toda a sua capacidade. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário