sábado, 2 de setembro de 2023

Única alegria

 


Conta a lenda que nos anos 1980, quando a Ferrari sofria de um jejum aparentemente mais profundo que o atual, os italianos colocavam motores ilegais nos carros durante os treinos em Monza para impressionar os tifosi e lotar as arquibancadas para o resto do final de semana. Claro que isso hoje beira o impossível devido à rédea curta da FIA com relação aos regulamentos, mas hoje Monza viveu um momento bem parecido de trinta e cinco anos atrás, quando a Ferrari tinha breves momentos de felicidade com poles miraculosas, mesmo sabendo que em sã consciência, isso não valerá de nada no domingo. Com carros muito rápidos em volta lançada, a Ferrari interrompeu brevemente o domínio da Red Bull com uma próxima pole de Carlos Sainz, que superou Max Verstappen por menos de um décimo, tendo Charles Leclerc bastante próximos dos dois.

Monza recebeu um ótimo público para ver novamente o fracasso da nova tentativa da Liberty em movimentar a classificação, com as equipes sendo obrigadas a disputar cada parte da classificação com um tipo de pneus, diminuindo o número de pneus para cada piloto no final de semana, porém, tendo como consequência os pilotos poupando pneus nos treinos livres. Para completar, com as características únicas de Monza, havia o temor da repetição de alguns treinos recentes, onde os pilotos ficavam esperando uns aos outros para pegar vácuo e no final todos se atrapalhavam. A FIA foi mais rápida e colocou um delta de tempo para evitar a artimanha, deixando a classificação um pouco normal. Recentemente surgiu a notícia de que Lance Stroll estaria pensando em abandonar a F1 e ir para o seu verdadeiro esporte que ama, o tênis. O canadense, inclusive, teria feito bons papéis em abertos juvenis e que Lance só abraçou o automobilismo para realizar o sonho do pai, verdadeiro entusiasta do automobilismo. Seja como for, Stroll deveria treinar mais seu backhand, ao ficar em último no Q1, enquanto Alonso chegou ao Q3.

Outro destaque negativo ficou para a Alpine, pois vindo de um pódio, a equipe francesa fechou a penúltima fila com seus dois pilotos. Liam Lawson mostrou bom serviço ao andar sempre próximo de Tsunoda, quase indo ao Q3. Já no Q2 a Ferrari mostrava muita força e parecia incomodar Verstappen, enquanto Pérez sofria com problemas em seu carro desde o TL3. Leclerc nunca havia sido superado por um companheiro de equipe em Monza, mas Sainz, que completou 29 anos ontem, vinha andando mais rápido do que Charles e num final de classificação empolgante, o espanhol conseguiu superar o tempo de Max, para delírio da torcida, que vibrou como um gol nas arquibancadas de Monza. Porém, todos sabem ali que na corrida, o ritmo da Red Bull é bastante superior. A ciência desse axioma estava na tranquilidade de Verstappen com o segundo lugar e a frieza de Sainz com a pole. Contudo, a Ferrari deve ter dado a única alegria à sua torcida no final de semana.

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