domingo, 30 de abril de 2017

E temos campeonato

Ok, a corrida foi uma porcaria, não se pode esconder os fatos, mas a F1 teve a sorte até agora de que nas duas corridas ruins do ano até agora, houve novidades para se contar e, porque não, se comemorar. Valtteri Bottas saiu da terceira posição para a ponta ainda antes da primeira curva para não mais perder uma corrida que estava em tons de vermelho, mas recebeu uma pincelada final de prata. Em quatro corridas no ano, três vencedores diferentes e uma alternância legal entre Mercedes e Ferrari pelas vitórias, com ambas com dois triunfos nas quatro provas desse ano. Apesar do gosto amargo de perder uma corrida em que era favorito destacado, Vettel não tem muito do que reclamar, pois o segundo lugar que conquistou hoje o fez aumentar a diferença para um inexplicavelmente apagado Lewis Hamilton, solitário quarto colocado.

A corrida de Sochi pode ser contado pelos seus extremos. Ao contrário do ano passado, os dois pilotos da Mercedes conseguiram ótimas largadas, com Bottas saindo com certa facilidade de terceiro para segundo apenas no pulo inicial e com mais embalo na saída da primeira curva, deixou o pole Vettel para trás ainda antes da primeira curva. Largada parecida, lembro apenas a de Massa em Hungaroring/08, onde o brasileiro fez exatamente a mesma coisa, com a diferença de ter perdida a corrida no final. Com pista livre à frente e portanto sem sofrer com os problemas de temperatura que afetou os quatro líderes, Bottas abriu mais de 5s em cima de Vettel, quando o finlandês colocou os pneus supermacios na única parada do dia. A Mercedes não tinha um bom desempenho com a borracha com a faixa vermelha e enquanto Vettel retardava ao máximo sua única parada, Bottas conseguia, com pneus novos, no máximo andar no nível do alemão. Quando Sebastian voltou para a pista com os pneus supermacios, estava apenas 4s atrás de Bottas e partiu para cima do finlandês. Foi nesse momento que Valtteri Bottas mostrou seu talento e frieza em segurar um piloto bem mais experiente do que ele nessas situações. Mesmo não estando muito confortável com os pneus, Bottas aumentou seu ritmo e numa briga de alto nível, com voltas mais rápidas sendo trocadas com Vettel, Valtteri segurou bem a pressão final nas voltas finais, onde Vettel chegou a estar a menos de 1s de distância, para vencer pela primeira vez na F1. Assim pode ser resumido o Grande Prêmio da Rússia de hoje. Atrás dos líderes, não aconteceu absolutamente nada de relevante e as posições se mantiveram as mesmas no final da primeira volta até o final, tirando os abandonos e o pneu furado de Massa. No Facebook, já se começam as críticas, voltando ao que aconteceu em Melbourne, mas não podemos cair na mesma armadilha, quando se condenou a temporada da F1 após apenas uma corrida.

Para Bottas essa foi a resposta às ordens de equipe recebidas no Bahrein, quando teve que deixar Hamilton passar duas vezes e exibiu uma cara de pouquíssimos amigos no pódio. Logo em sua quarta corrida pela Mercedes e num final de semana totalmente pró-Ferrari, Bottas fez o 'algo a mais', superou as Ferraris na largada e imprimiu um ritmo fortíssimo o tempo todo, deixando Vettel a uma boa distância, mesmo quando não estava com os pneus mais favoráveis. Valtteri também coloca um pouco de pressão em Hamilton, irreconhecível em Sochi. O inglês quase ultrapassou Raikkonen na primeira curva, mas acabou com a quarta posição e a todo momento falava no rádio, meio que implorando por algo que fizesse melhorar seu rendimento, mas para a sua frustração, nada podia ser feito. Vinte segundos atrás do companheiro de equipe e perdendo pontos preciosos para Vettel, Hamilton corre o risco de a chegada de Bottas no lugar de Nico Rosberg não significar um ambiente mais sossegado na Mercedes, que agora terá dois pilotos com uma vitória cada para administrar. A Ferrari saiu como perdedora num final de semana em que dominou como há muito tempo não se via. Vettel fez a pole, sempre com Raikkonen logo atrás. As chances de dobradinha eram enormes para a Ferrari, mas a má largada dos dois ferraristas pôs tudo a perder e quando Bottas assumiu a ponta, a Ferrari nada pôde fazer com duas equipes andando num nível tão alto como ela própria e a Mercedes, contudo, Vettel não tem muito do que reclamar, pois viu sua vantagem aumentar para Hamilton, que apesar da exibição pífia de hoje, deverá ser seu grande rival ao longo do ano. Raikkonen subiu ao pódio pela primeira vez em 2017 e novamente garantiu seu nome por uma presepada, digamos, fora da corrida, após uma resposta desligada no rádio, quando lhe avisaram que estava atrás de Bottas. Mas como?, respondeu Kimi. 'Ele liderava desde a largada', respondeu a Ferrari...

Se a Red Bull conseguiu se livrar da ameaça da Williams na corrida, o time austríaco tem muito a lamentar pelo ritmo totalmente longe do ideal de Verstappen, quinto colocado a quase um minuto dos líderes, demonstrando bem o tamanho do abismo que separa a Red Bull das duas superpotências da F1 atual. Para piorar, a confiabilidade ainda não está ideal, quando Daniel Ricciardo abandonou mais uma vez, com problemas nos freios ainda no começo da prova. Com um conjunto forte e homogênico, a Force India vai marcando seus pontinhos com Pérez e Ocon mais uma vez na zona dos pontos e andando próximos. O novato francês parece ser mesmo diferenciado. Massa fazia uma corrida decente e era o melhor do resto quando furou o pneu e com a parada resultante, caiu de sexto para nono, marcando os únicos pontos da Williams. Lance Stroll completou sua primeira corrida no ano, mas seu ritmo está muito aquém de Massa. A Renault sofre de um problema parecido, pois se Nico Hulkenberg vai garantindo os pontos do time, Jolyon Palmer vai se garantindo como um dos piores pilotos a andar na F1 nesse século. O inglês protagoniza pataquadas em série e hoje abandonou mais uma vez, ao não dar espaço à Grosjean na primeira curva. Com apenas um piloto marcando ponto, Williams e Renault vão perdendo espaço para a Force India no Mundial de Construtores.

Correndo em casa, Daniil Kvyat não teve muita ajuda da Toro Rosso, que ficou abaixo do trio Williams-Force India-Renault, mas que marcou um pontinho com Carlos Sainz. Magnussen estava em décimo, mas foi punido por cortar a segunda curva na largada e com isso perdeu a posição final de pontos para Sainz. Empolgante, não? A Sauber levou seus dois carros até o fim no dia em que anunciou que estará com motores Honda em 2018, mas olhando o desempenho da montadora nipônica esse ano, deve se imaginar o tamanho da grana que os japoneses irão injetar na Sauber, pois só assim para a equipe suíça aceitar a Honda, que até agora vem escrevendo uma história triste de sua passagem na F1. Se serve de consolo, Vandoorne completou a corrida na frente dos dois carros da Sauber, mas em compensação, Alonso abandonou... na volta de apresentação! A cara de Alonso nos boxes mostra bem o descontentamento do espanhol e para piorar as coisas, no outro lado do Atlântico, os motores Honda da Indy levaram um banho dos Chevrolet da Penske na primeira corrida em oval da Indy em Phoenix. Onde Alonso correrá daqui a um mês, em Indianápolis. O desconforto entre McLaren e Honda é mais do que visível. Já se consegue cortar o ar, tamanha a tensão!

O campeonato de 2017 a cada dia que passa lembra mais a temporada de dez anos atrás, quando Ferrari e McLaren-Mercedes disputaram palmo a palmo o título, mas com as quatro primeiras posições ocupadas pelas equipes em condições normais. Como havia muito downforce, 2007 não é muito lembrada por ter grandes corridas, mas foi um campeonato de tirar o fôlego. O mesmo vem acontecendo agora, mesmo Sebastian Vettel e Lewis Hamilton mostrando uma certa ascendência dentro de suas equipes, mas Valtteri Bottas mostrou hoje que pode entrar na briga. Apesar das corridas, temos campeonato!

sábado, 29 de abril de 2017

Passagem de bastão

A Mercedes liderou todos os treinos e voltas na história do circuito de Sochi na F1, numa dominação raras vezes vista numa pista por parte de uma equipe. Três anos depois, a Mercedes se vê numa situação inesperada, onde nem mesmo a melhor performance na classificação impediu a Ferrari de conseguir sua primeira dobradinha no grid em nove anos. Vettel também quebrou um longo tabu ao conseguir sua primeira pole em dois anos, enquanto Raikkonen deu sinal de vida ao ficar muito próximo do seu companheiro de equipe e completar uma primeira fila toda da Ferrari. Outro fato que chamou a atenção foi ver Bottas ser o melhor carro da Mercedes, com uma folgada vantagem sobre Hamilton.

A classificação foi de poucas surpresas, mas a Red Bull começa a ficar com uma pulga atrás da orelha. Se antes da temporada esperava o time austríaco brigando com a Mercedes pela ponta, as três primeiras corridas mostravam a Red Bull isolada como terceira força, porém, na Rússia a equipe de Christian Horner e sua trupe ficou quase 2s atrás dos líderes e para piorar, ainda viu as equipes intermediárias ficando muito próximas, inclusive com Felipe Massa fazendo um ótimo papel ao separar os dois carros azuis, com Ricciardo em vantagem. Massa, já em seu final de carreira, ainda foi capaz de fazer um algo mais. Lá na frente, isoladas, Ferrari e Mercedes brigavam pela ponta, sendo que os italianos haviam dominado todos os treinos livres, mas era esperado que os alemães reagissem na classificação, ponto forte da Mercedes. Bottas ainda conseguiu se meter na briga, ficando menos de um décimo atrás da dupla da Ferrari, enquanto Raikkonen errou na última curva de sua última tentativa, praticamente entregando a pole para Vettel. Na briga pelo título, Hamilton pode estar começando a mostrar a sua fragilidade mental, com a Ferrari sempre andando na frente e o inglês reagindo com erros em sucessão, ficando atrás de Bottas em todo o final de semana.

Se essa tendência se manter, Vettel pode disparar no campeonato, com um acabrunhado Hamilton vendo o alemão conseguir uma vitória decisiva. No caso de Vettel conseguir a vitória amanhã, a Ferrari pode estar dando um passo também decisivo para ser o carro a bater na F1 em 2017. Como era a Mercedes até o ano passado.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

História: 20 anos do Grande Prêmio de San Marino de 1997

A F1 iniciava a sua 'temporada europeia' com uma boa perspectiva para o resto da temporada 1997, após corridas surpreendentes fora do seu berço. Mesmo a Williams tendo vencido duas de três corridas, o domínio da equipe inglesa não era tão grande como nos anos anteriores, com Ferrari, Benetton e até mesmo a McLaren, que havia voltado a vencer depois de muito tempo, se mostrando muito fortes a ponto de brigar com a Williams de Jacques Villeneuve, que confirmava o seu favoritismo com a liderança do campeonato, superando com relativa folga Frentzen, no qual muitos depositavam esperanças de ver brigar pelo título, mas até ali, decepcionava. Como era costumeiro, a Ferrari estreava um motor novo em Ímola, circuito que levava o nome do seu comendador, enquanto Mercedes e Ford (somente com a Stewart) aproveitavam que estavam em solo europeu para colocarem seus motores novos na pista também.

A Classificação viu uma batalha interessante pela pole entre os dois pilotos da Williams, com Villeneuve conseguindo sua quinta pole consecutiva, mesmo o canadense reclamando do acerto do carro. Frentzen chegou a ser atrapalhado por Diniz em sua melhor volta e acabou atrás do seu companheiro de equipe. Para desgosto dos tifosi, Schumacher parecia incapaz de brigar pela pole e estava mais de meio segundo atrás, enquanto Panis continuava a impressionar com um quarto lugar. A Benetton que ainda manquitolava na temporada e seus dois veteranos pilotos ficaram fora do top-10, mas nas corridas anteriores, Berger e Alesi mostraram um ritmo muito melhor na corrida do que na classificação.

Grid:
1) Villeneuve (Williams) - 1:23.303
2) Frentzen (Williams) - 1:23.646
3) M.Schumacher (Ferrari) - 1:23.955
4) Panis (Prost) - 1:24.075
5) R.Schumacher (Jordan) - 1:24.081
6) Fisichella (Jordan) - 1:24.596
7) Herbert (Sauber) - 1:24.723
8) Hakkinen (McLaren) - 1:24.812
9) Irvine (Ferrari) - 1:24.861
10) Coulthard (McLaren) - 1:25.077

O dia 27 de abril de 1997 amanheceu nublado em Ímola e com perspectivas de chuva para a corrida. O warm-up ocorreu com pista molhada após um temporal, mas quando os pilotos foram ao grid alinhar seus carros, a pista já estava seca o bastante para utilizar os pneus slicks, mas por vias das dúvidas, todas as equipes acertaram seus carros para pista molhada. Mas acabou não sendo necessário. Damon Hill continuava seu calvário na tentativa de defender seu título, ao ter problemas antes da largada e ter que largar dos boxes. Villeneuve saiu bem no apagar das luzes, mas quem largou melhor foi Schumacher, que tomou a segunda posição de Frentzen, enquanto Panis era ultrapassado por Ralf Schumacher e Herbert, na primeira corrida sem problemas na primeira curva da temporada.

Depois de apenas quatro voltas, os quatro primeiros estavam separados por menos de 3s, com o quarto colocado Ralf chegando a marcar a volta mais rápida, numa corrida bastante próxima entre os líderes. Na sua corrida 200 na F1, Gerhard Berger rodou na Acqua Minerale e teve que abandonar tristemente. Tirando uma pequena errada de Schumacher, com Frentzen quase efetuando a ultrapassagem, a corrida estava estática, mas dois pilotos que faziam ótimas provas abandonaram na mesma volta, a 18. Ralf e Herbert entraram nos boxes com problemas mecânicos, com o inglês abandonando em seu corrida centenária na F1. Quando as equipes se preparavam para a primeira rodada de paradas, Villeneuve tinha uma vantagem de 4s em cima da dupla Schumacher e Frentzen, que tinham 27s de vantagem em cima de Irvine e Fisichella. Esse momento da corrida praticamente determinou o vencedor. Quando Schumacher parou, Frentzen baixo em mais de 2s seu tempo. O alemão da Ferrari não foi muito rápido, o mesmo acontecendo com Villeneuve e como resultado, os dois pilotos da Williams trocaram de lugar, com Schumacher entre eles. Frentzen agora liderava.

A corrida era extremamente tática e o medo da chuva (que não viria) deixava as coisas mais tensas. Numa estratégia diferente, Coulthard assumiu o quarto lugar na frente de Irvine, mas seu motor Mercedes quebrou bem na frente do irlandês, que escorregou no óleo do novo motor Mercedes e quase perdeu a posição para Fisichella, que vinha logo atrás. Villeneuve havia perdido muito ritmo em sua volta à pista e logo ficava claro o porquê. Na volta 41 o canadense entrou nos boxes lentamente com problemas no câmbio. Jacques passou mais de um minuto no carro, balançando a cabeça negativamente até receber o sinal para abandonar. Enquanto o canadense abandonava, a segunda rodada de paradas começava, mas não houve mais mudanças na liderança. Frentzen administrou bem sua vantagem de 3s em cima de Schumacher. Mais atrás, Irvine fazia o mesmo com Fisichella para garantir mais um pódio em 1997. Era a primeira dobradinha alemã na F1 e Frentzen comentava sua primeira vitória na F1 com uma frase estranha: É como óleo em minha alma!

Chegada:
1) Frentzen
2) M.Schumacher
3) Irvine
4) Fisichella
5) Alesi
6) Hakkinen

domingo, 23 de abril de 2017

Primeira entre gigantes

Há uma história que uma coisa é vencer numa equipe pequena, sem pressão e onde você é a surpresa. Outra bem diferente é vencer numa equipe grande, quando você tem a obrigação de andar bem o tempo todo e vitórias são cobradas. Josef Newgarden já havia vencido três vezes na Indy por equipes médias e pequenas, chamando a atenção da Penske, que não mediu esforços em contar na sua equipe com o jovem e carismático americano. Para trazer Newgarden, foi feito de tudo, até mesmo dispensar Juan Pablo Montoya. E Roger Penske não deve estar nada arrependido. Numa pista em que sempre andou bem e tem uma vitória, Newgarden fez uma bela corrida, superou o gigante Scott Dixon na pista e venceu em Barber, em Alabama, na frente de Fernando Alonso, que visitava à Indy antes de enfrentar as 500 Milhas em maio.

Mesmo Barber ser uma pista encantadora, com subidas e descidas, o circuito do Alabama não produz corridas, digamos, fartas em ultrapassagens. Com retas curtas e muitas curvas longas, ultrapassar não é um das tarefas mais fáceis na Indy. Por isso, mérito para Newgarden, que largou em sétimo, sendo o pior piloto da Penske no grid, que dominou todo o final de semana. Outro detalhe que não pode ser esquecido é a falta de sorte de Will Power nessa temporada. O australiano conseguiu outra pole na carreira e liderou a corrida por praticamente 90%, mas um pneu defeituoso estragou a corrida de Power, o colocando nas últimas posições na corridas, as mesmas em que ocupa no campeonato, muito por problemas mecânicos.

Pela dificuldade de ultrapassar e por ter tido apenas uma bandeira amarela, a corrida foi sendo decidida nos pits, na medida em que os pilotos iam parando e voltando à pista. Power liderou o tempo todo, enquanto Newgarden e Dixon foram superando seus adversários nos boxes. Na única bandeira amarela da corrida, a Ganassi trabalhou melhor deixou Dixon na frente de Newgarden, mas o piloto da Penske efetuou uma das poucas ultrapassagens do dia, o que se tornou a ultrapassagem da vitória quando Power, coitado, já no fim da prova, ter que trocar seus pneus, pois um estava com defeito. Pagenaud completou o pódio, seguido por Castroneves, que foi o pior piloto da Penske na corrida. Helio largou em segundo, mas foi caindo na medida em que a corrida transcorria, sempre perdendo posições nos pits (que não foram lentos...). Kanaan, mais uma vez, esteve longe do ritmo de Dixon. Os dois veteranos brasileiros não vem fazendo boas figuras em 2017 e com a falta de renovação também na Indy, não será surpresa o Brasil ficar sem representante também nos EUA.

Com a Indy voltando a ter uma corrida mais normal, o campeonato ainda vê a surpresa Bourdais na liderança, mas seguido muito de perto por Dixon e Newgarden. Scott vem fazendo uma bela temporada e a sua vitória ainda não veio por detalhe. Logo em sua terceira corrida pela Penske, Newgarden provou que valeu a aposta da Penske.

Ave abatida

O retrospecto de Marc Márquez em terreno ianque chega a impressionar. Alguns anos atrás, os Estados Unidos tinham três corridas no calendário e o espanhol sempre conseguiu andar bem por lá. Foram nove vitórias consecutivas, contando os tempos de Moto2. Foi em Austin que Márquez conquistou sua primeira vitória na MotoGP e mantinha-se invicto no Texas, algo que conseguiu manter com relativa tranquilidade hoje, principalmente com a queda de Maverick Viñales, dominador da temporada até então.

Para um circuito novo, é impressionante a quantidade de ondulações em Austin e os pilotos da MotoGP, com motos mais pesadas, reclamaram bastante durante os treinos. Márquez mostrou o porquê é tão dominante em Austin e com uma pole, superou Viñales, que largou ao seu lado, porém, o piloto da Yamaha não saiu muito bem e estava em quarto, atrás de Pedrosa, Márquez e Rossi nas primeiras voltas da prova. Daniel Pedrosa lembrou seus bons tempos na MotoGP com uma largada fenomenal, pulando para a ponta, mas a sua escolha de pneus indicava que sua liderança era efêmera, ainda mais com Márquez vindo tão forte atrás. Viñales estava colado em Rossi, quando cometeu o primeiro erro em seu começo na Yamaha e caiu na curva 18, uma das mais onduladas em Austin, fazendo com que Viñales perdesse a chance de marcar bons pontos e finalmente ter uma briga mano a mano com Márquez pela vitória.

Porém, Márquez demorou um pouco a superar Pedrosa, só o fazendo quando os pneus do seu compatriota acabaram no fim da corrida. Quando esteve com pista livre na frente, Márquez despachou Pedrosa e Rossi, vencendo pela décima vez consecutiva nos Estados Unidos e entrando de vez no campeonato, com o zero ponto de Viñales. Com um pneu médio, Pedrosa foi perdendo rendimento e acabou ultrapassado por Rossi no fim, na polêmica da prova. E causando uma cena curiosa. Rossi acabou alvejado por fogo amigo quando Johan Zarco, com uma Yamaha satélite, tentou uma manobra de ultrapassagem e para não bater, Rossi saiu da pista, ganhando muito tempo no processo. A direção de prova o puniu com três décimos no final da corrida e tudo o que bastava para Pedrosa, mesmo sendo ultrapassado, era ficar colado em Rossi. Porém, Pedrosa não sabia da punição à Rossi, enquanto a Yamaha protestava da penalidade. Querendo avisar Pedrosa, a Honda usou de canetinha e papelão para mandar um aviso para Dani, mas a placa improvisada veio apenas na penúltima volta, quando Rossi já estava na frente e Pedrosa com os pneus muito desgastados.

Outra briga interessante e que pode acontecer o ano todo é para saber quem será o melhor piloto de equipe satélite. Após atacar Rossi, Zarco foi perdendo rendimento até ser alcançado pela Honda de Cal Cruthlow, que efetuou a ultrapassagem já nas voltas finais. Mesmo com uma reta gigantesca, a Ducati ficou longe dos líderes, com Doviziozo sendo a melhor Ducati na bandeirada. Lorenzo largou muito bem e chegou a andar ao lado de Viñales na primeira volta, mas o espanhol foi perdendo rendimento e foi ultrapassado pela Suzuki de Iannone e, vejam só, por uma Ducati satélite de Danilo Petrucci. A vida não está nada fácil para Lorenzo...

Apesar dos três pódios em três corridas, em nenhum momento Rossi deu pinta que venceria, mas sua constância já lhe garantiu a liderança do campeonato, com seis pontos de vantagem sobre Maverick. O espanhol da Yamaha perdeu uma boa chance de estar folgado na ponta do campeonato, mas agora tem Rossi à sua frente e um motivado Márquez no seu encalço.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Panca da semana

O jovem inglês Billy Monger sofreu o que todo piloto teme. Um carro lento ou parado na frente. A pancada foi fortíssima! 

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Figura(BAH): Ferrari

Numa disputa tão próxima e contra uma equipe que mostrou uma força incomum nos últimos três anos, a Ferrari vem demonstrando estar no mesmo nível da Mercedes e derrotou os alemães no detalhe, como um disputa de alto nível normalmente é decidida. Esse começo de temporada já mostrou uma tendência, com a Mercedes mais rápida em uma única volta, enquanto a Ferrari se mostra muito forte em ritmo de corrida, contudo, a diferença entre Mercedes e Ferrari no domingo é bem menor do que na comparação ao sábado. Por isso, quem souber ler melhor a corrida pode se destacar e no circuito de Sakhir a Ferrari soube derrotar a Mercedes nos detalhes, sobrepujando os alemães no grande calcanhar de Aquiles da equipe há pouco tempo, que é na estratégia. Com um grande ritmo de corrida, Vettel antecipou sua parada para sair de trás de Bottas, que claramente o segurava no começo da corrida e quando veio o safety-car, assumiu a ponta. Porém, o alemão teria que parar mais uma vez, enquanto Hamilton dava pinta que não pararia mais. O que fez a Ferrari? Mandou Vettel acelerar, mandando um recado à Hamilton e a Mercedes: se não parasse outra vez, Vettel passaria por cima do inglês. Não restou alternativa à Hamilton parar novamente, mesmo que fosse um pouco tarde demais e mesmo andando num ritmo alucinante, Lewis ainda ficou 6s atrás de Vettel. A Ferrari construiu um grande carro e finalmente se ombreou com a Mercedes, mas numa disputa parelha entre duas montadoras ícones na F1, o detalhe vai fazer a diferença e a Ferrari se sobressaiu no Bahrein.

Figurão(BAH): Lance Stroll

O jovem canadense estreou na F1 com um cartel interessante, de títulos por todas as categorias importantes de base, mas por trás dessas vitórias, havia a carteira de Lawrence Stroll, que proporcionava sempre do bom e do melhor para o seu filho Lance chegar à F1. Isso incluiu compra de equipes competitivas na F3 e F4 e até mesmo a contratação de pilotos experientes para ser uma espécie de 'coach' para Lance dentro de um final de semana. Porém, a F1 é uma categoria bem diferente e nem todo o dinheiro de Lawrence (e não é pouco) pode garantir competitividade ao seu filho. Aos 18 anos, Lance vem se mostrando um piloto inconstante e, pior, sem o talento necessário para estar no lugar que vem ocupando. Comparado à Felipe Massa, que não se esqueçamos estava aposentado em dezembro último, Stroll vem sendo goleado em todos os quesitos possível e no Bahrein isso ficou claro. Mais lento na classificação e sem ritmo de corrida, Stroll abandonou por culpa alheia (foi atingido por Carlos Sainz quando este saiu do pit-lane), mas de qualquer maneira o canadense não tinha ritmo para brigar por pontos, enquanto Massa brigava com carros bem melhores do que o seu e terminou em sexto. Ainda é cedo, mas Lance Stroll precisa mostrar muito, muito mais para provar que no mar de dinheiro que o cerca, existe algum talento. 

domingo, 16 de abril de 2017

Maldita punição

O 'se' não existe no esporte, mas os 5s que Hamilton perdeu quando foi punido, justamente por sinal, fez com que a F1 tivesse adiada mais uma vez uma disputa mano a mano entre os dois principais piloto da F1 atual. Se tem alguém que não lamentou nada essa situação foi Vettel, que ganhou no detalhe, quando fez sua primeira parada antes do safety-car e quando Hamilton fez sua segunda parada, Sebastian estava longe demais para um último ataque de Hamilton, que completou a dobradinha dos dois pilotos que disputarão o título esse ano, o que ficou bem claro para Bottas, que teve que ceder sua posição no meio da prova. Sua cara no pódio mostrava bem a opinião do nórdico sobre essa decisão da Mercedes.

A corrida de hoje se não teve o grau elevado de emoção da prova passada na China, mas também não foi sonolenta como em Melbourne. Longe disso! A corrida teve muitas disputas, ultrapassagens, alguma dose de polêmica e o vencedor sendo decidido nos detalhes, numa equilibrada disputa entre Ferrari e Mercedes, além de Vettel e Hamilton. A largada foi normal, mas largando do lado limpo, Vettel deixou Hamilton facilmente para trás ainda antes da primeira curva, enquanto Verstappen conseguia outra grande largada e pulava para quarto. A cena dos cinco primeiros andando juntos, praticamente colados, nas primeiras voltas já é uma grande notícia para a F1 nesse ano. Apesar da Red Bull ficado pelo caminho, há uma maior proximidade entre as equipes grandes, em especial Mercedes e Ferrari, que liderava com Bottas, seguido de perto por Vettel, Hamilton, Verstappen e Ricciardo. Vendo a dificuldades de se ultrapassar, Vettel foi o primeiro a ir aos boxes, indicando claramente que iria parar duas vezes, o mesmo fazendo Verstappen logo depois. Porém, uma série de incidentes, incluindo um com Verstappen, fez com que a corrida começasse a ser decidida à favor de Vettel. Primeiro, as duas Mercedes decidiram entrar juntas, mas uma parada ruim nos dois carros fez com que Vettel surgisse na ponta da corrida. Para tentar perder o menor tempo possível, Hamilton tirou muito o pé na entrada dos pits, atrapalhando Ricciardo, o que lhe garantiu uma punição de 5s de forma justa. Quando Vettel relargou, ele imprimiu um ritmo que anulou a tentativa da Mercedes não parar mais com Hamilton, pois se o inglês se mantivesse na pista, seria engolido pelo alemão nas voltas finais. Vettel forçou o tempo inteiro e quando Hamilton parou, faltando dezessete voltas para o fim, o alemão da Ferrari tinha vantagem o suficiente para se manter na ponta, mesmo Lewis tirando 2s por voltas em alguns momentos. Vettel e Hamilton será o grande duelo de 2017 e suas equipes já sabem disso.

Quando Hamilton ultrapassou Ricciardo na relargada, imediatamente ficou claro que o inglês iria trocar de posição com Bottas, o que aconteceu no final da reta dos boxes. Um pedido como esse cai como uma bomba na confiança de um piloto e Valtteri esteve longe do piloto que segurou Vettel nas primeiras voltas da corrida a partir disso. No entanto, assim que Lewis Hamilton efetuou a 'ultrapassagem', ele desapareceu na frente de Bottas, assim como houve a segunda troca de posições, esse de forma mais óbvia, já no fim da corrida. A diferença entre os primeiros pilotos de Ferrari e Mercedes é nítida, mas a Mercedes terá que lidar com o possível desagrado de Bottas pela decisão tomada logo na terceira corrida do ano e que não aconteceu nos tempos de Nico Rosberg. Mas se a diferença entre Hamilton e Bottas é grande, o que dizer da lacuna entre Vettel e Raikkonen? Sempre flagrado reclamando do carro, Kimi está tendo um início de campeonato para esquecer, mesmo mostrando um mínimo de combatividade no Bahrein ao ultrapassar Massa e Ricciardo, mas Kimi já começa a desagradar a cúpula da Ferrari, pois além do Mundial de Pilotos, que é liderado por Vettel, há também o Mundial de Construtores e Raikkonen não está ajudando muito a causa ferrarista.

Ricciardo garantiu um solitário quinto lugar, longe de atacar a turma da frente, mas bem à frente da Williams de Massa. Falando no brasileiro, após a classificação Max Verstappen garantiu o rótulo de vilão da F1 por parte do Brasil por uma reclamação contra Massa e por ter usado as palavras 'ele é brasileiro, então não adianta discutir'. Verstappen poderia ter dado um molho especial à corrida com sua agressividade usual, mas um problema nos freios não deixou. Porém, suas atitudes fora das pistas incomodam muito mais que suas espetaculares ultrapassagens. Mimado pela pai Jos e pela equipe Red Bull, Verstappen corre o risco de ser uma espécie de Neymar da F1, pois tem um talento fora do comum, mas vive numa bolha onde só existe si mesmo, além de ser completamente avoado do acontece ao seu redor. Mesmo o Grande Prêmio do Brasil sendo apenas no final do ano, dificilmente o holandês não será recebido por uma estrepitosa vaia em Interlagos. Massa fez sua melhor corrida no ano, andando em determinados momentos no ritmo de Raikkonen e Ricciardo, mas acabou superado, sem maiores surpresas, por ambos e garantiu o lugar de melhor do resto, que é o que Felipe pode conseguir com o equipamento que tem em mãos. Falando em diferença entre pilotos, o trabalho de Lance Stroll já começa a preocupar, pois o canadense não conseguiu completar a quilometragem de uma corrida nas três etapas até agora e no momento, Lance não acompanha o ritmo de Massa. Mesmo com o (muito) dinheiro investido pela família Stroll, os pontos desperdiçados por Lance podem fazer falta à Williams mais tarde na cota do Mundial de Construtores. Se serve de consolo para Massa, 2017 pode ver o brasileiro superando o seu companheiro de equipe depois nove anos!

Sergio Pérez garantiu uma ótima corrida de recuperação e chegou logo atrás de Massa, ganhando dez posições durante a corrida, enquanto Ocon segue fazendo bem o dever de casa para ser o melhor novato do ano, marcando pontos pela terceira corrida consecutiva. Da mesma forma da Williams, a Haas e a Renault vê uma grande diferença entre seus dois pilotos. Hulkenberg tirou uma volta da cartola no sábado, mas não teve ritmo de corrida para manter sua ótima posição no grid, mas o alemão garantiu os primeiros pontos da equipe, o mesmo fazendo Grosjean, colocando sua Haas nos pontos. Enquanto isso, o horroroso Jolyon Palmer foi o último colocado entre os que receberam a bandeirada mesmo largando em décimo e Kevin Magnussen estava longe dos pontos quando abandonou. Assim como na Manor, Pascal Wehrlein vai fazendo o algo a mais com o seu equipamento e ficou na beira de pontuar com o péssimo carro da Sauber, superando com autoridade Marcus Ericsson, que abandonou no fim. Sainz bateu em Stroll na saída dos boxes, destruindo a corrida de ambos, enquanto Kvyat fez uma corrida combativa, brigando com Wehrlein, Palmer e Alonso. Agora, o que dizer da McLaren? A fala de Alonso que nunca teve um carro tão pouco potente na vida, ele que pilotou a Minardi quando estreou na F1, deve doer fundo no coração da Honda. Vandoorne, coitado, excelente piloto na GP2 sequer largou, com problemas em seu carro. Não existe luz no fim do túnel da McLaren-Honda e esse bode na sala dificilmente será retirado com rapidez.

A F1 volta a ver uma disputa entre duas equipes e seus dois primeiros pilotos, mesmo que seus companheiros de equipe fiquem bem para trás. Vettel e Hamilton dominaram as duas primeiras posições num raro equilíbrio entre dois (grandes) pilotos em duas equipes diferentes. Hoje, Vettel venceu no detalhe, mas se Hamilton tivesse ganho, não seria nenhuma surpresa. Após três corridas, já se percebe uma clara tendência de Mercedes muito rápida em ritmo de classificação, mas a Ferrari mais rápida em ritmo de corrida, sendo que a Mercedes está mais próxima no domingo do que a Ferrari no sábado. No entanto, ainda nos resta esperar uma disputa palmo a palmo pela vitória entre Vettel e Hamilton.

sábado, 15 de abril de 2017

Chute no azar

Quando a F1 começava a sentir falta de Nico Rosberg pressionando Lewis Hamilton dentro da Mercedes, Valtteri Bottas mostrou o porquê ser considerado um dos melhores pilotos de sua geração ao conseguir sua primeira pole na F1, derrotando Hamilton por menos de um décimo, fazendo o inglês ter que esperar mais um pouco para se igualar o recorde de poles consecutivas que ainda é de Senna. Meio segundo atrás, Vettel mostrou que a Ferrari tem mesmo um melhor ritmo na corrida, enquanto Daniel Ricciardo conseguiu tirar uma volta da cartola para largar pela primeira vez no ano na segunda fila.

A classificação no Bahrein não teve maiores surpresas, mas alguns indicadores interessantes. Para os que criticam a saída da Felipe Nasr da Sauber, um dado mostra o que o brasiliense deveria ter feito dentro da equipe. Vindo de uma lesão no pescoço, o talentoso Pascal Wehrlein praticamente estreou na Sauber em 2017 colocando logo de cara sete décimos em cima do fraco Marcus Ericsson, indo tranquilamente ao Q2. Mesmo quando andou na frente de Ericsson, Nasr não emitiu um recado tão forte quando Wehrlein fez hoje. O alemão, novamente, fez um algo a mais, como nos tempos da Manor. Algo que Nasr não fez. Outro que vem fazendo algo a mais é Esteban Ocon, que colocou tempo no rápido Sergio Pérez, que amargou uma desclassificação no Q1.

Mercedes e Ferrari vinham claramente se poupando em todos os testes, mas no momento certo o time prateado marcou os melhores tempos da história do circuito de Sakhir, numa briga particular entre os dois pilotos da Mercedes, com uma vantagem mínima para Bottas, que com sua primeira pole, pode conquistar a confiança necessária para enfrentar um piloto do nível de Hamilton. No reino dos finlandeses, se Bottas se recuperou, Raikkonen parece ser de difícil recuperação. Novamente tomando tempo de Vettel, Kimi ficou fora até mesmo da segunda fila, lugar usual da Ferrari até o momento, superado nos últimos momentos por Ricciardo, que vinha de um final de semana discretíssimo para colocar a Red Bull na segunda fila, superando com relativa folga Verstappen. O grande destaque do pelotão intermediário foi Nico Hulkenberg, que marcou ótimos tempos, ficando bastante próximo da Red Bull. A fase da Renault, que ano passado fez um papelão, é tão boa que até o fraco Jolyon Palmer conseguiu um lugar no Q3, mesmo que a diferença entre os dois pilotos da Renault seja grande, o mesmo ocorrendo na Williams (vantagem para Massa) e Hass (vantagem para Grosjean).

A corrida amanhã será observar o comportamento de Bottas largando pela primeira vez na pole, o mesmo vale dar uma olhada na largada de Hamilton, pois na prova da F2, os pilotos que largaram do lado par tiveram sérios problemas de tracionar na largada. Sorte de Vettel, que larga amanhã no lado ímpar da pista.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

História: 20 anos do Grande Prêmio da Argentina de 1997

A F1 terminava seu tour pela América do Sul com a Williams voltando a ser favorita após a vitória de Villeneuve em Interlagos, numa corrida confusa e com duas largadas. Com as equipes tendo pouco tempo entre as duas corridas, praticamente não haviam mudanças. A Lola, sem surpresa nenhuma, falhava novamente em Buenos Aires, apesar de Eric Brodley ter prometido que sua equipe retornaria em Ímola, mas a história desmentiria isso. A Tyrrell estreava dois novos aerofólios ao lado da cabeça dos pilotos, numa ideia que só seria copiada pelas demais equipes no ano seguinte. Mesmo favorita, a Williams tinha problemas com seus dois pilotos doentes. Se o caso do gripado Frentzen era menos preocupante, a infecção intestinal de Villeneuve fez com que o canadense tivesse sérias dificuldades durante todos os treinos. Se servia de consolo para Jacques, foi que um ano antes Damon Hill chegou com o mesmo problema em Buenos Aires e venceu a prova.

Mesmo bastante debilitado, Villeneuve conseguiu uma bela pole, com quase 1s de vantagem sobre Frentzen, que completava a primeira fila da Williams. A primeira surpresa do grid era Olivier Panis em terceiro, em seu melhor resultado de grid na carreira e para corroborar com a boa fase dos pneus Bridgestone, Barrichello colocou seu Stewart na terceira fila. McLaren e Benetton tiveram uma péssima classificação no ondulado circuito Oscar Galvez, com Hakkinen apenas em 17º, enquanto nenhum carro da Benetton ocupava o top-10.

Grid:
1) Villeneuve (Williams) - 1:24.473
2) Frentzen (Williams) - 1:25.271
3) Panis (Prost) - 1:25.491
4) M.Schumacher (Ferrari) - 1:25.773
5) Barrichello (Stewart) - 1:25.942
6) R.Schumacher (Jordan) - 1:26.218
7) Irvine (Ferrari) - 1:26.327
8) Herbert (Sauber) - 1:26.564
9) Fisichella (Jordan) - 1:26.619
10) Coulthard (McLaren) - 1:26.799

O dia 14 de abril de 1997 estava quente e ensolarado em Buenos Aires, contrariando a previsão de chuva naquele dia de abril. Num tempo em que o regulamento obrigava as equipes escolherem os tipos de pneus na classificação e na corrida, quem optou pelos pneus moles, teve sérios problemas. Outro fator era saber como Villeneuve se sairia com tanto calor estando debilitado. No warmup, Frentzen teve problemas em seu carro titular e teve que largar com o reserva, que mostrou problemas na saída para a volta de apresentação, causando uma certa apreensão, mas o alemão estava normalmente em seu lugar quando as cinco luzes vermelhas se apagaram. Pela primeira vez na temporada, Villeneuve largou bem e se manteve confortavelmente em primeiro na curva um. Porém, havia confusão logo atrás, com Panis largando mal e sendo ultrapassado pelas duas Ferraris. Na freada da primeira curva, Schumacher, Irvine e Barrichello estavam lado a lado. Não poderia dar certo. Schumacher acabou colidindo com Barrichello e abandonando no local, enquanto o brasileiro continuaria na corrida, mas com alguns danos. Mais atrás, Coulthard batia na traseira de Ralf e muitos carros foram para a grama para evitar batidas. Com tantos detritos na pista, o safety-car entrou na pista. Numa errata de um fiscal, ele mostrou uma bandeira vermelha por conta própria e Schumacher correu em disparada aos boxes, pensando que a corrida tinha sido interrompida. Era alarme falso e a organização argentina seria multada pela presepada, enquanto Jean Todt reclamava o porquê da corrida não ter sido parada, como havia acontecido em Interlagos.

As duas Williams permaneciam na frente, enquanto Panis se aproveitou da confusão à sua frente para voltar à terceira posição, seguido por Irvine, Fisichella e Damon Hill, que fez largada impressionante. Na relargada Villeneuve disparou na frente, abrindo muito espaço para Frentzen e Panis, mas o alemão teria uma corrida curta, quando a embreagem que o tinha atrapalhado na saída da volta de apresentação o fez abandonar na volta 6. Com pista livre à frente, Panis começou a encostar em Villeneuve. Mais atrás, a deficiência de potência do motor Yamaha fez Hill ser ultrapassado por Ralf Schumacher e Johnny Herbert, com o inglês ultrapassando Ralf e partindo para cima da outra Jordan de Fisichella. Com apenas 1s separando os dois primeiros colocados, era esperado uma boa briga entre Villeneuve e Panis, mas o francês teve um problema em seu acelerador na volta 18, abandonando tristemente o que era até aquele momento sua melhor corrida no ano. Aquilo deixava Villeneuve com 9s de vantagem sobre Irvine, que parecia estar numa estratégia diferente e segurando um bom pelotão atrás de si, que tinha as duas Jordans e Herbert. Quando a primeira rodada de paradas começou, iniciou-se uma briga que garantiria polêmica dentro dos boxes da Jordan e uma longa inimizade. Ralf vinha 1s mais rápido do que Fisichella e quando o italiano saiu de uma curva de forma mais lenta, Ralf viu ali uma oportunidade de ultrapassagem e colocou por dentro, colocando Fisichella para fora da pista, deixando o italiano furioso!

A corrida seria decidida na estratégia. Villeneuve e Herbert, mostrando o porquê era um dos pilotos mais rápidos do pelotão, foram aos boxes pela segunda vez na volta 39, deixando Irvine liderar uma corrida de F1 pela primeira vez na carreira. A Ferrari trouxe seu piloto aos pits cinco voltas mais tarde e com um longo reabastecimento, deixava claro que Irvine ficaria na pista até o fim, o mesmo não acontecendo com Villeneuve. O canadense teria que tirar essa desvantagem de parar uma vez mais na pista e iniciou uma corrida forte. Jacques fez sua terceira e última parada na volta 56, faltando apenas 16 para o fim, retornando à pista menos de 2s à frente de Irvine. Em terceiro, Ralf Schumacher, apesar da polêmica com seu companheiro de equipe, fazia uma corrida sólida e após sua parada no começo da corrida, ele terminaria a prova sem mais pit-stops.

Mesmo tendo o mesmo número de voltas do Grande Prêmio do Brasil, a corrida argentina era mais longa por causa do circuito Oscar Galvez ser mais travado do que Interlagos. Para completar, o calor forte aumentava a dose de sacrifício de Villeneuve, que passou a semana doente. A aproximação de Irvine era forte e o irlandês contava que Jacques pudesse errar por causa de sua debilidade física. As últimas votas foram emocionantes, com Irvine colado em Villeneuve e sempre tentando algo na freada da curva 1, praticamente único local de ultrapassagem da pista. Porém, Villeneuve superou Irvine (e a dor de barriga) para vencer pela segunda vez e liderar o campeonato pela primeira vez em 1997. Irvine voltava ao pódio, enquanto Ralf estreava nele, se tornando naquele o momento o piloto mais jovem a fazê-lo na história da F1 com 21 anos de idade. Herbert fez uma boa corrida para ser quarto, enquanto Hakkinen e Berger coroavam duas belas corridas de recuperação nos pontos, apesar de Berger ter marcado a volta mais rápida da pista na perseguição à Mika, mas não conseguindo efetuar a ultrapassagem. Pensam que somente agora é difícil ultrapassar? Mesmo claramente abatido e cansado, Villeneuve ainda conseguiu vibrar muito com sua vitória. Os pneus Goodyear conseguiram um ótimo resultado com o pódio completo e seus pilotos tendo três estratégias diferentes, mas todos se perguntavam como seria a corrida se Panis não tivesse quebrado...

Chegada:
1) Villeneuve
2) Irvine
3) R.Schumacher
4) Herbert
5) Hakkinen
6) Berger

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Cenas Impossíveis

Para quem leu revistas em quadrinhos, mais especificamente a Turma da Mônica, deve lembrar de algumas páginas com o que Maurício de Sousa chamava de 'Cenas Impossíveis'. Era o Cascão tomando banho de chuva, Cebolinha se declarando para a Mônica e coisas do tipo que, para quem acompanhava as revistinhas, sabia que era impossível. Se Maurício de Sousa desenhasse Fernando Alonso no cockpit de um carro da Indy laranja, se preparando para a largada das 500 Milhas de Indianápolis de 2017 no dia de ontem, o cartunista poderia colocar no topo 'Cenas Impossíveis'.

Pois numa ação que pegou o automobilismo totalmente de surpresa, Fernando Alonso anunciou que participará das 500 Milhas de Indianápolis desse ano pela equipe Andretti, que utiliza motores Honda, com o total apoio da McLaren, que pintará o quinto carro da equipe de laranja, além de deixar o espanhol fora da principal corrida da F1, em Mônaco, realizada tradicionalmente no mesmo dia das 500 Milhas.

Como fala um cronista cearense do nosso pebol, foi uma 'bomba de mil megatons'. Se Alonso fosse correr em Le Mans até que não seria uma total surpresa, pois o espanhol já falou inúmeras vezes que pretende participar da corrida francesa. Porém, correr em Indianápolis sem nenhum teste com o carro ou com o tipo de pista, um superoval, deixou todos boquiabertos. O interessante disso tudo foi que isso não foi um desejo único de Alonso, mas contou com todo o apoio da McLaren. E pode-se dizer que acertou na mosca! Hoje (e nos próximos dias não será diferente) não se falou do fracasso que é a McLaren-Honda na F1, mas que Alonso correrá com motor Honda, apoiado pela McLaren numa das principais equipes da Indy a grande corrida do mundo. E tudo isso em poucas semanas! 

Os desafios de Alonso serão enormes, pois ele nunca correu num oval e Indianápolis não é um oval qualquer, cheio de manhas e que poucos pilotos dominam. O espanhol não conhece o carro e a equipe que o receberá. Porém, não há dúvidas que Alonso está um ou mais degraus acima de todos os pilotos da Indy, incluindo aí o tetracampeão Scott Dixon, o atual campeão Simon Pagenaud, do rápido Will Power e os experientes Helio Castroneves e Tony Kanaan. 

Essa ideia de Alonso na Indy já é um fruto da mudança de liderança da F1. Bernie Ecclestone nunca aceitaria que um dos suas principais estrelas faltasse Mônaco para agigantar uma categoria rival, em sua principal corrida, mesmo a Indy estar longe dos seus áureos tempos, mas que ganhará uma visibilidade enorme, afinal, todos quererão saber como Fernando Alonso irá se sair na tradicional pista de Indiana. 

Essa notícia bombástica foi boa para todos, até o momento. A Indy, muito em baixa nos últimos anos, ganhará um impulso de alcance global com um piloto do calibre de Alonso nas 500 Milhas, enquanto o espanhol correrá numa das corridas mais famosas do mundo, em sua tentativa declarada de se igualar à Graham Hill e conquistar a tríplice coroa. Até mesmo a F1 ganha, com uma publicidade enorme que ganhou com essa notícia, isso sem falar na McLaren e da Andretti, que ganhará um super-piloto para vencer novamente em Indiana. Enfim, todos já estão ansiosos para chegar logo o mês de maio!

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Figura(CHN): Novo regulamento

Hoje Sebastian Vettel deu uma entrevista que caiu muito bem para a atual F1. Numa analogia com o futebol, nas mesma medida em que há grandes jogos como o histórico Barcelona 6 x 1 PSG, há também Ceará 0 x 0 Guarani(Juazeiro) da última quarta. Resumindo, há ótimos e péssimos jogos de futebol em todo o mundo, mas não será por causa de um jogo ruim que se vai mudar o futebol. Assim é com a F1. Após uma corrida modorrenta na Austrália, o novo regulamento da F1 chegou em Xangai acusada de ter acabado com as ultrapassagens e a emoção. Muita gente já condenava a temporada 2017 após apenas uma corrida! Porém, o Grande Prêmio da China mostrou que a F1 voltou a um bom caminho ao aumentar a velocidade dos carros e fazendo com que os pilotos trabalhassem pelos os seus polpudos salários. Até o ano passado havia a reclamação de que haviam ultrapassagens demais, por causa da concepção dos carros, mas com a mudança para esse ano, os carros ficaram mais rápidos, robustos e a consequência foi a diminuição das ultrapassagens. É bastante difícil encontrar um equilíbrio, mas lutar para ultrapassar também é belo, mesmo que ela não aconteça. A corrida deste domingo ocorreu numa pista larga e com pontos claros de ultrapassagem. Para completar, a chuva apareceu para molhar a pista em seu começo. Se não teve a orgia de ultrapassagem do ano passado, o Grande Prêmio da China teve vários momentos altos e foi possível ver uma bela corrida de F1, mesmo com carros mais difíceis de se ultrapassar. Da mesma forma que não se pode condenar o regulamento por causa de uma corrida, também não se pode exaltar a F1 por causa da corrida do último domingo. Muito 'especialista', em especial o pessoal do Grandepremio.com.br, já acabou com a F1, caindo na velha armadilha de julgar após uma amostra tão pequena. A corrida de ontem foi ótima, assim como virão outras tão boas quanto, da mesma maneira que virão corridas tão ruins quanto Melbourne, porém, a F1 parece estar no caminho certo.

Figurão(CHN): Finlandeses

A Finlândia é conhecida como um verdadeiro celeiro de grandes pilotos e não dá para negar que Valtteri Bottas e, principalmente, Kimi Raikkonen são herdeiros verdadeiros de grandes lendas, em especial Mika Hakkinen na F1. No entanto, Bottas e Raikkonen tiveram uma jornada bastante desagradável na China, com atuações abaixo da crítica de ambos, onde mesmo com os dois melhores carros destacados do pelotão, foram superados pelos dois carros da Red Bull sem maiores problemas. Bottas vinha andando no ritmo dos líderes, quando caiu algumas posições ao esperar o líder Hamilton fazer sua troca de pneus durante o safety-car, mas o pior ainda estaria por vir, quando o novo piloto da Mercedes cometeu, definido pelo próprio nórdico, um erro de amador ao rodar enquanto estava no regime de safety-car, saindo do top-10 e tendo que remar até chegar ao sexto lugar, colado no seu compatriota Raikkonen. Chega a ser irritante a incapacidade de Raikkonen fazer uma ultrapassagem nos últimos anos, principalmente em sua segunda passagem pela Ferrari. Kimi ficou empacado atrás de Daniel Ricciardo e mal se viu tentativas de ultrapassagem por parte do finlandês, que segurou por várias voltas seu companheiro de equipe, até Vettel perceber que Kimi não faria nada e não apenas ultrapassou Raikkonen, como deixou Ricciardo para trás numa bela ultrapassagem. Mesmo com o australiano fragilizado, Raikkonen ficou atrás do carro da Red Bull, terminando atrás dos carros austríacos, começando comentários de que a cúpula da Ferrari já se impacienta com ele. A situação de Bottas não chega ser tão ruim quanto a de Kimi, mas ambos já parecem definitivamente relegados à situação incômoda de segundos piloto de suas equipes.

domingo, 9 de abril de 2017

Banquete dos mendigos

Numa categoria dominada fortemente há tantos anos por um trio de ferro (Penske, Ganassi e Andretti), a temporada 2017 começou com um desenho, no mínimo, exótico. Após duas etapas, o líder do campeonato é Sebastien Bourdais, da eterna nanica Dale Coyne. O talentoso francês tem uma vitória e um segundo lugar, conquistado hoje em Long Beach, ficando atrás do canadense James Hinchcliffe, da pequena Smith&Peterson. Só depois apareceram pilotos de Ganassi e Penske, incluindo o grande perdedor do dia, Scott Dixon.

Quando Helio Castroneves largou muito mal vindo da pole, Scott Dixon imediatamente tomou a ponta da corrida e era o grande favorito à vitória, podendo descontar a decepção em Saint Petersburg, quando era o piloto mais rápido da pista, mas acabou atrapalhado pela estratégia. E foi novamente pelas complicadas táticas das corridas da Indy que Dixon perdeu outra corrida. Ainda no começo da corrida Marco Andretti apareceu lento na pista e tudo levava a crer que a bandeira amarela apareceria. Mesmo com uma liderança tranquila, frente à Andretti de Ryan Hunter-Reay, Dixon foi chamado aos boxes, indicando que pararia três vezes (quando o normal seriam duas), aproveitando a bandeira amarela que viria. O problema foi que essa bandeira amarela não veio...

A corrida passou a ser dominada pelo trio Hunter-Reay, James Hinchcliffe e Alexander Rossi. Os três andavam sempre próximos, enquanto Dixon tentava recuperar o prejuízo andando o mais rápido possível. Porém, os esforços do neozelandês não pareciam frutíferos, enquanto o dia da Andretti pioraria no final da corrida. Na última rodada de paradas, Hinchcliffe conseguiu superar Hunter-Reay, enquanto Rossi abandonava por problemas mecânicos. No finalzinho da corrida, quando parecia que haveria uma briga entre Hinchcliffe e Hunter-Reay, o americano da Andretti encostou com problemas. Aparentemente os problemas de Marco, Rossi e Hunter-Reay foi de motor, indicando que a Honda forçou para conseguir potência, mas se esqueceu da confiabilidade.

Uma relargada nas últimas voltas deixou o final tenso, mas Hinchicliffe soube controlar bem Bourdais, que fez outra belíssima corrida, e venceu pela primeira vez desde o seu gravíssimo acidentes nos treinos das 500 Milhas de Indianápolis. O canadense é uma espécie de Ricciardo da Indy, sempre sorrindo e mostrando muito talento. Hinch saiu da Andretti e foi para uma equipe pequena, onde quase morreu, mas deu a volta por cima, vencendo pela primeira vez em dois anos. Os brasileiros tiveram uma corrida para esquecer, particularmente Tony Kanaan, que não se entendeu com o carro durante todo o final de semana e ainda teve um pneu furado quando lutava pela 11º posição. Não devemos esquecer que Dixon, seu companheiro de equipe, tinha o carro mais rápido do pelotão...

Newgarden, Dixon e Pagenaud, todos correndo pela Penske ou Ganassi, chegaram logo atrás de Hinchcliffe e Boudais, mostrando o equilíbrio dessa temporada na Indy. 

Entre mortos e feridos

Assim como na F1, a MotoGP também espera ansiosamente por um duelo na pista em 2017. Se Lewis Hamilton e Sebastian Vettel já tiveram um ligeira disputa nas primeiras voltas de Melbourne, ainda não houve uma disputa direta entre Marc Márquez e Maverick Viñales em 2017. Os dois jovens espanhóis já despontam como o futuro da MotoGP e com as melhores motos do plantel, Viñales e Márquez ainda brigarão por muitas vitórias no futuro e hoje essa peleja tinha tudo para acontecer, mas a queda de Márquez quando liderava e Viñales tinha acabado de assumir a segunda posição pôs tudo a perder, mas o piloto da Yamaha não tem nada a reclamar e com essa vitória, já começa a colocar uma boa vantagem sobre os rivais na luta pelo campeonato.

A corrida em Termas de Rio Hondo foi bastante acidentada e das equipes oficiais, apenas Yamaha, que sem surpresa completou a dobradinha, e KTM completaram a corrida com seus dois pilotos. Honda, Ducati e Aprilia ficaram pelo caminho, sendo que Iannone teve que pagar um Ride Through e chegou em último, enquanto seu companheiro de equipe na Suzuki Rins também caiu. Isso deixou a vida da Yamaha bem mais fácil, principalmente quando Marc Márquez reviveu a si próprio em 2015 e caiu sozinho, quando tinha mais de 2s de vantagem na ponta. O espanhol da Honda tinha feito a pole, disparado na largada e parecia rumo à vitória quando caiu na curva 2, mesmo local em que seu companheiro de equipe Pedrosa caiu algumas voltas mais tarde. Nesse momento, Viñales tinha acabado de ultrapassar Cal Cruthlow e de uma tacada só, assumia a ponta da corrida. Maverick tinha sido atrapalhado pela chuva na classificação, mas no warm-up já tinha feito o melhor tempo e rapidamente se estabeleceu na briga pela vitória, que nem foi tão brigada pela queda de Márquez. O jovem espanhol da Yamaha começou 2017 com duas vitórias e o 100% de aproveitamento o deixa numa situação já confortável na briga pelo título.

Correndo pela 350º no Mundial de Motovelocidade, Valentino Rossi mostrou a garra de quando estreou no já longínquo 1996 nas 125cc. Rossi passou o final de semana reclamando de sua moto, mas quando a luz verde apareceu, o italiano mostrou a velha classe para, se não teve condição de vencer, saber superar o perigoso Cal Cruthlow, que salvou a honra da Honda ao subir ao pódio. Viñales parecer ser rápido demais para Rossi, mas nem por isso o italiano deixará de lutar. Cruthlow já pode ser considerado o segundo piloto da Honda, enquanto Pedrosa continua seu calvário em ser superado seguidamente por seus companheiros de equipe. Falando em calvário, Lorenzo provou o quão ruim pode ser largar tão para trás no grid ao abarroar Andrea Iannone na primeira curva e ficar de fora da corrida rapidamente. Para quem sonhava em repetir Rossi em 2004, quando estreou na Yamaha vencendo contra todos os prognósticos, esse começo de Lorenzo na Ducati é assustador.

Maverick Viñales foi o nome da corrida, mesmo não tendo lutado pela vitória com Márquez, mas com tantos acidentes, numa pista fria e perigosa, o piloto da Yamaha apenas usou todo o potencial que tem em mãos para vencer mais uma vez e se tornar, na primeira vez com uma equipe realmente competitiva, o grande favorito do campeonato de 2017.  

O troco

Duas semanas depois da modorrenta abertura da temporada 2017, a F1 viu um Grande Prêmio da China bem diferente, num circuito mais propenso a ultrapassagens, mesmo os carros nitidamente mais sensíveis à turbulência. Outra diferença, essa mais importante no que tange o campeonato, Lewis Hamilton se recuperou da derrota em Melbourne e praticamente de ponta a ponta, venceu pela primeira vez nesse ano, mas numa bela recuperação, Vettel arrancou para o segundo lugar e deixou empatado o campeonato. A Red Bull deu sinal de vida, ainda mais com o impressionante Max Verstappen, que saiu de 17º no grid para terceiro, tornando o pódio com três equipes diferentes.

A perspectiva de chuva se confirmou em Xangai, mesmo que numa intensidade muito mais baixa do que o esperado, mas que permitiu que a nuvem que pairava de um possível cancelamento fosse embora. Todos os pilotos, com exceção de Carlos Sainz, largaram com pneus intermediários e Hamilton já começou mostrando serviço ao largar bem e se estabelecer na ponta, enquanto Vettel teve que forçar a barra para garantir a segunda posição. Mais atrás, Verstappen começava seu show particular quando já aparecia entre os dez primeiros depois de poucas curvas. As primeiras voltas, com a pista ainda muito escorregadia, foram as mais confusas da corrida, com um período de safety-car virtual pelo toque recebido por Stroll por parte de Sérgio Pérez, enquanto o novato Antonio Giovinazzi rodou na relargada, trazendo o safety-car 'real'. Esses movimentos definiram a corrida. Na primeira intervenção, Vettel colocou pneus slicks e se não chovesse, se daria muito bem, mas com a segunda intervenção, todos os pilotos da ponta trocaram seus pneus e o alemão da Ferrari acabou prejudicado pela estratégia, como havia acontecido com Hamilton na Austrália. Em quinto, Vettel pouco poderia fazer para atacar Hamilton, que liderou soberano a prova inteira, vencendo pela primeira vez em 2017. Ao contrário dos últimos anos, a grande diferença da vitória do inglês da Mercedes foi que ele forçou o tempo inteiro, levando seu carro ao limite para se manter a frente dos rivais. Após a relargada, foi bonito de se ver os cinco primeiros colocados andando juntos.

Correndo em quinto e preso atrás de vários pilotos, Vettel deu um verdadeiro show de ultrapassagens, mesmo que demorasse um pouco demais para começa-lo. O alemão partiu para cima de Raikkonen com decisão, meio que deixando claro que não houve uma ordem vinda dos boxes. Com o sempre duro Ricciardo a situação foi diferente e a briga entre os dois ex-companheiros de equipe foi o ponto alto da prova, com Vettel sabendo usar o maior potencial do carro numa manobra belíssima por fora, com Ricciardo dando pouco espaço para Vettel e um toque entre ambos acabou acontecendo, mas sem maiores consequências. Menos mal para Vettel que ele não precisou de muito trabalho para deixar o sempre agressivo Max Verstappen para trás, com o holandês errando a freada e com pista livre, andou no mesmo ritmo de Hamilton, mostrando que se não fossem as circunstâncias do começo da prova, a corrida seria um duelo mano a mano entre os dois multi-campeões, algo que ainda está pendente em 2017, mas que deverá vir logo. Os dois finlandeses foram a grande decepção da corrida. Raikkonen atrapalhou a estratégia de sua equipe pela incapacidade de Kimi fazer uma ultrapassagem na pista, principalmente desde que retornou à Ferrari. Mais rápido do que Ricciardo, Raikkonen foi incapaz de deixar o australiano para trás e foi ultrapassado de forma decidida pelo companheiro de equipe Vettel, que meio que mostrou ao veterano nórdico como se faz. Bottas foi ainda pior, quando rodou durante o safety-car e se viu no meio do pelotão. Bottas efetuou várias ultrapassagens, mas estava longe demais para sequer acompanhar o ritmo dos ponteiros, ficando empacado atrás do compatriota Raikkonen no final da prova. Com provas como essa, Raikkonen e Bottas vão ficando cada vez mais claros como segundos pilotos de suas respectivas equipes.

Agora, o que dizer de Verstappen? O holandês deu outro show em uma situação difícil de corrida, mostrando um 'car control' impressionante. A primeira volta de Max foi de se aplaudir de pé e ajudado pela estratégia, já aparecia em terceiro, depois de largar em 16º! O holandês fez uma ultrapassagem corajosa em cima de Ricciardo e deu a pinta que poderia atacar Hamilton, mas quando seus pneus supermacios foram embora, ele perdeu rendimento. Sem ritmo para acompanhar Hamilton e Vettel, Verstappen segurou bem as investidas de Ricciardo no final para garantir um importante pódio numa pista que não parecia muito boa para a Red Bull. Mordido pela ultrapassagem sofrida por Verstappen no começo da corrida, Ricciardo foi para cima com decisão para cima do seu companheiro de equipe, garantindo a tensão nas voltas finais. No último giro, Daniel tentou a ultrapassagem definitiva, mas Verstappen se defendeu bem. Ricciardo sabe que tem um fenômeno ao lado dos boxes e para não ser engolido por ele, o australiano tem que sempre correr no seu limite.

Sainz arriscou o pneu slick na largada, caiu para último, rodou, mas quando vieram os dois safety-cars seguidos, o jovem espanhol apareceu em sexto e andando no mesmo ritmo de Ricciardo e as duas Ferraris que vinham à sua frente. Incapaz de segurar Kimi e Valtteri nas voltas finais, Sainz garantiu com uma bela exibição o título de melhor do resto, enquanto Kvyat abandonou no começo da prova. Magnussen garantiu os primeiros pontos da Haas, mostrando a importância de ter dois pilotos competitivos no seu plantel. Numa exibição apenas regular de Grosjean, principal piloto da equipe, a Haas teve em Magnussen numa segunda alternativa para marcar preciosos pontos, algo que não tinha quando tinha no seu cockpit o horrível Esteban Gutierrez. Falando em mexicano, Sergio Pérez bateu em Stroll na primeira volta, num incidente que no ano passado lhe garantiria uma punição, mas com a nova F1 em que não é qualquer faltinha em que o juiz apita, o mexicano garantiu mais pontinho para ele e a Force India, com Ocon chegando logo atrás, mostrando todo o potencial do jovem francês. Duas corridas e duas pontuações para o novato.

Hulkenberg tinha tudo para pontuar com a Renault, mas o alemão acabou atrapalhado pela tática e ficou pelo numa situação parecida com a da Austrália, onde ficou na bica de pontuar, mas acabou chupando o dedo. O horrível Palmer chegou logo atrás, mas o inglês rodou quando colocou pneus slicks e levou algumas ultrapassagens. Largando em sexto, a expectativa era boa para Massa, mas a chuva, velha inimiga do brasileiro (e da Williams) acabou arruinando a prova do brasileiro, que fez uma corrida bem ruinzinha para acabar fora da zona de pontuação. A Sauber, como esperado, foi a fona com Marcus Ericsson. A McLaren se safou com o talento grandioso de Fernando Alonso, que estava confortavelmente na zona de pontos quando teve uma quebra. Menos mal que não foi motor, mas é triste ver Alonso onde está e o potencial de brigar que o espanhol poderia trazer à F1 se tivesse um equipamento minimamente competitivo.

O cumprimento de Hamilton e Vettel dá a noção que ambos sabem que são as grandes estrelas do ano e podem fazer de 2017 um ano inesquecível. Após apenas uma corrida, muitos ditos 'especialistas' já estavam condenando a F1-2017, se esquecendo das particularidades de Melbourne, sede da primeira etapa do ano. Além das críticas terem vindo após apenas uma corrida. É incrível que gente experiente ainda caía nessa armadilha, apesar de que outros interesses façam esses 'especialistas' critiquem de forma tão aberta a F1 e defendam outras categorias bem ruins. Porém, da mesma forma que não se pode criticar demais a F1 por uma corrida, não pode exaltar a categoria pela bela corrida de hoje. Porém, o troco que Hamilton deu em Vettel, com ambos andando em um nível altíssimo, mostra que o potencial de um bom ano está lá!  

sábado, 8 de abril de 2017

Repetição

O grid do Grande Prêmio da China está bem parecido com o da primeira etapa, em Melbourne. Na primeira fila, os dois grandes concorrentes ao título, com Hamilton levando vantagem sobre Vettel. Na segunda fila, os dois finlandeses coadjuvantes de Mercedes e Ferrari, com Bottas novamente superado por muito pouco por Vettel. Em quinto, uma Red Bull, no caso, Daniel Ricciardo, enquanto a outra Red Bull, dessa vez Max Verstappen, ficou pelo caminho por problemas. Em sexto, o melhor do compacto e interessante pelotão intermediário, hoje, Felipe Massa, mostrando a boa forma do piloto da Williams.

Num treino em que não vi, Hamilton ficou apenas a duas poles de igualar seu ídolo Ayrton Senna no ranking histórico de poles (sinceramente, me causa receio a frescura que será quando Hamilton alcançar sua pole de número 65...) e mostrar que, em ritmo de classificação, a Mercedes ainda está um passo à frente da Ferrari, demonstrado pelo bom tempo de Bottas, que por um milésimo não tirou Vettel da primeira fila. A Red Bull se encontra numa situação em que não ataca e nem ataca ninguém, correndo solitária como terceira força destacada da F1. Uma situação cômoda à primeira vista, mas bastante desconfortável para um time que esperava brigar com a Mercedes pelo título. E os austríacos ainda são assombrados pela confiabilidade do motor Renault. Bem atrás da Red Bull, vem o animado pelotão intermediário, com vários pilotos de equipes diferentes lutando para ser o melhor do resto. Usando sua experiência, Massa vem se sobressaindo frente aos demais, enquanto Stroll fez uma classificação aceitável e foi para o Q3, junto com a Renault, que finalmente chegou à esse estágio após um bom tempo. Era esperado um vexame da McLaren, mas a grandeza da equipe e de Fernando Alonso quase puseram o espanhol no Q3, o que seria um verdadeiro feito para um motor Honda raquítico na segunda maior reta da temporada.

Porém, tudo isso pode, literalmente, ir por água abaixo. A neblina cancelou o treino de sexta a expectativa é de mais chuva no domingo. Se não tiver neblina, podemos ter corrida e teremos a oportunidade de ver os novos carros (que quebraram o recorde de 2004) em pista molhada e talvez ver um ainda maior equilíbrio. Mas se a neblina descer... 

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Que pena...

A família Parnell sempre esteve envolvida com a velocidade. Reg participou da primeira corrida da história da F1, convidado pela dominante Alfa Romeo no GP inaugural em Silverstone, onde Reg Parnell conseguiu um pódio. Seu filho Tim tentou a sorte como piloto, mas logo ficou claro que ele levava mais jeito fora das pistas e aos 32 anos, assumiu a equipe do seu pai. Porém, as equipes ditas oficiais já dominavam o cenário e em 1970, Tim Parnell se tornou manager da BRM, equipe contemporânea do seu pai, que desejava voltar aos bons tempos, mas infelizmente não conseguiu. Tim Parnell foi chefe proeminente durante os anos 1960 e 1970. O inglês faleceu hoje, aos 84 anos de idade.