sexta-feira, 14 de abril de 2017

História: 20 anos do Grande Prêmio da Argentina de 1997

A F1 terminava seu tour pela América do Sul com a Williams voltando a ser favorita após a vitória de Villeneuve em Interlagos, numa corrida confusa e com duas largadas. Com as equipes tendo pouco tempo entre as duas corridas, praticamente não haviam mudanças. A Lola, sem surpresa nenhuma, falhava novamente em Buenos Aires, apesar de Eric Brodley ter prometido que sua equipe retornaria em Ímola, mas a história desmentiria isso. A Tyrrell estreava dois novos aerofólios ao lado da cabeça dos pilotos, numa ideia que só seria copiada pelas demais equipes no ano seguinte. Mesmo favorita, a Williams tinha problemas com seus dois pilotos doentes. Se o caso do gripado Frentzen era menos preocupante, a infecção intestinal de Villeneuve fez com que o canadense tivesse sérias dificuldades durante todos os treinos. Se servia de consolo para Jacques, foi que um ano antes Damon Hill chegou com o mesmo problema em Buenos Aires e venceu a prova.

Mesmo bastante debilitado, Villeneuve conseguiu uma bela pole, com quase 1s de vantagem sobre Frentzen, que completava a primeira fila da Williams. A primeira surpresa do grid era Olivier Panis em terceiro, em seu melhor resultado de grid na carreira e para corroborar com a boa fase dos pneus Bridgestone, Barrichello colocou seu Stewart na terceira fila. McLaren e Benetton tiveram uma péssima classificação no ondulado circuito Oscar Galvez, com Hakkinen apenas em 17º, enquanto nenhum carro da Benetton ocupava o top-10.

Grid:
1) Villeneuve (Williams) - 1:24.473
2) Frentzen (Williams) - 1:25.271
3) Panis (Prost) - 1:25.491
4) M.Schumacher (Ferrari) - 1:25.773
5) Barrichello (Stewart) - 1:25.942
6) R.Schumacher (Jordan) - 1:26.218
7) Irvine (Ferrari) - 1:26.327
8) Herbert (Sauber) - 1:26.564
9) Fisichella (Jordan) - 1:26.619
10) Coulthard (McLaren) - 1:26.799

O dia 14 de abril de 1997 estava quente e ensolarado em Buenos Aires, contrariando a previsão de chuva naquele dia de abril. Num tempo em que o regulamento obrigava as equipes escolherem os tipos de pneus na classificação e na corrida, quem optou pelos pneus moles, teve sérios problemas. Outro fator era saber como Villeneuve se sairia com tanto calor estando debilitado. No warmup, Frentzen teve problemas em seu carro titular e teve que largar com o reserva, que mostrou problemas na saída para a volta de apresentação, causando uma certa apreensão, mas o alemão estava normalmente em seu lugar quando as cinco luzes vermelhas se apagaram. Pela primeira vez na temporada, Villeneuve largou bem e se manteve confortavelmente em primeiro na curva um. Porém, havia confusão logo atrás, com Panis largando mal e sendo ultrapassado pelas duas Ferraris. Na freada da primeira curva, Schumacher, Irvine e Barrichello estavam lado a lado. Não poderia dar certo. Schumacher acabou colidindo com Barrichello e abandonando no local, enquanto o brasileiro continuaria na corrida, mas com alguns danos. Mais atrás, Coulthard batia na traseira de Ralf e muitos carros foram para a grama para evitar batidas. Com tantos detritos na pista, o safety-car entrou na pista. Numa errata de um fiscal, ele mostrou uma bandeira vermelha por conta própria e Schumacher correu em disparada aos boxes, pensando que a corrida tinha sido interrompida. Era alarme falso e a organização argentina seria multada pela presepada, enquanto Jean Todt reclamava o porquê da corrida não ter sido parada, como havia acontecido em Interlagos.

As duas Williams permaneciam na frente, enquanto Panis se aproveitou da confusão à sua frente para voltar à terceira posição, seguido por Irvine, Fisichella e Damon Hill, que fez largada impressionante. Na relargada Villeneuve disparou na frente, abrindo muito espaço para Frentzen e Panis, mas o alemão teria uma corrida curta, quando a embreagem que o tinha atrapalhado na saída da volta de apresentação o fez abandonar na volta 6. Com pista livre à frente, Panis começou a encostar em Villeneuve. Mais atrás, a deficiência de potência do motor Yamaha fez Hill ser ultrapassado por Ralf Schumacher e Johnny Herbert, com o inglês ultrapassando Ralf e partindo para cima da outra Jordan de Fisichella. Com apenas 1s separando os dois primeiros colocados, era esperado uma boa briga entre Villeneuve e Panis, mas o francês teve um problema em seu acelerador na volta 18, abandonando tristemente o que era até aquele momento sua melhor corrida no ano. Aquilo deixava Villeneuve com 9s de vantagem sobre Irvine, que parecia estar numa estratégia diferente e segurando um bom pelotão atrás de si, que tinha as duas Jordans e Herbert. Quando a primeira rodada de paradas começou, iniciou-se uma briga que garantiria polêmica dentro dos boxes da Jordan e uma longa inimizade. Ralf vinha 1s mais rápido do que Fisichella e quando o italiano saiu de uma curva de forma mais lenta, Ralf viu ali uma oportunidade de ultrapassagem e colocou por dentro, colocando Fisichella para fora da pista, deixando o italiano furioso!

A corrida seria decidida na estratégia. Villeneuve e Herbert, mostrando o porquê era um dos pilotos mais rápidos do pelotão, foram aos boxes pela segunda vez na volta 39, deixando Irvine liderar uma corrida de F1 pela primeira vez na carreira. A Ferrari trouxe seu piloto aos pits cinco voltas mais tarde e com um longo reabastecimento, deixava claro que Irvine ficaria na pista até o fim, o mesmo não acontecendo com Villeneuve. O canadense teria que tirar essa desvantagem de parar uma vez mais na pista e iniciou uma corrida forte. Jacques fez sua terceira e última parada na volta 56, faltando apenas 16 para o fim, retornando à pista menos de 2s à frente de Irvine. Em terceiro, Ralf Schumacher, apesar da polêmica com seu companheiro de equipe, fazia uma corrida sólida e após sua parada no começo da corrida, ele terminaria a prova sem mais pit-stops.

Mesmo tendo o mesmo número de voltas do Grande Prêmio do Brasil, a corrida argentina era mais longa por causa do circuito Oscar Galvez ser mais travado do que Interlagos. Para completar, o calor forte aumentava a dose de sacrifício de Villeneuve, que passou a semana doente. A aproximação de Irvine era forte e o irlandês contava que Jacques pudesse errar por causa de sua debilidade física. As últimas votas foram emocionantes, com Irvine colado em Villeneuve e sempre tentando algo na freada da curva 1, praticamente único local de ultrapassagem da pista. Porém, Villeneuve superou Irvine (e a dor de barriga) para vencer pela segunda vez e liderar o campeonato pela primeira vez em 1997. Irvine voltava ao pódio, enquanto Ralf estreava nele, se tornando naquele o momento o piloto mais jovem a fazê-lo na história da F1 com 21 anos de idade. Herbert fez uma boa corrida para ser quarto, enquanto Hakkinen e Berger coroavam duas belas corridas de recuperação nos pontos, apesar de Berger ter marcado a volta mais rápida da pista na perseguição à Mika, mas não conseguindo efetuar a ultrapassagem. Pensam que somente agora é difícil ultrapassar? Mesmo claramente abatido e cansado, Villeneuve ainda conseguiu vibrar muito com sua vitória. Os pneus Goodyear conseguiram um ótimo resultado com o pódio completo e seus pilotos tendo três estratégias diferentes, mas todos se perguntavam como seria a corrida se Panis não tivesse quebrado...

Chegada:
1) Villeneuve
2) Irvine
3) R.Schumacher
4) Herbert
5) Hakkinen
6) Berger

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